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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DE LITERATURA

2.2 Estilo de vida

2.2.2 Estilo de vida ativo

A atividade física influencia positivamente a promoção da saúde, porém, existem algumas polêmicas quanto ao grau de interferência nos fatores de risco (Fox, et al. , 1991; BLAIR et al., 1998). Seria possível citar inúmeros benefícios da atividade

física, mas, destaca-se o combate à obesidade, à diabetes, à osteoporose, ao câncer, à asma, e às doenças cardiovasculares, principais responsáveis pelas mortes nos países desenvolvidos e em desenvolvimento (BLAIR et al., 1998; PESCATELLO, 2001). As conseqüências econômicas destas doenças crônico- degenerativas afeta tanto empregados quanto empregadores, pois os custos não são integralmente garantidos pelos sistemas públicos e privados de saúde. Deste modo, os indivíduos, e conseqüentemente seus empregadores, acabam arcando com as despesas geradas pelas doenças crônico degenerativas. Estes fatores acabam por levar o indivíduo a situações de ansiedade, depressão e estresse, gerando absenteísmo e rotatividade (RAM, ROBINSON, BLACK, 2001; HACKAM, ANAND, 2003; PEEKE, WOMBLE, 2001).

Considerando relação entre atividade física e a saúde humana, Oliveira, Oliveira, Villaverde e Gutierrez, (2001) demonstram que esta díade é patrimônio histórico e cultural e deve ser entendida nas dimensões física, psíquica e social, e que acaba adquirindo “(...) proporções reais em virtude da diminuição e da falta de trabalho físico, principalmente em países considerados de alto nível de desenvolvimento industrial e tecnológico, que define sua forma de vida sedentária” (p.316). Deste modo, a atividade física inerente ao atual estilo de vida deve ser percebida como um aspecto a ser considerado nas análises sobre saúde humana, tanto no que se refere aos benefícios da prática regular de exercícios, quanto no que atina às conseqüências negativas do sedentarismo.

Os dados das pesquisas desenvolvidas por De Bourdeaudhuij e Van Oost, (1999) sugerem uma correlação pouco significativa entre atividade física e saúde do indivíduo, especialmente quando a atividade física é considerada de modo isolado de outros aspectos. Contudo, os autores concluem que a atividade física pode ser considerada um fator sem igual nas diferentes populações investigadas, frente a mudanças de comportamentos relacionados à saúde. Deste modo, é admissível sugerir que a saúde é um fator multifatorial e que o estilo de vida deve contemplar uma mudança que inclua atividades físicas formais e não-formais.

Folsom, Arnett e Hutchinson, (1997) demonstram que existem evidências que sugerem que a atividade física regular reduz o risco das doenças cardiovasculares. Contudo, ainda são necessários maiores estudos sobre determinados aspectos, tais como intensidade das atividades físicas, perfis lipídicos, pressão sanguínea, entre outros (HERNÁNDEZ, FERRER, MATOS e BALÓN, 2000).

Quanto às doenças metabólicas, MCauley, Williams e Mann, (2002) mostram que intervenções no estilo de vida reduzem o risco de progressão de intolerância de glicose da diabetes tipo II. Segundo os autores, atualmente existe um consenso que considera a atividade física e a modificação dietética como suficientes na mediação da sensibilidade de insulina e na redução para o risco do diabetes tipo II. Contudo, apesar de existirem dados que apontam para uma melhoria na sensibilidade à insulina, estes ainda não são suficientes para indicar a extensão da mudança necessária no estilo de vida, pois as evidências ainda não aontam conclusões definitivas sobre estas mudanças. Contudo, estas conclusões permitem afirmar que apesar de que os resultados ainda estejam relativamente limitados, são propícios a futuras investigações.

No que se refere à relação entre a osteoporose e a atividade física habitual, Seeman (2000) demonstra que existem dados sobre o papel que o exercício físico apresenta na prevenção e combate a este comprometimento. Este autor avalia que a osteporose afeta ambos os sexos, mas que apresenta maior incidência no sexo feminino. Vuori (2001) conclui que as atividades físicas de alto-impacto provocam a osteogenia, mecanismo útil na prevenção da osteoporose. O autor revela ainda que exercícios de baixo a moderado impacto não provocaram osteogenia, e que esforços estáticos e movimentos lentos são ineficazes ou menos efetivos que a aplicação rápida de força. Deste modo, Vuori (2001) conclui que existe a necessidade de investigações que aprofundem as características dos exercícios e seus conseqüentes efeitos.

Para Hitt (2003), o estilo de vida saudável envolvendo uma dieta com baixo índice gordura animal e a prática de exercícios físicos, entre outros fatores, ajuda a frear ou até mesmo inverter a progressão do câncer de próstata em indivíduos que sofrem deste acometimento. Segundo seus estudos, o nível do hormônio que identifica a presença do câncer de próstata (PSA) reduziu modestamente após três meses e significativamente após um ano, no grupo de aderência à dieta adequada e intervenção no estilo de vida. Contudo, o grupo controle teve aumento no PSA. Também foi avaliado o crescimento da próstata acometida pelo câncer e verificado que o crescimento foi inibido em 67% no grupo experimental comparado com 12% no grupo controle.

A atividade física não deve ser considerada isoladamente na promoção da saúde e da qualidade de vida. Os benefícios que a atividade física oferece ao estilo de vida

atual são multifatoriais, ou seja, dependendo das ações sociais desenvolvidas, pode levar ao melhoria da saúde coletiva frente às doenças crônicos degenerativas causadas pela inatividade física. Pagani (1996, p.164), demonstra que

(...) há força das evidências empíricas em favor das influências da atividade física sobre a saúde coletiva, no contraponto à disponibilidade de informações conclusivas, sugere que esse hiato se deva não a associações reais, mas sim ao limitado estágio atual de desenvolvimento científico e tecnológico que possa permitir fundamentações convincentes.

Segundo Andrade (2001), um estilo de vida ativo, deve incluir atividades físicas formais ou não formais, em sua rotina diária por pelo menos três vezes semanais e com duração não inferior a uma hora. Entretanto, estas exigências não devem ser estanques, ao contrário, a análise do estilo de vida ativo deve contemplar as diversas necessidades humanas, considerando assim, a realidade do mundo do trabalho, da violência urbana, da falta de espaços esportivos e de lazer, além das preferências individuais.

Considerando os benefícios apresentados, é admissível concluir que a atividade física é um aspecto significativo para a saúde pública atual. Contudo, é necessário avaliar que existe carência de investigações conclusivas sobre a totalidade dos efeitos do exercício físico sobre as doenças crônico degenerativas. Esta ressalva exige que a ciência busque investigações com níveis de validade maiores, consistentes e conclusivas, que possam sedimentar a relação positiva entre atividade física e saúde humana.