• Nenhum resultado encontrado

Capítulo III – Educação Alimentar na Infância

3. Educação Alimentar na Infância

3.1. Educação e Saúde

3.1.1. Estilos de vida

O conceito de estilos de vida é recente e surge aliado à ideia de qualidade de vida dos indivíduos, devido a uma nova atitude na relação entre estes e o meio ambiente.

Nas últimas décadas foi dada muita importância à relação entre o peso, o estilo de vida, os hábitos alimentares e os comportamentos (Erenoglu, 2013). Sendo estes responsáveis pelo estado da nossa saúde.

Importa salientar que estilos de vida são compreendidos como o “conjunto de hábitos e comportamentos de resposta às situações do dia-a-dia, apreendidos através do processo de socialização e constantemente re-interpretados e testados ao longo do ciclo da vida e em diferentes situações sociais9”. Como já tivemos oportunidade de referir, a escola tem um papel

fundamental na aquisição destes comportamentos, facultando às crianças ferramentas necessárias para que consigam optar por comportamentos de saúde. Os conhecimentos adquiridos nas instituições de ensino, através de programas direcionados para a Promoção da Saúde, têm que ficar bem assimilados de forma que as crianças sejam capazes de reagir às mudanças do meio ambiente e capacitá-las para fazer opções que visam a saúde.

“O risco de saúde dos indivíduos tem relação directa com o estilo de vida” (Marques, 2010: 8). Assim, todos os comportamentos afetam, negativa ou positivamente, a saúde de cada um. Temos, então, uma responsabilidade acrescida sobre nós próprios no sentido de optarmos por comportamentos saudáveis com vista à saúde. A este processo, de constante motivação e escolhas acertadas, em prol do equilíbrio do organismo e do bem-estar de cada indivíduo,

73

designamos de estilos de vida saudáveis. Englobam-se nestes comportamentos a alimentação saudável intrinsecamente associada à atividade física. Um exemplo de desequilíbrio nestes fatores é a obesidade infantil.

Nesta sociedade tecnológica cada vez mais evoluída os indivíduos tornam-se cada vez mais sedentárias, o que origina as designadas doenças da civilização moderna. Não há dúvida que o progresso veio facilitar, em muito, a vida do Homem, mas em contrapartida alguns estilos de vida trouxeram o surgimento de doenças crónico-degenerativas. A excessiva inatividade teve um impacte negativo na saúde dos indivíduos (Marques, 2010).

A atividade física é “qualquer movimento corporal realizado pelo sistema músculo- esquelético que resulta no aumento substancial do dispêndio energético” (Marques, 2010: 10). É todo este movimento que vai contribuir para a manutenção da nossa saúde, mantendo-nos ativos e saudáveis.

A atividade física não deve ser confundida com o exercício físico. “Exercício físico é uma sub categoria da actividade física, é uma actividade planeada, estruturada e repetitiva com o objectivo de melhorar ou manter uma ou mais componentes da aptidão física” (Marques, 2010: 10). Este deve ser praticado com moderação, pois só assim poderá ser benéfico.

A prática de atividade física não se pode restringir à infância, mas ter continuidade na vida adulta, de forma a manter uma vida saudável e preservar a sua saúde (Mesquita, 2012). Neste sentido, também, “a prática de exercício físico surge com um forte potencial positivo” para a saúde (Lopes, 2012: 6). Assim, a atividade física não é vista apenas como uma questão estética, ou seja “a ênfase já não é colocada na boa condição física, mas na saúde física e psicológica. As mensagens actuais promovem o exercício moderado, para que todos melhorem o seu bem-estar geral (físico e psicológico)” (Ogden, 2004: 208).

A atividade física é importante para o crescimento e desenvolvimento da criança. Muitos são os autores que defendem que a prática de atividade física traz benefícios na maioria das doenças crónicas: reduz o risco de hipertensão, doença cardíaca, diabetes do tipo II, vários tipos de cancro, assim como melhora a saúde músculo-esquelética e o bem-estar psicológico (Mesquita, 2012). Para além de reduzir o risco de diversas doenças “aumenta a massa magra; diminui a gordura corporal; melhora os níveis de eficiência cardio-respiratória e aumenta a resistência muscular” (Ramalho, 2009: 20). Mas, associada à prática de atividade física deverá existir uma alimentação saudável.

74

3.1.1.1.

Alimentação saudável

No desenvolvimento da criança e na vida adulta a alimentação racional, isto é, alimentação equilibrada quantitativamente e qualitativamente, harmoniosa e adequada, tem um impacte forte na saúde. “A alimentação saudável é essencial para o crescimento, desenvolvimento e manutenção da saúde” (Valle & Euclydes, 2007: 1).

É fundamental trabalhar a alimentação saudável na infância, uma vez que “uma alimentação saudável durante a infância é duplamente benéfica, pois, por um lado, facilita o desenvolvimento intelectual e o crescimento adequado para a idade, e, por outro, previne uma série de patologias relacionadas com uma alimentação incorrecta e desequilibrada como a obesidade, desnutrição (…), entre outras” (Aparício, 2010: 285).

Como já referido neste trabalho, Valle & Euclydes (2007) defendem que dois fatores atuam na interferência da aquisição dos hábitos alimentares na infância, sendo estes fatores fisiológicos e fatores ambientais.

No que respeita aos fatores fisiológicos estes englobam experiências intrauterinas, paladar do recém-nascido, leite materno, neofobia e regulação da ingestão de alimentos. Quanto aos fatores ambientais incluem alimentação dos pais, comportamento do cuidador, condições sócio- económicas, influência da televisão e alimentação em grupo (Valle & Euclydes, 2007).

No que concerne aos fatores fisiológicos e referindo as experiências intrauterinas, Valle & Euclydes (2007) consideram que estas interferem nas preferências saboreais do feto. Os mesmos autores, citando Giuliani & Victora (2000), referem que “o líquido amniótico é aromático e o seu odor é influenciado pela dieta da mãe” (p. 4). Neste sentido, ainda dentro do ventre da mãe o bebé possui alguma sensibilidade em relação aos sabores e odores provenientes da alimentação da sua progenitora.

Quanto ao paladar do recém-nascido perante um estudo feito foi possível comprovar que “durante as primeiras horas de vida, os lactentes exibiram expressões faciais de relaxamento e movimentos de sucção em resposta ao sabor doce dos açúcares. Já o sabor azedo do ácido cítrico concentrado e o sabor amargo da quinina e ureia concentrados provocaram caretas faciais. Nenhuma resposta facial distinta foi relatada para a estimulação com sal” (Beauchamp & Menella (1999) citados por Valle & Euclydes, 2007: 5). Assim, após o nascimento o bebé reage positivamente ao sabor doce, enquanto reage com aversão aos outros paladares.

No que respeita ao leite materno, este é influenciado pela alimentação da mãe durante o tempo de amamentação. Assim, ao ser amamentado o lactente vai ter acesso aos hábitos alimentares da família, pois “os compostos químicos que dão sabor e aroma aos alimentos são

75

ingeridos pelo lactente através do leite materno” (Beauchamp & Menella (1999) citados por Valle & Euclydes, 2007: 6).

A neofobia é entendida como a recusa e aceitação de ingestão de um novo alimento. No entanto, esta relutância pode não ser definitiva. Valle & Euclydes (2007), citando Euclydes (2000), referem que “existe relação direta entre a frequência das exposições e a preferência pelo alimento” (p. 6). Ou seja, quanto maior for o número de oportunidades que a criança tem em contactar com um novo alimento, maior é a hipótese de o aceitar e inserir na sua alimentação.

Quanto à regulação da ingestão de alimentos divide-se em densidade energética e palatabilidade. No que se refere à densidade energética Valle & Euclydes (2007), citando Birch (1999) e Andrade, Pereira & Sichieri (2003), indicam que “a capacidade de ajustar a ingestão de alimentos em resposta à densidade energética, ou seja, à quantidade de energia fornecida por grama de peso do alimento, influencia os padrões de aceitação do alimento pelas crianças, delineando tanto suas preferências quanto as quantidades de alimento consumido” (p. 7). Quanto à palatabilidade esta tem grande influência sobre as preferências alimentares. Embora a palatabilidade seja importante e represente a forma mais rápida sobre a escolha e eleição dos alimentos nem sempre é um ponto positivo, uma vez que “os efeitos do sabor que reforçam a saciedade são encontrados tanto nas refeições com alto teor de gordura quanto nas refeições com alto teor de carboidratos” (Valle & Euclydes, 2007: 8). Assim, quando o ajustamento da ingestão com base no paladar não for o correto podem surgir problemas como a obesidade.

No que concerne aos fatores ambientais relacionam-se com o contexto social, económico, cultural e comportamental. Iniciando a abordagem pela alimentação dos pais, podemos referir que esta interfere diretamente nas preferências alimentares da criança, bem como a frequência que ingere determinados alimentos (Valle & Euclydes, 2007). Uma vez mais reforçamos a ideia que os pais são os modelos da criança.

Quanto ao comportamento do cuidador podemos referir que a rotina é importante, uma vez que a criança aprende que as refeições têm uma ordem, um seguimento (Valle & Euclydes, 2007). Esta situação atribui-lhes uma certa estabilidade, proporcionando momentos calmos em que as refeições sejam feitas com prazer e serenidade.

No que respeita à condição sócio-económica Valle & Euclydes (2007) referem que esta situação influencia a alimentação da criança. Para tal, debruçaram-se em estudos realizados por diversos autores. Neste sentido, estes autores, citando Silveira et al (2002), referem que famílias com salários muito baixos, comparativamente a famílias com salários bons, “apresentaram ingestões calóricas inferiores às recomendações mínimas” (p. 11); e citando Vieira, Silva & Filho (2003), mencionam que o estudo realizado com filhos de mães adolescentes e filhos de mães adultas “demonstrou que o fator sócio-económico, provavelmente, pesou nas práticas

76

alimentares (…) pois os filhos de adolescentes que têm menor renda ingeriram significativamente menos carne do que os filhos de adultos” (p. 11).

A influência da televisão é uma realidade que, nem sempre, é positiva. A maioria das publicidades a produtos alimentares que passam na televisão são relativas a alimentos ricos em gorduras, óleos e açúcares o que, para a criança, pode constituir uma ameaça ao surgimento de obesidade, uma vez que este tipo de publicidade pode provocar alterações alimentares na mesma. “A exposição de apenas 30 segundos a comerciais de alimentos é capaz de influenciar a escolha de crianças por determinados produtos” (Almeida et al (2002), citados por Valle & Euclydes, 2007: 12).

Para findar, a alimentação em grupo é outro meio de influência da alimentação infantil. Como o tempo que a maioria das crianças passa em creches, jardins de infância e escolas é considerável, é importante que as refeições feitas nestas instituições sejam saudáveis. Para além de algumas crianças apenas realizarem uma refeição correta nestas mesmas instituições, é importante o facto de estas serem feitas com os seus pares e em grupo. É em concorrência e em socialização com os colegas que as crianças, por vezes, começam a ingerir novos alimentos e a aprenderem a ter novos e corretos hábitos alimentares (Valle & Euclydes, 2007).

Importa assinalar algumas das funções da alimentação:  assegura a sobrevivência do ser humano;

 fornece os nutrientes necessários ao bom funcionamento do nosso organismo;  ajuda na manutenção do nosso estado de saúde físico e mental;

 previne o aparecimento de determinadas doenças;

 contribui para o bom desenvolvimento e crescimento das crianças e adolescentes (Direcção-Geral de Saúde, 2005a).

“Ter hábitos alimentares saudáveis não significa fazer uma alimentação restritiva ou monótona” (Direcção-Geral de Saúde, 2005a: 4). Pelo contrário, a alimentação deve ser bastante variada de forma a ingerirmos a maior diversidade de nutrientes. Tal como preconizam Valle & Euclydes (2007), citando Euclydes (2000), “ a alimentação deve ser a mais variada possível para que o organismo receba todos os tipos de nutrientes” (p. 2). Estes são necessários ao bom funcionamento do nosso organismo bem como a realização de uma dieta racional uma vez que “a alimentação correcta do ser humano não depende deste ou daquele alimento em especial mas do equilíbrio entre todos” (Cavaleiro, 2000: 22).

Vários autores defendem que a alimentação é importante nos primeiros cinco anos de vida, pois interfere a nível do crescimento e do desenvolvimento da criança. Assim, a alimentação “requer cuidados específicos, nomeadamente em qualidade, quantidade, frequência e até consistência” (Aparício, 2010: 286).

77

O nutriente, também designado por nutrimento, “é toda a substância contida nos alimentos que vai fornecer a energia e/ou os materiais necessários para a síntese, manutenção e reparação do organismo” (Almeida & Afonso, 1997: 37). Neste sentido, podemos afirmar que os alimentos são constituídos por nutrientes e que estes são as moléculas mais simples que circulam no nosso sangue, fornecendo energia e materiais estruturais e regulando processos vitais nas células do nosso organismo.

Alimento é “toda a substância utilizada para nutrir os seres vivos e que contribui, consequentemente, para assegurar: os materiais necessários para a formação, crescimento e reparação das células e tecidos; os materiais necessários para o seu metabolismo equilibrado; os constituintes orgânicos necessários à produção de energia” (Almeida & Afonso, 1997: 37).

A alimentação é a “acção de fornecer ao organismo os alimentos de que precisa, sob a forma de produtos alimentares naturais ou modificados” (Ferreira, 1980: 11). Sendo que a nutrição “é a ingestão de alimentos, tendo em conta as necessidades nutricionais do corpo. Considera-se uma boa nutrição quando se realiza uma alimentação correta e equilibrada, combinada com a prática regular de atividade física, tornando, assim, estas duas práticas fortes pilares para uma boa saúde. Por sua vez, a má nutrição pode levar a uma perda de imunidade, aumentando os riscos de doença, provocando um desequilíbrio físico e mental, assim como uma redução da produtividade” 10.

Uma dieta racional promove e garante a satisfação de todas as necessidades do organismo ao nível dos nutrientes, contribuindo assim para o equilíbrio homeostático. Neste sentido, Cavaleiro (2000) defende que para a “prática de uma alimentação saudável, é necessário que todos os dias sejam ingeridos um ou mais alimentos de cada um [dos] grupos para se obter os nutrientes de que necessitamos” (p. 22). Ou seja, é necessário associar a variedade e quantidade ideal de alimentos “pois o funcionamento do corpo exige (…) que (…) os nutrientes, existentes nos alimentos, se encontrem […] em determinadas quantidades, variáveis para cada um, mas sem excessos nem faltas” (Camilo, 1997: 20).

Uma alimentação equilibrada evita o armazenamento excessivo de energia que o organismo não consome, mantendo assim um equilíbrio energético, sobre a que se ganha e a que se perde. Este equilíbrio permite a saúde do organismo e evita desequilíbrios como a obesidade ou doenças cardíacas.

Os comportamentos saudáveis devem ser abordados e apreendidos logo na infância. Alves & Almeida (2002) referem que “a alimentação saudável constitui um factor fundamental para o desenvolvimento integral e harmonioso de todos os indivíduos, nomeadamente das crianças” (p. 67). Neste sentido, “a alimentação saudável na infância é primordial,

78

desempenhando um papel importante no desenvolvimento e crescimento da criança e na preservação da sua saúde” (Santos, 2010: 1). É indiscutível a importância da alimentação saudável e, mais uma vez, verifica-se a necessidade de, desde cedo, se desenvolverem comportamentos saudáveis. “Os hábitos alimentares adequados nesta fase constituem a base de uma alimentação sã e equilibrada para o resto da vida e contribuem para a prevenção da doença” (Santos, 2010: 1). Assim, as questões da alimentação devem ser trabalhadas, discutidas e apreendidas logo na infância, uma vez que “os hábitos alimentares são adquiridos (…) na infância e tendem a manter-se durante a vida” (Alves & Almeida, 2002: 67).

É na Educação Pré-escolar que uma intervenção nutricional deve ser levada a cabo, pois tem o potencial de incutir ou mudar os hábitos alimentares das crianças que a longo prazo pode reduzir o risco de desenvolver excesso de peso (Bock, 2011).

A par dos dois comportamentos – realização de uma alimentação saudável e prática de atividade física – coexistem vários distúrbios. A ausência de prática de atividade física e uma alimentação desequilibrada leva a desequilíbrios graves do organismo.

Diversos autores defendem que as crianças podem ter uma alimentação correta, mas que perante a ausência de atividade física a doença tem tendência a aparecer. Segundo Rotman (1991) “a obesidade infantil está geralmente associada a uma ingestão normal de alimentos (…) porém sempre ligada a uma baixíssima perda de energia por exercícios físicos” (p. 211).

Para uma maior facilidade de aquisição de conhecimentos, para uma melhor compreensão do que é realmente salutar e quais os

comportamentos a adquirir os educadores utilizam diversos recursos educativos. Uma dessas ferramentas é a pirâmide da alimentação saudável (figura 56). Este recurso foi desenvolvido com o intuito de possibilitar e de facilitar a aquisição de hábitos saudáveis, preferencialmente logo na infância de forma a serem enraizados e permitirem uma vida permanentemente saudável (González-Gross, et al, 2008).

Figura 56 – Pirâmide de Alimentação Saudável

Fonte11

79

A pirâmide da alimentação saudável que surgiu devido a novas investigações, em 2005na universidade de Harvard, foi desenvolvida tendo em conta as necessidades básicas dos indivíduos e tem como objetivo principal a prevenção de doenças crónicas. A sua constituição teve como pano de fundo a nossa alimentação e as atividades que praticamos ou a sua ausência12.

Esta pirâmide tem na sua base a prática de atividade física e o controle do peso, pois uma alimentação racional e a realização de atividade física estão fortemente ligadas e relacionadas com o estado da nossa saúde. No patamar seguinte surgem o grupo dos cereais integrais, o grupo dos óleos e das gorduras vegetais e o grupo das frutas e vegetais. No patamar que se segue encontramos o grupo dos frutos oleaginosos e das leguminosas e o grupo do peixe, das aves e dos ovos. No patamar acima estão os laticínios. Após este patamar chegamos ao topo da pirâmide e aqui encontramos o grupo das carnes vermelhas, das carnes processadas, como é o caso do fiambre, enchidos, entre outros e da manteiga e o grupo dos cereais refinados, das bebidas, do açúcar e do sal13.

O que nos recomenda esta pirâmide é a prática de atividade física regular e a manutenção do peso, assim como um maior consumo dos alimentos que se encontram na base da pirâmide e um consumo muito controlado dos alimentos e bebidas do patamar superior. Ou seja, o consumo dos alimentos presentes na pirâmide tem que ser efetuado conforme a sua posição na mesma. Quanto mais próximo da base estejam os alimentos mais vezes e maior quantidade se podem comer.

A pirâmide de alimentação saudável, tal como já referido, é uma ferramenta educativa, visa a formação de hábitos adequados, promove a seleção e consumo ajustados de alimentos, previne excessos e carências e na sua essência está a moderação e a proporcionalidade (Lanzillotti, 2005).

Educar as crianças com o auxílio desta pirâmide é fundamental, uma vez que através deste recurso, ilustrado de forma lúdica, elas adquirem conhecimentos que as capacitam a fazer escolhas corretas (Vilarta, 2007). Tal como refere Lanzillotti (2005) a pirâmide de alimentação saudável é uma ferramenta bastante divulgada o que facilita a sua compreensão e memorização, possibilitando assim a sua presença no dia a dia das crianças.

Vários são os especialistas que recomendam que é importante sermos seres ativos e termos uma alimentação saudável. Assim, estamos a prevenir doenças como a obesidade.

12 http://www.hsph.harvard.edu/nutritionsource/what-should-you-eat/pyramid/

13http://www.centro-nutricao-fula.pt/bem-estar/alimentacao/necessidades/conceitos-chave/piramide-

80

A obesidade “pode ter diferentes origens, mas salienta-se principalmente uma alimentação incorrecta e um estilo de vida sedentário” (Marques, 2010: 21). Esta ideia é reforçada por (Candeias, 2004) que refere que “hábitos alimentares pouco saudáveis e inactividade física estão entre as principais causas para o aumento dos factores de risco (…) e para o aparecimento de doenças como a obesidade” (p. 33). O mesmo autor refere ainda que a realização de atividade física, diária, de 30 minutos é o ideal para a redução do risco da obesidade, assim como de outras doenças associadas a estes comportamentos. A obesidade é caraterizada pelo excesso de gordura corporal acumulada, em grau elevado, que afeta diretamente a saúde (WHO, 2000). Este excesso de gordura é consequência de balanços energéticos positivos “em que a quantidade de energia ingerida é superior à quantidade de energia dispensada” (Direcção-Geral da Saúde, 2005b: 10).

Esta doença tem vindo a aumentar e cada vez mais se verifica em crianças e jovens. Segundo estudos realizados em Portugal, 31,56% das crianças com idades compreendidas entre os 7 e os 9 anos possuem pré-obesidade ou obesidade (Direcção-Geral da Saúde, 2005b). Cada vez mais as nossas crianças possuem brinquedos que as fazem permanecer sentadas sem efetuarem qualquer tipo de movimento. O facto de estarem muitas horas sem se movimentarem contribui para o surgimento desta nova doença. Erenoglu (2013) defende que crianças com excesso de peso serão adultos obesos. Este mesmo autor refere-nos que a tendência de obesidade pode ser contrariada por uma alimentação saudável e uma prática regular de atividade física.

A obesidade é diagnosticada através do Índice de Massa Corporal (IMC). Este indica-nos a relação entre o peso e a altura de cada indivíduo e calcula-se dividindo o peso, em quilogramas, pela altura, em metros, elevada ao quadrado (peso/altura²). Está estabelecido que “há obesidade quando o IMC é superior a 30” (Direcção-Geral da Saúde, 2005b: 11). O IMC é um bom ponto de referência e observação sobre o estilo de vida levado por cada indivíduo (Erenoglu, 2013).

Contudo, na infância, por vezes, torna-se complicado diagnosticar se a criança é ou não obesa, devido às “características dinâmicas dos processos de crescimento e maturação que ocorrem” (Direcção-Geral da Saúde, 2005b: 12). Assim, no caso de indivíduos com idade

Documentos relacionados