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Grupo da Educação Pré-escolar

Capítulo I Enquadramento Institucional

1.4. Caraterização das turmas

1.4.1. Grupo da Educação Pré-escolar

Segundo Piaget, as crianças do período pré-escolar encontram-se no estádio pré-operatório. Este estádio vai dos 2 aos 7 anos (Piaget, 1989). Neste “a criança desenvolve um sistema de representações e usa símbolos para representar pessoas, lugares e acontecimentos. A linguagem e o jogo simbólico são manifestações importantes deste estádio” (Papalia et al, 2001: 24).

Neste período, as crianças apresentam alterações a vários níveis, nomeadamente no desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial.

i) Desenvolvimento físico

É por volta dos 3 anos que as crianças começam a perder as caraterísticas de bebé. Neste período de vida as crianças crescem, normalmente, “5 a 8 centímetros e ganham 2 a 3 quilos por ano” (Papalia et al, 2001: 282). A nível da dentição, por volta dos 3 anos, a criança já tem os primeiros 20 dentes, não havendo restrição à mastigação, e aos 6 anos desenvolve a dentição definitiva. Uma alimentação saudável e uma boa higiene são condicionantes deste desenvolvimento.

O desenvolvimento físico incorpora o desenvolvimento motor e, relativamente a este, podemos referir que é nesta fase que as crianças fazem grandes progressos ao nível da motricidade grossa e fina, tais como, correr e saltar, abotoar e desenhar, respetivamente. De igual forma, neste período, definem a preferência pela mão direita ou pela mão esquerda, determinando, assim, se serão destros ou esquerdinos.

Referimos, de seguida, algumas competências grossas e finas que se desenvolvem progressivamente nestas idades. Relativamente às competências grossas podemos apontar os seguintes exemplos: conseguirem virar ou parar de forma rápida, saltar, saltar ao pé coxinho e subir escadas.

As competências finas referem-se a todas as tarefas que envolvam a coordenação óculo- manual e pequenos músculos. Estas permitem à criança uma maior autonomia, bem como responsabilidade por si e pelo seu corpo. As que são desenvolvidas nesta faixa etária são: apertar os atacadores dos sapatos, abotoar os botões, cortar utilizando a tesoura e desenhar e pintar.

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À medida que as crianças adquirem as competências grossas e finas, que atrás escrevemos, ficam habilitadas e aptas para adquirirem novas competências de nível mais complexo.

ii) Desenvolvimento cognitivo

Quanto ao desenvolvimento cognitivo, as crianças na Educação Pré-escolar encontram-se no estádio pré-operatório, como já referimos.

Neste estádio têm um desenvolvimento notório a nível da função simbólica, da compreensão das identidades, da compreensão da causa e efeito, da capacidade para classificar e da compreensão do número. Tais capacidades só estarão completamente desenvolvidas no período escolar (Papalia et

al, 2001).

Quanto à função simbólica esta é, e passamos a citar, “a capacidade para usar símbolos ou representações mentais – palavras, números ou imagens aos quais a pessoa atribui significado” (Papalia et al, 2001: 312). Estes símbolos são importantes e indispensáveis para as crianças uma vez que lhes permite recordar e falar de determinadas coisas perante a sua ausência.

O mesmo autor refere, ainda, que a compreensão das identidades significa que “o mundo está mais ordenado e previsível; as crianças têm consciência de que as alterações superficiais não mudam a natureza das coisas” (Papalia et al, 2001: 312).

Ao nível da compreensão da causa e efeito, para as crianças, neste período, “torna-se mais evidente que o mundo está organizado [e para] além disso elas percebem que podem provocar os acontecimentos” (Papalia et al, 2001: 312).

Através da capacidade de classificar, a criança consegue organizar objetos, pessoas ou acontecimentos em categorias com significado.

Quanto à compreensão do número, as crianças conseguem contar e lidar com as quantidades. No entanto, Piaget definiu algumas limitações no período das pré-operações, como por exemplo a centração e o egocentrismo. Entende-se por centração a incapacidade que a criança tem de se descentrar perante uma situação, ou seja, a criança centra-se apenas num determinado aspeto da mesma, não conseguindo pensar ao mesmo tempo noutros aspetos.

O mesmo autor entende que o egocentrismo é uma forma de centração e define este como o estado em que “a criança pensa, sobretudo, para si, sem procurar ou sem chegar a se colocar do ponto de vista de outrem” (Piaget, 1967: 15).

Dentro do desenvolvimento cognitivo encontramos um ponto essencial que se desenvolve neste período escolar – o desenvolvimento da linguagem. Uma vez que durante a educação pré- escolar a criança é bastante ativa e curiosa, esta vai colocando várias questões sobre tudo o que a rodeia e, consequentemente, vai desenvolvendo as suas competências linguísticas. Ao mesmo tempo,

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constata-se uma evolução a nível do vocabulário, da gramática e da sintaxe. No entanto, ainda existem sinais de imaturidade linguística.

A nível do vocabulário, a criança ao ouvir uma palavra duas ou três vezes, consegue descodificar o seu significado, devido ao contexto em que a palavra está inserida. Podemos aqui salientar que a mesma consegue mais facilmente assimilar o nome dos objetos do que dos verbos (ações), (Papalia et al, 2001).

iii) Desenvolvimento psicossocial

No que concerne ao desenvolvimento psicossocial, este remete-nos para um conceito importante neste estádio – o autoconceito.

Tendo por base diversos autores, o autoconceito é “a imagem que temos de nós próprios. É aquilo que acreditamos ser – o quadro global das nossas capacidades e traços” (Papalia et al, 2001: 352). Neste sentido, a criança incorpora na sua imagem (auto conceito)aquilo que os outros veem.

Só por volta dos 4 anos é que vai ocorrer uma mudança no seu autoconhecimento, sendo capaz de perceber que é ela que está presente numa fotografia ou espelho.

Um outro aspeto a apontar, neste nível, é a compreensão das emoções, só possível após a aquisição do autoconhecimento. É o caso das emoções e sentimentos – vergonha e orgulho - que são só compreendidas após esta fase.

Segundo Erikson, citado por Papalia, as crianças em período pré-escolar conseguem fazer e querem fazer mais e mais, mas estando na terceira crise do desenvolvimento da personalidade, iniciativa vs culpa, vão ao encontro de algumas regras impostas pela sociedade. Para que a criança consiga ultrapassar esta crise, tem que haver uma separação da parte infantil e da parte que está a tornar adulta. A parte que permanece infantil é aquela que tem o “desejo de tentar coisas novas e testar poderes novos”, enquanto que a parte que se está a tornar adulta examina se os motivos e as suas acções são adequados (Papalia et al, 2001: 355).

Qualquer uma das capacidades mencionadas anteriormente são importantes para o desenvolvimento da criança. Para tal os educadores têm que estar sempre atentos às capacidades físicas, cognitivas e psicossociais de cada criança.

1.4.1.1. Caraterização Económica e Sociopedagógica

O grupo de crianças que acompanhámos ao longo da nossa PES I era constituído por 9 crianças. Como se pode observar no gráfico 1. As idades oscilam entre os 3 e os 5 anos, constituindo assim um grupo heterogéneo.

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Gráfico 1 – Idade e Género dos Alunos

No entanto, não é apenas a nível etário que o grupo é heterogéneo, mas também a nível do desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial.

Antes de passar à caraterização das crianças, nos aspetos atrás referidos, julgamos oportuno apresentar um gráfico com as habilitações literárias dos pais (gráfico 2). Sobre este aspeto, podemos referir que os mesmos, na sua maioria, possuem habilitações académicas de nível superior, sendo que a maior percentagem possui uma licenciatura.

Gráfico 2 – Habilitações Literárias dos Encarregados de Educação

O quadro 13 carateriza o grupo de crianças com o qual desenvolvemos a nossa PES. A caraterização é feita por áreas e baseia-se nos aspetos atrás referidos, tendo em conta, sobretudo, os estádios de desenvolvimento da criança defendidos por Piaget.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

3 anos 4 anos 5 anos Total 9 Sexo Feminino Sexo Masculino 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Habilitações Literárias Número de Pais

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Quadro 13 – Desenvolvimento das Crianças em cada Área

Aluno Idade

Área de Formação Pessoal e Social

Área de Expressão e Comunicação

Área de Conhecimento do Mundo Domínio das Expressões Domínio da Linguagem Oral e Abordagem à Escrita Domínio da Matemática J. M. 5 BD BD BD BD BD A. A. 5 D BD D BD BD A. T. 5 BD BD BD D BD M.A. 5 D BD BD BD BD N. A. 4 D D DR DI DI M. T. 4 D BD D D BD D. C. 4 D DI DI D DR V. P. 3 BD BD D D D M. F. 3 DI D DR D D BD – Bem Desenvolvido D – Desenvolvido DR – Dresenvolvido Razoavelmente DI – Desenvolvido Inmsuficientemente

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