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Prática de Ensino Supervisionada no 1º CEB

Capítulo II – Prática de Ensino Supervisionada

2. Prática de Ensino Supervisionada

2.1. Descrição do Processo da Prática de Ensino Supervisionada

2.1.2. Prática de Ensino Supervisionada no 1º CEB

Relativamente ao 1º ciclo do ensino básico este está dividido por domínios disciplinares: Expressão e Educação Físico-motora, Musical, Dramática e Plástica; Estudo do Meio; Língua Portuguesa e Matemática.

Antes de iniciar a abordagem de todas as áreas refira-se que as mesmas se interligam de forma natural e imprescindível.

i) Expressão e Educação Físico-motora (EEFM)

No que concerne à EEFM tem como finalidades promover a atividade física nos alunos, preparar as crianças para a vida social, proporcionar momentos de brincadeira que se tornam em aprendizagem, bem como despertar o gosto pela escola. Este domínio está dividido em 8 blocos, a saber: Perícia e Manipulação, Deslocamentos e Equilíbrios, Ginástica, Jogos, Patinagem, Atividades Rítmicas Expressivas, Percursos na Natureza e Natação (Ministério da Educação, 2006a).

Pretende-se que cada competência, dentro de cada bloco, seja desenvolvida, progressivamente, ao longo dos quatro anos de escolaridade.

A planificação que escolhemos dentro desta área remete-nos para a prática de jogos coletivos (apêndice 9). Nesta atividade as crianças tiveram a oportunidade de jogar o jogo da “cabra cega”, o “rei manda” e o “jogo das cadeiras”. No entanto, neste último, devido ao espaço e recursos disponíveis, foram utilizados arcos em vez de cadeiras (figura 49).

O jogo inicial, a “cabra cega”, tem como

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principal objetivo desenvolver a concentração, a atenção e a memorização da criança. Este jogo desenrola-se em grande grupo, onde há um aluno que fica de olhos vendados e as restantes dispostas em roda. O objetivo é a criança que se encontra com os olhos vendados encontrar um outro colega e consiga descobrir quem é, apenas pelo tato.

No segundo jogo, “o rei manda”, este realiza-se em grande grupo em que há um elemento que é o rei e os outros os seus submissos, ou seja, um dos alunos manda executar uma ação aos restantes e estes têm que lhe obedecer.

Por último, o jogo das cadeiras, como atrás referimos, não foi realizado com o material próprio, em vez de cadeiras foram utilizados arcos. O jogo realizou-se de igual forma, uma vez que o material se ajustou ao pretendido.

Tal como já foi referido neste projeto, a planificação não é um documento rígido, assim podemos alterá-la sempre que as circunstâncias o exigem, como foi o caso.

ii) Expressão e Educação Musical (EEM)

Quanto à EEM podemos afirmar que esta se aplica, sobretudo, a músicas e instrumentos próprios para as idades dos alunos neste nível de ensino. A voz é o instrumento mais utilizado, mais trabalhado, mais desenvolvido, que faz do canto a base desta expressão. Esta expressão encontra-se dividida em dois blocos: Jogos de Exploração e Experimentação, Desenvolvimento e Criação Musical (Ministério da Educação, 2006a).

Consideramos que a atividade que destacamos na Área de EEM é apropriada e motivadora para o grupo de alunos, nesta faixa etária (apêndice 10). Desenvolvida no âmbito da Área de Língua Portuguesa, foi pedido aos alunos que fizessem uma pesquisa sobre poesias, lengalengas, trava-línguas, entre outros. Após a

pesquisa aproveitámos o que cada aluno tinha apresentado e, cada um, recitou-a de diversas formas (figura 50). Um a um deslocavam-se até ao quadro, de forma a fazerem-se ouvir bem por todos. Alguns recitavam a chorar, outros a rir, outros com voz imperativa, outros com voz de bebé, entre outras opções, cumprindo as orientações dadas.

A Expressão Musical não se cinge apenas ao canto, como atrás demonstrámos, sendo várias as atividades passíveis de realizar e para as quais os alunos se sentem motivados.

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iii) Expressão e Educação Dramática (EED)

No que respeita à EED os alunos têm a possibilidade de explorar o seu corpo, a sua voz, o espaço envolvente, bem como objetos do seu dia a dia, que por vezes consideramos banais ou insignificantes, mas que se manifestam excelentes recursos de suporte às aprendizagens. Esta é uma área que permite desenvolver a imaginação, a criatividade, a atenção, a concentração, a comunicação, a interação, a espontaneidade, entre outros. Esta área curricular encontra-se dividida em dois blocos: Jogos de Exploração e Jogos Dramáticos.

Não tivemos oportunidade de desenvolver qualquer atividade, no âmbito desta expressão, por incompatibilidade de horários entre a nossa PES II e a planificação curricular.

iv) Expressão e Educação Plástica (EEP)

Na EEP dá-se especial importância à manipulação e experimentação de materiais, de formas, de cores, de modo a facilitar a exteriorização de emoções, sentimentos e sentido estético dos alunos. A Expressão Plástica possibilita aos alunos a exploração livre dos diversos materiais com o intuito de despertar a imaginação e a criatividade dos alunos, assim como desenvolver a destreza manual.

A Expressão e Educação Plástica está dividida em três blocos: Descoberta e Organização Progressiva de Volumes, Descoberta e Organização Progressiva de Superfícies e Exploração de Técnicas Diversas de Expressão.

No desenvolvimento desta expressão utilizámos diversas técnicas e promovemos variadas atividades que julgámos adequadas ao tema e ao grupo etário tendo, igualmente, em atenção os interesses dos alunos.

A planificação que destacamos (apêndice 11) teve como principal atividade o decalque (figuras 51 e 52). No decorrer desta atividade foram utilizadas batatas a partir das quais os alunos construíam um carimbo, com a forma desejada, rentabilizando-o ao máximo e explorando, em simultâneo, as cores, isto é, podiam utilizar as cores primárias separadamente ou a junção de duas, da qual resultava uma cor secundária.

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Figura 51 – Exemplo de Decalque Figura 52 – Exemplo de Decalque

v) Estudo do Meio

No que diz respeito à Área de Estudo do Meio, esta encontra-se dividida em 6 blocos. Esta área constitui uma junção de várias ciências, entre elas, a História, a Geografia, as Ciências Naturais e a Etnografia. Assim, estas ciências contribuem com diferentes conceitos para esta área globalizante, tornando-a numa área que serve como ponto de partida para todas as outras áreas do 1º ciclo (Ministério da Educação, 2006a).

O primeiro bloco – À Descoberta de Si Mesmo – os alunos têm oportunidade de adquirir maior conhecimento sobre si próprios, desenvolvendo atitudes de autoestima e autoconfiança.

O segundo bloco – À Descoberta dos Outros e das Instituições – reporta-se à vida em sociedade, sobretudo às regras e valores como o respeito, tolerância, responsabilidade e cooperação. Este bloco refere-se, ainda, a instituições como a polícia, os bombeiros, os correios, os hospitais, os museus, entre outras, que estão ao serviço da comunidade.

O terceiro bloco – À Descoberta do Meio Natural – aborda conteúdos relacionados com o meio físico, tais como a água, o ar, assim como conteúdos ligados com os seres vivos, o clima, o relevo e os astros. Neste bloco, recorre-se com frequência à observação direta e à experimentação, cabendo ao professor o importante papel de despertar, incentivar, promover e apelar ao respeito dos alunos pela vida e pela Natureza. Por último, e não menos importante, é de salientar o facto de ser neste bloco que se aborda, primeiramente, a história da família do aluno, depois o passado do seu meio local, e, finalmente, o passado nacional.

No que respeita ao quarto bloco – À Descoberta das Inter-relações entre Espaços – os alunos adquirem ou aprofundam a noção de espaço, sobretudo o espaço que as rodeia. Os conceitos aos quais se dá mais ênfase são as deslocações, as distâncias, as localizações e os mapas.

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Quanto ao quinto bloco – À Descoberta dos Materiais e Objetos – tal como o nome nos sugere, dedica-se à pesquisa, à descoberta. É parte integrante do Estudo do Meio que recorre continuamente à observação direta e à experimentação. Uma vez que este bloco se dedica fundamentalmente à realização de experiências, os alunos terão que seguir todos os passos que esta tarefa implica: observação, introdução de modificações, apreciação dos efeitos e resultados, conclusões. Um outro ponto importante e fundamental é o facto das experiências se realizarem apenas com objetos que fazem parte do dia a dia do aluno (Ministério da Educação, 2006a).

Por fim, o sexto bloco – À Descoberta das Inter-relações entre a Natureza e a Sociedade – pretende incutir no aluno atitudes de preservação e melhoria do ambiente.

No decorrer da nossa PES II efetuámos diversas atividades abrangendo os três primeiros blocos.

Neste sentido, apresentamos uma planificação relativa ao bloco 3, À Descoberta do Meio Natural (apêndice 12).

Para desenvolver alguns conceitos relativos aos aspetos físicos do meio, tais como a evaporação, a condensação e a precipitação, optámos pela realização de experiências, na sala de aula (figuras 53 e 54).

Figura 53 – Experiência do Fenómeno Precipitação Figura 54 – Experiência do Fenómeno Precipitação

No início de cada experiência era entregue uma ficha com o respetivo protocolo experimental, a qual teria que ser preenchida antes do seu início.

Ao longo da realização de cada atividade eram colocadas diversas questões com o intuito de verificar se os alunos estavam atentos e se todos estavam a compreender todos os passos dados.

No final da experiência foi feito um pequeno diálogo sobre os resultados obtidos e sobre a ocorrência do mesmo fenómeno no meio natural.

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Consideramos que este tipo de metodologias são uma mais-valia no processo de ensino e aprendizagem. Realizar experiências com os alunos é importante na medida em que as atividades experimentais desenvolvem o pensamento e o raciocínio, isto é a literacia científica. Ao realizarem experiências, ao vivenciarem fenómenos, as crianças retêm e assimilam melhor os conceitos, uma vez que para elas estas aprendizagens se tornam significativas, pois são elas que descobrem o conhecimento (Sá, 2002).

vi) Língua Portuguesa

No que concerne à área de Língua Portuguesa, esta é fundamental e transversal, pois o seu bom conhecimento e domínio facilitam a aprendizagem e o sucesso nas restantes áreas curriculares. Esta ideia está preconizada no documento Programas de Português do Ensino Básico que nos sugere que “pelo seu carácter transversal, o Português constitui um saber fundador, que valida as aprendizagens em todas as áreas curriculares e contribui de um modo decisivo para o sucesso escolar dos alunos” (Reis et al, 2009: 21).

Neste ciclo os alunos têm o primeiro contacto, mais direto, com a leitura, com a escrita e ainda com as suas regras. É ainda no decorrer destes quatro anos que o aluno tem uma progressão a nível de comportamentos verbais e não verbais durante o ato comunicativo, a nível da relação entre a fonologia e a ortografia, bem como a nível da distinção entre a língua falada e a língua escrita.

O novo programa de Português divide-se em cinco blocos, sendo estes a Compreensão do Oral, a Expressão Oral, a Leitura, a Escrita e o Conhecimento Explícito da Língua.

Passamos, de seguida a enumerar algumas competências integradas em cada bloco. No primeiro bloco – Compreensão do Oral – os alunos têm que ser capazes de escutar para aprender e construir conhecimentos.

Quanto ao segundo bloco – Expressão Oral – os alunos terão que ser capazes de falar para aprender e de participar em situações de interacção oral.

No que concerne ao terceiro bloco – Leitura – os alunos devem ser capazes de ler para aprender e de ler para apreciar textos variados.

No que diz respeito ao quarto bloco – Escrita – os alunos têm que ser capazes de escrever para aprender e escrever em termos pessoais e criativos.

Por último, no sexto bloco – Conhecimento Explícito da Língua – os alunos deverão ser capazes de compreender e utilizar corretamente a língua de acordo com o plano fonológico, com o plano morfológico, com o plano das classes de palavras, com o plano sintático, com o plano

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lexical e semântico, com o plano discursivo e textual e com o plano da representação gráfica e ortográfica.

No decorrer do nosso estágio foram muitas as planificações direcionadas à área da Língua Portuguesa. No entanto, selecionámos uma para fazer jus às restantes.

A planificação que apresentamos engloba quase todos os blocos desta área (apêndice 13). Para dar início à aula realizámos a leitura e posterior interpretação do texto “A Esfolhada”. A leitura é feita por vários alunos, escolhidos aleatoriamente. A exploração do texto é feita oralmente através de várias questões, sendo de seguida feita a ficha de interpretação do texto.

Após a leitura, exploração, realização da ficha e sua correção passamos à visualização de um PowerPoint, realizado por nós, com os diferentes

tipos de texto existentes (figura 55). No decorrer da sua projeção são lidos os diapositivos pelos alunos e explicados por nós, um a um. Concomitantemente os alunos passam para o seu caderno tudo o que se encontra nos diapositivos. No final é feito um resumo oral sobre os conteúdos abordados, de forma a consolidar os mesmos.

vii) Matemática

No que diz respeito à Matemática constatamos que está dividida por temas, sendo o primeiro designado por Números e Operações.

Ao ingressarem no 1º CEB, os alunos trazem já alguns “conhecimentos sobre os números e as suas representações desenvolvidos informalmente na experiência do quotidiano e na educação pré-escolar [no entanto, é neste nível de ensino que vão desenvolver] o sentido de número, a compreensão dos números e das operações e a capacidade de cálculo mental e escrito” no sentido de os aplicar na resolução de diversos problemas (Ponte et al, 2007: 13).

Um outro tema desenvolvido na área da Matemática foi a Geometria e Medida. Este tem como finalidades principais proporcionar ao aluno o desenvolvimento do sentido espacial, recorrendo à visualização e à perceção das propriedades de figuras geométricas no plano assim como no espaço, bem como o desenvolvimento da noção de grandeza e respetivos processos de medida. A partir destes conhecimentos o aluno tem que possuir a capacidade de resolver problemas geométricos e de medida (Ponte et al, 2007).

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Ainda dentro desta área, encontramos um tema que foi implementado recentemente no Novo Programa da Matemática, designado por Organização e Tratamento de Dados. Com ele pretende-se desenvolver no aluno a “capacidade de ler e interpretar dados organizados na forma de tabelas e gráficos, assim como de os recolher, organizar e representar com o fim de resolver problemas” (Ponte et al, 2007: 26).

No entanto, existe um bloco que está sempre presente na Matemática e que apresenta um papel importante e fundamental nesta área denominado Capacidades Transversais. Esta organiza-se em três pontos: resolução de problemas, raciocínio e comunicação. As capacidades transversais estão continuamente interligadas e são constantemente usadas na Matemática, porque durante o processo matemático elas são inteiramente utilizadas. A Matemática é uma área em que se resolvem problemas e se desenvolve o raciocínio. Neste âmbito, o programa de Matemática refere-nos que as capacidades transversais têm como principal fim “desenvolver nos alunos as capacidades de resolução de problemas, de raciocínio e de comunicação matemáticos e de as usar na construção, consolidação e mobilização dos conhecimentos matemáticos” (Ponte et al, 2007: 29).

No desenrolar da nossa PES II foram muitas as atividades desenvolvidas no âmbito da Matemática. Apresentamos no apêndice 14 a planificação do conteúdo a noção de ângulo, bem como os tipos de ângulos existentes.

Para iniciar a abordagem a este tema recorremos aos materiais existentes na sala de aula. Assim recorrendo à analogia, recordámos os tipos de ângulos conhecidos em materiais e objetos como o suporte do retroprojetor, como os aros das janelas e portas e como uma tesoura, abrindo-a com diferentes amplitudes de forma a conseguir diversos ângulos. Através de materiais manipuláveis, como é o exemplo da tesoura, os alunos desenvolvem os seus conhecimentos através da realização de aprendizagens ativas. Após a manipulação de certos materiais e após a identificação dos ângulos patentes em diversos materiais e objetos da sala, passámos a desenhar vários exemplos dos diferentes tipos de ângulos no quadro. Simultaneamente, os alunos passavam tudo para o seu caderno.

Após a abordagem deste tema os alunos realizaram uma ficha do livro relacionada com o mesmo. Seguidamente procedemos à sua correção.

Em tempos mais remotos a Matemática era vista apenas como meros números que serviam somente para realizar “contas” (Abrantes, 1999). Atualmente esta área é vista como uma área importante para o desenvolvimento dos alunos em relação ao sentido do número, à compreensão dos números e operações e à capacidade mental e escrito e, sobretudo, à resolução de problemas (Ponte et al, 2007).

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