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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

3.5 ESTILOS ESTRUTURAIS

Hemlo (BURK et al., 1986).

Atualmente há lavras com teores inferiores a 1 g/t Au, tendo em vista os novos métodos de recuperação metalúrgica do ouro, crescentes dimensões das frotas de equipamentos de lavra e o alto preço do ouro. Estes novos parâmetros viabilizam a exploração econômica de depósitos com baixos teores e alta tonelagem, a exemplo da Mina Paracatu, em Minas Gerais, em que se pratica um cut-off de 0,21 g/t Au para a extração de 15 Moz Au ao longo de 13 anos de lavra, com uma recuperação metalúrgica de 79,6 % e a custo inferior a US$400/oz (HENDERSON, 2006).

3.5 ESTILOS ESTRUTURAIS

As estruturas que hospedam os depósitos auríferos refletem a movimentação dentro de zonas de cisalhamento transcratônicas, com diferentes estilos estruturais de mineralização, resultante das variações na orientação do campo de tensão regional e da resistência (competência) da rocha hospedeira (ou o contraste de competência entre rochas hospedeiras adjacentes).

A importância da competência ou do contraste de competência é mostrada pela ocorrência de abundantes mineralizações, em zonas de cisalhamento ao longo de contatos litológicos, e à ausência comum de mineralização em veios discordantes à rochas específicas (i.e doleritos, sills, intrusões de pórfiros félsicos). Desta forma, muitos corpos de minério têm uma aparência grosseiramente stratabound o que, no passado, contribuiu para aumentar a controvérsia acerca da origem “epigenética X singenética”, desses depósitos.

As zonas de cisalhamento reversas de alto ângulo são particularmente importantes para o controle das mineralizações auríferas (SIBSON et al., 1988). Em muitos casos os ore-shoots apresentam um plunge subparalelo à lineação de estiramento mineral na rocha hospedeira, respeitando a relação estrutural fundamental entre estiramento e desenvolvimento de condutos preferencial canalizadores dos fluxos de fluidos. Em outros depósitos, os ore-shoots apresentam plunge paralelo à interseção

entre a zona de cisalhamento e outras estruturas planares (por exemplo: contatos litológicos, outras falhas, etc.).

Muitas estruturas, que controlam mineralizações auríferas, mostram feições típicas de deformação rúptil-dúctil, mas há um completo espectro desde controles por zona de cisalhamento dúctil até falhas rúpteis e zonas de fraturas e brechas. Assim, mineralizações auríferas podem ocorrem em zonas de cisalhamento que cortam. obliquamente ou paralelamente o strike das unidades estratigráficas.

Colvine et. al. (1988) propuseram uma ampla zonação em profundidade das estruturas controladoras das mineralizações auríferas, onde estruturas dúcteis predominam na fácies anfibolito, enquanto as estruturas rúpteis prevalecem nos domínios de fácies sub-xisto verde. Isto pode ter validade como uma generalização, mas existem numerosos exemplos onde estruturas dúcteis e rúpteis ocorrem no mesmo distrito, por exemplo, Golden Mile, Kalgoorlie, sob o mesmo grau metamórfico. Neste caso o contraste de competência (resistência/reologia) entre tipos litológicos e mudanças na taxa de deformação pode ser tão importante quanto as condições de P-T da rocha, ao longo tempo da deformação e mineralização.

Adicionalmente espera-se que as condições físico-químicas variem durante a mineralização, devido a movimentação ascendente associada com as zonas de deformação reversas em um regime oblíque-slip ou strike-slip (SIBSON et al., 1988).

As mineralizações auríferas são melhor desenvolvidas em greenstone belts dominados por zonas de cisalhamento anastomosadas de escala crustal, comumente resultando em um conjunto linearizado de depósitos auríferos, embora geometricamente associados a estruturas subsidiárias, de segunda, terceira ou quarta ordens. Os depósitos auríferos localizam-se dentro ou adjacentes a zonas de alta tensão, hospedadas em sequências greenstone menos deformadas.

No greenstone Abitibi, no Canadá, os grandes depósitos ocorrem adjacentes a grandes zonas deformadas, de escala crustal (suturas), que são interpretadas com tendo controlado a geometria da bacia de sedimentação Paleo-arqueana

(Timiskaming-type), e ainda a intrusão, sin- a tardi-tectônica, de stocks ou diques alcalinos saturados em sílica, intermediários a félsicos, incluindo lamprófiros (COLVINE et al., 1988).

Similarmente no Norseman-Wiluna Belt, Austrália, os depósitos auríferos ocorrem próximos a zonas de cisalhamento oblíquos ou strike slip, de escala crustal, que podem, em parte, ser reativadas por falhas sinvulcânicas (GROVES et al.,1984), e que abrigam intrusões de suítes lamprofíricas a porfiríticas félsicas (GROVES et al., 1988a,b).

3.6 ALTERAÇÃO DAS ROCHAS ENCAIXANTES E MINERALIZAÇÃO

Embora ouro livre ocorra em veios de quartzo, a maior parte da mineralização aurífera associa-se aos minerais de alteração da encaixante. O ouro pode aparecer incluso em pirita ± pirrotita ± arsenopirita, com uma distribuição heterogênea de minerais acessórios tais como scheelita, teluretos, stibnita, galena, esfalerita, calcopirita, magnetita, hematita e anidrita. Qualquer um deles pode, localmente, ser muito abundante em ore-shoots específicos (QUADRO 3.2)

Raramente os depósitos auríferos contêm paragêneses muito complexas de sulfetos, sulfoarsenietos e sulfossais (HARRIS, 1989). Múltiplas fases de mineralização são comuns, embora, provavelmente, representem um continuum de fluido, dentro de uma estrutura rúptil-dúctil que abriga pulsos discretos de atividade hidrotermal.

A alteração das encaixantes normalmente implica na introdução maciça de CO2, K2O, S e H2O, com acréscimo ou redistribuição de SiO2, além de aumento no teor de Na2O, Rb, Li e Ba, que são também comumente enriquecidos. Existe uma suíte característica de elementos imóveis (e.g. Al, Ti, V, Y, Zr) e elementos relativamente imóveis (Fe, Mg, Cr, Ni, Sc), que comumente aumentam de teor nas zonas mineralizadas. A expressão mineralógica deste metassomatismo varia tanto com o tipo de rocha hospedeira quanto com o grau metamórfico.

Em zonas fortemente mineralizadas predominam K-micas, biotita e sericita (menos comumente micas portadoras de V e Cr), mas estas podem estar ausentes em rochas pobres em Al, tais como as formações ferríferas bandadas.

Em ambiente de fácies xisto verde, vários estudos (PHILLIPS & GROVES, 1984; CLARK et al., 1989) mostraram que a alteração mineral sobrepõe-se à associação mineral do pico do metamorfismo e, por esta razão, a alteração das encaixantes pós- data o pico do metamorfismo.

QUADRO 3.2

Classes dos depósitos do estilo de veios de quartzo auríferos, com base na paragênese de alteração proximal ao minério, em depósitos hospedados em rochas

máficas do Bloco Yilgarn, oeste da Austrália.

Classe

do depósito Alteração proximal

Minerais de minério proximais Intervalo de Temperatura (oC) Minerais de ganga

Sericita,Ankerita Ankerita, dolomita, quartzo arsenopirita Pirita e 250º a 350º Sericita, albita

Biotita, ankerita Ankerita, dolomita, quartzo Pirita, pirrotita, arsenopirita 320º a 420º Biotita, albita.

Anfibólio Biotita, Ca-anfibólio, plagioclásio,

pirrotita, arsenopirita,

pirita 470º a 540º Quartzo, calcita Diopsídio Biotita, Ca-anfibólio arsenopirita Pirrotita, 520º a 580º Plagioclásio, quartzo

Diopsídio, K-feldspato Quartzo, K- feldspato, piroxênio Pirrotita, arsenopirita , loellingita

570º a 700º Granada, biotita , wollastonita

Fonte: modificado de Mueller & Groves (1991) e Ridley et al. (1995)

Em muitos dos grandes depósitos, onde a maior parte do ouro está intimamente associado com sulfetos de ferro em rochas hospedeiras com alta razão Fe/(Fe+Mg), é sugestivo de que as reações de sulfetação das encaixantes induzem a instabilidade do complexo de enxôfre reduzido e causam precipitação do ouro (PHILLIPS & GROVES, 1984).

Tais mecanismos não são, entretanto, não universais, porque tipos de rochas com baixa razão Fe/(Fe+Mg) também apresentam mineralizações, e é claro que outras reações encaixantes-fluido induziram mudanças no pH e na fugacidade do O2 (ƒO2)

para permitir a deposição do ouro. Rochas encaixantes carbonosas são importantes neste aspecto em alguns locais. (BIERLEIN et al.,, 2001).