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SUMÁRIO

3.3 ESTRATÉGIA DE ANÁLISE DE DADOS

Foram empreendidas duas análises quanto aos dados coletados. A primeira, referente às categorias definidas para construção das opiniões nos questionários que refletem os mitos CTS, e a segunda relativa às categorias de pensamento crítico (PC).

3.3.1 Estratégia de Análise das Categorias CTS

A análise das categorias com base nas relações CTS foi feita a partir das categorias apresentadas no item anterior, construídas a partir dos mitos CTS: não neutralidade da ciência, modelo de decisões tecnocráticas, perspectiva salvacionista de C&T e determinismo tecnológico.

As informações analisadas foram as opiniões selecionadas pelos estudantes para cada uma das situações apresentadas nos questionários inicial e final. A perspectiva dentro da análise do questionário inicial é identificar como está a análise crítica dos alunos sobre as relações CTS em cada situação apresentada. A apreciação foi feita tendo em conta a metodologia aplicada por Freire (2007), que considera cada uma das respostas dos educandos e apresenta o quantitativo de respostas para cada opinião, mas fazendo uma avaliação qualitativa desses dados.

Desta maneira, foi feita a tabulação dos dados relativos às respostas aos questionários inicial e final em uma planilha. Os estudantes foram identificados por letras e números, sendo a letra indicativa de qual a ordem da aplicação (ordem alfabética, sendo “A” a letra da primeira aplicação feita, e “B” a letra da segunda), enquanto o número indica a ordem sequencial dos alunos na turma. O modelo da tabela utilizada pode ser visto no Quadro 3.

Quadro 3 – Modelo de tabela para organização dos dados de categorização CTS para os questionários inicial e final.

Código do estudante

Opinião selecionada pelos estudantes

Questionário Inicial (QI) Questionário Final (QF) S 1 S 2 S 3 S 4 S 5 S 1 S 2 S 3 S 4 S 5

A1

A2

A3

Fonte: elaborado pela autora (2019).

Legenda: “S” corresponde à situação apresentada no questionário. “A” corresponde ao código da turma de aplicação da SD.

O valor correspondente à opção feita pelo estudante para cada situação apresentada foi colocado na linha do seu código e na coluna equivalente à

situação (S). A partir desses dados, foi traçada uma quantificação das respostas para verificar se existe predominância na turma de algum dos mitos na análise feita para cada situação apresentada, bem como no âmbito geral da atividade.

No caso do questionário final, foi aplicada a mesma metodologia, todavia, além de analisar a condição da turma naquele momento, foi feita a verificação quanto à ocorrência de alguma alteração nas escolhas individuais e na predominância dos mitos na turma em relação ao questionário inicial aplicado.

3.3.2 Estratégia de Análise das Categorias de Pensamento Crítico

De acordo com Carraher (1999), a análise crítica requer apreciação das evidências, percepção das diversas facetas do problema, identificação e informações que podem ajudar a esclarecer as questões envolvidas, além de verificação dos conceitos que precisam ser explorados para esclarecimento das questões. Tudo isso vai ao encontro dos aspectos citados por Freire (2007), que sugere alguns critérios para o pensamento crítico, como: ter profundidade na interpretação, colocar-se no lugar do outro tentando entender sua visão e seus motivos; demonstrar curiosidade; e compreender os vários pontos de vista sobre a situação.

A partir desses aspectos e do que foi apresentado no capítulo anterior, optou-se por estabelecer a seguinte categorização para o pensamento crítico:

 Categoria 1 (PC-1): Ignorância intelectual – representa a falta de curiosidade e a conformidade com o que se apresenta, sem ter vontade de entender melhor ou saber mais sobre o assunto. Nesse caso, a pessoa não sabe a resposta e não se coloca disponível para buscá-la.

 Categoria 2 (PC-2): Curiosidade intelectual – externada através da vontade de entender, conhecer e de ir adiante das informações fornecidas, ou seja, que demonstrem interesse em saber mais sobre o assunto. Aqui se enquadra a pessoa que não sabe a resposta a uma pergunta, mas externa que tem vontade de saber.

 Categoria 3 (PC-3): Observação ingênua – quando se explana somente sobre os aspectos apresentados e conhecidos sem apresentar visões de outros aspectos sobre a situação ou sobre outros pontos de vista possíveis.

 Categoria 4 (PC-4): Observação plural – capacidade de apresentar uma visão da questão considerando pontos de vista que envolvam outros aspectos, como o ambiental, econômico, social, político, entre outros.

 Categoria 5 (PC-5): Interpretação superficial – compreende a dificuldade em reconhecer e conectar outras informações sobre o assunto, indicando já saber o suficiente sobre o tema.

 Categoria 6 (PC-6): Interpretação profunda – percepção do que está posto e do que foi omitido ou está subentendido, além da identificação de possíveis tendenciosidades no texto.

A análise da condição de pensamento crítico dos estudantes foi confeccionada com base nas justificativas apresentadas pelos alunos para as opiniões selecionadas nas situações de ambos os questionários através das categorias supracitadas. Essas explicações foram avaliadas e enquadradas nas categorias de pensamento crítico referidas.

É pertinente ressaltar que existem duplas de categorias que são excludentes entre si e, portanto, o enquadramento só poderá se dar em uma delas; é o caso das categorias 1 e 2; 3 e 4; e 5 e 6. Assim, cada justificativa será enquadrada em três categorias considerando-se os aspectos de curiosidade, observação e interpretação.

Adaptando a metodologia adotada por Freire (2007), cada categoria recebeu uma pontuação correspondente ao número da categoria. A soma dos pontos em cada situação corresponde a um nível de pensamento crítico que indica a quantidade de categorias do pensador crítico que estão presentes no texto elaborado pelos estudantes. Portanto, um texto que expressa pensamento crítico desenvolvido deve ter as três categorias representadas pelos números pares (curiosidade intelectual, observação plural e interpretação profunda). Caso o texto apresente apenas as categorias representadas por números ímpares

(ignorância intelectual, observação ingênua e interpretação superficial), demonstra ausência de pensamento crítico.

Dessa forma, a menor soma é 9, representando a ausência das características (nível 0). A soma seguinte perfaz 10 pontos, correspondendo à existência de uma característica (nível 1). No resultado 11, existem duas características (nível 2). Por fim, um resultado 12 implica três características na justificativa (nível 3). A Tabela 1, a seguir, explicita essa metodologia:

Tabela 1 – Cálculo da pontuação por nível de pensamento crítico a partir das categorias.

Nível Categorias de pensamento crítico Pontuação por

categoria Pontuação Total 0 Ignorância intelectual, Observação ingênua, Interpretação superficial 1+3+5 9

1

Ignorância intelectual, Observação

plural, Interpretação superficial 1+4+5

10 Ignorância intelectual, Observação

ingênua, Interpretação profunda 1+3+6 Curiosidade intelectual, Observação

ingênua, Interpretação superficial 2+3+5

2

Ignorância intelectual, Observação

plural, Interpretação profunda 1+4+6

11 Curiosidade intelectual, Interpretação

superficial 2+4+5 Curiosidade intelectual, Observação

ingênua, Interpretação profunda 2+3+6

3 Curiosidade intelectual, Observação plural, Interpretação profunda 2+4+6 12

Fonte: elaborado pela autora (2019).

A análise pretende extrair dos dados e expor uma visão global do nível de pensamento crítico encontrado nas ideias dos estudantes e também constatar se houve algum indício de mudança de nível após a aplicação da sequência didática, isto é, do questionário inicial para o final.

3.3.3 Análise das Atividades da Sequência Didática

As atividades da sequência didática foram avaliadas tendo em conta a interação entre os estudantes e sua participação nas equipes e no debate. Todas as atividades desenvolvidas contribuíram para compor uma parte da nota da disciplina, sendo considerado tanto o trabalho individual quanto em grupo e a participação nas discussões e no debate.