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5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.2 Estratégias de negócio e estratégias de crescimento

5.3.2 Estratégia de inovação

Como se tem observado no decorrer desta pesquisa, as mudanças no setor do cimento

tem levado às empresas a criar estratégias que possam responder ao crescimento da indústria,

mas sem esquecer os fatores tanto externos quanto internos que podem afetar sua

competitividade e posicionamento.

Apesar da indústria produzir um produto que é considerado um commodity, no

decorrer dos anos, os criadores das tecnologias de cimento têm criado equipamentos e

softwares mas eficientes em quanto ao tema da produção e das emissões ao meio ambiente e

têm dado ao mercado a possibilidade de conhecer e ter acesso a essas tecnologias. Segundo

Haguenauer (1997) o setor cimenteiro não apresenta grande dinamismo tecnológico: a última

inovação que pode ser considerada radical é o processo de produção por via seca, conhecido

desde o final do século passado e já difundido em todo o mundo nos anos 70. As inovações

recentes referem-se a introdução de equipamentos de automação, de sistemas de qualidade, de

equipamentos redutores de consumo energético e dos efeitos sobre o meio ambiente, além do

desenvolvimento de produtos com propriedades particulares para aplicações específicas.

Na Colômbia, segundo entendido nos depoimentos dos entrevistados, especialmente as

empresas pequenas, estão começando a adquirir novas tecnologias para substituir as velhas e

desta forma ampliar sua produção e ter processos mais limpos de cara ao meio ambiente,

também para serem iguais ou mais competitivas que às principais empresas, as quais têm a

maior participação de mercado e impõem os padrões da concorrência. Segundo Schumpeter

(1985) o desenvolvimento econômico está movido pela inovação, por meio de um processo

dinâmico no qual novas tecnologias substituem as velhas e esse processo é chamado de

“destruição criativa”.

Analisando as características expostas nos parágrafos anteriores, pode-se dizer que as

empresas estão usando uma estratégia de inovação imitativa, na qual as firmas se contentam

em acompanhar de trás as líderes das tecnologias estabelecidas e às vezes adquirirem algum

know-how ou uma licença, mas é algo que vai depender do grau de distanciamento com as

Outro aspecto importante nesta estratégia imitativa de inovação é que as empresas

estão se preocupando por manter seu pessoal capacitado e bem informado sobre as mudanças

técnicas do mercado, fator que está acorde com o que fala Freeman e Soete (2008) respeito a

que as firmas imitativas podem dedicar alguns recursos a serviços técnicos e treinamentos

para ter uma forte engenharia de produção e de projetos, e também para ter acesso a

informação valiosa sobre as mudanças técnicas e cientificas de produção e de mercado.

Um último aspecto a ressaltar nesta estratégia imitativa e que foi enxergado, é o fato

das empresas querer melhorar seus processos administrativos através da implantação de

sistemas de gestão da qualidade (inovação administrativa). Se elas conseguirem mais

eficiência em seus processos depois de implantar esses sistemas, provavelmente poderão ter

uma vantagem em eficiência administrativa (FREEMAN; SOETE, 2008), característica

também presente nas firmas imitativas.

A seguir os depoimentos dos entrevistados que dão conta da estratégia imitativa:

Você não pode patentear o processo porque de fato é um processo que é visível no mercado. Ou seja, você faz alguma coisa hoje e toda a indústria vai sabê-lo no dia seguinte. (E1, tradução minha).

O que fazem os outros é visível, muito visível, então, você tem que tentar ser muito efetivo na gestão [...], você não pode esconder e proteger, não! É um trabalho de portas abertas, mas que deve ser coerente com o que você estiver oferecendo a seus clientes. (E1, tradução minha).

Queremos é estar ao nível dos líderes do mercado. (E1, tradução minha).

Na produção de cimento digamos que as mudanças vêm se apresentando em suas alianças estratégicas, em seus temas meio ambientais porque a indústria geralmente é imitada ou digamos que a tecnologia é muito geral, entendeu? Os fornecedores de equipamentos geralmente são os mesmos para toda a indústria, então os processos são muito similares. (E2, tradução minha).

Ao nível de equipamento e demais, pois basicamente são os mesmos. (E3, tradução minha).

A empresa D montou um forno para ampliar a sua produção e melhorar, por quê? Porque no desenvolvimento de qualquer projeto você deve usar o último. (E4, tradução minha).

O perfil das pessoas que estão dentro das organizações são pessoas que podem ter uma conversação técnica de produto porque elas têm a preparação, porque têm recebido capacitação interna para saber os termos do meio [...]. Alguns anos atrás as pessoas só tinham interesse em vender e entregar o produto e se você precisava de respostas técnicas, você tinha que falar com um técnico, mas agora não. (E5, tradução minha). Um vendedor da empresa tem possibilidade de responder-lhe uma pergunta ao cliente sobre a medida para encontrar uma resistência indicada ou como deve avaliá-la, ou quais devem ser os aditivos que você tem que pôr ao concreto, ou esse tipo de coisas, ou seja, eles sabem mais termos, são mais especializados e têm maior participação em todos os processos. (E5, tradução minha).

Neste tema do meio ambiente, todos estão seguindo os parâmetros do mundo inteiro, controlar as emissões, controlar a contaminação. (E5, tradução minha).

Finalizando toda esta parte de análise sobre a inovação nas empresas de cimento e

tentando responder ao terceiro objetivo da pesquisa, se evidenciou que a estratégia por si

mesma e também trabalhada em conjunto com as estratégias de negócio e crescimento

apresentadas anteriormente, tem trazido muitos benefícios para as empresas e para os clientes

e tem servido como ferramenta para responder ao crescimento constante do mercado.

Segundo Afuah (1998) e Tidd, Bessant e Pavitt (2008) quando a empresa desenvolve um

processo de inovação, o resultado que a empresa deve obter ao final é o lucro (refletido em

custos baixos ou diferenciação) e a agregação de valor para os diferentes stakeholders.

Alguns dos benefícios expostos nos depoimentos dos entrevistados conotam: maior

eficiência e controle nos processos de produção, cumprimento com os clientes, maior

rentabilidade e menores custos, incremento na produção para responder à demanda do

mercado, geração de emprego, posicionamento no mercado ao entregar produtos de qualidade

e reduções de emissões ao meio ambiente. Seguem os trechos dos entrevistados ao esse

respeito:

O fato de ter o forno, pois é uma coisa que nos tem ajudado a ter controle sobre todo o processo, então, podemos ser muito constantes na informação que lhe damos ao cliente [...]. (E1, tradução minha).

Criou-se um mercado entre aspas “cativo” para o volume que estamos produzindo hoje que é de 50 ou 55 mil toneladas, que é quase três vezes a produção que tínhamos faz dois anos. Então digamos que dentro de nosso plano estratégico foi muito positivo, apesar de todos os inconvenientes que tivemos no tema da produção. (E2, tradução minha).

O principal benefício com a troca de tecnologia tem sido o controle e a estabilidade na produção. Temos uma produção mais estável, mais confiável. (E2, tradução minha). Por outro lado, lograram-se reduzir as emissões ao meio ambiente [...]. Digamos que é mais amigável pro meio ambiente e o tema da contaminação em geral. (E2, tradução minha).

Os processos são muito mais eficientes em quanto ao tema da utilização de consumos energéticos e de matérias primas e nos ajudam na redução de custos. (E2, tradução minha).

Com o novo forno a ideia é incrementar a produção porque estamos ampliando a capacidade. (E3, tradução minha).

Para a empresa são menores custos de produção e para a região onde fica a indústria, mais emprego. É um benefício para a sociedade. (E4, tradução minha).

Temos benefícios ambientais, não só ao baixar os consumos de energia, senão ao evitar as emissões de CO2 para a atmosfera. Também ao ser os processos mais

eficientes, são menores os gastos em recursos naturais [...]. (E4, tradução minha). Eu lembro que quando eu trabalhava na indústria do cimento, o forno das empresas produzia 15 mil toneladas de clinquer por mês e tinha 200 ou 180 metros de comprimento. Hoje, ter um forno que produza essa quantidade mede mais ou menos 25 ou 30 metros, então aí a gente enxerga a eficiência em todas as coisas. (E5, tradução minha).

[...] Os benefícios é ver que as empresas estão entregando um produto conforme aos regulamentos e com qualidade [...]. (E6, tradução minha).

Para o mercado os benefícios são que está recebendo um produto de qualidade e que vêm de um processo de fabricação que é altamente monitorado [...]. (E7, tradução minha).

Concluindo e para fechar o desenvolvimento desta pesquisa, na seguinte seção serão

apresentadas as conclusões gerais.