1. INTRODUÇÃO
2.4. Estratégias de crescimento
2.4.1. Estratégias de desenvolvimento de mercado
Ansoff (1977) sugeriu na abordagem estratégica, quatro dimensões de estratégias de
crescimento baseadas no desenvolvimento. Cada dimensão é composta pela ligação entre os
produtos atuais ou novos com a missão da empresa atuando em mercados atuais ou novos.
Esse modelo foi desenvolvido na matriz de produto-mercado. A figura 2 ilustra a matriz de
Ansoff.
Figura 2 - Matriz de Ansoff - Componentes do vetor de crescimento
Fonte: Elaborado pela autora, baseada em Ansoff (1977, p.101)
A continuação serão descritas as quatro estratégias de desenvolvimento, conforme
apresentadas na matriz de Ansoff. Elas são: penetração de mercado, desenvolvimento de
produtos, desenvolvimento de mercados e diversificação.
2.4.1.1 Penetração de mercado
Este tipo de estratégia de crescimento denota o aumento da participação no mercado
para os produtos e mercados já existentes, através da captação de vendas pertences aos
concorrentes, ou através do aumento no uso dos produtos pelos clientes (ANSOFF, 1977;
GHEMAWAT, 2007).
Alguns fatores que influenciam as empresas a se decidirem por desenvolver esta
estratégia de penetração de mercado são fatores como a experiência, o conhecimento e os
recursos (AAKER, 2001).
No que diz respeito ao aumento da participação de mercado através da captação das
vendas que pertencem aos concorrentes, a empresa pode utilizar ações táticas como
propaganda, concessões de negociação, promoções ou reduções no preço, porém, para obter
uma vantagem competitiva sustentável é preciso a criação ou a ampliação dos ativos e
competências do negócio para a neutralização dos concorrentes. Também podem ser usadas
estratégias no âmbito do negócio (baixo custo, diferenciação ou foco), ou ainda empregar as
sinergias (AAKER, 2001).
As sinergias na visão de Ansoff (1977), dizem respeito às características desejadas do
ajustamento entre a empresa e os novos produtos e mercados nos quais esta atua. A ideia é
que a empresa busque uma postura de produtos e mercados que seja superior à soma das
partes e que faça uma contribuição para a rentabilidade geral da empresa. Para Aaker (2001)
a sinergia ocorre quando um negócio tem uma vantagem por estar interligado a outro negócio
no interior de uma mesma empresa ou divisão.
Essas sinergias podem ser de tipo: i) comercial. Ocorre quando os produtos usam
canais de distribuição, quadros de administração de vendas ou instalações de armazenamento
comuns; ii) operacional. Resulta da maior utilização de instalações e pessoal, da maior
diluição de gastos gerais, das vantagens de curvas de aprendizagem comuns, e da compra em
grandes quantidades; iii) de investimento. Deriva do uso conjunto da planta, de estoques de
matérias-primas comuns, da transferência de pesquisa e desenvolvimento de um produto a
outro, de uma base tecnológica comum, de ferramentas e máquinas comuns; ou iv) de
administração (ANSOFF, 1977).
O aumento no consumo de um produto implica que a empresa responda algumas
perguntas fundamentais sobre o uso de um determinado produto e os seus consumidores,
tentando conseguir: i) ampliar a frequência de uso; ou ii) aumentar a quantidade usada em
cada aplicação; ou iii) desenvolver novas aplicações (AAKER, 2001).
2.4.1.2 Expansão de produto/mercado
Este tipo de estratégia está constituída pelo desenvolvimento de produto em mercados
existentes ou pelo desenvolvimento de mercado usando os produtos existentes (AAKER,
2001).
O desenvolvimento de produto pode ocorrer por uma variedade de caminhos
(AAKER, 2001; ANSOFF, 1977; GHEMAWAT, 2007). São exemplos deles:
Adição de qualidades ao produto. Adicionar qualidades aos produtos envolve
praticamente à totalidade do marketing, operações e administração. Em razão das
qualidades adicionais representarem oportunidades visíveis de crescimento e serem
relativamente fáceis de executar, elas podem se mostrar muito sedutoras. Entretanto,
elas também absorvem recursos e deveriam ser evitadas no caso do Retorno Sobre
Investimento projetado se apresentar insatisfatório.
Desenvolvimento de produtos de nova geração. Enquanto quem está concorrendo por
fora não tem nada a perder, ao contrário, tem muito a ganhar com o desenvolvimento
de uma inovação que irá desorganizar o mercado, o participante do mercado
estabelecido enfrentará duas forças que inibem a inovação. Primeiro, mesmo que a
nova tecnologia tenha sucesso, geralmente, para obter um melhor resultado, será
necessário um investimento significativo apenas para manter o mesmo nível de vendas
e lucros. E a nova tecnologia poderá apresentar problemas, agregando tempo e
despesas, reduzindo a aceitação do cliente – dificilmente um incentivo atrativo.
Segundo, os participantes do mercado existente precisam concentrar-se em custos de
qualificação, qualidade e serviço para a oferta existente, o que deixa pouco tempo e
esforço livres para a exploração de uma tecnologia totalmente nova.
Novos produtos para mercados existentes. Um padrão clássico de crescimento é
explorar uma força de marketing ou de distribuição pela adição de produtos
compatíveis que compartilhem clientes, mas que sejam diferentes dos produtos
existentes. É comum obter sinergia, em parte, pelo compartilhamento em distribuição,
em marketing e pelo reconhecimento e a identidade do nome da marca. Um
importante veículo para expansão de produto é a extensão de marca, que explorada
com forte consciência e associações, estende-a para outras categorias de produto.
No que tange ao desenvolvimento de mercado utilizando os produtos existentes, a
empresa tem a possibilidade de crescer, pela duplicação da operação de negócio em outros
mercados, exigindo, talvez, menos adaptações à mudança. Com a expansão de mercado, os
mesmos conhecimentos e tecnologia e, algumas vezes, a mesma fábrica e as mesmas
instalações para as operações podem ser usados. Nesse sentido, há potencial para sinergia e
reduções resultantes dos investimentos e dos custos operacionais. As opções desta estratégia
podem ser: expandir geograficamente ou expandir em direção a novos segmentos de mercado
(AAKER, 2001; ANSOFF, 1977; GHEMAWAT, 2007).
2.4.1.3 Diversificação
Ocorre quando uma empresa implementa uma estratégia de diversificação corporativa
operando em múltiplos setores ou mercados diferentes daqueles com os quais a empresa está
envolvida atualmente (AAKER, 2001; ANSOFF, 1977; BARNEY; HESTERLY, 2008;
GHEMAWAT, 2007).
Quando uma empresa opera em múltiplos setores simultaneamente, diz-se que está
implementando uma estratégia de diversificação de produto. Ademais, quando uma empresa
opera em múltiplos mercados geográficos simultaneamente, diz-se que está implementando
uma estratégia de diversificação de mercado geográfico. Por fim, quando uma empresa
implementa esses dois tipos de diversificação simultaneamente, diz-se que está
implementando uma estratégia de diversificação de produto-mercado (BARNEY;
HESTERLY, 2008).
A empresa diversificada tem dos níveis de estratégia: a da unidade de negócio
(competitiva) e a corporativa (para toda a empresa). A primeira diz respeito a como criar
vantagem competitiva em cada uma das áreas de atuação da empresa. Já a segunda trata de
duas questões diferentes: em quais negócios a empresa deve competir e como a sede
corporativa deve gerenciar o conjunto de unidades de negócios (HITT; IRELAND;
HOSKISSON, 2008; PORTER, 2003).
Aaker (2001) faz uma classificação da diversificação levando em consideração seu
relacionamento com o negócio central. Ele define dos tipos de diversificação: relacionada e
não relacionada. Em uma diversificação relacionada, a nova área de negócios tem importantes
qualidades comuns com o negócio central. Essas qualidades comuns favorecem o potencial de
gerar economias de escala ou sinergias baseadas em uma troca de ativos ou competências e o
negócio resultante dessa combinação deveria ter condições de gerar maior retorno sobre o
investimento devido às maiores receitas, à redução de custos e dos investimentos.
Já a diversificação não relacionada, está ligada à falta de uma zona de qualidades
comuns entre a nova área de negócios e o negócio central. Aqui ele define este tipo de
diversificação como integração vertical (AAKER, 2001).
A integração vertical representa outra direção de crescimento potencial. A integração
para frente ocorre quando uma empresa movimenta-se a favor da correnteza com respeito ao
fluxo do produto, é dizer, é quando a empresa incorpora mais estágios na cadeia de valor
internamente, e tais estágios a tornam próxima do fim da cadeia de valor, isto é, próxima de
interagir diretamente com o consumidor final. Agora, a integração para trás, é quando a
empresa incorpora mais estágios da cadeia de valor internamente, e tais estágios a tornam
próxima do início da cadeia de valor, isto é próxima de ganhar acesso às matérias-primas
(AAKER, 2001; BARNEY; HESTERLY, 2008).
Falando um pouco das estratégias de diversificação, Porter (2003), fala de dois tipos: a
gestão de portfólio e a reestruturação. O conceito de gestão de portfólio consiste, basicamente,
na diversificação através de aquisições. A empresa adquire outras empresas atraentes e
sólidas, com uma gerência competente, que concordam em permanecer. Embora as unidades
adquiridas não precisarem estar nos mesmos setores das unidades existentes, os melhores
gestores de portfólio geralmente restringem, de algum modo, a amplitude dos seus negócios,
em parte para limitar as habilidades específicas necessárias à alta administração.
A estratégia de restruturação busca empresas ou setores subdesenvolvidos, enfermos
ou ameaçados, no limiar de mudanças significativas. A matriz intervém, frequentemente
substituindo a equipe gerencial, mudando a estratégia ou infundindo na empresa novas
tecnologias. Em seguida, é possível que ocorram aquisições complementares, para constituir
massa crítica, além da venda de partes desnecessárias ou não relacionadas, reduzindo, assim,
o efetivo preço de aquisição. O resultado é o fortalecimento da empresa ou a transformação
do setor. Como desfecho, a matriz vende a unidade revigorada quando os resultados forem
nítidos, uma vez que a presença corporativa não mais está agregando valor, e a alta gerência
decide que sua atenção deve ser direcionada para outras oportunidades (PORTER, 2003).
Uma vez entendidas as estratégias de desenvolvimento que fazem parte da estratégia
geral de crescimento das empresas, a seguir serão apresentados os outros dois componentes
das estratégias de crescimento: as estratégias de cooperação e as estratégias de fusão e
aquisição.
No documento
http://tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/3202/5/Jennifer%20Pe%C3%B1a
(páginas 35-40)