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4. APRESENTAÇÃO DOS CASOS

4.3 Apresentação do Fornecedor C

4.3.3 Estratégia de Produção do Fornecedor C

O fornecedor C possui aproximadamente 50 SKU´s, resultantes da combinação de 3 tipos de iogurte (normal, light, funcional), 3 tipos de embalagem (180g, 900g, 1000g), diversos sabores e marcas dos clientes e do próprio fabricante.

A fabricação industrial do iogurte pode ser descrita resumidamente pelos processos de padronização, pasteurização, fermentação, resfriamento e envase. A padronização é ajustada conforme o tipo de iogurte a ser fabricado e visa ao ajuste das características físicas do leite, como teor de gordura e teor de sólidos, além do processo de adição de açúcar e estabilizantes.

A pasteurização é realizada a 90ºC durante um período de 5 minutos e, ao final desse processo, o leite é resfriado e enviado aos tanques de fermentação a uma temperatura de 38 a 40ºC. Assim que os tanques são cheios, o fermento é adicionado e inicia-se um processo

de homogeneização por meio de um agitador interno. Nessa fase, são coletadas amostras do produto para efetuar testes laboratoriais, como de acidez ou de viscosidade.

Quando o produto chega ao ponto correto, é reduzida a velocidade do agitador e adiciona-se, em seguida, o preparado de frutas. Na saída do tanque, o iogurte passa ainda por resfriadores de placas antes de iniciar o processo de envase. Em seguida, recebem a data de validade e seguem em direção à câmara fria. Em relação à capacidade de armazenagem, o fornecedor C utiliza uma câmara refrigerada em outro ponto da cidade.

O sistema de produção dos itens de marcas próprias opera sob encomenda. Assim, existe uma tentativa de agrupar os pedidos dos diferentes clientes de marca própria e, caso ainda tenha capacidade no tanque de fermentação, costuma fazer estoque da marca de fabricante com o restante do lote.

A perecibilidade do iogurte é um fator importante para o planejamento da produção, pois o varejo normalmente exige que o produto seja entregue com até 1/6 ou 1/3 do prazo de validade, conforme as cláusulas contratuais. Como o iogurte possui 45 dias de prazo de validade, deve ser entregue, no máximo, 7 ou 15 dias após a fabricação – o que não permite a realização de estoque dos produtos de marcas próprias.

Contratualmente, o prazo de entrega de pedidos é de até 5 dias, mas possui disponibilidade para entregar em até 2 dias úteis. O entrevistado afirmou que não costuma receber solicitações de alterações de pedidos e as informações de aumento de vendas são repassadas previamente para o departamento comercial.

Segundo o proprietário, as ações promocionais dos varejistas chegam a duplicar as vendas de seus produtos e, por esse motivo, os clientes já possuem o hábito de avisá-los com antecedência de até 3 semanas sobre a efetuação do pedido.

4.3.3.1 Prioridades Competitivas do Fornecedor C

De acordo com o entrevistado, o fornecedor C preocupa-se com a redução de custo e faz negociações diárias para atingir esse objetivo. Assim, como a maior parte das matérias-prima é composta por commodities, procura negociar, dentro das opções existentes, qualquer oportunidade mínima de economia.

A marca própria possibilitou o ganho de escala e garantiu melhores condições de compra de insumo. Porém, cabe ressaltar que a compra de lotes econômicos está condicionada ao tamanho da empresa, ou seja, essa vantagem será menor se comparada com o poder de negociação de uma grande empresa líder.

Além disso, é possível perceber iniciativas que visam à redução de custos pelo planejamento de produção, por meio da composição de lotes de produção na tentativa de utilizar o máximo da capacidade produtiva e garantir uma economia de escala na utilização de seus recursos.

Para a garantia da qualidade, possui uma gerente com formação em química e mais uma assistente para cada turno, que fazem o trabalho de supervisão e acompanhamento do processo produtivo.

O fornecedor C possui o manual de Boas Práticas de Fabricação (BPF) e está implantando a Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC). Relatou-se que os clientes varejistas estão cobrando a efetiva implantação desse sistema de gestão de segurança alimentar.

Para o atendimento das necessidades de flexibilidade, o fornecedor C não enfrenta dificuldades para atender às alterações de pedidos de compra, volumes e reprogramação de produção. Para o desenvolvimento de novos produtos, desenvolve novos sabores em parceria com o fornecedor de preparados de frutas.

Porém, para conseguir economia de escala, não realiza nenhuma alteração do processo produtivo e nem da especificação do produto, oferecendo a mesma receita para todos os clientes. Segundo o entrevistado, o mercado de iogurtes não costuma fazer solicitações para alterar a especificação dos produtos e, por isso, os clientes buscam fornecedores que ofereçam um mix de produtos próximo ao segmento desejado.

Em relação à rapidez e confiabilidade de entrega, o entrevistado afirma que não precisa tomar ações para atender a esse objetivo, pois os prazos e processos adotados garantem a sua efetividade.

As negociações comerciais das marcas próprias são realizadas diretamente pelo proprietário e, em alguns casos, são exigidos serviços relacionados à visita de representantes nas lojas, promotores de venda e até repositores de prateleiras.

O serviço de atendimento ao consumidor final é realizado pelo varejista que, em casos mais graves, repassam os problemas para o fornecedor. Nessas ocasiões, utiliza-se a estrutura de atendimento da marca de fabricante e toma iniciativas como reposição do produto, abate do valor pago e rastreabilidade.

Questionados sobre as prioridades competitivas consideradas como de maior importância para atingir aos objetivos estratégicos da empresa, percebe-se uma maior preocupação com a qualidade, seguida dos custos e da flexibilidade.

4.3.3.2 Decisões Estruturais e Infra-Estruturais do Fornecedor C

As atuais instalações do fornecedor C foram recentemente construídas, estando em funcionamento desde 2006. Sua planta industrial está organizada em linha, de forma que o fluxo do produto, ao longo das diferentes operações, é constante e regular. Assim, os diferentes equipamentos devem ser ajustados conforme as características do produto a ser fabricado.

Em termos de capacidade, adquiriu recentemente dois tanques de fermentação de 10.000 litros, que se somaram aos dois tanques de 5.000 litros e aos tanques de 4.000 e 6.000 litros já existentes. Portanto, atualmente possui 6 tanques de fermentação que totalizam uma capacidade de 40.000 litros.

O tempo total de processamento desde a padronização, passando pela pasteurização, enchimento do tanque, fermentação e esvaziamento leva em torno de 10 horas. Desse modo, desde que se tenha velocidade de envase, é possível utilizá-las duas vezes ao dia, o que representa uma capacidade máxima de 80.000 litros por dia. Para tanto, os trabalhadores revezam-se em três turnos diários de trabalho.

Atualmente, não possui equipamentos de envase suficientes para absorver toda a capacidade de fermentação, mas já está executando um projeto de transferência da câmara refrigerada para obter espaço e instalar novas máquinas de envase. Devido a esse problema, atualmente é utilizada apenas 45% da capacidade de fermentação instalada.

Em relação à tecnologia adotada, o entrevistado afirma que o processo de fabricação do iogurte não apresenta grandes inovações e a vida útil dos equipamentos é de mais de 30 anos.

A última inovação no processo produtivo foi feita há 5 anos, pela separação do processo de pasteurização, que era realizada dentro dos tanques de fermentação e gerou uma economia de energia e tempo. De forma geral, os equipamentos são considerados de primeira linha e podem ser comparados aos grandes fabricantes de iogurtes.

Em relação à integração vertical, existe uma iniciativa de trazer a operação de sopro das embalagens para dentro da fábrica, porém, ainda sob responsabilidade do fornecedor. O fornecedor C é responsável por todas as fases do processo produtivo, comprando apenas o preparado de frutas.

A organização do trabalho do fornecedor C segue a hierarquia tradicional, com encarregado do processo, encarregado do controle de qualidade, operadores de máquina e trabalhadores de chão-de-fábrica. Cada turno de trabalho possui os respectivos encarregados, que se reportam ao gerente de produção. Há rotatividade de funções na tentativa de evitar trabalhos repetitivos.

Os recursos humanos do fornecedor C são formados por trabalhadores com nível superior para cargos gerenciais, nível técnico ou ensino médio para os funcionários de manutenção e operações de máquina. Os treinamentos relacionados aos postos de trabalho são feitos pelos próprios encarregados e há reciclagens constantes relacionados às Boas Práticas de Fabricação. O incentivo ao trabalhador é realizado por meio de metas de produtividade e competição entre os turnos de trabalho.

A gerência de qualidade é feita por meio de prevenção e monitoramento do processo produtivo pela equipe de qualidade e pelo gerente de produção. O fornecedor C realiza um trabalho junto aos seus fornecedores, possuindo critério de seleção e visitas às instalações – principalmente para o fornecimento do leite. Possui laboratório próprio para realização de testes e faz inspeções durante todo o processo produtivo, desde a recepção da matéria-prima até o produto acabado.

O fornecedor C possui um sistema ERP que engloba apenas os módulos comercial, financeiro e estoques. O PCP é realizado por meio de tabelas do Excel, envolvendo o proprietário, o gerente industrial e os gerentes comerciais regionais. Para os produtos de marca de fabricante, procura-se manter um estoque de 15 dias e, caso tenha ociosidade de produção, pode manter um estoque de marca própria de no máximo 7 dias.