• Nenhum resultado encontrado

As práxis atuais de estratégia realizadas pelos gestores são realização de auditorias, elaboração de documentos e participação em

5 Conclusões, Implicações e Recomendações

5.1.1 As práxis atuais de estratégia realizadas pelos gestores são realização de auditorias, elaboração de documentos e participação em

reuniões

As práxis atuais de estratégia realizadas pelos gestores nas organizações estudadas, relacionadas com a gestão da qualidade, e mais especificamente com a manutenção da norma ISO 9001, são: (1) realização de auditorias, (2) elaboração de documentos, e (3) participação em reuniões. A primeira práxis abrangeu auditorias internas, auditorias com fornecedores, e auditorias com clientes.

De acordo com a literatura da área da estratégia como prática, existem três questões centrais que integram a prática da estratégia organizacional: a prática, a práxis, e os praticantes. Este estudo se restringiu a identificar quais são as práxis de estratégia realizadas pelos gestores entrevistados, ou seja, as ações desempenhadas pelos praticantes da estratégia nas empresas Codistil e MCM.

Entretanto, buscou-se identificar e analisar somente as práxis de estratégia relacionadas com a prática de estratégia de gestão da qualidade.

Whittington (2006, p. 616) afirma que há uma tendência na literatura em se buscar entender a atividade atual das pessoas “na prática”; ou seja, o que é feito pelas pessoas no que se refere à estratégia. O autor exemplifica alguns dessas ações: reuniões da gerência, apresentações, elaboração de projetos, conversas (WHITTINGTON, 2006, p. 619). Neste sentido, a segunda e a terceira práxis de estratégia identificadas pela pesquisa (elaboração de documentos e participação em reuniões) corrobora a literatura relacionada. Foi identificado pela dissertação que os estrategistas respondentes elaboram uma série de documentos (cronogramas, gráficos, instruções operacionais) e não só projetos como citado por Whittington (2006). Além disso, os gestores também participam de reuniões fora da empresa e não só de reuniões de gerência como citado pela literatura.

Jarzabkowski, Balogun e Seidl (2007, p. 9), por sua vez, afirmam que a práxis pode ser operacionalizada em diferentes níveis dentro da empresa, até mesmo nas interações entre os atores envolvidos. Ou seja, em consonância com o exposto, a práxis pode ser uma atividade de cunho mais individual, como a elaboração de documentos, e de cunho mais coletivo, como a participação em reuniões.

Tanto na Codistil como na MCM, os gestores entrevistados relataram que elaboram constantemente documentos diversos, assim como participam de reuniões. Pela fala dos respondentes, acredita-se aqui que, quando da participação nestas reuniões (quando os gestores também fazem apresentações de documentos) os praticantes da estratégia interagem com outros gestores, com subordinados, com superiores hierárquicos, com pessoas de outras empresas, o que caracteriza esta práxis como uma ação de interação entre os praticantes da estratégia. Além disso, a própria elaboração de documentos exige dos gestores um contato com outras pessoas dentro e fora da empresa, caracterizando esta práxis como algo parcialmente coletivo.

Também foi identificado pela pesquisa que, nas empresas estudadas, os gestores realizam auditorias. Estas auditorias são ações de monitoramento interno e com os fornecedores, análise e verificação de documentos, assessoramento de pessoas dentro da empresa, rastreabilidade de vários fatores como padrões de qualidade e segurança etc. Na segunda empresa estudada, a MCM, foi observado que também são feitas auditorias junto aos clientes da empresa.

Acredita-se nesta pesquisa que esta categoria (realização de auditorias) é um achado particularmente interessante visto que não foi identificado na literatura utilizada por esta dissertação nenhuma referência direta à esta práxis. Dentre todas as práxis de estratégia citadas pelos autores utilizados por esta pesquisa, a realização de auditorias não é listada como uma ação do fazer

estratégico. Mas nesta pesquisa, esta práxis é citada pelos entrevistados como a mais importante para a manutenção dos padrões exigidos dentro de um programa de gestão da qualidade.

Neste sentido, esta investigação científica amplia os estudos da área da estratégia como prática no que se refere ao fator práxis dos gerentes. Isto é, em relação às ações estratégicas desenvolvidas pelos gestores nas organizações brasileiras estudadas da cadeia do petróleo e gás em Pernambuco.

É importante ainda adicionar que existem alguns “pontos obscuros” enumerados nos textos de estratégia como prática. Estes pontos se referem às questões ainda não analisadas na literatura relacionada. Assim, textos importantes da vertente da estratégia como prática propõem uma série de perguntas (questionamentos) a serem respondidas por pesquisas na área. Desta maneira, o presente estudo se relaciona com algumas dessas perguntas como: como e onde a estratégia é feita? Quem faz o trabalho formal da estratégia e de que maneira? (WHITTINGTON, 2003).

Em relação ao primeiro questionamento da literatura (como e onde a estratégia é feita), a pesquisa demonstrou que, nas empresas analisadas, a práxis de estratégia não é uma atividade totalmente solitária, individualizada. Pelo contrário, as práxis também acontecem de maneira conjunta e grupal, como é o caso da participação em reuniões. Além disso, a pesquisa também mostra que a estratégia é feita tanto dentro como fora da empresa, já que as atividades organizacionais relacionadas à gestão da qualidade ultrapassam as “barreiras geográficas” da empresa, como a participação em reuniões.

Quanto ao segundo questionamento (quem faz o trabalho formal da estratégia e de que maneira), foi evidenciada a importância dos gestores organizacionais neste sentido. É necessário, entretanto, que uma importante observação seja feita.Esta dissertação delimitou desde o início que iria analisar as práxis de estratégia realizadas, unicamente, pelos gestores organizacionais. Portanto, é fácil compreender que o trabalho formal da estratégia tenha sido feito unicamente por pessoas pertencentes ao nível gerencial das organizações. Isto não implica, contudo, que outras pessoas, pertencentes a outros níveis organizacionais, também desempenhem ações estratégicas. Apesar disto, a maneira como estes gestores realizam suas práxis de estratégia implica a interação com pessoas de diversos setores dentro e fora da empresa, demonstrando a complexidade da prática da estratégia organizacional. Vários gerentes citaram que interagem com outros gestores nas empresas nas quais trabalham, assim como com gerentes de outras organizações da cadeia do petróleo e gás.

Desta maneira, este trabalho tanto comprova como amplia a literatura especializada no que se refere às práxis de estratégia organizacional, contribuindo para a agenda da estratégia como prática.

A seguir, é feita a discussão dos resultados em relação ao segundo objetivo específico do estudo: entender como os gestores aprendem a realizar as práxis de estratégia, no que se refere à gestão da qualidade, em seu contexto prático-social.

5.1.2 Os gestores aprendem a realizar as práxis de estratégia

Outline

Documentos relacionados