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CAPÍTULO 4. IDENTIFICAÇÃO DOS MEIOS DE TREINAMENTO PARA

4.3.2. ESTRUTURA DA CARGA EXTERNA, MATEMÁTICA, UNIDADES DE

A busca por objetivos específicos no processo de treinamento esportivo pressupõem intervenções de desempenho humano, promovidas por exposições crônicas a estímulos físicos; esses estímulos podem ser entendidos como trabalhos mecânicos (interferência externa) que repercurtem em desequilíbrios na homeostase e, consequentemente, ações anabólicas responsáveis pelo aumento no desempenho (Szmuchrowski & Couto, 2013).

A análise criteriosa da atividade física no jogo e o perfil fisiológico do atleta devem servir de base para nortear a PF. Além disso, a PF ainda deve receber uma forte influência das respostas fisiológicas apresentadas pelo atleta durante o próprio treinamento, ou seja, o ajuste

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das cargas de treinamento deve ser frequente e com base na evolução do atleta (Gomes & Silva, 2002).

Segundo Fleck & Kraemer (1996), as informações dos registros de treinamento são inestimáveis para alguns aspectos:

•! Saber o que foi feito em uma prévia sessão de treinamento, •! Visualizar o progresso a cada sessão de treinamento,

•! Ter o registro preciso do que foi executado durante um programa de treinamento bem sucedido,

•! Ter o registro preciso/acurado de um programa de treinamento que não funcionou e, então, este não seria repetido e poderia ser corrigido,

•! Fazer pequenas mudanças em programas de treinamento realizados com sucesso, para torna los ainda mais bem sucedidos,

•! Saber quando é o tempo para fazer mudanças no treinamento, seja no volume ou na intensidade.

Bompa (2002) afirma que a quantificação do treinamento é uma tarefa difícil, e defende que os programas de treinamento devem ser individualizados por causa de experiências desportivas anteriores, da genética e de diferentes ambientes de treinamento e, explica que por estes motivos, propõe linhas diretivas em vez de apresentar programas específicos. Com o entendimento dessas diretrizes, é possível organizar um programa de treinamento específico, que considere o potencial do atleta. Afirma ainda, que acredita que a utilização de símbolos matemáticos para cada nível de intensidade do treinamento seja uma boa alternativa.

Na teoria do desporto, as ferramentas e as formas de controle propostas encontram-se em metrologia desportiva na área de ciências exatas, propostos por Matveev (1983) e Zhelyazkov (2001) em suas propostas esquemáticas sobre as inter-relações dos aspectos filosóficos e metodológicos do esporte.

De acordo com Ferreira (2009), a metrologia é o estudo e descrição dos pesos e medidas de todos os povos e épocas; a ciência das medidas, o tratado sobre pesos e medidas.

Com o uso da metrologia, chegamos à solicitação de Zhelyazkov (2001), que colocou a necessidade de identificação “do que mensurarmos” e, também, de “padronizarmos as

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medidas” a serem utilizadas para o entendimento e direcionamento bem orientado do treinamento desportivo.

Podemos observar a influência da metrologia do esporte na área de ciências exatas, que compõem a teoria e metodologia do TD; sendo que, o controle das cargas externas, representa uma função importantíssima neste processo de quantificação do treinamento (Figura 4.4).

A medida mais importante para a direção e o controle do treinamento é o estabelecimento das cargas de treinamento para cada indivíduo, de acordo com as normas reconhecidas da metodologia do treinamento e com as reações individuais a esforços definidos (Martin et al., 2001).

Szmuchrowski & Couto (2013) levantam questionamentos sobre as medições esportivas:

•! como comparar um treinamento prescrito pela frequência cardíaca na corrida com um treinamento prescrito pela massa da “medicine ball” arremessada?

•! como comparar o treinamento prescrito pela distância percorrida no ciclismo com um treinamento prescrito por séries e repetições para a capacidade de força?

Para responder a estas perguntas é necessário utilizarmos variáveis mecânicas quantificáveis e universais (sistema internacional de unidades – SI) para prescrição das cargas de treinamento (Szmuchrowski & Couto, 2013), (Tabela 4.3).

Tabela 4.3 - Exemplos de parâmetros mecânicos para prescrição das cargas de treinamento, segundo Szmuchrowski & Couto

(2013)

Segundo Granell & Cervera (2003), a quantificação das cargas de treinamento deve seguir um modelo específico, principalmente na determinação do elemento de controle de cada conteúdo de treinamento. No contexto internacional, existe uma série de convenções que tem determinado o padrão desses elementos de controle; como regra geral, a quantidade é refletida da seguinte maneira:

Grandeza Unidade Símbolo

comprimento metro m

massa quilograma kg

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•! as corridas, pelas distâncias percorridas de acordo com as diferentes unidades de referência (metros/quilômetros), em que as repetições e séries constituem a sessão ou também o número de repetições dos diferentes exercícios técnicos,

•! os exercícios de força, pela carga (quilogramas, toneladas) em uma sessão e pelo número de repetições dos diferentes exercícios (saltos múltiplos, saltos, lançamentos), •! a resistência, pela distância (metros, quilômetros), pelas repetições, séries ou a

duração do treinamento (horas, unidades de treinamento por semana – sessões),

•! a técnica específica, pelo número de repetições efetuadas; no caso de movimentos técnicos complementares, pode-se considerar também o tempo (horas) dedicado a esse trabalho de caráter menos específico.

A duração refere-se à duração de um estímulo isolado ou de uma série de estímulos; o volume refere-se à duração e número dos estímulos por unidade de treinamento e, a frequência do treinamento, refere-se ao número de sessões de treinamento por dia ou por semana. A abrangência do estímulo representa a soma dos estímulos de um treinamento. Em levantamento de pesos, a abrangência do estímulo é dada pelo número de exercícios e séries com uma determinada sobrecarga (em kg.) e suas repetições (Weineck, 1999).

Pelo controle das cargas dirigidas ao desenvolvimento das qualidades físicas é determinado o volume de trabalho (em horas e percentual do volume total) empregado no desenvolvimento das seguintes qualidades: velocidade, força-velocidade, força máxima, resistência durante o trabalho de caráter anaeróbio, misto e aeróbio, mobilidade articular e capacidades de coordenação. De maneira similar são controladas as cargas dirigidas ao aperfeiçoamento da preparação técnico-tática (Platonov, 2004).

O volume da carga é caracterizado geralmente com base nos indícios externos do exercício, acessíveis ao controle visual: duração e velocidade da execução do exercício, número de repetições, tentativas, elementos, peso levantado, quilometragem total, etc. Na avaliação do volume da carga, nos ciclos de preparação, empregam-se os seguintes índices: quantidade de dias de treino, quantidade de seções de treino, tempo sumário gasto para a execução dos exercícios, etc (Zakharov & Gomes, 2003).

Em Platonov (2004), temos que o aspecto “externo” da carga pode ser representado de forma geral, pelos índices de volume total de trabalho, que consistem em: volume total de trabalho em horas, volume de trabalho cíclico (corridas, natação, remo, etc.) em quilômetros,

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o aspecto “externo”, destacam-se os volumes particulares da carga, que refletem a planificação dentro do volume total de trabalho efetuado em intensidade elevada ou que contribuem para o aperfeiçoamento predominante de alguns aspectos da preparação. Para isso, determina-se, por exemplo, o percentual de trabalho intensivo dentro do volume total, a relação de trabalho dirigido ao desenvolvimento de algumas qualidades e capacidades, os meios de preparação geral e específica, etc.

O volume é uma das variáveis sobre as quais podem acontecer todas as possibilidades de alteração no treinamento e, portanto, é um dado a se ter em conta ao definirmos as características do programa que realizamos (Badillo & Ayestarán, 1997).

Ainda para Badillo & Ayestarán (1997), a melhor forma de expressar o volume, ainda que não seja suficiente, é pelo número de repetições que se realizam. O tempo da duração do estímulo sob tensão, ou seja, o tempo que dura a aplicação da carga está em íntima relação com o número de repetições, pela qual também seria uma forma acertada de medir o volume de trabalho; ainda que não seja a maneira mais prática porque a sua quantificação é muito mais difícil. O volume por si só, ainda que seja expresso por repetições ou por tempo de aplicação das cargas, é insuficiente para programar e estimar o treinamento; mas a melhor forma de se expressar o volume é pelo número de repetições que se realizam.

Como componente principal do treinamento, de acordo com De La Rosa & Farto (2007), o volume constitui o requisito prévio quantitativo vital para o alto ganho técnico- tático e especialmente físico. O volume, que às vezes é feito com duração imprecisa do treinamento, compreende as seguintes partes:

•! o tempo ou a duração do treinamento,

•! a distância percorrida ou o peso levantado por unidade de tempo,

•! a quantidade de repetições de um exercício ou elemento técnico executado em certo tempo.

O aspecto da CE é representado de forma geral pelos índices de volume total de trabalho, que consistem em: volume de trabalho em horas, volume de trabalho cíclico (corridas, natação, remos, etc.) em quilômetros, número de sessões de treinamento, número de competições, etc. (Gomes, 2010). Ainda segundo o mesmo autor, na quantificação da CE, são muito utilizados os índices de intensidade, os quais são caracterizados pelos índices de: ritmo de movimentos, a velocidade de execução da ação motora, o tempo gasto para superar

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determinados percursos, as distâncias dos percursos de treinamento, os valores das cargas utilizadas, o número de repetições, as séries, etc.

A noção de volume implica na quantidade total da atividade realizada no treinamento, tanto em uma seção como em uma etapa de treinamento (De La Rosa & Farto, 2007).

Em Verkochansky (1996), encontramos uma citação que descreve o volume do trabalho em treinamento de saltos em profundidade: o volume total de trabalho foi de 310 saltos profundos, 300 toneladas nos exercícios e 74 toneladas nos agachamentos com peso. Na citação do autor observamos claramente o controle dos saltos pela quantidade realizada dos eventos, ou seja, pelo número de saltos e, os exercícios com sobrecarga, controlados pela tonelagem.