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CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO GERAL

1.1. INTRODUÇÃO

O futebol ostenta hoje uma grande importância no cenário mundial, devido à abrangência nas diversas camadas da sociedade e devido ao seu volume de prática nos inúmeros países, que realizam campeonatos sistematizados desta modalidade desportiva através de seus campeonatos oficiais e, portanto, além de seus campeonatos nacionais, assumem a participação nos calendários internacionais de competições. Pela questão social em que está inserido, o futebol é algo a ser explorado por diversos ramos da atividade humana, não só pelas disciplinas científicas de rendimento físico, técnico e tático de cada atleta e da equipe, mas também pelas diversas atividades econômicas e suas áreas.

Diante destes fatos, o futebol tornou-se uma modalidade muito investigada, não apenas entre as equipes que se confrontam pontualmente nos diversos campeonatos, mas também internacionalmente, entre os pesquisadores da área do esporte.

As pesquisas direcionadas à CT (carga de treinamento) no futebol tornaram-se nos últimos anos extremamente importantes e de grande interesse entre os estudiosos da área. Por uma concepção de lógica, precisamos saber identificar e quantificar a que esforço foi submetido o atleta, em um passado próximo e também distante, para sabermos o que supostamente deve ser ministrado no presente e, ainda, para propormos as projeções futuras de treinamento. A importância se dá, pela necessidade de sabermos quão intensas e quão volumosas são as propostas de treinamento e de competição; impostas aos atletas no decorrer da temporada.

É importante destacar alguns conceitos e a sequência de conceitos que estão intimamente relacionados à CT, e que nos fazem chegar a um melhor entendimento do porque da necessidade do controle da mesma em todo o processo sistêmico do TD (treinamento desportivo); dentre eles, o conceito de adaptação biológica, das leis e princípios biológicos do treinamento, da relação estímulo/efeito de treinamento (estímulo de carga e efeito gerado), das CI (carga interna) e CE (carga externa), dos meios e métodos (diretamente ligado às cargas), das características das competições, dos sistemas (de competição, de preparação e de sistemas complementares) e da periodização que, de uma forma interligada e consequente, nos permite planejar as atividades.

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Diferentemente das modalidades desportivas cíclicas, o desporto coletivo apresenta uma grande quantidade de eventos e ações motoras variadas, oriundos de diversas naturezas, realizadas pelos atletas em condições de treinamento e competição; que devem ser coerentemente administradas no processo de PF (preparação física).

A noção de carga é utilizada em concordância com a noção de meios e métodos para a caracterização dos fatores que exercem influência sobre o atleta no PT (processo de treinamento). Esta noção dá realce ao fato, da execução de qualquer exercício de treinamento estar relacionado com a passagem do organismo a um nível mais alto de atividade funcional que o do estado de repouso, ou em funcionamento moderado e, ser, nesse sentido, um “acréscimo”, uma “carga”, que atua sobre os órgãos e sistemas; esta carga, sendo suficientemente grande, causa fadiga. Deste modo, a expressão “CT” refere-se uma atividade funcional adicional do organismo (em relação ao nível de repouso ou a um nível inicial), causada pela execução de exercícios e pelos graus das dificuldades que vão sendo vencidos nesse processo (Matveev, 1983).

Por conseguinte, é clara e lógica a necessidade de organizarmos as ações de treinamento, para que a comissão técnica possa controlar e fazer ajustes organizacionais em seus planejamentos ao longo da temporada, e também para que tenham os registros das atividades de cada atleta (e por consequência do grupo) e, desta forma, diante dos cálculos e análises das cargas de trabalho, possam administrar as sucessivas etapas do planejamento.

A coleta das informações de treinamento dos atletas, realizada de forma coerente e sistematizada, nos conduz a necessidade de organização e de um controle das cargas de treinamento. Para esta feita, todas as ações motoras, de toda e qualquer natureza, devem ser identificadas e quantificadas em todas as sessões do treinamento (todas as atividades realizadas, calculadas respectivamente em suas específicas unidades de medida); tudo isso sempre relacionado a um determinado período de tempo, do mais curto ao longo prazo, a saber: sessão de treinamento, dia, microciclo, mesociclo, macrociclo, ciclo olímpico. Desta forma o controle deve ser realizado em todos os períodos temporais que queiramos organizar e, esta ideia, ao considerarmos os vários anos da vida do atleta ou de uma equipe, nos leva à ideia do controle de longo prazo.

Na teoria do TD, são aceitos quatro grandes aspectos relacionados à capacidade de desempenho, a serem tratados e controlados nos esportes de competição: físicos, técnicos,

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táticos e psicológicos. A questão psicológica não faz parte desta dissertação, esta contempla os três aspectos mais relacionados com a questão motora e de CE: físicos, técnicos e táticos.

Uma forma de realizarmos o controle é utilizarmos os recursos da matemática; ao nos valermos desta área da ciência, precisamos assegurar também uma boa demonstração dos resultados, que nos facilitará o correto entendimento de todo o “cenário” (dos fatores e dos parâmetros que compõem a PD (preparação desportiva)), e para termos todo o processo organizacional do treinamento elaborado de uma forma que possa ser facilmente administrável.

Toda esta questão organizacional será mais bem realizada e entendida se optarmos por uma ferramenta tecnológica ágil, que nos permita realizar inúmeros cálculos necessários: das variadas ações biomecânicas de treinamento (meios), dos diversos eventos possíveis e dos componentes que envolvem a periodização.

Com a necessidade do entendimento desta ampla gama de eventos e da análise de suas variáveis para um ótimo controle de CT, surge a proposta de criação de um SFT (“software”) (e a consequente organização de um BD (banco de dados)), que tenha a capacidade de realizar estes cálculos, e que também possa demonstrar os resultados de uma forma rápida e organizada em um cenário de eventos melhor representado. Este é o propósito de uma aplicação tecnológica em um processo de treinamento; que os profissionais componentes da comissão técnica consigam tomar decisões baseados na dinâmica da CT e nos resultados desportivos da equipe, dentro do calendário de competições que estão inseridos.

Phillips et al. (2014) afirmam que, SFT são as instruções que controlam o que um computador faz, são programas de computador; Biber et al. (1995) colocam que são conjuntos de programas ou instruções, que você insere em um computador quando deseja que ele realize trabalhos específicos.

Para Phillips et al. (2014) & Biber et al. (1995), programas computacionais, são uma série de instruções que podem ser colocadas em um computador com o objetivo de fazê-lo realizar uma operação.

Programas de computador formam um plano completo para a solução de um problema, mais especificamente, a sequência completa de instruções da máquina e rotinas necessárias para resolver um problema (Sawaya, 1999).

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Segundo Sawaya (1999), “input data” são dados de entrada a serem processados; para Phillips et al. (2014), dados de entrada são informações que são inseridas em um sistema, organização ou máquina, para que estes possam operá-las.

Esta série de instruções e rotinas que controlam o que o computador executa, com o objetivo de realizar uma operação através do manejo e utilização de dados, faz com que, compulsoriamente, devamos ter no computador uma série de informações já inseridas (primariamente cadastradas) para que possam realizar as operações que são de interesse dos usuários. Estas informações iniciais, a partir das quais se realizam os cálculos, são chamadas de dados de entrada (“input data” ou “data input”).

BD são um grande número de informações armazenadas em um sistema computacional, que você pode encontrá-lo e usá-lo facilmente (Biber et al., 1995).

O sucesso da utilização de um SFT sempre dependerá de informação prévia (as informações que são inseridas), de como ela é coletada pelo profissional (confiabilidade no comportamento observável e julgamento), de como é armazenada, tratada (calculada), apresentada e interpretada para as devidas intervenções.

No que tange as importantes modificações que os recursos tecnológicos trouxeram às atividades humanas, segundo Sperandio & Évora (2005), os recursos computacionais são desenvolvidos para incrementar a produtividade e a qualidade nas atividades desenvolvidas por vários profissionais.

Entende-se um SFT como uma ferramenta, cuja função é facilitar e resolver problemas, culturalmente falando, das diversas atividades possíveis nas áreas em que o ser humano atua. Temos diversos exemplos de utilização de recursos tecnológicos para a melhoria da atuação profissional e das atividades humanas, nas mais diversas áreas de atuação: setor comercial, petrolífero, aéreo, cálculos estruturais em engenharia, em arquitetura, cálculos robóticos, cálculos para próteses de seres humanos com membros amputados, etc. Nas atividades de saúde, mais próximas ao desporto de alto rendimento e à educação física, encontramos a medicina e a fisioterapia.

Inúmeras forças globais determinam a introdução dos computadores na área da saúde por meio de diferentes e novos “hardwares” e SFT. Notamos que os computadores estão infiltrando-se em todos os aspectos de nossa vida, motivo pelo qual um crescente número de

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profissionais está sendo capacitado para atender a estes objetivos (Rodriguez, Guanilo, Fernandes, & Candundo, 2008).

Esta proposta estrutural de um SFT apresenta-se organizada em quatro partes principais, que interagem entre si de acorco com as necessidades de utilização dos usuários, listadas abaixo (Figura 1.1):

•! cadastro,

•! perfil desportivo, na qual teremos os componentes físico, técnico e tático,

•! consulta e, •! relatórios. PERFIL DESPORTIVO CADASTRO CONSULTA RELATÓRIOS

Figura 1.1 - Indicações de direcionamento das inter-relações das divisões para a proposta de um “software”

Pretende-se, com isso, que um SFT com esta finalidade tenha uma identificação específica para a coleta de dados da prática do futebol, que nos demonstre a CE de treinamento de todas as atividades propostas, cada qual mensurada de acordo com sua natureza e em suas respectivas unidades de medida.

A ferramenta tecnológica proposta neste estudo poderá ser pertinente, quanto a sua utilização, porque poderá ser usada para controlar a CE da modalidade de futebol em diversas investigações científicas. Socialmente, como característica relevante, ela poderá ser utilizada, por preparadores físicos e outros profissionais do esporte em suas atividades diárias, para centralizar as informações de controle de CE de treinamento da equipe.

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Este estudo busca identificar os meios de treinamento (independentemente dos métodos utilizados) que são preconizados à modalidade de futebol e suas formas de controlá- los; o mesmo apresenta três artigos científicos como forma de seu desenvolvimento.