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Como vimos, o Ministério Público, ao qual a Constituição devota a função essencial à justiça, abrange o Ministério Público da União (MPU) e os Ministérios Públicos dos estados. O MPU, por seu turno, desdobra-se em quatro ramos: o Ministério Público Federal, que atual junto à Justiça Comum Federal; o Ministério Público do Trabalho (MPT), que atua na Justiça do Trabalho; o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDF-T), que atua na Justiça Comum do Distrito Federal e o Ministério Público Militar, que atual junto à Justiça Militar da União. Essa divisão de trabalho entre os diversos ramos do MPU tem o objetivo de desempenhar mais adequadamente o seu mister.

Interessa, neste ponto, exclusivamente, as características do MPM56. As

origens históricas dessa instituição acompanha, de modo geral, a evolução da Justiça Militar.

56 No âmbito estadual, não existe um ramos do Ministério Público específico para atuar na Auditoria Militar. O que existe, via de regra, é a designação de um Promotor de Justiça para desempenhar as funções do MP junto à Justiça Estadual Militar. No estado do Ceará, nos termos do art. 241 da Lei Estadual n. 10.675, de 08/07/1982, que dispôe sobre o Código do Ministério Público do Ceará, “a função do Ministério Público junto à Justiça Estadual Militar será exercida por Promotor de Justiça, de entrância especial, designado pelo Procurador Geral de Justiça e integrante do quadro único do Ministério Público do Estado.”

Segundo Edgard de Brito, “foi na Espanha, em 1714, com a criação do 'Fiscal' militar ao lado do 'Fiscal' togado que se concebeu os primeiros órgãos do Ministério Público Militar moderno”. Sendo, consoante o mesmo autor, que “a partir de fins do século XVIII, e começos do século XIX, as nações européias sentem a necessidade de criação, ou separação das justiças militar e civil, com o aparecimento do 'Procurador' ou 'Promotor' militar”.57

No Brasil, a criação efetiva do MPM deveu-se ao Decreto n. 14.450, de 30 de outubro de 1920, que instituiu o Código de Organização Judiciária e Processo Militar. Era o art. 5º do referido decreto que dizia que “as autoridades judiciárias militares serão auxiliadas pelo Ministério Público, composto de um Procurador-Geral e Procuradores”. A partir daquele instante criado estava o MPM. De lá para cá esse órgão sofreu várias alterações, chegando à maturidade com a Constituição Federal de 1988. A identidade e autonomia organizacional foi, efetivamente, adquirida com a Lei Complementar n. 75/93.

Nos termos da Constituição, como vimos, o Ministério Público Militar é ramo sistêmico do MPU. A competência, os órgãos e a carreira do MPM estão descritos na LC 75/93, nos artigos do 116 ao 148. É o art. 118 , transcrito abaixo, da LC 75/93 que relaciona os órgãos que compõem o MPM, cujas características de cada um deles são dadas em seguida:

Art. 118. São órgãos do Ministério Público Militar: I - o Procurador-Geral da Justiça Militar;

II - o Colégio de Procuradores da Justiça Militar; III - o Conselho Superior do Ministério Público Militar;

IV - a Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Militar; V - a Corregedoria do Ministério Público Militar;

VI - os Subprocuradores-Gerais da Justiça Militar; VII - os Procuradores da Justiça Militar;

VIII - os Promotores da Justiça Militar.

O Procurador-Geral da Justiça Militar58 (PGJM) é a autoridade máxima do

57 CHAVES JÚNIOR, Edgard de Brito. Origens do Ministério Público Militar. Revista de Direito Militar, Brasília, v. 5, n. 8, p. 113-129, 1978. (ambas as citações do parágrafo na p. 121).

MPM. Como diz o art. 120 da LC 75/93, é ele o “Chefe do Ministério Público Militar. Essa autoridade é nomeada para o cargo pelo Procurador-Geral da República (PGR), dentre os integrantes da carreira com mais de 35 anos de idade e de 5 anos na carreira. A escolha do PGR recai sobre um dos nomes indicados em lista tríplice elaborada pelo Colégio de Procuradores. O Mandato do PGJM é de dois anos, sendo permitida uma recondução, desde que conste da lista tríplice. No contexto do poder que detém inclui-se o de designar, dentre os Subprocuradores-Gerais, o Vice-Procurador Geral. Exercerá também a presidência do Conselho Superior. Compete ao PGJM, precipuamente, exercer as funções atribuídas ao MPM junto ao Superior Tribunal Militar, podendo propor ações cabíveis e manifestando-se em todos os processos de sua competência. As inúmeras atribuições do PGJM estão relacionadas no art. 124 da LC 75/93, entre as quais sobressai-se a atribuição de nomear o Corregedor, designar um membro da Câmara, e praticar atos de gestão administrativa e financeira. Muitas das atribuições do PGJM podem ser delegadas aos Subprocuradores, aos Procuradores e ao Coordenador da Câmara de Coordenação e Revisão.

O Colégio de Procuradores59 é instância coletiva para decisões programáticas

do órgão. É presidido pelo Procurador-Geral e integrado por todos os membros da carreira do MPM em atividade. Compete ao conselho a importante tarefa de elaborar, mediante voto plurinominal, facultativo e secreto, a lista tríplice com os nomes dos candidatos a Procurador- Geral, para escolha do PGR. Tem também a função de opinar sobre assuntos gerais de interesse da instituição. Em caso de relevante interesse pode reunir-se extraordinariamente quando convocado pela maioria de seus membros, em local a ser designado pelo PGJM.

O Conselho Superior do Ministério Público Militar60 (CSMPM) é a instância

58 Veja os artigos do 120 ao 125 da Lei Complementar n. 75/93. 59 Veja os artigos do 126 e 127 da Lei Complementar n. 75/93. 60 Veja os artigos do 128 ao 131 da Lei Complementar n. 75/93.

normativa máxima do MPM. É o órgão deliberativo máximo da instituição. É composto pelo Procurador-Geral, que o preside, pelo Vice-Procurador Geral e pelos Supbrocuradores-Gerais. Reune-se ordinariamente uma vez por mês. As deliberações obedecem a regra da maioria e suas decisões são publicadas no Diário de Justiça da União. Exerce o poder normativo no MPM, sobretudo, nos termos da sua competência, dada pelo artigo 131 da LC 75/93, para elaborar e aprovar normas relativas ao seu regimento interno e o do Colégio de Procuradores, normas e instruções sobre concursos públicos para a carreira, normas sobre designações e critérios para distribuição de inquéritos entre os membros do MPM. É o Conselho que elabora e aprova a lista de antigüidade do MPM, além de decidir sobre promoção, remoção, designação de comissão para processo administrativo etc.

A Câmara de Coordenação e Revisão do MPM61 (CCR) é o órgão responsável

pela uniformização da atuação do MPM. É o órgão de coordenação, de integração e revisão do exercício funcional do MPM. É composta por três membros, sendo um indicado pelo Procurador-Geral e dois, pelo Conselho Superior, além de dois suplentes. O mandato é de dois anos. Compete à CCR, além da coordenação entre os órgãos do MPM, manter o intercâmbio entre eles, encaminhar informações técnico-jurídicas quando solicitadas; bem assim manifestar-se sobre os pedidos de arquivamentos de Inquérito Policial Militar e decidir sobre conflitos de atribuições entre os órgãos do MPM.

A Corregedoria-Geral do MPM62 (Corge) é o órgão de fiscalização e

orientação interna do órgão. É ela que, por meio do Corregedor-Geral, nomeado pelo Procurador-Geral, dentre os nomes de Subprocuradores, indicados em lista tríplice pelo Conselho Superior, exerce a fiscalização das atividades funcionais e da conduta dos membros do MPM. É atribuição ainda do Corregedor-Geral realizar de ofício ou por provocação

61 Veja os artigos do 132 ao 136 da Lei Complementar n. 75/93. 62 Veja os artigos do 137 ao 139 da Lei Complementar n. 75/93.

correição e sindicâncias, apresentando relatório; instaurar inquérito e propor ao Conselho a instauração de Processo administrativos contra seus membros. É ele também que acompanha o estágio probatório e, quando for o caso, propõe ao Conselho a exoneração de membro do MPM, quando não cumpre as condições do estágio.

Os Subprocuradores-Gerais63 da Justiça Militar representam, abaixo do cargo

de Procurador-Geral, os cargos de maior hierarquia na carreira. Serão eles designado para oficiar junto STM e à Câmara de Coordenação e Revisão. Cabe a eles exercer, privativamente, as funções de Corregedor-Geral e de Coordenador da Câmara. Ficam lotados nos ofícios na Procuradoria-Geral, em Brasília.

Os Procuradores da Justiça Militar64 são os chefes das Procuradorias que atuam

na 1ª instância junto às Auditorias da Justiça Militar. São lotados nas Procuradorias da Justiça Militar, onde coordenam as atividades. Podem, em casos de impedimentos, substituir os Subprocuradores-Gerais.

Finalmente, os Promotores da Justiça Militar correspondem ao maior número de membros do MPM65. É o cargo inicial da carreira. Exerce as atribuições do MPM junto as

auditorias. Substitui o Procurador nas suas faltas ou impedimentos. São lotados nas Procuradorias da Justiça Militar.

As unidades de lotação e administração do MPM são, em nível superior, a Procuradoria-Geral da Justiça Militar (PGJM) e, em nível inferior, as Procuradorias da Justiça Militar (PJMs). A PGJM é sediada em Brasília e nela funcionam além do Procurador-Geral, os Subprocuradores-Gerais, o Conselho Superior, a Câmara de Coordenação e Revisão e a

63 Veja os artigos do 140 ao 142 da Lei Complementar n. 75/93. É, atualmente, de 13 o número de Subprocuradores-Gerais.

64 Veja os artigos do 143 e 144 da Lei Complementar n. 75/93. São ao todo 21 cargos, lotados nas diversas PJMs.

65 Veja os artigos do 145 ao 146 da Lei Complementar n. 75/93. São 41 cargos de Promotor da Justiça Militar atualmente ocupados.

Corregedoria-Geral; conta ainda com uma secretaria, chefiada pelo Diretor-Geral e departamentos processuais e administrativos onde é lotada grande parte dos servidores66 da

instituição. Já as Procuradorias da Justiça Militar estão espalhadas pelo território nacional, no total de 14 unidades67, funcionando, em simetria, junto às Auditorias da Justiça Militar, nos

termos das Circunscrições Judiciárias Militares; conta cada uma das PJMs com três membros (um Procurador e dois Promotores da Justiça Militar), exceto a PJM/Rio de Janeiro/RJ, que conta com 17 membros, distribuídos nos seis ofícios e a PJM/São Paulo/SP, que conta seis membros; nos dois ofícios; cada PJM conta com um corpo de servidores auxiliares.

As importantes funções que caracterizam o desempenho do MPM como órgão acusador junto à Justiça Militar da União serão vistas no próximo ponto.