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A presente INTRODUÇÃO lançou as bases desta investigação em design,

identificando o problema, objetivos e pressupostos iniciais, justificando a pertinência do tema e motivação para a investigação, apresentando de seguida uma síntese da estrutura do documento.

Após o capítulo introdutório, esta tese reparte-se em quatro capítulos organizados de forma ligeiramente diferente do convencional: enquadramento, fase preliminar, fase interventiva e conclusões.

O primeiro desses capítulos, designado por ENQUADRAMENTO, está dividido em três componentes: teórico, geográfico e sociodemográfico, e metodológico. O ‘referencial teórico’ é composto por um resumo histórico do design e da participação, a partir do qual se estabelece uma reflexão crítica sobre desenvolvimento humano, face à expansão neoliberal e tecnológica, da qual emerge a lacuna que fundamenta este estudo. O segundo componente concerne o ‘referencial geográfico e

sociodemográfico’ com que se legitima o foco num contexto específico de exclusão social e se faz o retrato sociodemográfico que orienta as estratégias e o plano de ação traçados. O terceiro componente explica os ‘fundamentos metodológicos’, articulando a investigação em design com o paradigma crítico/transformativo, a lógica da

investigação-ação e o processo de empoderamento.

DA TEORIA À PRÁTICA é o capítulo que contempla os trabalhos preparatórios e os respetivos resultados preliminares que precedem e fundamentam a intervenção. Este segundo capítulo relata a estratégia de aproximação e entrada em campo, o

desenvolvimento e teste de instrumentos metodológicos e uma apreensão aprofundada e situada do contexto. O potencial manifestado pela ‘Arena das Necessidades’, matriz desenvolvida para a construção de diagnósticos situados, mereceu uma análise e reflexão mais detalhada na apresentação dos ‘resultados preliminares’. Também decorrendo desta fase preparatória, que inclui uma breve revisão bibliográfica sobre ‘segurança alimentar’ e dados apurados através da ‘Arena das Necessidades’, são reportados um diagnóstico inicial sobre ‘a segurança alimentar num período e lugar ‘em’ e ‘de’ crise’, e estratégias de ação mais refinadas.

O terceiro capítulo, DA PRÁTICA À TEORIA, versa sobre a intervenção através do design, que ocorreu no Bairro do Lagarteiro, conduzida pela lógica da investigação- ação e sintetizada nas primeiras páginas. As restantes secções do capítulo

correspondem a quatro momentos: ‘o convite à participação’ da população e os três ciclos de investigação-ação, i.e., individual, grupal e comunitário. Em cada um destes ciclos, foram sendo reportados os processos e os componentes metodológicos implementados, as reflexões e os resultados, e estabelecida a relação com o ciclo seguinte.

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‘O convite à participação’ contempla a construção da estratégia de comunicação, da ferramenta de apoio materializada num ‘livro de histórias’ e a deliberação do do it yourself como estratégia e linguagem gráfica apropriadas e apropriáveis. O ‘ciclo

individual’ compreende os relatos na primeira pessoa dos hábitos alimentares dos agregados familiares das sete mulheres que aceitaram o convite. O processo de recolha de dados foi registado nuns livretes individuais e posteriormente

transformados em cenários narrativos construídos pelas respetivas narradoras. O ‘ciclo grupal’ desenrola-se em três sessões de grupo focal que reuniram as

participantes iniciais, os seus cenários e outros elementos da população que decidiram envolver-se no projeto, para discutir em conjunto a informação contida nas narrativas individuais, aprofundar assuntos e perceções sobre o tema, definir a estratégia de consulta à restante população do bairro e respetiva aplicação. O ‘ciclo comunitário’ divide-se em duas partes, uma de análise e interpretação de dados recolhidos no ciclo anterior, das quais derivam um diagnóstico mais aprofundado sobre a alimentação e gestão de orçamento familiar no Lagarteiro e algumas propostas de representação visual dos dados, entre as quais as ‘famílias inspiração’. A outra parte deste último ciclo, corresponde à preparação e realização de uma sessão de cocriação, envolvendo a população local com agentes institucionais e especialistas, e as ‘famílias

inspiração’, no desenvolvimento de propostas de mudança no âmbito da segurança alimentar e gestão de orçamento familiar.

O último capítulo da tese, SINTESE, resume em cinco partes esta investigação em design com a explicação dos resultados alcançados face aos objetivos propostos e ao conceito de “ação cultural para a libertação” de Paulo Freire. Na primeira parte é feita uma breve retrospetiva do percurso investigativo remetendo para as dimensões

política, deontológica e praxeológica concretizadas através do design. A articulação do design com a mudança alimentar em contexto de vulnerabilidade, compreendida na segunda questão de investigação, é parcialmente debatida na segunda parte deste capítulo, e retomada no terceiro, juntamente com a resposta à primeira questão, uma vez que se reconheceu que os contributos alcançados pelo design para a cocriação de agendas de transformação em contexto de vulnerabilidade, aparentam ser

potencialmente válidos noutros contextos. A quarta parte contempla as conclusões da investigação, que versam sobre um posicionamento do design no âmbito disciplinar e no âmbito metodológico, a partir do qual se identificam as contribuições metodológicas mais relevantes deste projeto, revisitando a .ppt analógica, a BOSa e a Arena das Necessidades. O capítulo termina com a abordagem das principais limitações da investigação, que se convertem em implicações para trabalhos de investigação futuros.

A secção de APÊNDICES, no fim do documento, contempla os pormenores das informações apuradas ou produzidas, que não tiveram lugar no texto principal, mas que era pertinente disponibilizar para o leitor.

Seguindo estas bases, a tese irá prosseguir com uma descrição detalhada do processo investigativo.

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1. ENQUADRAMENTO