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TRANSPARÊNCIA 4: ZIRALDO E OS QUADRINHOS QUE DÃO ÁGUA NA BOCA

5.2 Percurso metodológico da tese: a bricolagem tecendo com os instrumentos

5.2.1 Estudo de caso

Estudo de caso é um dos modos mais comuns de se fazer pesquisa qualitativa. Ele consiste em um conjunto de processos que possibilita conhecer uma realidade, produzir um objeto, desenvolver procedimentos/ comportamentos. Essa metodologia se encaixa nos princípios da bricolagem, porque exige do pesquisador se integrar a coleta dos dados com o mundo real, não podendo esse controlar o ambiente onde se passa a pesquisa.

O estudo de caso é a estratégia escolhida ao se examinarem acontecimentos contemporâneos, mas quando não se podem manipular comportamentos relevantes. O estudo de caso conta com muitas das técnicas utilizadas pelas pesquisas históricas, mas acrescenta duas fontes de evidências que usualmente não são incluídas no repertório de um historiador: observação direta e série sistemática de entrevistas. Novamente, embora os estudos de casos e as pesquisas históricas possam se sobrepor, o poder diferenciador do estudo é a sua capacidade de lidar com uma ampla variedade de evidências - documentos, artefatos, entrevistas e observações - além do que pode estar disponível no estudo histórico convencional. Além disso, em algumas situações, como na observação participante, pode ocorrer manipulação informal. (YIN, 2001, p. 27).

Existem três aspectos que devem ser considerados ao se realizar um estudo de caso – a natureza da pesquisa, o conhecimento que se pretende alcançar e a possibilidade de generalização. O mais importante nessa metodologia é a ênfase conferida da ao conhecimento tácito, em vez da explanação baseada no conhecimento proposicional. Nesse sentido, o cerne

do estudo de caso está na compreensão e ampliação da experiência, e não na explanação de um conhecimento. Yin (2001, p. 32 – 33) nos oferece uma definição mais técnica para o estudo de caso:

I . Um estudo de caso é uma investigação empírica que

 investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando

 os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos. 2. A investigação de estudo de caso

 enfrenta uma situação tecnicamente única em que haverá muito mais variáveis de interesse do que pontos de dados, e, como resultado,

 baseia-se em várias fontes de evidências, com os dados precisando convergir em um formato de triângulo, e, como outro resultado,

 beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e a análise de dados.

A metodologia pode envolver tanto situações de estudo único, quanto de estudo múltiplos. No caso desta tese, trabalhamos com o estudo de caso único, que “utiliza-se uma narrativa simples para descrever e analisar o caso. As informações da narrativa podem ser realçadas com tabelas, gráficos ou imagens”. τ caso único pode ser utilizado para

[...] se determinar se as proposições de uma teoria são corretas ou se algum outro conjunto alternativo de explanações possa ser mais relevante. (...) o caso único pode significar uma importante contribuição à base de conhecimento e à construção da teoria. Tal estudo pode até mesmo nos ajudar a redirecionar investigações futuras (...)relacionados. O terceiro fundamento para um estudo de caso único é o caso revelador. Essa situação ocorre quando o pesquisador tem a oportunidade de observar e analisar um fenômeno previamente inacessível à investigação científica (...). (YIN, 2001, p.62 – 63)

A teoria que tínhamos em mente e que surgiu com suporte em nosso POETA foi: a Estética é uma proposta pedagógica que colabora para uma educação alimentar menos prescritiva e mais significativa na vida das crianças. Devemos ressaltar, contudo, que essa metodologia exige cuidados, principalmente no tocante às generalizações que podem surgir do desenvolvimento e finalização do experimento.

(...) os estudos de caso, da mesma forma que os experimentos, são generalizáveis a proposições teóricas, e não a populações ou universos. Nesse sentido, o estudo de caso, como o experimento, não representa uma "amostragem", e o objetivo do pesquisador é expandir e generalizar teorias (generalização analítica) e não enumerar frequências (generalização estatística). (...) o objetivo é fazer uma análise "generalizante" e não "particularizante". (YIN, 2001, p. 29)

O estudo de caso é um método muito abrangente, que vai desde o planejamento até a coleta e análise dos dados. Com relação à coleta dos indicadores, esta utiliza muitas fontes de evidências; empregamos para a realização dessa pesquisa, quatro fontes: entrevista, observação participante, questionários e produções textuais dos alunos. Sobre a finalidade da observação participante e da entrevista aberta, Minayo (2007) explica:

[...] a observação participante é o processo pelo qual um pesquisador se coloca como observador de uma situação social, com a finalidade de realizar uma investigação científica. O observador fica em relação direta com seus interlocutores no espaço social da pesquisa, na medida do possível, participando da vida social deles, no seu cenário cultural, mas com a finalidade de colher dados e compreender o contexto da pesquisa. (MINAYO, 2007, p. 70)

[...] entrevista abertas é uma conversa, em que o informante é convidado a falar livremente sobre um tema e as perguntas do investigado, quando são feitas, buscam dar mais profundidade às reflexões. (MINAYO, 2007, p. 64)

De acordo por Minayo (2007, p. 63),

Embora hajam muitas formas e técnicas de realizar o trabalho de campo, dois são os instrumentos principais desse tipo de trabalho (pesquisa qualitativa): a observação e a entrevista. Enquanto a primeira é feita sobre tudo aquilo que não é dito mas pode ser visto e captado por um observador atento e persistente, a segunda tem como matéria-prima a fala de alguns interlocutores.

Para analisar os dados, poderíamos tomar dois caminhos, de acordo com Yin (2001): realizar uma analise, baseando-nos em proposições teóricas que deram origem o estudo de caso, ou efetuar uma análise com suporte numa descrição da pesquisa. Para nosso trabalho, optamos pela segunda, pois “uma abordagem descritiva pode ajudar a identificar as ligações causais apropriadas a serem analisadas”. (YIσ, 2001, p. 134). Para isso, fizemos um diário de campo que, para nós, foi mais do que uma simples técnica de coleta de dados, mas também um recurso que ajudou na sistematização e interpretação dos dados do trabalho de campo, proporcionado um exame reflexivo da pesquisa.