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ESTUDO DOS CASOS do ORÇAMENTO PARTICIPA TIVO DE SÃO BRÁS DE ALPORTEL E DE QUARTEIRA

DE SÃO BRÁS DE ALPORTEL E DE QUARTEIRA

Capítulo 7. ESTUDO DOS CASOS do ORÇAMENTO PARTICIPA TIVO DE SÃO BRÁS DE ALPORTEL E DE QUARTEIRA

Pelas razões anteriormente expostas, escolheu-se para este estudo a experiência de

OP do município de SBA; partindo-se conscientemente das semelhanças e dissemelhanças

entre ambos os termos de comparação: cidade-concelho vs. cidade-freguesia. A escolha

teve presente que, embora ambos os casos estejam situadas em espaço algarvio - serra e

litoral - , a informação recolhida poderia sugerir um modelo de “governança municipal”

que permitisse perceber a forma como essa diferença de gestão poderia aproximar e, de

certa forma, responsabilizar o cidadão, na defesa da coisa pública, e do bem comum.

7.1. Orçamento Participativo de São Brás de Alportel

A experiência de OP de S. Brás de Alportel começou em 2007, integrando o Projecto

“São Brás Solidário”, desenvolvido por uma parceria constituída pela Câmara Municipal, As- sociação In Loco, Associação de Industriais e Exportadores de Cortiça, Bombeiros Voluntários

de S. Brás e Associação Nacional de Jovens para a Acção Familiar - segundo informação, em

entrevista, do presidente do OP Portugal, Nelson Dias (Anexo 03) e confirmada pela vereadora

responsável pelo programa do OP, Marlene Guerreiro (Anexo 04).

De então para cá, aproveitando o facto de um dos parceiros da experiência anterior,

a Associação In Loco, se ter tornado dinamizadora do Projecto OP Portugal, a autarquia

tem vindo a expandir a acção do OP de São Brás de Alportel, desenvolvendo mesmo, no

seu seio, a experiência do «Orçamento Participativo Jovem», uma nova experiência, que

7.1.1. O OP de SBA visto pelos responsáveis municipais

Antes de se proceder à recolha de quaisquer outros elementos para a presente inves-

tigação, foi julgado fundamental auscultar os responsáveis pela experiência de São Brás de

Alportel, para saber a sua opinião sobre a matéria, sobre a metodologia utilizada e, sobretu-

do o seu grau de satisfação sobre a aplicação do OP no município.

O presidente da Câmara delegou a entrevista na vereadora responsável pelo desen-

volvimento do OP de SBA, Marlene Guerreiro, que se manifestou muito satisfeita com

os resultados e entusiasmada com o surgimento de um «OP Jovem» (Anexo 04).

Posteriormente, por ter sido sentida a necessidade de recolher mais algumas infor-

mações, foi solicitado à vereadora o preenchimento de um questionário (Anexo 05).

Entre os elementos e indicações fornecidas pela CM de SBA, para lá da já refe-

rida entrevista à vereadora, foram ainda facilitados: o Orçamento Municipal, o Plano

Plurianual de Investimento e diversos gráficos ilustrativos de aspectos relacionados com

o desenrolar da experiência.

7.1.2. Metodologia utilizada pelo executivo municipal de SBA para o OP 2010

A autarquia promoveu cinco reuniões em núcleos populacionais exteriores à sede do

concelho/freguesia cujo número de participantes oscilou entre menos de uma dezena e cerca

de meia centena (Tabela 04), durante as quais, a CM expôs a situação financeira do municí-

pio, explicou as suas limitações e pediu sugestões sobre investimentos a realizar. Além disso,

rio ou pela Internet no sítio do município. Para que todos pudessem participar, em cada um

dos locais de reunião, a autarquia promoveu actividades para crianças.

Finalizou este ciclo de reuniões na sede do concelho e nessa reunião, o presidente

mencionou as propostas seleccionadas para serem inscritas no OM.

Figura 12 - Caracterização por género e idade dos participantes em reuniões do OP SBA

Nos gráficos acima, fornecidos pela autarquia, verifica-se que entre os parti-

cipantes nas reuniões para o OP, avultam: o número de mulheres (56 %) e dos mais

jovens (até 49 anos).

Também se assinala o facto de a reunião mais concorrida não ter sido a rea-

lizada na sede do concelho.

Figura 13 - Habilitações literárias dos participantes no OP SBA, segundo os dados fornecidos pela

Segundo este gráfico da autarquia, entre os participantes nas reuniões promovidas

com vista ao OP SBA, sobressaem os que apenas têm o 1º ciclo do ensino básico (28%),

seguido pelos que atingiram o grau de mestre (23%).

No desenvolvimento do OP para 2010, foram realizadas sessões públicas nos nú-

cleos populacionais do concelho: Parises, Mealhas, Mesquita, Alportel, São Romão e São

Brás de Alportel.

Participação nas sessões para preparação do OP SBA de 2010

I. Pa rises 30 Out . II. M ea lhas 6 N ov. III . M es qu ita 11 N ove m b IV . A lport el 13 N ove m bro. V. S . R om ão 18 N ov. VI . S . B s 20 N ove m Tot al de pr e- se nça s Homens 34 6 9 30 11 14 104 Mulheres 14 2 4 10 7 20 57 Total 48 8 13 40 18 34 161

Tabela 04 – Participação nas sessões para preparação do OP SBA (dados fornecidos pela CM SBA)

Além das propostas feitas em reunião, os munícipes podiam apresentar as suas su-

gestões através do preenchimento de um formulário, ou pela Internet, no sítio do município.

Para que todos pudessem participar, em cada um dos locais de reunião, a autarquia promo-

veu actividades para crianças.

7.1.3. Propostas dos munícipes para o OP de S. Brás de Alportel 2010

Segundo os dados fornecidos pela autarquia, num total de 63 propostas escritas dos muní-

cipes de S. Brás, estes manifestaram assim as suas necessidades:

Rede viária e circulação – 5% Ambiente e espaços verdes 7% Salubridade – 18%

Acção social – 15%

Desporto 3,5% Educação – 9% Cultura – 3,5%

Segurança e ordem pública – 5% Modernização administrativa –3% Recuperação urbana – 5%

Figura 14 – Propostas apresentadas pelos munícipes para o OP SBA 2010.

Segundo os dados da autarquia, a que o gráfico acima respeita, as propostas mais

frequentes versaram assuntos sobre Educação (19%), seguindo-se-lhe Acção Social (15%)

e Desenvolvimento Económico (13%).

7.1.4. Projectos considerados prioritários para o OP SBA de 2010

Foram as seguintes propostas, incluídas no Plano Plurianual de Investimento da CM

SBA (Anexo 05):

Melhorias no polidesportivo para novas modalidades Vedação do jardim-de-infância das Mealhas

Criação de portaria na escola EB1 de S. Brás Requalificação da zona de ecopontos na Mesquita

Pavimentação de caminhos em Campina, Mealhas, Mesquita, Mesquita Alta, São Romão e Vilarinhos

Construção de pontão na zona serrana

Colocação de rails de protecção na estrada da Fonte da Mesquita Colocação de rails de protecção na estrada da serra

Colocação de contentores enterrados nos sítios do concelho.

Não foi possível estabelecer, em termos financeiros, a que percentagem de investi-

mento significam essas obras para perceber até que ponto as propostas apresentadas para o

OP correspondem aos desejos/sugestões expressos no gráfico anterior. Certo é que essas

propostas estão muito longe de corresponder às obras indicadas nas propostas dos cidadãos

(figura 15). Recorde-se que o maior número dessas propostas, nos dados fornecidos pela

autarquia, recaem na área da educação e apenas 5% consideravam prioritárias as questões

da «rede viária/sinalização) (figura 14).

Este tipo de divergências é ponderado por Yves Cabannes, que considera que a pe-

riodização das reivindicações feitas pela população é um dos principais pré-requisitos para

a implementação de um OP (Cabannes, 2009: 39).