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ORÇAMENTO PARTICIPATIVO DE S BRÁS DE ALPORTEL Desconformidade entre as propostas e as prioridades do PPI de SBA

Capítulo 8º

ORÇAMENTO PARTICIPATIVO DE S BRÁS DE ALPORTEL Desconformidade entre as propostas e as prioridades do PPI de SBA

Figura 40 – Gráficos comparativos que reflectem o «peso» que a CM de SBA atribui às propostas e su-

gestões dos munícipes, accionando um OM e um PPI que diverge substancialmente (Figura14) daquilo que os cidadãos deveriam esperar dum OP (Figura 33 e tabela 8 - anexo 20).

8.3. Sobre a recolha e tratamento de dados do OP SBA

Pretender ler ou interpretar os comportamentos e motivações de um conjunto de in-

quiridos através dum questionário é um exercício melindroso, na medida em que, através de

uma sondagem, qualquer que ela seja, apenas se consegue um “uma contagem de respostas individuais que não têm o mesmo sentido para todos” (Legge, 1998:52).

Mas procurar obter essas respostas através de inquéritos, foi a forma de recolha pos-

sível para o desenvolvimento desta investigação, já que importava avaliar o comportamento

dos cidadãos de S. Brás perante o respectivo OP para que, deste modo, fosse possível con-

ceber os eventuais comportamentos de outras populações – no caso vertente, a de Quarteira.

8.4 . Sobre a possibilidade de implementar o Orçamento Participativo em Quarteira 8.4.1. Análise do Orçamento e Plano de Actividades da JF Quarteira

Ainda que, no Plano de Actividades da JF de Quarteira para 2010, conste uma verba

para investimento de 203.996,76 euros (Anexo 36), a Junta de Freguesia e a Câmara Muni-

cipal de Loulé estabelecem «contratos programa» que serão «pagos mediante documentos

apresentados» de valores não definidos à partida, e cujos objectivos, até agora, apenas a

Câmara define (arranjos nas escolas, bermas e valetas, por exemplo).

No que concerne às rubricas de receitas, verifica-se que, para além das transferên-

cias correntes, a autarquia tem como receitas próprias as provenientes de taxas específicas,

com grande peso (mas a serem consideradas a partir do ano de 2011), as aplicadas nos mer-

cados (226.000 euros) e mercado semanal (163.000 €).

Isto significa que, em termos financeiros, parece não existirem problemas à aplica-

ção de um OP em Quarteira e se, no momento actual, a aplicação do OP em Quarteira está

fora de questão, é porque os autarcas revelam pouca abertura para este instrumento de ges-

tão participada. Ainda que no programa eleitoral do actual executivo autárquico, o OP seja

um dos pontos de referência prometidos, a realidade é que a entrevista ao vice-presidente

da autarquia demonstra que o executivo não lhe reconhece interesse particular, antes enten-

dendo que os presidentes de Junta são, suficientemente, intérpretes dos anseios e necessi-

dades dos cidadãos.

Quanto ao presidente da Junta de Freguesia de Quarteira, a entrevista concedida é

muito clara: desconhece o significado de «orçamento participativo» e considera suficiente a

Assim sendo, mesmo após uma síntese da filosofia do OP, o autarca está «preso» ao

actual esquema de gestão, hierarquizado e burocrático, aberto apenas a eventuais críticas e

sugestões que surjam, quer em encontros casuais, quer no decurso das reuniões ordinárias

da assembleia de freguesia, onde os cidadãos se podem expressar.

8.4.2. Análise das respostas sobre um eventual OP em Quarteira

Dos 200 exemplares do inquérito (Inquérito C) que foi distribuído aleatoriamente a

cidadãos quarteirenses no mercado semanal de Quarteira, por condicionalismos vários, ape-

nas foram devolvidos 29, o que tornou difícil o tratamento significativo de dados (Anexo 32).

Destes, nenhum conhecia o significado de «orçamento participativo».

Ao decidir-se sobre a necessidade de aumentar a dimensão da amostra, optou-se por

realizar uma amostragem por conveniência31, realizando inquéritos individuais, estruturados

e fechados, em que, previamente, era perguntado aos entrevistados se conheciam o significa-

do de «orçamento participativo» (apenas um respondeu afirmativamente). Foi-lhes feita uma

explicação prévia e só então se apresentaram as questões (Inquérito D - Anexo 34).

Esta recolha foi executada isoladamente, em encontros individuais com os cidadãos

convidados. Assim, esta colheita, processada através de amostragem por conveniência, não

se revestiu, de qualquer factor aleatório: foram seleccionados cidadãos conhecidos, com

raízes estabilizadas em Quarteira, sendo os únicos critérios de selecção o conhecimento

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Amostragem por Conveniência - Este tipo de amostragem não é representativo da população. Ocorre quando a participação é voluntária ou os elementos da amostra são escolhidos por uma questão de conveniência (muitas vezes, os amigos e os amigos dos amigos). Deste modo, o processo amostral não garante que a amostra seja representativa, pelo que os resultados desta só se aplicam a ela própria. Pode ser usada com êxito em situações nas quais seja mais importante captar ideias gerais, identificar aspectos críticos do que propriamente a objectivi- dade científica. Contudo, o método tem a vantagem de ser rápido, barato e fácil (Ghiglione e Matalon, 1993:91).

pessoal dos cidadãos, do seu bom senso e do seu bairrismo.

Por essa razão, alguns elementos recolhidos que poderiam constituir variáveis de

análise, perdem muito significado (residência, p. ex.) pelo que não foram consideradas no

presente estudo, uma vez que “dar sentido aos resultados requer que se tenham elementos suficientes de análise e, por exemplo, que se testem as ligações entre variáveis, a fim de

compreender como é que a opinião se divide e a fim de evidenciar a complexidade das ati-

tudes” (Leggee, 1998: 63).

Assinale-se que os inquiridos “por conveniência” revelaram, de forma unânime, al-

guma insatisfação pelo facto de a Junta de Freguesia, em troca de um envelope financeiro

destinado a «obras menores», se ir submetendo a uma hegemonia crescentemente asfixiante

da própria Câmara Municipal.

A partir dos inquéritos C e D, foram construídas tabelas para se sintetizarem dados

que permitissem determinar o género e a idade dos inquiridos e o juízo de valor sobre as

vantagens de um OP para Quarteira (Anexos 33 e 37).

EVENTUAL ORÇAMENTO PARTICIPATIVO PARA QUARTEIRA