DE SÃO BRÁS DE ALPORTEL E DE QUARTEIRA
ORÇAMENTO MUNICIPAL DE SBA
7.1.5. Investigação sobre o OP de SBA
Análise do OM e do PPI de SBA
Para tornar possível uma eventual influência da prática do OP de SBA no OM procu-
rou fazer-se uma análise sintética nos documentos previsionais da Câmara Municipal de
SBA (Anexos 14 e 15).
Foi por isso possível verificar que o OM antevia, para o ano de 2010, uma receita de
16.160.180,00 euros. Sendo que as receitas correntes importavam 9.898.099,00 euros o que
significa 61,25% do total das receitas. As receitas de capital correspondem portanto a
6.262.081,00 euros.
No orçamento de despesa verifica-se que as despesas correntes absorvem
9.742.437,00 euros, correspondente a 60,29 % das despesas totais; enquanto as despesas de
capital somam 6.417.743,00 euros.
No PPI verifica-se que nenhuma das obras ou acções previstas indicam constar o or-
çamento participativo. Isso não significa que as obras e acções do orçamento participativo
não estejam incluídas no OM; constitui porém um impeditivo a poder-se estabelecer cor-
Aplicação dos inquéritos
Na posse dos elementos e pontos de vista da autarquia, era o momento de auscultar a
população do município de São Brás de Alportel sobre as opiniões formadas, índices de
participação, atitudes, comportamentos, motivações, grau de satisfação e avaliação sobre a
experiência do OP SBA. Como método de recolha de informação optou-se para distribuição
de inquéritos directos e de tipo fechado.28
Importava auscultar tanto os munícipes que participaram em reuniões como aqueles
que o não fizeram e, não havendo registos de uns e de outros, optou-se por recolher, aleato-
riamente uma amostragem no local29; e, como a vereadora Marlene Guerreiro afirmara no
decurso da entrevista (Anexo 04) que o local onde se reúnem mais munícipes é no mercado
semanal de São Brás, esse foi o local eleito para a distribuição dos inquéritos.
Apenas uma pergunta era formulada oralmente aos cidadãos: “Já participou nalguma
reunião sobre o Orçamento Participativo de SBA?”. Se a resposta fosse positiva, era-lhe entregue o «Inquérito A» (Anexo 16); se a resposta fosse negativa, entregava-se-lhe o «In-
quérito B» (Anexo 17). Num e noutro dos casos, a devolução ficou assente para a data do
mercado seguinte.
Sem possibilidade de previsão de quantas respostas iríamos obter de volta, entendeu-
se ser impraticável fixar a dimensão da amostra ideal e, pensando nas limitações impostas
28
Inquérito fechado é aquele em cada pessoa escolhe a sua resposta numa lista pré-estabelecida (Ghiglione e Matalon,1993:127).
29
Amostragem no local: “É possível constituir uma amostra correcta indo a determinados lugares e proceden- do, no local, e um sorteio entre as pessoas presentes” (Ghiglione e Matalon, 1993: 42).
pela disponibilidade de tempo, prazos de entrega da dissertação, concluiu-se que seria qua-
se impossível o tratamento de mais de uma centena de respostas.
Admitindo que seria devolvida cerca de metade dos questionários, fixou-se então um
limite que pareceu razoável: 200 inquéritos (140 aos que afirmassem terem participado nas
reuniões preparatórias para o OP SBA e 60 aos que não participaram).
Análise de dados
Na análise dos dados colhidos através da aplicação dos inquéritos e das informações
dos autarcas, primeiro que tudo, procurou-se corrigir eventuais erros de preenchimento,
evitando viéses de informação, antes que as suas variáveis fossem vertidas em tabelas. Se-
guidamente, procurou estudar-se cada variável, isoladamente e em formas descritivas: fre-
quências, médias, percentagens, gráficos; procuraram-se relações das variáveis e, finalmen-
te, efectuaram-se análises estratificadas ou emparelhamento de amostras.
Resultados alcançados através da aplicação do OP SBA a) Resultados objectivos
Usando as palavras da vereadora responsável pelo OP SBA “ ... nas grandes linhas
de orientação estratégica e naqueles que são os principais investimentos do município,
tem vindo a verificar uma sintonia e identificação muito expressiva entre as propostas
da Câmara Municipal e aquelas que são as propostas apresentadas pela população” e
pre muitas propostas mais localizadas nos sítios, às quais os cidadãos de um determin a-
do local dão obviamente e relativamente grande importância, face à opção geral”.
Já quando se procuram resultados concretos e palpáveis, como relações de obras, depa-
rou-se a investigação com certas indefinições o se espelha nas palavras da vereadora, quando
responde “como não tivemos OP em 2009 para a elaboração do Orçamento em 2010, refiro
apenas algumas das propostas apresentadas em 2008 que já se encontram executadas”.
Esta situação parece dar razão à afirmação do Presidente do OP Portugal quando diz
na sua entrevista que o OP se tem tornado num processo consultivo que a CM adapta ao
OM já definido (Anexo 03).
b) Reflexos sociais
Ainda que, de forma aparente, as reuniões do OP de São Brás de Alportel se possam
ter revestido mais por efeitos consultivos que executivos, o seu funcionamento “teve a vir-
tude de fazer aproximar os munícipes dos processos de planeamento e gestão municipal e
motivar a participação das populações, e para que estas possam estar mais conscientes da
realidade, das dificuldades, e dos desafios de futuro que se colocam na actualidade ao con-
celho”, conforme entrevista da responsável pelo OP SBA (Anexo 04).
Em SBA como na generalidade das autarquias, ainda não foram criados mecanismos
indicadores para avaliação do processo de controlo social. Isso dificulta a identificação objec-
tiva dos resultados deste controlo. No entanto, segundo os dados fornecidos, os principais
acarretado importantes mudanças sociais, no contexto duma sociedade moderna globali-
zada.
A falta de consistência desta premissa aponta para a necessidade da criação de contro-
los sociais institucionalizados destinados ao acompanhamento do uso das receitas e despe-
sas (tanto para o OM como para o OP).