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ESTUDO DA PESSOA DE CRISTO NA TEOLOGIA DE PAULO

No documento TEOLOGIA BÍBLICA DO NOVO TESTAMENTO BENTES (páginas 48-51)

“Nos Evangelhos, Christos é quase sempre um título, raramente um nome próprio. Em Paulo, Christos tornou-se exclusivamente um nome próprio. V. Taylor acha que há apenas um lugar onde Christos é usado como título: ‘e de quem descende o Cristo segundo a carne” (Rom. 9.5). A experiência de Paulo ao encontrar-se com o Senhor no Caminho de Damasco, conhecendo-o como o Messias, e não apenas (como no judaísmo) — Jesus de Nazaré. É um quadro que mostra a “diferença da avaliação da pessoa de Jesus. Tudo o mais — sua idéia a respeito da salvação, da Lei, da vida cristã — foi determinado por isto”.

“A formula mais simplificada, ‘Jesus, o Messias’, desapareceu completamente, enquanto ‘Jesus Cristo’ e a expressão completa ‘nosso Senhor Jesus Cristo’ são freqüentemente usadas”.

- Em Antioquia (Atos 11.26) os crentes pela primeira vez foram chamados de

Christianoi, o que sugere que o termo Christos já seria visto como um nome próprio.

- O fato de Paulo falar pouco acerca do Reino de Deus e do messiado de Jesus, se dá muito provavelmente, pelo fato de estar se dirigindo não aos judeus, mas aos gentios, num mundo em que “proclamar qualquer rei que não fosse César fazia com que se ficasse passível à pena de sedição (At 17.3,7)”.

- No entanto, encontramos as seguintes passagens: O Reino de Deus associado com a ressurreição e a salvação (1 Co 15.12); Uma bênção escatológica a ser herdada (I Co. 6.9,10; 15.50; Gl 5.21); um Reino igualado à “glória” (1 Ts. 2.12); Um Reino que será visível à aparição escatológica de Jesus Cristo (2 Tm. 4.1); Por causa do Reino, o povo de Deus suporta os sofrimentos neste mundo (2 Ts. 1.5); Estes sofrimentos além de submissão, inclui o serviço pelo Reino (Cl. 4.11), ajudando outros homens a entrarem nele. “Os Santos, por causa do que Cristo fez, já se libertaram do poder das trevas — deste século mau e caído — e foram transferidos para o Reino de Deus (Cl 1.13)”. Este “reino de Cristo” não pode ser identificado com a Igreja; pelo contrário, é a esfera da lei de Cristo, que é mais extensa que a Igreja. Idealmente, todos os que estão na Igreja estão também no Reino de Cristo; mas exatamente como o Reino de Deus escatológico é mais amplo do que a Igreja redimida e conterá a subjugação de tudo o que é hostil à vontade de Deus, assim é o Reino de Cristo, aqui, a esfera invisível do reinado de Cristo, dentro da qual os homens entram através da fé em Jesus Cristo. Assim, o Reino de Deus não está preocupado primariamente com coisas físicas, por mais necessárias que sejam, mas com realidades espirituais: justiça, paz e alegria — os frutos do Espírito Santo (Rm 14.17).

- O entendimento de Paulo, do Messiado de Jesus, contém uma transformação de categorias messiânicas tradicionais, pois não é como um monarca terrestre que Jesus reina de um trono de poder político, mas como o Senhor ressuscitado, glorificado.

- Ele foi elevado aos céus (Rm. 8.34), onde está assentado à mão direita de Deus (Cl 3.1), e agora reina como rei (basileuein, 1 Co 15.25). Contudo, seus inimigos não são mais reinos e impérios — os inimigos terrestres do povo de Deus — mas poderes invisíveis, espirituais. O objetivo deste reino é subjugar todos estes inimigos rebeldes sob seus pés; o último inimigo será a morte (1 Co 15.26). Isto corresponde ao fato de que o próprio Jesus havia recusado um reino terrestre (João 6.15), havia afirmado que sua lei vinha de uma ordem mais alta e não se baseava em poderes mundanos espirituais do mal (Mt 12.28 e s.) (Ladd, p. 385).

A PESSOA DE CRISTO 39

O MESSIAS É JESUS [p. 897]

Não pode haver dúvida, para Paulo, que aquele que ressuscitou dentre os mortos e subiu aos céus, e que agora reina como o Messias à mão direita de Deus não é ninguém além do Jesus de Nazaré. O debate moderno a respeito do Jesus histórico e do Cristo exaltado e querigmático sempre obscureceu o pensamento de Paulo, as se tentar fazê-lo responder a questões que ele nunca levantou.

- Se por um lado Paulo não levantou fatos biográficos do Jesus Histórico, ainda que ele conheceu algo da tradição sobre a vida de Jesus (1 Co 11.23); Paulo sabe QUE:

1) Que Ele é um israelita (Rm 9.5) da família de Davi (Rm 1.3); 2) Que viveu Sua vida sob a Lei (Gl 4.4);

3) Que Ele tinha um irmão chamado Tiago (Gl 1.19); 4) Que era um Homem pobre (2 Co 8.9);

5) Que exerceu Seu ministério entre os judeus (Rm 15.8); 6) Que teve doze apóstolos (1 Co 15.5);

7) Que Instituiu a ceia (1 Co 11.23 e ss);

8) Que foi crucificado, sepultado e ressurgiu dentre os mortos (2 Co 4.14; 1 Co 15.4).

Ele também estava “familiarizado com as tradições sobre o caráter de Jesus” faz menção:

A)Da sua mansidão e benignidade (2 Co 10.1); B)Da sua obediência a Deus (Rm 5.19);

C)Da sua constância (2 Ts 3.5); D)Da sua graça (2 Co 8.9); E) Do seu amor (Rm 8.35);

F) Da sua completa auto-abnegação (Fl 2.7); G)Da sua justiça (Rm 5.18);

H)Da sua impecabilidade (2 Co 5.21).

Ainda que sejam poucas e casuais informações do Jesus histórico, isto não pode significar que ele fosse um mito, ou um homem com consciência divina, foi porque ele teve uma experiência com Jesus, o Senhor Exaltado, o que lhe propiciou um ministério sob a orientação do Espírito, possibilitando-lhe conclusões e implicações acerca da pessoa divina de Jesus, como uma pessoa já glorificada. Paulo podia perceber os poderes do Reino que anteriormente estavam em Jesus (histórico), agora concedidos pelo Espírito Santo para todos os crentes. Assim os poderes da Era Vindoura, foram libertos das limitações de tempo e de espaço, pois estas bênçãos não estão mais limitadas pela presença corporal de Jesus na terra, “O reino de Deus... consiste... na justiça, na paz e na alegria do Espírito Santo” (Rom. 14.17). Tudo o que Paulo fez, foi incluir além do que já havia na História e Missão de Jesus, a pregação do Jesus glorificado, revelando, expandindo e aumentando tudo o que a vida, os feitos e as palavras de Jesus significam, expandindo o significado escatológico total da pessoa de Jesus, seus feitos, sua morte, sua ressurreição e exaltação.

O enunciado de 2 Co 5.16, precisa ser entendido, sob a iluminação do Espírito:

 Quando se conhece a Jesus segundo a carne, se tem um entendimento errado de Jesus, foi assim que o sinédrio pediu a crucificação e assim que Saulo foi levado a perseguir a Igreja.

 Mas quando os olhos são abertos pelo Espírito, se pode entender, quem realmente era o Jesus da história: o messiânico Filho de Deus.

No documento TEOLOGIA BÍBLICA DO NOVO TESTAMENTO BENTES (páginas 48-51)

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