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TEOLOGIA BÍBLICA DO NOVO TESTAMENTO BENTES

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RIO GOEL

RIO GOEL

Pr. A. Carlos G. Bentes

Pr. A. Carlos G. Bentes

DOUTOR EM TEOLOGIA

DOUTOR EM TEOLOGIA

PhD em Teologia Sistem

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TEOLOGIA BÍBLICA

DO NOVO TESTAMENTO

“A SUA UNÇÃO VOS ENSINA A RESPEITO DE TODAS AS COISAS” 1 Jo 2.27

“A sabedoria é a coisa principal; adquire pois, a sabedoria; sim com tudo o que possuis adquire o conhecimento” (Pv 4.7)

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 3

VALOR E NECESSIDADE DA TEOLOGIA 4

CLASSIFICAÇÃO DA TEOLOGIA 5

TEOLOGIA E RELIGIÃO 6

I. REFLEXÕES SOBRE A TEOLOGIA 6

II. O QUE É TEOLOGIA? 6

TEOLOGIA E CIÊNCIA 9

MÉTODOS DEDUTIVO E INDUTIVO 9

HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA DO NOVO TESTAMENTO 11

O REINO DE DEUS NA TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO 13

OS MISTÉRIOS DO REINO 19

E DAVI SERÁ PRÍNCIPE ETERNAMENTE: 26

O REINO E A IGREJA 27

O FILHO DIVINO 28

TÍTULOS MESSIÂNICOS DE JESUS 29

JOÃO, O BATISTA - UM NOVO PROFETA, INAUGURA UMA NOVA ERA. 34

O DUALISMO JOANINO 39

DUALISMO ESCATOLÓGICO [P. 891,892] 42

O EVANGELHO 44

A NECESSIDADE DA MORTE DE JESUS É DECLARADA 47

CRISTOLOGIA 48

A PESSOA DE CRISTO 49

A UNIPESSOALIDADE DE CRISTO 51

IMPECABILIDADE DE CRISTO 52

O LOGOS NO EVANGELHO DE JOÃO [P. 896] 63

A ORTODOXIA 67

A OBRA DE CRISTO 71

QUEM É O GO’EL? 74

RESUMO TEOLÓGICO 78

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TEOLOGIA BÍBLICA DO NOVO TESTAMENTO

INTRODUÇÃO

“A palavra teologia vem do grego Theós [qeo/j] (Deus) e Lógos [lo/goj] (linguagem que encerra idéia, palavra). Assim, teologia vem a ser idéia de Deus ou idéia a respeito de

Deus... no sentido da linguagem elaborada, de um sistema de conhecimentos resultantes de

estudo”. A teologia alcança ao mesmo tempo o divino e o humano, o espiritual e o social, o eterno e o temporal: “A teologia preocupa-se em estudar Deus”.

“A Teologia do Novo Testamento é o estudo que enfatiza e soletra o conteúdo do Novo Testamento do ponto de vista teológico. A teologia neotestamentária tem de pressupor o trabalho do exegeta para proporcionar os detalhes de interpretação de um texto. A Teologia Bíblica difere, também, da Teologia Sistemática. Esta trata mais sistematicamente e compreensivamente de doutrinas como Deus, homem, pecado e salvação. A Teologia Sistemática está interessada em relatar os materiais tanto bíblicos quanto perspectivas históricas para o tempo moderno. A Teologia Bíblica difere da Teologia Histórica e da História Eclesiástica sendo um prólogo ou primeiro capítulo para estas. A Teologia Bíblica deve proporcionar as normas pelas quais as outras podem ser avaliadas” (Dr. Broadus Hale).

O Novo Testamento forma a Parte II da Bíblia. E ele uma coleção de vinte e sete livros, mas tem somente um terço do volume da Parte 1, o Antigo Testamento. Antigo Testamento cobre um período de milhares de anos de história, mas o Novo Testamento menos de um século.

“Novo Testamento” quer dizer, de fato, “Novo Pacto” em contraste com a antiga aliança. O vocábulo “testamento” transmite-nos a idéia de uma última vontade, e só passa a ter efeito na eventualidade da morte do testador. Assim é que o novo pacto entrou em vigor em face da morte de Jesus (Hebreus 9.15-17).

Escrita originalmente em grego, entre 45-95 d.C. Os livros do Novo Testamento não estão arranjados na ordem cronológica em que foram escritos. As primeiras epístolas de Paulo foram os primeiros livros do Novo Testamento a serem escritos, e não os evangelhos.

E mesmo o arranjo das epístolas paulinas não segue a sua ordem cronológica, porquanto Gálatas (ou talvez 1 Tessalonicenses) foi a epístola escrita bem antes daquela dirigida aos Romanos, a qual figura em primeiro lugar em nossas Bíblias pelo fato de ser a mais longa das epístolas de Paulo; e entre os evangelhos, o de Marcos, não o de Mateus, parece ter sido aquele que primeiro foi escrito.

A ordem em que esses livros aparecem, por conseqüência, é uma ordem lógica. Os evangelhos estão postos em primeiro lugar porque descrevem os eventos cruciais de Jesus. Entre os evangelhos, o de Mateus vem apropriadamente antes de todos devido à sua extensão e ao seu intimo relacionamento com o Antigo Testamento, que o precede imediatamente. No livro de Atos dos Apóstolos, uma envolvente narrativa do bem sucedido

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surgimento e expansão da Igreja na Palestina e daí por toda a Síria, Ásia Menor, Macedônia, Grécia e até lugares distantes como Roma, na Itália.

O livro de Atos é a segunda divisão de uma obra em dois volumes, Lucas-Atos) Bastam-nos essas idéias quanto aos livros históricos do Novo Testamento.

As epístolas e, finalmente, o livro de Apocalipse, explanam a significação teológica da história da redenção, além de extraírem dai certas implicações éticas. Entre as epístolas, as de Paulo ocupam o primeiro lugar e entre elas, a ordem em que foram arranjadas segue primariamente a idéia da extensão decrescente, levando-se em conta a grande exceção formada pelas Epístolas Pastorais (1 e 2 Timóteo e Tito), as quais antecedem a Filemom, a mais breve das epístolas paulinas que chegaram até nós.

A mais longa das epístolas não-paulinas, aos Hebreus (cujo autor nos é desconhecido), aparece em seguida, depois da qual vêm as epístolas Católicas ou Gerais, escritas por Tiago, Pedro, Judas e João.

E por fim, temos o livro que lança os olhos para o futuro retorno de Cristo, o Apocalipse, livro esse que leva o Novo Testamento a um mui apropriado clímax.

O Novo testamento é o livro mais vital o mundo. Seu tema supremo é o Senhor Jesus Cristo. Seu objetivo supremo é a Salvação dos seres humanos. Seu projeto supremo é o reinado final do Senhor Jesus num império sem limites e eterno.

Dentro do estudo do Novo testamento estaremos observando as principais Doutrinas e Teologia.

“A revelação nunca é uma mera transmissão de conhecimento, mas sim um relacionamento que traz vida e transformação” (Alister E. Mcgrath).

“A revelação envolve a manifestação da presença pessoal de Deus e não meras informações a seu respeito” (Emil Brunner).

VALOR E NECESSIDADE DA TEOLOGIA

Reconhecemos, também, que há teologias que em nada contribuem ao fortalecimento da fé, não exercem motivação ou estímulo para o crente viver e agir conforme a vontade de Deus. Isto acontece porque tais teologias exercem um caráter puramente especulativo, filosófico e inclinações confusas e indutoras de disputas infrutíferas.

A Teologia desenvolvida sem as aberrações dos que a desprezam, ou dos que a supervalorizam, é fiel à natureza e finalidade do Evangelho, e representa um grande e necessário valor para a vida dos filhos de Deus.

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CLASSIFICAÇÃO DA TEOLOGIA

1. Teologia naturalista ou teodicéia (melhor termo). É a busca pelo conhecimento divino utilizando-se do meio de observação humana da natureza e da racionalização humana. 2. Teologia Sistemática. É a organização dos fatos teológicos, na forma de um sistema

racional; tendo como fontes: a revelação e a filosofia e várias outras ciências como a antropologia e a etnografia.

3. Teologia Bíblica (Teologia Exegética ou Positiva). Tendo como fonte exclusiva as Escrituras. Estabelece os fatos teológicos, tendo como pontos de vista a Revelação, historicidade e experiências.

4. Teologia Bíblica do Novo Testamento. Objetivo específico é o de conhecer Deus através da pessoa de Jesus como a imagem de Deus invisível (Cl 1.15). Visa também conhecer as experiências dos cristãos sob a influência dinâmica do Espírito Santo, e interpretar suas novas atitudes, em função da nova vida (regenerada) que alcançaram. Basicamente, é a busca por conhecer as Escrituras do Novo Testamento de maneira especializada, tendo-a como a única fonte confiável, infalível e última na formação do corpo de doutrinas cristãs, que conduz à prática e propicia respostas às inquirições humanas.

A Teologia serve à Igreja:

A proteção da fé dos mais fracos é necessária, exigindo que se leve em conta a situação específica das pessoas e dos grupos e que se lance mão de recursos catequéticos e pedagógicos mais convenientes. Todavia, isso não significa que devam ser escondidos dos fiéis os problemas e as questões teológicas que hoje são os mais defendidos e ensinados nas instituições teológicas mais competentes, bem como na maioria das faculdades de teologia. Manter o povo na ignorância pode ser uma estratégia adequada a curto prazo para defender o atual status quo eclesial, mas a longo prazo conduz à formação de guetos e torna-se inviável em uma sociedade pluralista e de meios de comunicação de massa, como a nossa.1

A Teologia é necessária em virtude da necessidade de conhecimento da natureza intelectual do ser humano.

A Ausência da teologia verdadeira — falta de compreensão adequada das coisas de Deus — possibilita duas distorções: a superstição e o fanatismo.

1. A Teologia É Necessária em Virtude da Relação que Existe entre a Verdade Sistematizada e o Desenvolvimento do Caráter Cristão.

2. A Teologia É Necessária porque Ajuda os Pregadores a Definir e Expor as Doutrinas do Cristianismo.

3. A Teologia É Necessária como Meio de Defesa da Religião que se Professa.

4. A Teologia É Necessária à Propagação do evangelho e à solidificação de seus resultados.

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TEOLOGIA E RELIGIÃO

Teologia e Religião são realidades distintas, independentes, mas coexistentes. Religião é a realidade espiritual vivida pelo adorador. Teologia é o processo de conhecimento que analisa, interpreta, compreende, sistematiza e expõe por meio de interpretações a compreensão aos homens.

Religião é vocábulo que vem do latim: (a) Religare = “voltar a unir”;

(b) Religere = “tomar de novo um caminho”. De onde vem o termo Religio (religião) = “exato cumprimento do dever (para com os deuses)”.

I. REFLEXÕES SOBRE A TEOLOGIA

O que não é teologia: as formas do anúncio.

Teologia é a reflexão intelectual sobre o ato, o conteúdo e implicações da fé cristã. Várias são as formas pelas quais se realiza este anúncio:

1. Kerigma. Edital, notificação, intimação por meio de um arauto ou mensageiro. Seu escopo é estabelecer o primeiro contato com Cristo, suscitar o interesse por Ele, transmitir a sua mensagem central, por si mesmo suficiente para abrir para uma resposta de adesão, e assim iniciar o processo de conversão.

2. Catequese.2 Instruir de viva voz. Ensino da doutrina da Igreja ministrado de forma metódica e, sobretudo oral. Pedagogia da fé destinada não só à formação, como à adesão do catecúmeno (kathxou/menoj) à mensagem da Salvação. Doutrinação. 3. Homilia. Exposição em tom familiar feita pelo pastor ou sacerdote para explicar as

matérias de religião e, sobretudo o Evangelho.

II. O QUE É TEOLOGIA?

“A partir do momento em que começamos a refletir e a falar acerca de Deus, estamos fazendo teologia”.

Teologia é:

1. Discurso concernente a Deus; 2. A ciência do sobrenatural; 3. A ciência da religião; 4. O estudo sobre Deus.

5. A fé buscando o entendimento da verdade de Deus.

2

A palavra Catequese (kath//xhsij) se origina do verbo grego katēchéō (kathxe/w), que significa

ensinar de viva voz, anunciar, educar, catequizar. Catequese é uma palavra composta de “kata” = contra e “échésis” = ruído; sendo a “katéchēsis” (kath//xhsij) a ação de proclamar, de anunciar. Catequese é a ação de educar e de instruir os crentes depois da sua conversão; primeira função da Igreja, depois do anúncio da fé.

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Definições mais elaboradas:

1. A ciência de Deus segundo ele se revelou em sua Palavra (Ernest Kevan);

2. A apresentação dos fatos da Escritura, em sua ordem e revelação próprias (Charles Hodge);

3. É a argumentação “sobre a substância divina cognoscível, por meio de Cristo na obra da redenção” (Ugo de São Vítor – séc. XI -XII).

4. A interpretação metódica dos conteúdos da fé cristã (Paul Tillich);

5. Dogmática é a ciência na qual a igreja, segundo o estado atual do seu conhecimento, expõe o conteúdo da sua mensagem, criticamente, isto é, avaliando-o por meio das Sagradas Escrituras e guiando-se por seus escritos confessionais (Karl Barth).

6. A Teologia é a reflexão da Igreja a respeito da salvação trazida por Cristo e a respeito do Evangelho da salvação proclamada e explicada pelos apóstolos (Roger Olson).

7. A teologia sistemática é o ramo da teologia cristã que reúne as informações extraídas da pesquisa teológica, organiza-as em áreas afins, explica as suas aparentes contradições e, com isso, fornece um grande sistema explicativo (diferentemente da teologia histórica ou da teologia bíblica).

Kevan – somente se refere à revelação de Deus em sua Palavra.

Barth – é mais abrangente, já que assinala que essa ciência é forjada pela igreja. História

A tentativa de organizar as variadas idéias da religião cristã (e os vários tópicos e temas de diversos textos da Bíblia) em um sistema simples, coerente e bem-ordenado é uma tarefa relativamente recente. Na ortodoxia oriental, um exemplo antigo é a Exposição da Fé

Ortodoxa, de João de Damasco (feita no século VIII), na qual se tenta organizar, e

demonstrar a coerência, a teologia de textos clássicos da tradição teológica oriental. No Ocidente, as Sentenças de Pedro Lombardo (no século XII), em que é coletada uma grande série de citações dos Pais da Igreja, tornou-se a base para a tradição de comentário temático e explanação da escolástica medieval - cujo grande exemplo é a Suma Teológica de Tomás de Aquino. A tradição protestante de exposição temática e ordenada de toda a teologia cristã (ortodoxia protestante) surgiu no século XVI, com os Loci Communes de Felipe Melanchton e as Institutas da Religião Cristã de João Calvino. No século XIX, especialmente em círculos protestantes, um novo modelo de teologia sistemática surgiu: uma tentativa de demonstrar que a doutrina cristã formava um sistema coerente baseado em alguns axiomas centrais. Alguns teólogos se envolveram, então, numa drástica reinterpretação da fé tradicional com o fim de torná-la coerente com estes axiomas. Friedrich Schleiermacher, por exemplo, produziu Der christliche Glaube nach den

Grundsatzen der evangelischen Kirche, na década de 1820, onde a idéia central é a

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explícita) de um sentimento ou consciência de “absoluta dependência”; todos os temas teológicos são reinterpretados como descrições ou expressões de modificações deste sentimento.

A teologia cristã, como a maioria das disciplinas, é proveniente de diversas fontes. Tem havido uma grande discussão na tradição cristã quanto à identidade e à relativa importância dessas fontes para análise teológica. 3

Em termos gerais, quatro fontes principais têm sido reconhecidas dentro da tradição cristã:

1. As Escrituras; 2. A Razão; 3. A tradição; 4. A experiência

A teologia move-se em três pólos: 4 1. O Evangelho bíblico;

2. A tradição da Igreja;

3. As formas do pensamento do mundo contemporâneo.

A POSSIBILIDADE DA TEOLOGIA5

“Só Deus pode falar sobre Deus” (Karl Barth). A Teologia é possível a partir de três realidades: 1. Deus se revelou em Jesus Cristo e na sua Palavra; 2. O ser humano foi criado à imagem de Deus;

3. O Espírito Santo atua iluminando-nos (Não há teologia sem o Espírito Santo).

A teologia hodierna é uma verdadeira ciência, porém uma ciência sui generis, que foge do modelo das ciências empírico-formais, possuindo uma analogia estrutural com sua própria metafísica, e, como saber científico, é constituída de três elementos principais: 6

1. O sujeito epistêmico: o teólogo; 2. O objeto teórico: Deus e a criação;

3. O método específico: o caminho para o sujeito chegar ao objeto.

3 McGRATH, Alister E.Teologia: Sistemática, histórica e filosófica. São Paulo: Ed. Shedd Publicações, 2005, p. 199. 4

GRENZ, Stanley e OLSON, Roger E. Teologia do Século 20. 1ª ed. São Paulo. Editora Cultura Cristã, 2003. 5

ROLDÁN, Alberto Fernando. PARA QUE SERVE A TEOLOGIA?. 2ª ed. Londrina: Editora Descoberta Ltda, 2004, p. 27,29.

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É assunto central da epistemologia7 saber que o objeto determina o método, pois a verdade se procura, se encontra e não pode ser inventada nem criada.8

O objeto da teologia é o próprio Deus e tudo o que se refere a sua realidade que determina todas as realidades; é aquela dimensão da realidade que estuda o Sentido Supremo e o Ser Supremo.9

TEOLOGIA E CIÊNCIA

A Ciência trata do conhecimento e controle dos fenômenos, por meio de análise, experiência e leis que regulam e que manipulam os controles do conhecimento e os dirija aos fins práticos da vida humana.

A Teologia trata da fé, é um terreno espiritual, subordinada à revelação divina e que diferentemente da ciência, não pode ser experimental (analisada em laboratório).

MÉTODOS DEDUTIVO E INDUTIVO 10

“Há desenvolvimento do pensamento metodológico regendo as regras da lógica que se utiliza de certos métodos para tratar com experiências. Quando esse pensamento metodológico se expressa, por meio da fala ou de escritos e é comunicado a outras pessoas, produz doutrinas teológicas” (Paul Tillich).11

A teologia é uma ciência cujo objeto é Deus em sua revelação, e que trata das relações que ele tem com o ser humano e o mundo. Ora, se a teologia é uma ciência, que métodos ela utiliza?

Como sabemos, existem dois métodos básicos em toda ciência:

1. O Dedutivo (a priori). Trabalha a partir de dados existentes. De uma proposição (afirmação) ou uma série de proposições deduz ou infere uma série de fatos. Dedução é tirar inferências e conclusões lógicas dos dados.

2. O Indutivo (a posteriori). Ele parte do particular e chega a um enunciado ou afirmação geral.

MÉTODO DEDUTIVO: do geral para o particular a priori MÉTODO INDUTIVO: do particular para o geral a posteriori

7 Epistemologia. Do Gr. epistéme, ciência + lógos, tratado. Estudo crítico das várias ciências; gnosiologia, teoria do conhecimento.

8 MARINO, Raul Júnior. Op. Cit., p. 126. 9 MARINO, Raul Júnior. Op. Cit., p. 126. 10 ROLDÁN, Alberto F. Op. Cit., p. 42,43.

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Destes dois métodos resultam os dois tipos ou maneiras de fazer teologia: MÉTODO DEDUTIVO TEOLOGIA SISTEMÁTICA MÉTODO INDUTIVO TEOLOGIA BÍBLICA

1. TEOLOGIA SISTEMÁTICA. “É aquela disciplina que tenta dar uma exposição das doutrinas da fé cristã, baseada principalmente nas Escrituras, falando às perguntas e questões da cultura e época em ela existe, com aplicação à vida pessoal do teólogo e outros” (John Hammett).

2. TEOLOGIA BÍBLICA. A Teologia Bíblica é o braço da teologia exegética que estuda o processo da auto-revelação de Deus depositada na Bíblia. A Teologia Bíblica se propõe expor o conteúdo da revelação de Deus em seu desenvolvimento histórico. Ela confere importância decisiva ao trabalho exegético, já que forma uma espécie de elo entre a exegese e a Teologia Sistemática.12

Sua metodologia (Teologia Bíblica) é indutiva, já que, começando com os particulares, chega-se ao enunciado geral. A Teologia Bíblica privilegia as formas de pensamento e cosmovisão dos autores bíblicos (todos hebreus, à exceção de Lucas), em vez de tomar como instrumento analítico a filosofia grega. Quando dizemos Teologia Bíblica não estamos dizendo que a Teologia Sistemática não é bíblica.

TEOLOGIA SISTEMÁTICA TEOLOGIA BÍBLICA EXEGESE DO TEXTO

A Teologia Bíblica, ao contrário da Teologia Sistemática é indutiva, a partir da pesquisa exegética faz afirmações, ou seja, parte do específico para o geral.

A Teologia Bíblica faz uso de técnicas emprestadas das demais ciências, como a exegese, que é a técnica de interpretação de textos antigos.

De um modo geral, a Teologia Bíblica parte da exegese de textos bíblicos como afirmação primeira, dai elaborando afirmações decorrentes.

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A Teologia Bíblica ainda divide-se em Teologia Bíblica do Novo Testamento e do Antigo Testamento.

Não há uma Teologia Bíblica unificada, o que há são diversas teologias das tradições bíblicas. Mesmo no Antigo Testamento, encontram-se as teologias dos livros históricos, e estas ainda se subdividem em outras teologias de acordo com o método de pesquisa empregado, também se encontram a teologia dos escritos proféticos e dos escritos sapienciais. No Novo Testamento há a teologia de Mateus, de João (Jo, 1Jo, 2Jo, 3Jo, Ap), de Paulo (Cartas Paulinas), de Lucas (Lc e At). O teólogo alemão Hans Joachim Kraus aborda no livro Die Biblische Theologie esta problemática das múltiplas tradições e teologias bíblicas.

“A Teologia do Novo Testamento é o estudo que enfatiza e soletra o conteúdo do Novo Testamento do ponto de vista teológico. A teologia neotestamentária tem de pressupor o trabalho do exegeta para proporcionar os detalhes de interpretação de um texto. A Teologia Bíblica difere, também, da Teologia Sistemática. Esta trata mais sistematicamente e compreensivamente de doutrinas como Deus, homem, pecado e salvação. A Teologia Sistemática está interessada em relatar os materiais tanto bíblicos quanto perspectivas históricas para o tempo moderno. A Teologia Bíblica difere da Teologia Histórica e da História Eclesiástica sendo um prólogo ou primeiro capítulo para estas. A Teologia Bíblica deve proporcionar as normas pelas quais as outras podem ser avaliadas” (Dr. Broadus Hale).

HISTÓRIA DA TEOLOGIA BÍBLICA DO NOVO TESTAMENTO

1. O SURGIMENTO DA TEOLOGIA NEOTESTAMENTÁRIA EM TORNO DA PESSOA E DO ENSINO DE JESUS.

2. Jesus Cristo, como pessoa histórica e divina É O FUNDAMENTO DA VERDADEIRA TEOLOGIA. Jesus é o Padrão de aferição. (Efésios 2.21 a pedra angular do Edifício). Jesus é a convergência da interpretação das Escrituras. (primitiva, medieval, reformada, contemporânea):

3. O Surgimento da Teologia em torno da Pessoa e do Ensino de Jesus.

No princípio, tudo acerca de Jesus — os fatos e os ensinos — eram transmitidos oralmente. (Jesus escreveu uma única vez!).

Causas que Provocaram a Origem da Formação Teológica:

1. Cartas de instrução dos líderes cristãos para o doutrinamento dos novos crentes. 2. O Rápido Crescimento do Número de Crentes.

2.1. Dificuldades para instruir oralmente.

2.2. Conflitos de natureza múltipla: (heterogeneidade: judeus X prosélitos (gentios) Atos 6.

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3. Dispersão dos Crentes. Os primeiros 25 anos da história cristã, com perseguições, impulsionou a igreja na implantação do Evangelho pela Ásia e pela Europa, culminando no surgimento de muitas igrejas e instrução escrita a qual era lida perante a Congregação, copiada e enviada a outras igrejas.

4. Surgimento de problemas de natureza comportamental. Embates acerca dos costumes pagãos entre os convertidos, a moral do cristianismo. Os Escritos surgiram para orientar objetivamente, fundamentados no ensino de Jesus — como os cristãos deveriam se portar entre os irmãos — o corpo de Cristo e entre os de fora, com um viver digno, segundo a vontade e o padrão de Cristo. Ex.: Indisciplina nos cultos, a imoralidade sexual, o faccionismo em torno de nomes de pregadores, a crença nos dons espirituais e a falta de discernimento do sentido da Ceia do Senhor.

5. Choque das esperanças cristãs com a hostilidade e crueldade do mundo que tinham de enfrentar. Como entender à violência até o martírio, diante das promessas de Jesus. Escrever para consolar os cristãos assolados pela perseguição e a perseverar na fé até o fim.

6. Choque entre a mentalidade judaica e a gentílica no encontro de cristãos judeus e cristãos gentios.

- Entrava-se em choque de ponto de vista (sistema) religioso originário (Atos 15). - Ex.: A ressurreição dos mortos, a volta de Jesus, a justificação pela fé sem as obras da lei, etc.

7. Infiltração de heresias nas fileiras cristãs.

- Fábulas criadas pela mente humana, movida por fanatismo e superstição, infiltraram-se entre os cristãos e ameaçava a fé, ou no mínimo, confundia os crentes.

- Ex.: O legalismo. O nicolaitismo. O gnosticismo, combatido no Evangelho de João para provar que Jesus não era uma simples emanação de Deus, ou mera aparição incorpórea, mas sim a encarnação do Verbo.

OS ESCRITOS QUE HOJE FORMAM O NOVO TESTAMENTO

A formação do Novo Testamento, não originou com os Evangelhos, outros escritos surgiram primeiro, foram as cartas. Paulo, por exemplo, desenvolveu sua teologia a partir da pessoa, obras e ensinos de Jesus, e buscou alicerçar sua autoridade nessas realidades. Quando Paulo disse aos Coríntios: ‘Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei’ (1 Co 11.23) — ele estava revestido de autoridade em seu ensino por baseá-lo naquilo que havia recebido do próprio Senhor Jesus. Em outras palavras, Paulo não quis construir um edifício por si mesmo, de sua própria sabedoria e invenção, mas ensinou o que aprendera de Jesus Cristo”. (Lima, p. 59). Ver também Gálatas 1.11,12; 2 Co 13.3; ver também o testemunho de Pedro em 2 Pedro 1.13-16.

Os Escritos do Novo Testamento são autênticos e revestidos de autoridade, pois em última análise, fluíram da pessoa, obras e ensino de Cristo Jesus.

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Qualquer teologia que colida com a pessoa de Jesus em sua historicidade e divindade — caráter milagroso de sua obra — é falsa e perniciosa ao Reino de Deus.

O REINO DE DEUS NA TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO 13

Ver Ladd pág. 899. [Sobre o reino de Deus].

O reino de Deus é um conceito amplamente proclamado e desenvolvido no Novo Testamento. Os Evangelhos Sinópticos constituem a parte neotestamentária que mais se concentra neste tema. Mateus sintetiza a pregação de Cristo como o kerygma acerca das boas novas do Reino (Mt 4.23). Marcos, também, narra a pregação do evangelho da vinda do reino de Deus como parte integrante do ministério de Jesus, sendo o fundamento da exortação ao povo ao arrependimento e à fé nas boas novas da parte de Deus (Mc 1.14, 15).

O fato de Marcos indicar na proclamação de Jesus a relação entre o cumprimento do tempo e a aproximação do reino de Deus revela que a vinda do governo de YHWH sobre os homens é o cumprimento da esperança escatológica veterotestamentária de tal acontecimento, dando continuidade à história da salvação (Mc 1.14, 15; cf. Mt 5.17-20). Nos Salmos, Deus é reconhecido como o Rei Universal que mantém o Seu poder eternamente (Sl 103.19; 145.11, 13). Isaías, profeticamente, falou de um mensageiro que traria as boas novas da chegada do reinado efetivo de Deus, a fim de salvar o Seu povo (Is 40.9ss; 52.7ss).

Portanto, o reino de Deus pregado por Cristo é a mensagem do evento escatológico no qual Deus passou a restaurar a humanidade, mediante a Pessoa e Obra de Jesus (Mt 11.25-27), trazendo-a, novamente, para debaixo de Sua soberania (Mt 5.21, 48), de fato, não apenas de direito. Os homens e as mulheres, então, experimentam o governo de Deus em suas vidas, ao se arrependerem do viver independente do Criador e crerem na reconciliação com Ele por meio de Jesus (Mc 1.14, 15; cf. At 2.38-40; 1 Ts 1.9-10).

A presença do Reino na Pessoa de Cristo é declarada em dois incidentes. Num confronto de Jesus com os fariseus a respeito do exorcismo de demônios, em que o poder de Cristo sobre os espíritos imundos indicava a presença escatológica do Reino (Mt 12.28). E em outro confronto entre ambos, quando Jesus declara a natureza misteriosa do reino de Deus que já estava presente entre os homens e as mulheres (Lucas 17.20, 21).

Cabe, por fim, destacar neste trabalho que ainda que o reino já fora inaugurado com o ministério de Cristo, não fora cumprido de modo pleno, aguardando um momento futuro para isto. Pois, a luz da Nova Era que já começara a raiar, ainda espera seu ápice quando Cristo virá para julgar a humanidade (2 Tm 4.1), todos os seus inimigos serão colocados debaixo de Seu poder e os filhos do reino desfrutarão da vida eterna na Era vindoura (Mt

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10.17-31; Rm 13.11-14; 1 Co 15.24-28; Ef 1.9, 10). A oração do crente é pela concretização final do Reino (Mt 6.10).

O REINO DE DEUS 14

Este capítulo é baseado em Teologia do Novo Testamento de George Eldon Ladd. (Marcos 1.14-15; Mateus 4.23; Lucas 4.21).

“De Agostinho aos reformadores, o ponto de vista dominante foi que o Reino, de um modo ou de outro, deveria ser identificado com a Igreja”. Atualmente, este ponto de vista é raro, mesmo entre os teólogos católicos.

Outros têm argumentado sobre um Reino futuro e totalmente escatológico (Johannes Weiss) E Albert Schweitzer, interpretação escatológica, em que Jesus esperava o Reino num futuro próximo.

Desde então, a maioria dos eruditos não tem considerado o Reino como exclusivamente escatológico. “Rudolf Bultmann aceitou a aproximação iminente do Reino escatológico como a interpretação correta da mensagem de Jesus, mas o verdadeiro significado do Reino deve ser compreendido em termos existenciais: a proximidade e a exigência de Deus”.

“Tem havido um sem-números de interpretações não escatológicas do Reino de Deus. Muitos eruditos têm interpretado o Reino primariamente em termos da experiência religiosa pessoal — o reino de Deus na alma do indivíduo”.

“Na Grã-Bretanha, a interpretação mais influente tem sido a de C. H. Dodd, conhecida como ‘Escatologia Realizada’”. Ele compreende a mensagem apocalíptica como uma série de símbolos que representam as realidades que os homens não entenderiam de um modo direto.

Deste modo o Reino (o “totalmente outro”) entrou na História através de Jesus, sendo descr ito numa ordem transcendental, tudo o que os profetas haviam predito e esperado, agora tinha sido realizado na histór ia. Dodd minimizou o aspecto futurista do Reino, mas em sua última publicação (The Founder of Christianity, 1970) ele admitiu que o Reino ainda aguarda a consumação “além da história”.

“Se há algum tipo de consenso entre a maioria dos eruditos, este é que o Reino é, em algum sentido, tanto presente quanto futuro”.

Em certos círculos evangélicos na América e Grã-Bretanha, uma perspectiva bem recente a respeito do Reino tem alcançado grande influência [J.D. Pentecost, Things to Come (1958); A.J. McClain, The Great-ness of the Kingdom (1959); J. Walvoord, The Millennial Kingdom (1959); C.C. Ryrie, Dispensationalism Today (1965); The New Scofield Reference Bible (1967). Uma crítica ampla sobre esta perspectiva pode ser

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encontrada no livro de G.E. Ladd, Crucial Questions About the Kingdom of God (1952)]. Partindo da premissa de que todas as profecias que o Velho testamento fez com relação a Israel precisam ser literalmente cumpridas, os dispensacionalistas têm feito uma forte diferenciação entre o Reino de Deus e o Reino dos Céus. O Reino dos Céus significa o domínio dos céus (Deus) sobre a terra e tem referência primária ao Reino teocrático de natureza terrena prometido ao Israel do Velho Testamento. Somente o Evangelho de Mateus nos fornece o aspecto judaico do Reino. Quando Jesus anunciou que o Reino dos Céus estava próximo, estava fazendo referência ao reino teocrático terreno prometido a Israel. Entretanto, Israel rejeitou a oferta do Reino, e, em lugar de estabelecer o Reino para Israel, Jesus introduziu uma nova mensagem, oferecendo descanso e serviço para todos os que cressem, iniciando a formação de uma nova família de fé, que se faz presente ao longo das linhas de separação racial, eliminando-as. O mistério do Reino dos Céus mencionado em Mateus 13 representa a esfera da profissão de fé cristã — cristandade — que é a forma assumida pelo domínio de Deus sobre a terra entre os dois adventos de Cristo. O fermento (Mateus 13.33) sempre representa o mal; no Reino dos Céus — a igreja militante — a verdadeira doutrina será corrompida pela doutrina falsa. O Sermão do Monte é a lei do Reino dos Céus — a Lei Mosaica do Reino teocrático do Velho Testamento, interpretada por Cristo, destinada a ser o código de conduta do Reino aqui na terra. O Reino dos Céus, rejeitado por Israel, será consumado no evento da volta de Cristo, quando Israel será convertido e as promessas do Velho Testamento a respeito da restauração do Reino de Davi serão literalmente cumpridas. O princípio básico desta linha de pensamento teológico é que há dois povos de Deus — Israel e a Igreja — com dois destinos, sob dois programas divinos.

Outros escritores recentes têm interpretado “o Reino basicamente do mesmo modo em termos do descortinamento da história da redenção. O Reino de Deus é o domínio real de Deus, que tem dois momentos: um cumprimento das promessas do Velho Testamento na missão histórica de Jesus e uma consumação ao fim dos tempos, inaugurando a Era Vindoura”.

O Deus do Reino

“O Reino é o Reino de Deus, não do homem: Basiléia tou theou (...) o reino significa o domínio de Deus” (p. 77). Deus sempre é visto como governador soberano sobre todos (inclusive no judaísmo). Deus sempre tem sido o superintendente que providencia toda a existência humana. No presente tem manifestado sua atuação redentora em Cristo e no final revelará sua glória na consumação dos tempos e no surgimento da Era Vindoura.

“Ele é “O DEUS QUE BUSCA”.

Aquele que deve ser conhecido pela experiência e não apenas ensinado pela comunicação intelectual.

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A Chegada do Reino anunciava uma possibilidade nova / desconhecida, que Deus estava intervindo na História através de Jesus, buscando o pecador, num ato gracioso e redentor. Jesus veio para ministrar aos pecadores (Marcos 2.15-17);

“O centro das “boas-novas” sobre o Reino é que Deus tomou a iniciativa de buscar e achar aquilo que se havia perdido”.

Ele é “O DEUS QUE CONVIDA”.

“Jesus descreveu a salvação escatológica em termos de um banquete ou festa para a qual muitos foram convidados (Mateus 22.1 e ss.; Lucas 14.16 e ss.; cf. Mateus 8.11)”.

“Jesus conclamou os homens ao arrependimento, mas a intimação foi também um convite”.

Ele é O DEUS QUE JULGA.

Enquanto Ele busca o pecador, seu atributo de justiça o mantém no posto de Juiz para aqueles que rejeitam seu Dom gracioso e salvador. ”O reverso de herdar o Reino será sofre a punição do fogo eterno (Mt 25.34,41)”.

Os que recusaram a entrar e tentaram impedir a outros (Mt. 23.13).

Este destino escatológico é uma decisão determinada pelo pecador em resposta ao convite salvador de Cristo Jesus. (Mc. 8.38 e Mt. 10.32,33).

Ais contra as cidades impenitentes de Corazim, Betsaida e Cafarnaum (Mt 11.20-24 e Lc. 10.13-15).

Jesus chorou sobre Jerusalém (Mt 23.37-39; Lc 13.34,35).

A figura da galinha ajuntando seus pintainhos é do VT (Dt 32.11; Sl 17.8; 36.7) onde O judeu ao converter um gentio, e visto como trazendo-o sob as asas do Shekinah (a presença de Deus) O sentido simples, é o de introduzir os fariseus no Reino de Deus, mas a rejeição fez Jesus chorar conhecendo o que lhes esperava “e te sitiarão” (Lc 19.41-44) Ao rejeitar a episkope graciosa (não conheceste o tempo da tua visitação v.44), a catástrofe histórica ficou determinada trazendo morte e destruição.

PATERNIDADE

“O Deus PATERNAL. Deus busca pecadores, convidando-os a que se submetam ao seu domínio para que possa ser seu Pai. O justificado por Cristo entrará no Reino Eterno de seu Pai (Mateus 13.43) É o Pai quem preparou a graça bendita a que os filhos herdarão no Reino (Mateus 25.34) Na oração dominical, Jesus ensina a pedir que o Reino Venha, tal é o gozo dos remidos pelo mesmo” (Mateus 6.10).

O conceito de Pai tem raízes no VT, A Paternidade é expressa em decorrência da Aliança entre Deus e Israel (Ex 4.22 “Israel é meu primogênito”; Dt 32.6; Is 64.8; Ml 2.10 Deus é o Pai da nação).

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A Paternidade Universal de Deus somente pode ser entendida no sentido potencial, e não real, (Mt. 5.44 chuva para maus e bons; Mt. 6.26 Pai de todas as criaturas, alimenta-as. Lc. 15.11-24 Filho Pródigo. – A verdade central é que Deus Busca o Pecador, o lugar próprio do homem é na casa do Pai.

A linguagem aramaica abba foi vestida pelo grego em Rm 8.15 e Gl. 4.6, no sentido aramaico, significa a linguagem infantil semelhante ao nosso “paizinho” Jesus proibiu usar esta palavra no uso diário como um título de cortesia (Mt. 23.9), “deveriam reservar este termo apenas para Deus. Abba representa a nova relação de confiança e intimidade que Jesus conferiu aos homens”.

O Mistério do Reino [pág. 126-139]15

A nossa tese central é que o Reino de Deus é o domínio redentor de Deus, dinamicamente ativo, que visa estabelecer seu governo entre os seres humanos; e que este Reino, que aparecerá como um ato apocalíptico na consumação dos tempos, já entrou para a história humana na pessoa e na missão de Jesus com a finalidade de vencer o mal, de libertar os homens do seu poder e de propiciar-lhes a participação nas bênçãos do reinado de Deus. O Reino de Deus envolve t dois grandes momentos: o cumprimento no cenário da história humana e a consumação no fim da história. É justamente este contexto histórico que nos oferece o paradigma para a interpretação das parábolas do Reino.

CÂNONES DE INTERPRETAÇÃO

O estudo crítico moderno propôs dois cânones para a interpretação das parábolas, os quais são necessários para uma compreensão histórica correta das mesmas. O primeiro deles foi enunciado por Jülicher, que estabeleceu o princípio essencial de que as parábolas não devem ser interpretadas como se fossem alegorias. Uma alegoria é uma estória artificial criada pelo autor como um meio de transmitir ensinamentos. Uma vez que os detalhes de uma alegoria são controlados pelo próprio autor, ela pode ser estruturada de tal forma que cada detalhe seja portador de um significado distinto e importante. Uma alegoria simples é a estória do cardo e do cedro narrada em 2 Reis 14.9, 10.

Uma parábola é uma estória extraída da vida diária, com a finalidade de comunicar uma verdade de cunho moral ou religioso. Em virtude do fato de que o autor não cria sua estória e, portanto, não tem controle sobre seus detalhes, com freqüência estes são considerados de pequena importância para a verdade que a estória pretende comunicar. Uma parábola tem o propósito de comunicar essencialmente uma verdade singular, em lugar de um complexo conjunto de verdades.

Este princípio pode ser claramente demonstrado na parábola do mordomo injusto (Lc 16.1-13). Se os detalhes forem enfatizados, esta parábola poderá conter o ensinamento de que o dolo é melhor do que a honestidade; mas isto é obviamente impossível. Detalhes como as noventa e nove ovelhas (Lc 15.4) e as dez moedas (Lc. 15.8) não possuem uma

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importância particular. Na Parábola do Bom Samaritano, não devemos procurar o significado alegórico dos ladrões, do sacerdote e do levita, do óleo e do vinho, a razão de ser para as duas moedas, o significado de Jerusalém, de Jericó, e da hospedaria, assim como não devemos procurar a identidade do jumento. Devemos procurar, no entanto, uma verdade central em cada uma das parábolas do Reino.

O segundo princípio de interpretação usado pela crítica é o de que as parábolas devem ser interpretadas no contexto do ambiente histórico da vida e do ministério de Jesus, e não na vida da Igreja. Isto significa que procurar compreender as parábolas como profecias da atuação do Evangelho no mundo ou no futuro da Igreja não é uma boa abordagem histórica de interpretação. A exegese das parábolas deve ser levada a efeito em termos da própria missão de Jesus na Palestina. Tal reconhecimento, entretanto, não nos deve cegar a visão para o fato de que aplicações importantes e mesmo necessárias podem ser feitas a situações posteriores, caso existam analogias entre a missão de Jesus e o papel que a Palavra e a Igreja devem desempenhar no mundo. No entanto, no momento estamos preocupados em procurar encontrar o significado histórico das parábolas no ministério de Jesus.

O método de Jülicher foi deficiente neste ponto, porque encontrou nas parábolas verdades religiosas de aplicação geral e universal. A erudição recente, especialmente a obra de C.H. Dodd, tem demonstrado que a Sitz im Leben (“Contexto ou situação existencial determinante de certo padrão de comportamento”) nas parábolas é a proclamação que Jesus faz a respeito do Reino de Deus. J. Jeremias considera esta perspectiva como uma inovação radical da crítica histórica, que introduziu uma nova era na interpretação das parábolas. Contudo, ele critica a ênfase unilateral de Dodd, que resultou em uma contração da escatologia, esvaziando-a de seu conteúdo futurístico. J. Jeremias propõe-se a fazer algumas correções às conclusões de Dodd, apesar de aceitar seu método; e procura descobrir a mensagem original das parábolas por intermédio da recuperação de sua forma histórica primitiva. J. Jeremias sugere “uma escatologia em processo de realização”. A missão de Jesus inaugurou um processo escatológico, do qual esperava que brevemente atingiria sua consumação escatológica. A igreja primitiva dissolveu este processo singular em dois eventos, e, assim, aplicou à parusia parábolas que originalmente não tiveram um significado escatológico.

Entretanto, J. Jeremias vai longe demais ao assumir, como sua pressuposição principal, que o sentido original das parábolas somente pode ser recuperado em termos do significado que tiveram para os ouvintes judaicos de Jesus. Esta perspectiva assume que o contexto ou situação existencial determinante das parábolas encontra-se no judaísmo, e não no ensinamento de Jesus. Tal metodologia tende a limitar a originalidade de Jesus. Devemos deixar margem para a possibilidade de que seus ensinamentos transcendem as idéias judaicas. Portanto, o contexto ou situação existencial determinante mais adequado para interpretar as parábolas deve ser encontrado nos próprios ensinamentos de Jesus, e não no judaísmo.

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OS MISTÉRIOS DO REINO 16

O Reino é misterioso. Ele chega à maneira mais simples para confundir os abastados. Os entendidos e sábios o esperavam com a Lei aberta. Sabiam o lugar onde nasceria o Messias! Poderiam discutir sobre as profecias claramente! Mas Deus ocultou o Reino e os seus mistérios aos sábios e entendidos. Eles sabiam tanto a Lei que se confundiram com João Batista (Jo 1.19-21). Eles conheciam o lugar de onde viria o Messias, mas não sabiam o tempo! De que lhes adiantava saber o lugar sem conhecer o tempo? (Mt 2.4,5). Deus os fez desprezíveis (Mt 2.9) diante de todo o povo! Ocultou-lhes os mistérios do Reino.

O tempo da sua vinda ele o revelou aos gentios do Oriente (Mt 2.1-12). A maternidade onde nasceu o Rei ele a revelou aos ignorantes pastores do campo. Por quê? Porque ela era tão “luxuosa” que somente os malcheirosos pastores poderiam entrar lá sem sentir que estavam entrando numa estrebaria!

Imagine-se um fariseu lá dentro... Nem dá para imaginar. Creio que procurariam em vão um lugar limpo para poder pisar...

Mateus 11.5,8,25; 13.11. Os mistérios do Reino dos Céus são dados a conhecer aos pequeninos, aos pobres, aos humildes. Aquele que tem poder de si mesmo, conhecendo de si mesmo, em lugar de dependência à Sabedoria divina, não pode conhecer os mistérios deste Reino. A velha geração que havia saído do Egito não pôde entrar na Terra da Promessa porque menosprezou os seus pequeninos, que eram seus próprios filhos, mas foi a eles que Deus revelou a terra, e estes a possuíram (Dt 1.13,39).

Quais São os Mistérios do Reino

Primeiro Mistério: Mt 13.1-23 - O reino ganhará espaço, pessoas e reinos pela Arma da Palavra.

Nenhum reino terreno conseguiu triunfar pelo poder da sua palavra, da sua demagogia e da sua diplomacia. Mas o Reino de Deus vencerá pelo Poder da Palavra Viva de Deus!

A Palavra é a Verdade (Jo l7.17). A Palavra é Poder (l Co 2.1-16).

A Palavra é a Palavra do Reino (Mt 13.19). É o Evangelho Eterno (Ap 14.6). O Evangelho é um só, todavia tem vários nomes (Lc 8.11; At 20.24; Rm 1. 1; 1Tm 1. 11; 2 Co 10.14; G1 2.7 etc.).

Esta é a arma espiritual que Deus usa contra o inferno. A tática de guerra que Deus usa é diferente da que os homens costumam usar.

Deus usa Luz contra trevas; Água contra fogo; Ovelhas contra lobos. Algum homem pode compreender isso? Por que Deus fez assim?

Porque primeiro ele ganhará espaço com a Palavra Viva; pois ela é a Espada do Espírito. A armadura de Deus sem ela é nula (Ef 6. 10-19).

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A Palavra de Deus é a semente que cai! Que semeia! Se ela cair em boa terra, produzirá frutos. Se alguém comer indignamente, come para a sua própria condenação (l Co 11.29). A Palavra é Vida, é Poder, é Juízo!

A semente fala de Novo Nascimento. Ninguém entra no Reino de Deus em carne e sangue; não se entra no Reino de Deus usando dos hábitos do velho homem nem com a própria vida. Uma das exigências para se entrar no Reino é o Novo Nascimento. Para nascer de novo deve-se morrer. A semente ilustra esse processo (Jo 12.24).

Antes se entrava no Reino por esforço próprio; isso veio acontecendo até João Batista (Mt 11.12), ou, melhor dizendo, até Cristo morrer por nós, pois agora é pelo Novo Nascimento (Jo 3.3,5; Mt 18.3).Este Reino é pregado desde João (Jo 1.35-51).Nesse texto vemos os seus primeiros frutos.

Segundo Mistério: Mt 13.24-30,36-43 - Os filhos do Reino serão identificados finalmente em glória.

a. O Reino teria um problema: a mistura dos filhos do Maligno no Reino, sem aparência. Mas no futuro os filhos do Reino serão identificados e passarão à glória, e os filhos do Maligno enfrentarão o Juízo.

b. A posição atual e a posição futura dos filhos do Reino: Dn 12.3; Mt 13.36- 43. O ensino e a vida (Mt 5.19) determinam a sua dignidade no Reino. O fato de ensinar, de fazer, em nada coopera, mas o viver é tudo e o mais importante.

c. Os maus serão julgados. O servo impiedoso é uma ilustração bem clara neste mistério. O serviço e o perdão são duas coisas importantíssimas no Reino (Mt 18.23-35).

d. O problema da aparência exterior (Lc 17.20) - o Reino não viria com esta aparência. Mas, devido não conter aparência exterior, o Reino há de enfrentar um problema: o problema da mistura. Embora a falta de experiência denote a vinda de um reino espiritual, devemos fazer a seguinte pergunta: por que Deus permite que os filhos do Maligno se alojem entre os filhos do Reino? Para que Deus promova com Justiça a vinda do Reino em sua aparência total, a fim de despojar os filhos do Maligno do “campo”.

Mateus 13.24-30, 36-43 tanto tem a ver com o tempo presente como com o tempo futuro. Relacionando este texto com Mt 25.31-46, vemos que ambos os textos têm mais a ver com as nações durante o Milênio do que com a Igreja, pois hoje pode haver disciplina na Igreja quando alguém está em pecado. Paulo manda lançar fora aquele que está em falta. Apesar de o excluirmos da comunhão da Igreja, não podemos tirá-lo do Reino, pois isso só acontecerá se ele morrer ou no Arrebatamento. Não podemos esquecer, por exemplo, que os judeus são filhos naturais do Reino (Mt 8.11,12) e que na atual Dispensação os gentios se tornam filhos do Reino através do Novo Nascimento. Durante o Milênio, as nações gentílicas terão nova oportunidade. Ali, o Senhor, fará a separação entre ovelhas e bodes. Ali, Ele fará separação entre o joio e o trigo, entre a palha e o trigo (Mt 3.12). A prova disto é que somente no fim do Milênio é que as nações justas entrarão no Reino Eterno, preparado desde a fundação do mundo; e que as nações bodes (palhas, joio) só enfrentarão o Juízo definitivo também no fim do Milênio, pois o Fogo Inextinguível (Mt 3.12), a

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Fornalha de Fogo (Mt 13.42), o Fogo Eterno, o Castigo Eterno (Mt 25.41,46) só poderá vir no fim do Milênio (Ap 20.10, 14).

Nessa parábola do joio no meio do trigo nos chama a atenção o seguinte:

1. Praticamente não há referência à Igreja de Jesus. Ela é citada somente à margem. 2. A “boa semente” são os “filhos do reino” (v.38) e não a Igreja de Jesus, que já terá sido arrebatada.

3. Essa parábola trata da entrada no “reino do Pai”. Esse reino que segue logo após o Milênio. No final do Milênio, o bem será separado do mal.

A Igreja de Jesus jamais passará por esse julgamento, no qual se decidirá quem poderá entrar e quem não poderá no reino Eterno do Pai. Pois, para todos que lhe pertencem, isso já foi decidido na cruz do Gólgota.

4. Nessa parábola, o Senhor trata especialmente da noite do Plano da Salvação, em que o inimigo (o Diabo) se lançará sobre a terra e semeará o joio no meio do trigo. No Milênio nós teremos trigo e joio. Há um paralelo com a passagem de Mateus 25, onde o Senhor fala da Sua volta e do julgamento das Nações:

“E diante dele serão reunidas todas as nações; e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos; e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos à esquerda. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai. Possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo...

Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai- vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos” (vv. 32-34,41).

Quando acontecerá isso? A resposta é: No fim do Milênio.

“O inimigo que o semeou é o Diabo; a ceifa é a consumação do século, e os ceifeiros são os anjos. Pois assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será no fim do mundo. (Mt 13.39,40)”.

Essa passagem não trata de um julgamento no final da Grande Tribulação, pois, o joio é recolhido para ser lançado no fogo. Evidentemente fogo aqui é fogo eterno e este só virá no fim do Milênio. A Bíblia não fala de anjos recolhendo ímpios no fim da Grande Tribulação, mas fala de santos sendo arrebatados. Os “filhos do reino” serão recolhidos pelos anjos para o Reino Eterno no celeiro do Pai – A Nova Terra, após o Milênio.

Délcio Meiréles nos chama atenção dizendo que existem duas palavras gregas para semente no Novo Testamento: Sporos (spo/roj) e Sperma (spe/rma). Sporos é usada para indicar a semente vegetal e Sperma para indicar a semente humana.

Meiréles continua dizendo:

O Campo Pertence ao Senhor: 17

O Semeador é o Senhor Jesus, a boa semente são os filhos do reino e o campo pertence a ele. O Livro (Ap 5.6-9) só poderia ser tomado por alguém que fosse digno e este Alguém é o Senhor Jesus. A Escritura sempre esteve nas mãos de Deus, porque se algo acontecesse, como de fato aconteceu, Ele continuaria sendo o Dono da Terra.

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Devemos Arrancar o joio?

Os servos perguntaram: “Queres, pois, que vamos arrancá-lo”? Ao que o Senhor respondeu: “Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis com ele o trigo.” Infelizmente, alguns crentes interpretam estas palavras como sendo uma referência aos incrédulos que “pertencem” à Igreja. Porém, tal não é possível. Na Igreja não existe joio! A parábola nos ensina que o trigo e o joio foram semeados no “campo” e o campo é o “mundo”. Se dissermos que existe joio no “rol de membros” e na reunião dos santos está certo, mas na Igreja não. A Igreja é o corpo de Cristo e neste só existe trigo.

Na Igreja não existe joio, logo o trigo não pode ser a Igreja, pois, na parábola o joio cresce com o trigo. Todavia no Milênio haverá nações (bodes e ovelhas; joio e trigo) vivendo na terra e no fim deste Milênio haverá a separação final: “Deixai crescer ambos juntos até a ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Ajuntai primeiro o joio, e atai-o em matai-olhatai-os para atai-o queimar; atai-o trigatai-o, patai-orém, recatai-olhei-atai-o natai-o meu celeiratai-o. Patai-ois assim catai-omatai-o atai-o joio é colhido e queimado no fogo, assim será no fim do mundo. Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles ajuntarão do seu reino todos os que servem de tropeço, e os que praticam a iniqüidade, e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes. Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça” (Mt 13.30, 40-43).

Não vemos anjos recolhendo joio no fim da Grande Tribulação e lançando-os no fogo eterno, isto só acontece fim do Milênio. E o trigo é recolhido ao celeiro do Pai (fato que acontece simultaneamente ao recolhimento do joio) também no fim do Milênio. A Igreja já terá sido arrebatada antes da Grande Tribulação.

Terceiro Mistério: Mt 13.31,32.

“Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou, e semeou no seu campo; o qual é realmente a menor de todas as sementes; mas, depois de ter crescido, é a maior das hortaliças, e faz-se árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos”.

O Reino passaria por uma fase de crescimento desproporcional e tomaria caminhos não planejados.

Aqueles que não forem como crianças não poderão entrar no Reino: Mt 19.14; Mc 10.13-16; Lc 18.15-17.

É difícil os ricos entrarem no Reino: Mt 19.23; Mc 10.23; Lc 18.24,25. Quarto Mistério do Reino: Mt 13.33-35.

A falsa igreja que contaminará a farinha: Mc 8.15; l Co 5.6-8; Gl 5.9. Pode ser também: A mulher sendo o Reino; as três medidas de farinha = os três elementos do Reino (l Co 10.32): os judeus, a Igreja e os gentios.

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O fermento no pensamento hebreu e judaico, nem sempre foi considerado um símbolo do mal. A parábola do fermento ensina que o Reino um dia prevalecerá, a ponto de não existir nenhum dos três elementos (Judeus, Igreja e Gentios) fora do Reino Eterno. Não existirá nenhum reino soberano que possa ser seu rival. Toda a massa de farinha ficará fermentada (Ap 21.1-3; 21.4; 22.2).

Quinto Mistério do Reino: Mt 13.44.

Um povo que para ser seu deveria ser adquirido, com o campo (tipo da terra). O quinto mistério consiste nisso: o Reino tem um Tesouro, mas para tomar posse do Tesouro, é necessário, primeiro, comprar a terra; é o papel do Parente Remidor.

O Mistério do Reino dá importância à terra, ao campo. Significa que devemos buscar o Reino em primeiro lugar e as outras coisas serão acrescentadas (Mt 6.33; Lc 12.31).

O Reino será dado a nações justas (Mt 25.32-34,46; 5.5).

Sexto Mistério: Mt 13.45,46 - O Reino tem uma Pérola. A Pérola vai se formando em mistério.

Fala de preciosidade da Igreja no Reino.

Por uma Pérola o Rei pode deixar tudo (Mt 8.11).

Os que estão no Reino serão maiores do que João (Mt 11.11; Lc 7.28).

Deve-se deixar a parentela por Ele (Lc 9.61,62). Os mortos enterrarão os seus mortos. Não há tempo para deixar os parentes morrerem e depois vir ao Reino e se filiar a ele.

O Reino está dentro de nós, como uma pérola está dentro de uma ostra morta (Lc 17.21).

Sacrifício de bens pessoais pelo Reino (Mt 19.11.12; Lc 18.29).

Uma parábola pode ser aplicada com vários significados, mas o Reino está sempre em primeiro lugar.

Sétimo Mistério: Mt 13.48 - A extensão do Reino no Fim. A Rede é o mistério.

Fala do julgamento do Reino. Será implantado com Juízo (Lc 17. 20-37).

Há peixes (homens) bons e maus, e no final haverá um julgamento. A Rede é a Terra no Milênio (Mt 9-14). Habacuque refere-se a uma rede; a rede, ali, é a Terra, que será sacrificada pelo Juízo por causa dos pecados dos homens. Aqui, é a rede recebendo toda espécie de nações para serem julgadas, com o fim de separar um grupo de nações justas em relação à sua vontade de glorificar a Deus (Zc 14.16-21).

“Esta parábola é semelhante à do trigo e do joio, mas acrescenta um outro elemento. Ambas as parábolas devem ser interpretadas em termos do contexto do ministério de Jesus, no sentido de que o Reino já havia sido inaugurado no mundo sem a efetivação desta separação escatológica e deve atuar em uma sociedade mista. A parábola da rede acrescenta

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o fato de que, no mundo, até mesmo a comunidade resultante da geração do Reino não será uma comunidade pura até que aconteça a separação escatológica”.18

E esta separação escatológica só acontecerá no fim do Milênio.

O Reino Milenar será a última separação das que já houve até aqui e o arrebatamento. Separação de:

Trigo, da palha (Mt 3.12); Os bons, dos maus (Mt 13.48); Trigo, do joio (Mt 13.24-30,36-43); As ovelhas, dos bodes (Mt 25.31-46).

Oitavo Mistério: Mt 13.52 - No Reino há coisas novas e velhas.

O Reino tem elementos que creram no Senhor desde os tempos anteriores à Graça e, especialmente, frutos que foram colhidos na Graça. Ambos os grupos participam dele. O Reino é abrangente, universal e nele não há acepção de pessoas!

Nono Mistério: Mt 20.1-16 - Os últimos trabalham mais do que os primeiros!

A parábola da vinha fala da Ceifa do Reino. O Pentecostes foi a Festa das Primícias. Mas o Reino introduzirá o seu último elemento, assim como os outros foram introduzidos. A última festa de que se tem notícia em relação ao Milênio é a Festa dos Tabernáculos (Zc 14.19).

De que fala a Festa dos Tabernáculos? Fala da última Ceifa. Fala da colheita abundante e final. Para cada elemento a ser introduzido no Reino haverá uma colheita final:

Para Israel (Ez 34.14-22). Ele trará as ovelhas perdidas à terra.

Para a Igreja (Jo 4.36,37; Lc 5.1-11). Estamos prestes a vivermos essa grande festa da colheita final! Vamos precisar de outros barcos! Vamos precisar de ajuda! Basta descobrirmos que não é somente à noite fria que pescamos! Mas, à Palavra de Cristo, podemos lançar a rede! É tempo quente. Mas é a hora, é a undécima hora! Vamos viver a Festa dos Tabernáculos! A colheita é grande.

Para as nações a colheita final do Milênio (Mt 25.31-46). O dono do Reino dá a quem quer o galardão segundo a sue vontade, mas os derradeiros trabalharão mais do que os primeiros! Vamos lançar a rede!

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O REMANESCENTE (p. 146-147)19

O mistério do Reino é a vinda do Reino para a história como uma espécie adiantamento de sua manifestação apocalíptica. Em resumo, ele significa ‘o cumprimento sem consumação’. Esta é a verdade singular ilustrada pelas várias parábolas de Marcos 4 e Mateus 13. ‘A chamada dos doze discípulos por Jesus para participarem de sua missão tem sido amplamente reconhecida como um ato simbólico, no qual se demonstra a continuidade entre os seus discípulos e Israel. Que os doze representam Israel, pode ser demonstrado pela atuação escatológica que lhes foi atribuída. Eles devem sentar-se nos doze tronos, ‘a julgar as doze tribos de Israel’ (Mateus 19.28; Lc 22.30). Quer esta expressão signifique que os doze devem determinar o destino de Israel através do julgamento ou devem governar sobre eles, os doze estão destinados a encabeçarem o Israel escatológico.

O número 12 simboliza a transição entre o Israel passado e o Israel escatológico (futuro). MATEUS 16.18,19 ekklesia passou a ser um termo bíblico que designa Israel como a congregação ou assembléia de Yahweh. A passagem em Atos 7.38 [...Este é o que esteve na congregação (e)kklhsi/#) no deserto...] refere-se a Israel como a “ekklēsia” no deserto, não se referindo à igreja com o mesmo sentido do Novo Testamento.

Apocalipse 12 explica com detalhes qual será o destino de Israel, durante a segunda metade da Grande Tribulação.

“Identificamos a mulher destes versículos com Israel”. A relação é estabelecida por várias razões, algumas das quais são:

1. Em muitas ocasiões fala-se de Israel como a filha de Sião e a desposada (Jr 6.2; Os 2.19,20);

2. Isaías fala de Israel como uma mulher que está para dar à luz e concebe um filho (Is 9.6; 66.7; Mq 5.3);

3. Vestida do sol, tendo a lua debaixo dos pés, uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça, relaciona-se com os filhos de Israel, os progenitores da raça escolhida (Gn 37.9,10).

4. Em Daniel vemos que Miguel é o príncipe do povo de Israel. Miguel também aparece aqui neste capítulo vinculado a Israel (Dn 12.1; Ap 12.7)”.20

Israel estará presente no Reino. Cristo surgirá como libertador (Go’el) dos judeus no momento em que estiverem sofrendo a maior tribulação (Jr 30.7). E então todo o Israel será salvo (Rm 11.26,27; 9.27). O reino de Davi será restaurado (2 Sm 7.10-13; Lc 1.32,33). Os discípulos julgarão as 12 tribos de Israel (Mt 19.28; Lc 22.29,30). E, após o Milênio, os judeus entrarão no Reino Eterno (Ez 37.24-28; Is 55.3), na Nova Terra, e Davi reinará como príncipe eternamente (Ez 34.23,24; 37.25). A Aliança de Deus com Israel é Eterna (Ez 37.26).

19 LADD, G. E. Teologia do Novo Testamento. 1ª ed. São Paulo: Hagnos, 2003, p. 146,147. 20 NIGH, Kepler. Manual de Estudos Proféticos. 2ª ed. São Paulo: Editora Vida, 2001, p.107.

(26)

E Davi será príncipe eternamente:

“E suscitarei sobre elas um só pastor para as apascentar, o meu servo Davi. Ele as apascentará, e lhes servirá de pastor. E eu, o Senhor, serei o seu Deus, e o meu servo Davi será príncipe no meio delas; eu, o Senhor, o disse” (Ez 34.23,24);

“E suscitarei sobre elas um só pastor para as apascentar, o meu servo Davi. Ele as apascentará, e lhes servirá de pastor. E eu, o Senhor, serei o seu Deus, e o meu servo Davi será príncipe no meio delas; eu, o Senhor, o disse” (Ez 37.25).

Os doze (12) discípulos – Ministros de Deus ao lado de Davi 21

“A chamada dos doze discípulos por Jesus para compartilharem de sua missão, tem sido amplamente reconhecida como um ato simbólico, no qual se demonstra a continuidade entre seus discípulos e Israel. A atuação escatológica que lhes foi atribuída demonstra que os doze representam Israel. Devem sentar-se nos doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel (Mt 19.28; Lc 22.30). Quer esta expressão signifique que os doze devam governar sobre eles (os judeus), eles estão destinados a liderar o Israel escatológico”.

“Os doze estão destinados a exercer a função de regentes do Israel escatológico; mas já são os recebedores das bênçãos e dos poderes do Reino escatológico. Por conseguinte, representam não somente o povo escatológico de Deus, mas também aqueles que aceitam a presente oferta da salvação messiânica”.

...O Reino de Deus é o domínio redentor de Deus, ativo dinamicamente, visando estabelecer seu governo entre os homens, e que este Reino, que aparecerá como um ato apocalíptico na consumação dos tempos, já entrou para a história humana na pessoa e missão de Jesus com a finalidade de sobrepujar o mal, de libertar os homens do seu poder e propiciar-lhes a participação das bênçãos da soberania de Deus sobre suas vidas (p. 87).

A vós vos é confiado o mistério do reino de Deus, mas aos de fora tudo se lhes diz por parábolas; para que vendo, vejam, e não percebam; e ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam e sejam perdoados. (Marcos 4.11-12).

A Ética do Reino. [p. 892]. (Editora Hagnos, p. 163-178). Mateus 22.40 Resume todo o ensino ético de Jesus.

É a lei do amor (Original de Jesus) dos dois mandamentos depende a Lei e os Profetas.

(27)

O REINO E A IGREJA 22

Um dos problemas mais difíceis em relação ao estudo do Reino de Deus é a questão do seu relacionamento com a Igreja. Será que o reino de Deus deve, em algum sentido da palavra, ser identificado com a Igreja? Se não, qual é a relação entre os dois? Para os cristãos dos três primeiros séculos, o Reino sempre foi considerado escatológico. Uma oração primitiva do segundo século tem a seguinte expressão: “Lembra-te, ó Senhor, da tua Igreja, para... ajuntá-la como um todo, em sua santidade, dos quatro cantos da terra, para entrar no teu reino, que tens preparado para ela”.

Agostinho identificou o reino de Deus com a Igreja, uma identificação que permanece na doutrina católica (Romana).

O Ponto de vista Dispensacionalista. Jesus ofereceu a Israel o reino davídico terreno (milenar), mas quando eles o rejeitaram, Ele introduziu um novo propósito: formar a Igreja. Segundo esta perspectiva não há continuidade entre Israel e a Igreja.

Existe apenas um Reino e apenas um Evangelho.

A Igreja não é o Reino, tampouco Israel. “O Novo Testamento não iguala os crentes com o Reino. Os primeiros missionários pregaram o Reino de Deus, não a Igreja (At 8.12; 19.8; 20.25; 28.23,31). É impossível substituir a palavra Reino por Igreja nessas passagens. As únicas referências ao povo de Deus com Reino (Basiléia) encontram-se em Ap 1.6 e 5.10; mas as pessoas que recebem tal designação recebem-na não em virtude de serem as pessoas que se encontram sob o domínio de Deus, mas porque partilham do reinado de Cristo [ ... e eles reinarão sobre a terra – Ap 5.10]” Ladd.

“O Reino gera a Igreja, a Igreja não é senão o resultado da Vinda do Reino de Deus ao mundo por intermédio da missão de Jesus Cristo” (Ladd).

Deus tem um plano eterno, e, dentro deste, os judeus, as nações e a Igreja fazem parte do Reino Eterno. “Deus não tem dois propósitos separados para Israel e para a Igreja, mas sim um único propósito – o estabelecimento do Reino de Deus – no qual tanto Israel como a Igreja terão parte” (Wayne Grudem). A Igreja, sem dúvida, é a parte mais importante do Reino, pois seus integrantes serão governantes eternos.

Grudem23 na sua Teologia Sistemática resume Ladd24 (Teologia do Novo Testamento):

“(1) A Igreja não é o Reino, pois Jesus e os primeiros cristãos pregaram que o Reino de Deus estava próximo e não que a Igreja estava próxima; eles pregaram as boas novas do Reino e não as boas novas da Igreja (At 8.12; 19.8; 20.25; 28.23,31);

(2) O Reino cria a Igreja, porque quando as pessoas entram no Reino de Deus elas unem-se a uma comunhão humana da Igreja;

(3) A Igreja testemunha do Reino, pois Jesus disse: ‘E será pregado esse evangelho do Reino por todo o mundo’ (Mt 24.14);

22 LADD, G. E. Teologia do Novo Testamento. 1ª ed. São Paulo: Hagnos, 2003, p. 143-158. 23 GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida Nova, 1999, p.723,724. 24 LADD, George Eldon. Op. Cit., p.149-158.

Referências

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