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JESUS O VERBO DE DEUS

No documento TEOLOGIA BÍBLICA DO NOVO TESTAMENTO BENTES (páginas 52-61)

A alma humana de Jesus foi hipostatizada no Verbo Eterno. Na união hipostática há uma só personalidade IMPECABILIDADE DE CRISTO41

Ainda que o Novo Testamento seja claro em afirmar que Jesus era plenamente humano exatamente como nós, também afirma que Jesus era diferente em um aspecto importante: ele era isento de pecado e jamais cometeu um pecado durante sua vida. Alguns objetam que se Jesus não pecou, então não era verdadeiramente humano, pois todos os humanos pecam. Mas os que fazem tal objeção simplesmente não percebem que os seres humanos estão agora numa situação anormal. Deus não nos criou pecaminosos, mas santos e justos. Adão e Eva no jardim do Éden eram verdadeiramente humanos antes de pecar, e nós agora, apesar de humanos, não nos conformamos ao padrão que Deus deseja que preenchamos quando nossa humanidade plena, impecável, for restaurada.

A impecabilidade de Jesus é ensinada com freqüência no Novo Testamento. Vemos indicações disso no início da vida dele quando encheu-se de sabedoria e quando “a graça de Deus estava sobre ele” (Lc 2.40). Depois vemos que Satanás foi incapaz de obter sucesso ao tentar Jesus, não conseguindo, após quarenta dias, convencê-lo a pecar: “Passadas que foram as tentações de toda sorte, apartou-se dele o diabo, até momento oportuno” (Lc 4.13). Também não vemos nos evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) nenhum indício de erros da parte de Jesus. Para os judeus que se opunham a ele, Jesus perguntou: “Quem dentre vós me convence de pecado?” (Jo 8.46) e não recebeu resposta.

As declarações a respeito da impecabilidade de Jesus são mais explícitas no evangelho de João. Jesus fez a surpreendente proclamação: “Eu sou a luz do mundo” (Jo 8.12). Se compreendermos que a luz representa tanto a fidedignidade como a pureza moral, então aqui Jesus está alegando ser a fonte da verdade e a fonte da pureza moral e da santidade no mundo - uma alegação estarrecedora que poderia ser feita só por alguém isento de pecado. Além disso, com respeito à obediência a seu Pai no céu, ele disse: “eu faço sempre o que lhe agrada” (Jo 8.29; o tempo presente dá o sentido de atividade continua: “estou sempre fazendo” o que lhe agrada”). Ao final da vida, Jesus pôde dizer: “

... eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço” (Jo 15.10). É significativo que quando Jesus foi julgado diante de Pilatos, apesar das acusações dos judeus, Pilatos só pôde concluir: “Eu não acho nele crime algum” (Jo 18.38).

No livro de Atos, muitas vezes Jesus é chamado “o Santo”, “o Justo” ou alguma expressão semelhante (veja At 2.27; 3.14; 4.30; 7.52; 13.35). Quando Paulo fala de Jesus vivendo como homem, tem o cuidado de não dizer que ele assumiu “carne pecaminosa”, mas, antes, que Deus enviou o próprio filho “em semelhança” de carne pecaminosa e no tocante ao pecado” (Rm 8.3). E ele se refere a Jesus como “aquele que não conheceu pecado” (2Co 5.21).

O autor de Hebreus afirma que Jesus foi tentado, mas ao mesmo tempo, insiste que ele não pecou: Jesus foi “tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hb 4.15). Ele é um sumo sacerdote “santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus” (Hb 7.26). Pedro fala de Jesus como “cordeiro sem defeito e sem mácula” empregando figuras do Antigo Testamento para afirmar sua isenção de qualquer mácula moral. Pedro declara diretamente que ele não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca (1Pe 2.22). Quando Jesus morreu, foi “o justo pelos injustos”, para nos conduzir a Deus (1Pe 3.18). E João, na primeira epístola, chama-o “Jesus Cristo, o Justo”, e diz que “nele não existe pecado” (1Jo 3.5). É difícil negar, portanto, que a impecabilidade de Cristo é ensinada de maneira clara em todas as seções importantes do Novo Testamento. Ele era realmente humano, mas sem pecado.

Juntamente com a impecabilidade de Jesus, devemos notar de modo mais detalhado a natureza de suas tentações no deserto (Mt 4.1-11; Mc 1.12,13; Lc 4.1-13). A essência dessas tentações era uma tentativa de convencer Jesus a escapar da dura trilha da obediência e do sofrimento que lhe fora designada como o Messias. Jesus “foi guiado pelo [...] Espírito, no deserto, durante quarenta dias, sendo tentado pelo diabo” (Lc 4.1-2). Em muitos aspectos, essa tentação forma um paralelo com a tentação enfrentada por Adão e Eva no jardim do Éden, mas foi muito mais difícil. Adão e Eva tinham comunhão com Deus e um com o outro e abundância de todos os tipos de comida, pois receberam ordens só de não comer de uma árvore. Contrastando com isso, Jesus não tinha comunhão com seres humanos, nem comida com que se alimentar e, depois de jejuar quarenta dias, estava a ponto de morrer fisicamente. Em ambos os casos, o que se exigia não era uma obediência a um princípio moral eterno arraigado no caráter de Deus, mas um teste de obediência pura a uma instrução específica de Deus. A Adão e Eva, Deus ordenou que não comessem da árvore do conhecimento do bem e do mal, e a questão era se obedeceriam simplesmente por Deus lhes ter falado. No caso de Jesus, “guiado pelo Espírito” por quarenta dias no deserto, ao que parece, ele compreendeu que era vontade do Pai que nada comesse durante aqueles dias e simplesmente permanecesse ali até que o Pai, pela direção do Espírito Santo, lhe dissesse que a tentação estava encerrada e que ele podia partir.

Podemos compreender, portanto, o significado da tentação: “Se és o Filho de Deus, manda que esta pedra se transforme em pão” (Lc 4.3). É claro que Jesus era o Filho de Deus, e é claro que ele tinha o poder para transformar instantaneamente qualquer pedra em pão. A tentação era intensificada pelo fato de parecer que perderia a vida, caso não comesse

logo. Mas ele viera para obedecer perfeitamente a Deus, em nosso lugar, e deveria fazê-la

como homem. Isso significava que tinha de obedecer só em seu poder humano. Se tivesse

recorrido a seus poderes divinos para tornar mais fácil para si a tentação, não teria obedecido plenamente a Deus como homem. A tentação era empregar seu poder divino para “fraudar” o cumprimento das exigências, tornando a obediência um pouco mais fácil. Mas Jesus, em contraste com Adão e Eva, recusou-se a comer o que parecia bom e necessário para si, optando por obedecer à ordem de seu Pai celestial.

A tentação de curvar-se e cultuar Satanás por um momento e depois receber autoridade sobre “todos os reinos do mundo” (Lc 4.5) era a tentação de receber o poder não pelo caminho da obediência vitalícia a seu Pai celestial, mas pela submissão ilícita ao Príncipe das Trevas. De novo, Jesus rejeitou o caminho aparentemente fácil e escolheu o caminho da obediência que levava à cruz.

De modo semelhante, a tentação de jogar-se do pináculo do templo (Lc 4.9-11) era a tentação de “forçar” Deus a realizar um milagre e resgatá-la de maneira espetacular, atraindo assim grande séquito dentre o povo, sem prosseguir no duro caminho que tinha à frente, o caminho que incluía três anos ministrando às necessidades das pessoas, ensinando com autoridade e exemplificando a santidade absoluta de vida em meio a dura oposição. Mas, de novo, Jesus resistiu a esse “caminho fácil” para cumprimento de seus alvos como o Messias (de novo, uma rota que de fato não cumpriria, de maneira alguma, aqueles alvos).

Essas tentações eram de fato a culminação de um processo vitalício de fortalecimento e amadurecimento moral que ocorreu durante toda a infância e início da vida adulta de Jesus, enquanto ele “crescia [ ... ] em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus” (Lc 2.52) e quando “aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu” (Hb 5.8). Nessas tentações no deserto e nas várias tentações que enfrentou durante os trinta e três anos de sua vida, Cristo obedeceu a Deus em nosso lugar e como nosso representante, obtendo dessa forma sucesso onde Adão falhou, onde o povo de Israel no deserto falhou e onde nós falhamos (veja Rm 5.18,19).

Por mais difícil que nos seja compreender, as Escrituras afirmam que nessas tentações Jesus tornou-se capaz de nos compreender e de nos ajudar em nossas tentações. “Pois,naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados” (Hb 2.18). O autor prossegue e liga a capacidade de Jesus em entender nossas fraquezas ao fato de ter sido tentado como nós somos:

Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna (Hb 4.15,16).

Isso tem uma aplicação prática para nós: em toda situação em que estivermos lutando contra uma tentação, devemos refletir sobre a vida de Cristo e perguntar se não houve situações semelhantes enfrentadas por ele. Em geral, depois de refletir por alguns instantes,

seremos capazes de perceber alguns casos na vida de Cristo em que ele enfrentou tentações que, embora não iguais em todos os aspectos, foram bem parecidas com as situações que enfrentamos todos os dias.

Jesus poderia ter pecado? Às vezes levanta-se esta questão: “Cristo podia ter pecado?” Alguns defendem a impecabilidade de Cristo, entendendo por impecável “não sujeito a pecar”. Outros objetam que se Jesus não fosse capaz de pecar, suas tentações não teriam sido reais, pois como uma tentação seria real, se a pessoa que estivesse sendo tentada não fosse mesmo capaz de pecar?

Para responder a essa pergunta, precisamos distinguir, por um lado, o que as Escrituras afirmam claramente e, por lado, o que é mais uma inferência de nossa parte. As Escrituras afirmam claramente que Cristo jamais pecou de fato (veja acima). Não deve haver nenhuma dúvida a esse respeito em nossa mente. (2) Elas também afirmam que Jesus foi tentado e que as tentações foram reais (Lc 4.2). Se cremos na Bíblia, precisamos insistir que Cristo foi “tentado em todas as coisas, à nossa

semelhança, mas sem pecado” (Hb 4.15). Se nossa especulação sobre essa questão de

Cristo poder ou não ter pecado leva-nos a dizer que ele não foi verdadeiramente tentado, então chegamos a uma conclusão errada, a uma conclusão que contradiz afirmações claras das Escrituras. (3) Também precisamos afirmar com as Escrituras que “Deus não pode ser tentado pelo mal” (Tg 1.13). Mas aqui a questão torna-se difícil: se Jesus era plenamente Deus e também plenamente humano (e vamos argumentar adiante que as Escrituras ensinam isso várias vezes e de maneira clara), então não somos obrigados também a afirmar que (em algum sentido) Jesus também “não pode ser tentado pelo mal?”.

Isso é tudo o que podemos dizer pelas afirmações claras e explícitas das Escrituras. Nesse ponto ficamos diante de um dilema semelhante a uma série de outros dilemas doutrinários em que as Escrituras parecem ensinar coisas que, se não são diretamente contraditórias, são pelos menos muito difíceis de harmonizar em nosso entendimento. Por exemplo, com respeito à doutrina da Trindade, afirmamos que Deus existe em três pessoas e que cada uma é plenamente Deus e que existe um Deus. Ainda que essas afirmações não sejam contraditórias, é difícil compreendê-las em ligação uma com a outra e, ainda que possamos obter avanços na compreensão de como se ligam, pelo menos nesta vida temos de admitir que não pode haver compreensão plena de nossa parte. As Escrituras não nos dizem que Jesus foi tentado e que Jesus não foi tentado (uma contradição, caso Jesus e “tentado” sejam empregados exatamente no mesmo sentido em ambas as frases). A Bíblia nos diz que “Jesus foi tentado”, que “Jesus era plenamente homem”, que “Jesus era plenamente Deus” e que “Deus não pode ser tentado”. Essa combinação de ensinos da Bíblia nos deixa aberta a possibilidade de que quando compreendermos como a natureza humana e divina de Jesus agem em conjunto, poderemos compreender melhor como ele podia ser tentado em um sentido e, ainda assim, não ser tentado em outro sentido. (Essa possibilidade será discutida adiante).

Nesse ponto, portanto, vamos além das afirmações claras da Bíblia e tentamos apresentar uma solução para o problema de Cristo poder ou não cometer pecado? Mas é

importante reconhecer que a seguinte solução é por natureza mais um jeito de combinar vários ensinos bíblicos, não sendo diretamente sustentada por declarações explícitas das Escrituras. Tendo isso em mente, é adequado dizer: (1) Se a natureza humana tivesse existido por si só, independentemente de sua natureza divina, teria sido a mesma natureza que Deus deu a Adão e a Eva. Estaria isenta de pecado, mas mesmo assim seria capaz de

pecar. Por conseguinte, se a natureza humana de Jesus tivesse existido por si, haveria

possibilidade abstrata ou teórica de Jesus ter pecado, assim como a natureza humana de Adão e Eva era capaz de pecar. (2) Mas a natureza humana jamais existiu à parte da união com sua natureza divina. Desde o momento de sua concepção, ele existiu como verdadeiro Deus e também verdadeiro homem. Tanto sua natureza humana como a sua natureza divina existiram unidas em uma pessoa. (3) Embora Jesus tivesse experimentado algumas coisas (tais como fome, sede ou fraqueza) só em sua natureza humana e não em sua divina Veja abaixo), um ato pecaminoso seria um ato seria um ato moral que, aparentemente, teria envolvido sua natureza divina bem como a humana. (4) Mas se Jesus como pessoa tivesse pecado, implicando tanto a natureza humana como a divina no pecado, então o próprio Deus teria pecado e teria deixado de ser Deus. Mas é claro que isso é impossível por causa da santidade infinita da natureza de Deus. (5) Assim, se perguntarmos se de fato era possível Jesus pecar, parece que precisamos concluir que isso não era possível. A união de sua natureza humana e divina em uma pessoa o impedia de pecar.

Mas a pergunta continua de pé: “Como, então, as tentações de Jesus podiam ser reais?” O exemplo da tentação de transformar pedras em pães é útil nesse sentido. Por causa de sua natureza divina, Jesus tinha a capacidade de realizar esse milagre, mas, se o fizesse, já não estaria obedecendo só na força de sua natureza humana, teria fracassado na prova em que Adão também fracassou e não teria conquistado para nós a salvação. Assim, Jesus recusou-se a recorrer à sua natureza divina para tomar a obediência mais fácil para si. De modo semelhante, parece certo concluir que Jesus enfrentou cada tentação do pecado, não por seu poder divino, mas só na força de sua natureza humana (embora, é claro, não fosse “só”, porque Jesus, ao exercer o tipo de fé que os homens devem exercer, dependia de Deus Pai e do Espírito Santo em todos os momentos). A força moral de sua natureza divina estava ali como um tipo de “barreira” que, em todo caso, o impediria de pecar (e, por conseguinte, podemos dizer que ele não podia pecar), mas ele não podia fiar-se na força de sua natureza divina para enfrentar as tentações com maior facilidade, e sua recusa em transformar pedras em pão no início de seu ministério é uma clara indicação disso.

Nesse caso, as tentações eram reais? Muitos teólogos destacam que só aquele que consegue resistir à tentação até o fim sente plenamente a força da tentação. Assim como um campeão de halterofilismo que consegue levantar e manter sobre a cabeça o maior peso na prova sente mais plenamente a carga do que a pessoa que tenta levantá-lo, mas o derruba, assim também qualquer cristão que consegue enfrentar a tentação até o fim sabe que isso é muito mais difícil do que logo dar lugar a ela. É o que ocorre com Jesus: cada tentação que enfrentou, enfrentou-a até o fim e a venceu. As tentações eram reais, ainda que não cedesse a elas. De fato, foram mais reais porque ele não cedeu a elas.

Que diremos, então, do fato de que “Deus não pode ser tentado pelo mal” (Tg 1.13)? Parece que isso faz parte de uma série de afirmações que precisamos fazer a respeito

da natureza divina de Jesus, mas não de sua natureza humana. Essa natureza divina não podia ser tentada pelo mal, mas sua natureza humana podia, e é claro que foi tentada. Como essas duas naturezas uniam-se em uma pessoa ao enfrentar tentações? A Bíblia não nos explica de maneira clara. Mas essa distinção entre o que se aplica a uma natureza e o que se aplica a outra é um exemplo de uma séria de declarações semelhantes que a Bíblia exige que façamos (veja mais sobre essa distinção abaixo, quando discutirmos como Jesus podia ser Deus e homem em uma só pessoa).

Por que era necessário que Jesus fosse plenamente humano? Quando João escreveu sua primeira epístola, circulava na igreja um ensino herético, segundo o qual Jesus não era homem. Essa heresia tomou-se conhecida como docetismo. Essa negação da verdade acerca de Cristo era tão séria que João podia dizer que se tratava de uma doutrina do anticristo: “Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo” (1Jo 4.2,3). O apóstolo João entendia que negar a verdadeira humanidade de Jesus era negar um fato central do cristianismo, de modo que ninguém que negasse que Jesus veio em carne era enviado por Deus.

Quando examinamos o Novo Testamento, vemos vários motivos pelos quais Jesus tinha de ser plenamente humano para ser o Messias e obter nossa salvação. Podemos alistar aqui sete razões:

a. Para possibilitar uma obediência representativa. Conforme observamos no capítulo acima sobre as alianças entre Deus e o homem, 10 Jesus era nosso representante e obedeceu em nosso lugar naquilo que Adão falhou e desobedeceu. Vemos isso nos paralelos entre a tentação de Jesus (Lc 4.1-13) e a ocasião da prova de Adão e Eva no jardim (Gn 2.15-3.7). Também reflete-se claramente na discussão de Paulo sobre os paralelos entre Adão e Cristo, na desobediência de Adão e na obediência de Cristo:

Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida. Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tomaram pecadores, assim também, por meio da

obediência de um só, muitos se tomarão justos (Rm 5.18-19).

É esse o motivo pelo qual Paulo chama Cristo “o último Adão” (l Co 15.45) e pode chamar Adão”o primeiro homem”, e Cristo, “o segundo homem” (l Co 15.47). Jesus tinha de ser homem para ser nosso representante e obedecer em nosso lugar.

b. Para ser um sacrifício substitutivo. Se Jesus não tivesse sido homem, não poderia ter morrido em nosso lugar e pago a penalidade que nos cabia. O autor de Hebreus nos diz: “Pois ele, evidentemente, não socorre anjos, mas socorre a descendência de Abraão. Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tomasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo” (Hb 2.16-17; cf. v. 14). Jesus tinha de se tornar homem, não um anjo, porque Deus estava interessado em salvar homens, não anjos. Mas

para isso “convinha” que fosse como nós em todos os sentidos, de modo que pudesse ser a “propiciação” para nós, o sacrifício substitutivo aceitável em nosso lugar. Ainda que essa idéia seja discutida com mais pormenores no capítulo 27, sobre expiação, é importante aqui perceber que a menos que Cristo fosse plenamente homem, ele não poderia ter morrido para pagar a pena dos pecados do homem. Ele não poderia ter sido um sacrifício substitutivo por nós.

c. Para ser o único mediador (Go’el) entre Deus e os homens. Porque estávamos alienados de Deus por causa do pecado, necessitávamos de alguém que se colocasse entre Deus e nós e nos levasse de volta a ele. Precisávamos de um mediador (Go’el) que pudesse representar-nos diante de Deus e que pudesse representar Deus para nós. Só há uma pessoa que preencheu esse requisito: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (l Tm 2.5). Para cumprir essa função de Mediador, Jesus tinha de ser plenamente homem e plenamente Deus.

d. Para cumprir o propósito original do homem de dominar a criação. Como

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