• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO III PERCURSO METODOLÓGICO

4.3 Estudos sobre interdisciplinaridade: ampliando concepções

4.3.5 Estudo 5: ”Dificuldades para a implantação de práticas interdisciplinares em escolas

Os estudantes L2 e L7 apresentaram o artigo 5, com o objetivo, segundo as autoras, de “elencar as principais dificuldades enfrentadas na implementação de práticas interdisciplinares por professores de Ciências da Natureza do Programa Pró-Ciências” (AUGUSTO e CALDEIRA, 2007, p. 139).

O estudante L2 inicia pontuando a citação inicial de Santomé a respeito da interdisciplinaridade, citada pelas autoras do artigo:

No início elas deixam essa fala de Santomé a respeito da interdisciplinaridade, que implica em uma vontade e compromisso de elaborar um contexto mais geral, no qual cada uma das disciplinas entra em contato. E, por sua vez, são modificadas e passam a depender claramente umas das outras. Como a gente pode ver [...] uma área de conhecimento é ligada a outra, matemática com ciência, com história, com geografia, com química e aqui se estabelece uma interação entre duas ou mais disciplinas, o que resultará em intercomunicação e enriquecimento recíproco e, consequentemente, em uma transformação de suas metodologias de pesquisa, em uma modificação de conceitos, de terminologias fundamentais, etc. Entre as diferentes matérias ocorrem intercâmbios mútuos e recíprocas integrações; existe um equilíbrio de forças nas relações estabelecidas (L2).

O estudante L2 interpreta a citação do autor Santomé, trazida pelas autoras do texto em que uma disciplina está sempre interligada com a outra, necessitando de um eixo integrador que faça a conexão dos conhecimentos.

Nesse mesmo ponto, o estudante L2 lembrou que um dos grandes empecilhos para a realização dessa integração de conteúdos e, consequentemente, a efetivação da interdisciplinaridade, é a formação fragmentada dos professores em questão: [...] “os principais obstáculos a serem vencidos para a implementação da interdisciplinaridade nas salas é exatamente a formação dos docentes durante a graduação, professor de biologia dando aula de ciências” (L2).

Também sobre a formação inicial dos professores, o estudante L7 considerou:

Porque o docente é especializado demais na área dele. Aí não consegue se misturar. Ele é muito específico e cada vez mais específico. A gente vai, aprende Ciências, daqui a pouco faz mestrado na área específica da Biologia, e depois e o doutorado... cada vez mais específico. Então, foge totalmente da ideia da interdisciplinaridade, você estuda cada vez mais naquilo que você foi formado e fica cada vez mais receoso em se misturar, né? (L7).

O estudante L7 deixou transparecer em sua concepção de interdisciplinaridade que o professor deve misturar tudo para contemplar a interdisciplinaridade. Pelo contrário, a interdisciplinaridade não é uma simples mistura de conteúdos disciplinares, o que nos remete às concepções iniciais coletadas desses pesquisados. É a integração de conhecimentos que, na concepção do estudante da Educação Básica, farão parte de uma compreensão complexa do todo, como um conhecimento mais global ajudando-o na resolução de problemas do cotidiano.

Nos resultados da pesquisa desse artigo, é também apresentada como um dos obstáculos para a implementação de práticas interdisciplinares na escola pelos professores: “[...] a dificuldade de trabalhar em grupo e a falta de comprometimento dos colegas com o trabalho que se reflete no grande número de faltas, como um obstáculo para a realização de atividades [...]” (L7).

O estudante L2 lembrou, ainda, que essas dificuldades são ampliadas para os estudantes da Educação Básica:

[...] não só os professores que tem dificuldades de trabalhar em grupo, mas os alunos também têm dificuldades em trabalhar em equipe. Apontam também desinteresse dos alunos e apontam esse desinteresse como obstáculo para aplicar a interdisciplinaridade. Os alunos não têm interesse em aprender. Eles gostam mais do tradicional e quando vem com uma coisa diferente, com uma coisa nova, os alunos praticamente rejeitam, não tem uma boa influência como na forma tradicional (L2).

Desse modo, existem várias razões pelas quais tanto os professores, como os estudantes apresentam resistência em desenvolver e aceitar a implementação de práticas interdisciplinares, e uma delas é o costume do método tradicionalista de ensino que leva o estudante e o professor a acreditar que essa é melhor forma de se ensinar e aprender, não se disponibilizando para novas práticas pedagógicas.

Nesse sentido, Tavares afirma que:

É no ambiente de aprendizagem que o professor interdisciplinar exercita o seu desapego, sua ousadia e suas possibilidades de cooperação e de diálogo. É o dia a dia que esse professor utiliza como instrumental a sua própria disposição de desaprender, de romper com sua prática rotineira, dogmática, conservadora e prepotente. Num ato de humildade, parte para o exercício da reflexão crítica sobre o conhecimento, e suas práticas pedagógicas são construídas e transformadas com o outro (TAVARES, 2013, p. 149).

Como pergunta de debate, o estudante L2 colocou: “as dificuldades como a falta de espaço, a falta de treinamento, a coordenação que atrapalha, e o aluno que não quer aprender justificam a não implementação de práticas interdisciplinares?” (L2).

No ponto de vista do estudante L4, “disse que não” (L4). Também para o estudante L5 “é só desculpa mesmo” (L5). Então, as dificuldades apresentadas nesse artigo para os estudantes, são muitas vezes desculpas para a não implementação de práticas interdisciplinares na escola.

Segundo Santomé:

A interdisciplinaridade é um objetivo nunca completamente alcançado e por isso deve ser permanentemente buscado. Não é apenas uma proposta teórica, mas sobretudo uma prática. Sua perfectibilidade é realizada na prática; na medida em que são feitas experiências reais de trabalho em equipe, exercitam-se suas possibilidades, problemas e limitações (SANTOMÉ, 1998, p. 66).

Assim, por meio das discussões apresentadas nesse artigo, foi possível observar o nível de entendimento dos licenciandos-estagiários quanto à interdisciplinaridade e sua efetiva aplicação em sala de aula, que da mesma forma poderão enfrentar no período de estágio supervisionado na Educação Básica.

4.3.6 Estudo 6: “Práticas interdisciplinares na Educação Básica: uma revisão bibliográfica-