• Nenhum resultado encontrado

Capítulo I – O Estágio Pedagógico em Contexto de Educação Pré-Escolar

2.2. A Prática Pedagógica na Sala do 1.º Ano

2.2.1. Projeto de investigação-ação.

2.2.2.3. Estudo do Meio

Relativamente à área curricular de Estudo do Meio, é de salientar que foram selecionadas duas atividades. A seleção das atividades é inferior às restantes áreas apresentadas, uma vez que eu lecionava Estudo do Meio apenas uma vez por semana cerca de 1h, conforme estabelecido pela professora cooperante da sala.

111

Neste sentido, a primeira estratégia a desenvolver está relacionada, novamente, com as Expressões, devido à sua presença indispensável no 1.º Ciclo. Tal como se verifica no Currículo Nacional do Ensino Básico (2001):

As artes são elementos indispensáveis no desenvolvimento da expressão pessoal, social e cultural do aluno. São formas de saber que articulam imaginação, razão e emoção. Elas perpassam as vidas das pessoas, trazendo noas perspectivas, formas e densidades ao ambiente e à sociedade em que se vive. A vivência artística influencia o modo como se aprende, como se comunica e como se interpretam os significados do quotidiano. Desta forma contribui para o desenvolvimento de diferentes competências e reflecte-se no modo como se pensa, no que se pensa e no que se produz com o pensamento. As artes permitem participar em desafios colectivos e pessoas que contribuem para a construção da identidade pessoal e social, exprimem e enformam a identidade nacional, permitem o entendimento das tradições de outras culturas e são uma área de eleição no âmbito da aprendizagem ao longo da vida (Ministério da Educação, 2001, p. 149)

Assim sendo, tendo em conta que a estratégia foi a sintetização de conhecimentos, situada na planificação alusiva à sexta semana de estágio (Apêndice 26) o objetivo era os alunos reconhecerem a forma como a água pode ser poupada e, ainda, os diferentes modos sob os quais a água se pode encontrar na natureza.

A atividade em questão consistiu na realização de um diálogo acerca das diversas formas de poupar água em casa, em que as crianças puderam demonstrar todo o seu conhecimento e partilhar as suas ideias, respeitando a vez do seu colega falar. Seguidamente, todas as ideias da turma foram registadas no quadro no momento em que a atividade se concretizava e foi solicitado à turma que elaborasse um desenho relacionado com as ideias que tinham sido identificadas anteriormente, de forma a colocá- los depois num cartaz e expô-lo na turma. A ideia principal era que os alunos e a restante comunidade educativa quando entrassem na sala de aula, pudessem verificar, resumidamente, o conteúdo abordado nessa aula.

De forma a concretizar a atividade corretamente, foi necessário escrever as ideias dos alunos no quadro para que estes pudessem organizar melhor o seu pensamento. Acrescenta-se que permiti que as crianças guiassem a atividade, apelando à sua participação constantemente e deixei que se expressassem livremente no momento de ilustração, não criticando os seus trabalhos, mas sim utilizando o elogio como forma de valorizar os seus desenhos.

112

No momento de reflexão após a atividade, foi possível concluir que:

Abordámos a existência de água em diversas partes da natureza e o grupo demonstrou-se muito apelativo ao diálogo, falando abertamente e demonstrando algum conhecimento na área. Ainda assim, chegámos a conclusão que a água é um bem essencial à vida humana e que temos de saber poupá-la. (Apêndice 27 – Diário de Bordo, 25 de maio de 2016).

No que concerne à segunda atividade, presente na planificação da última semana de estágio (ver Apêndice 19), promovi o desenvolvimento dos sentidos do grupo, utilizando uma atividade em que a finalidade era identificar cores, sons e cheiros da Natureza e estabelecer um diálogo de forma coesa. Uma vez que a aprendizagem é feita com mais sucesso através da ação (Zabalza, 1987), esta é uma forma mais eficaz de aproximar as crianças à sua realidade, sem recorrer a imagens. Portanto, a atividade consistiu em mostrar alguns elementos que fazem parte da Natureza (terra, salsa e rosas) para que os alunos identificassem através da sua visão. Numa fase seguinte, questionei sobre a cor e solicitei que cheirassem, atribuindo um adjetivo a cada cheiro.

É de realçar a importância do diálogo, que faz parte de um dos trabalhos do professor dentro da sala de aula, uma vez que expressa a relação que mantém com os seus alunos. De acordo com Freire (1996, p. 96), “o bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até à intimidade do movimento do seu pensamento”. Desta forma, o docente tem que perceber as necessidades e interesses dos seus alunos, que motive para a vontade de aprender e desenvolva as suas competências. Além disso, na perspetiva de Gadotti (1991), para o diálogo ser realizado, impera a necessidade de o professor se colocar na posição humilde de quem não sabe tudo, que é o seu aluno. Assim, para que o diálogo ocorra, é imprescindível que exista compreensão e respeito entre o aluno e o professor, uma vez que a relação dialógica tem algum poder de influência acerca do desenvolvimento da aprendizagem do aluno e na metodologia de ensino do professor. Foi possível chegar à conclusão de que a Natureza possui elementos com diferentes cores, cheiros e texturas. Assim, ao invés de estar a mostrar fotos e a afirmar que tais elementos têm determinado cheiro, permiti que o grupo entrasse em contacto com aqueles elementos sem sair da sala (imposição da educadora cooperante). O facto de estar a levar materiais e objetos diferentes para dentro da sala de aula, permitiu que o grupo se sentisse mais motivado para a aprendizagem

113

2.2.2.4. Reflexão Relacionada com as Atividades Desenvolvidas

Após abordar as atividades mais significativas relativamente ao Português, Matemática e Estudo do Meio, torna-se importante refletir sobre as mesmas. Neste sentido, pretendo focar aqui diversos fatores, nomeadamente, a relevância da articulação das Expressões com as outras áreas curriculares. Contudo, apesar de considerar, de facto, que esta é crucial na formação do indivíduo, há aqueles que veem a instrução como sinónimo de educação, sendo que a arte é vista como um meio de entretenimento (Santos, 1989). O mesmo autor ainda responde à questão que vários docentes colocam na implementação das artes nas suas aulas: “para quê?”, afirmando que promovem o desenvolvimento do ser humano, que apuram a sensibilidade e a afetividade, que permitem o sucesso relativamente a outros conteúdos escolares e enriquece expressivamente a formação artística. Portanto, cabe às instituições e aos docentes que nela lecionam reconhecer a sua importância para que introduzam estratégias eficazes que formem integralmente as crianças (também na área da Educação Artística).

Ao observar a sequência das atividades, é possível concluir que o apelo à participação da turma é constante. Assim, desenvolvem o seu espírito crítico, o respeito pelo outro, a capacidade de argumentação e de resolução de problemas. Contudo, existe a necessidade de respeitar aqueles que são mais tímidos e que não se sentem à vontade para falar ou exprimir a sua opinião em frente aos colegas, sendo que este é um fator a ser trabalhado gradualmente. Por exemplo, o trabalho a pares ou em grupo permite que, de uma forma mais discreta, possam ter pequenas discussões de forma a chegarem a uma conclusão.

Nos momentos em que era implementado o projeto de investigação-ação, nem sempre as estratégias e atividades selecionadas foram bem-sucedidas, visto que os alunos não estavam preparados para trabalhar com os seus colegas. Apesar de compreender as decisões da docente da sala, que optava por trabalhar mais individualmente os alunos com a finalidade de desenvolver a autonomia (por terem estado recentemente no pré-escolar), era necessário começar a desenvolver, também, o trabalho em grupo. Contudo, mesmo nos momentos em que evidenciava que não estava a resultar, não desisti e continuei a realizar atividades, principalmente a pares, dado que era mais fácil auxiliá-los em todo o seu trabalho. Todavia, numa fase final do estágio, já era possível fazer atividades em grupo, pois já tinham noção das funções que tinham que desempenhar. Nesta fase, os alunos já eram capazes de discutir em grupo, relevando as suas opiniões e ideias,

114

justificando-as e chegando a uma conclusão em grupo. Com este tipo de atividades, era evidente o entusiasmo e alegria dos alunos, que se refletiam no sucesso da maioria das atividades.

Notei que a turma tinha muito medo de falhar, pois o erro era visto como um fator negativo para o seu sucesso. Contudo, fiz questão de lhes fazer ver que o erro deve ser utilizado como uma estratégia para melhorarmos a nossa prática. Temos de saber reconhecer o nosso erro e tentar encontrar uma forma de solucionarmos o nosso problema. Assim, os alunos já não tinham tanto receio em evidenciar as suas respostas, visto que sabiam que, apesar de tudo, contribuiria para o seu crescimento pessoal e académico.

2.3. Contextualização Educativa: A Escola Básica do 1.º Ciclo com Pré-