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Capítulo I – O Estágio Pedagógico em Contexto de Educação Pré-Escolar

2.2. A Prática Pedagógica na Sala do 1.º Ano

2.2.1. Projeto de investigação-ação.

2.2.2.2. Matemática

Relativamente à Matemática, foram selecionadas três atividades que considero terem sido pertinentes. Deste modo, a primeira atividade encontra-se na planificação referente à segunda semana de intervenção (Apêndice 21) e foi realizada como resposta à estratégia de desenvolvimento do cálculo mental e escrita matemática, em que o principal objetivo era identificar notas e moedas euro – abordadas anteriormente – e realizar algumas contas em que utilizassem as operações de soma e de subtração.

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Primeiramente, estabeleci um diálogo com o grupo, com a finalidade de relembrar as notas e as moedas euro. Numa fase posterior, realizámos o jogo do supermercado, em que existiu um vendedor e um comprador. Note-se que esta atividade foi realizada a pares, ou seja, os alunos também puderam desenvolver o trabalho em equipa, o espírito crítico, a ajuda mútua, entre outras competências. O jogo consistiu na compra de elementos que garantissem a sobrevivência de um animal e em que já existiam preços estabelecidos para os objetos a comprar (água, comida, coleiras, casotas, tapetes, areia, entre outros). Os alunos retiraram todo o material necessário dos materiais de matemática disponíveis e a principal finalidade foi o comprador fazer a melhor compra tendo em conta o seu dinheiro e o vendedor verificar se o dinheiro estava correto, dando o troco, se necessário. Note-se que foi indispensável realizarem contas de somar e subtrair, recorrendo ao cálculo mental e escrito. Então, obviamente que puderam comprar os objetos que quiseram e guardaram algum dinheiro para gastarem depois. Numa fase final, estabeleci um diálogo de forma a que os alunos explicassem o motivo pelo qual escolheram tal animal.

Contudo, nem sempre as atividades correm como esperamos, resultando em algo negativo. Neste sentido, não pude deixar de referir no diário de bordo que:

Trabalho a pares – confusão → isto acontece porque não estão habituados a trabalhar a pares nem em grupo. Notou-se perfeitamente que, quando juntei os grupos, ficaram admirados. O problema é que esse entusiasmo irá resultar em balbúrdia, em barulho e não em aprendizagem. Apesar de tudo, acho que existem alunos nesta turma que adoram demonstrar que têm conhecimentos adquiridos e ajudar o próximo. (Apêndice 22 – Diário de Bordo, 27 de abril de 2016).

Portanto, existe aqui um fator a refletir, ou seja, a pouca prática de trabalhos a pares ou em grupos. Portanto, foi neste sentido que o projeto de investigação-ação foi desenvolvido, de forma a combater este tipo de comportamentos quando é realizada uma atividade lúdica.

Relativamente à segunda atividade, discriminada na planificação da quarta semana de estágio (Apêndice 23), esta teve como estratégia o desenvolvimento do trabalho de grupo (Figura 29), ou seja, a aprendizagem cooperativa através do trabalho de grupo. Neste sentido, os alunos desempenhavam diversas funções e, através da atividade, chegavam à conclusão do conceito de área. Veja-se, então, o tópico referente à aprendizagem associada à cooperação ou o que está relacionado com o projeto de investigação-ação, que está interligado à temática. Neste sentido, não é necessário referir todos os autores ou explicar a importância da aprendizagem cooperativa e do trabalho de

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grupo, mas sim referir que, quando trabalhamos em conjunto para um determinado fim, a probabilidade de chegarmos com maior rapidez e precisão à resposta é muito maior. Portanto, há que saber demonstrar isso aos alunos, criando uma panóplia de atividades que lhes permita trabalharem em conjunto e chegarem a uma conclusão enquanto grupo, através do diálogo, da discussão de ideias, da tomada de decisões e do respeito pelo outro. Tal como afirma Wasserman (1990, p. 101):

Em relação à maioria das experiências de crescimento, consegue-se um enriquecimento da aprendizagem quando o processo contempla, pelo menos, três aspectos: orientação dos alunos, criação de oportunidades para a realização de actividades práticas, e criação de oportunidades para reflectir sobre a prática. Estes passos são igualmente aplicáveis à aprendizagem do trabalho de grupo”.

É de realçar que a atividade consistiu na divisão da turma em 12 grupos de dois elementos e cada grupo ficou com cinco quadrados (pentaminós). Assim, expliquei as funções de cada elemento do grupo poderia ter (construção das figuras e pintura dos pentaminós), sendo que posteriormente poderiam trocar. Ao descobrirem diferentes figuras geométricas, registavam no papel quadriculado que lhes foi entregue com diferentes cores. Numa fase seguinte, um elemento de cada par ia ao quadro demonstrar uma figura e foi estabelecido um diálogo com a turma em que foi questionado o que as figuras tinham em comum, sendo que se chegou à conclusão que apresentavam o mesmo número de quadro, ao qual chamamos de área.

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Note-se que foi necessário explicar calmamente a atividade e verificar que não restavam dúvidas para que depois não estivessem constantemente a questionar o mesmo.

Além disso, os alunos tinham que ter todos o mesmo material para que a atividade decorresse com sucesso. Na fase da apresentação, explicavam as suas ideias de forma clara e coesa, chegando à conclusão correta e contribuindo positivamente para a conclusão do trabalho.

Saliento que nesta fase não pude deixar de reparar que:

Trabalho a pares começa a resultar cada vez mais → noto que, quanto mais implemento esta estratégia na sala de aula, mais se ajudam mutuamente e vêm a aprendizagem como algo divertido. É de evidenciar que ficam imensamente felizes quando elaboram atividades deste teor e que todo esse entusiasmo se reflete no sucesso da atividade; escolha de grupos heterogéneos → faço propositadamente, pois tenho noção de que há crianças que não trabalham bem com outras, seja pelo comportamento, ou por estarem num nível demasiado próximo. Assim, coloco alguém que possui mais capacidades com alguém com mais dificuldades, permitindo que o aluno “bom” desenvolva certas capacidades ao explicar o seu ponto de vista e que o aluno menos capaz adquira conhecimentos.” (Apêndice 24 – Diário de Bordo, 11 de maio de 2016).

No que concerne à última atividade de Matemática, esta encontra-se na última planificação de intervenção (ver Apêndice 19) e é referente ao último dia de estágio, em que houve alguma liberdade para desenvolver atividades mais lúdicas. Neste sentido, a estratégia foi o aperfeiçoamento de contagens e o desenvolvimento do cálculo mental (Figura 30), sendo que os principais objetivos foram a realização contagens de números naturais até 100, adições inferiores a 100 por cálculo mental e subtrações com números naturais até 20 e de números até 100 com contagens regressivas e progressivas. Note-se que a atividade utilizada para desenvolver a estratégia foi o jogo do loto.

Foi necessário explicar, numa primeira instância, em que consistia o jogo do loto. Assim, referi aos alunos que cada um recebia um cartão com o loto que contém números diferentes. Neste sentido, começavam a “sair” operações (soma e subtração), em que os alunos tinham que descobrir o resultado. Quem tivesse o resultado daquela operação, colocava por cima do número um objeto de marcação (neste caso, grão de bico). Então, ganhavam os alunos que completassem primeiro o seu loto.

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Para o sucesso da atividade, foi necessário explicar calmamente todos os passos e verificar que não restavam dúvidas. Ainda assim, dei alguns exemplos com a finalidade de aproximar os alunos à sua realidade. É de acrescentar que distribuí o material somente no final da explicação para que os alunos não se distraíssem e realizei o jogo com calma, dando tempo suficiente para a realização da atividade.

No momento de reflexão, salientei que:

Note-se que nesta última fase de jogo e de fotografias, o grupo demonstrou estar muito feliz e triste em simultâneo. Por um lado, pelo facto de estarem a jogar livremente algo que conheciam e que gostavam muito (associado a conteúdos curriculares) e, por outro, por esta ser a minha despedida. Verificou-se todo o carinho e empatia que sentiam, o que me fez refletir sobre todo o trabalho desenvolvido ao longo deste estágio. (Apêndice 25 – Diário de Bordo, 7 de junho de 2016).