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Para fins de estudo da problemática da representação política, falar em representatividade é falar da legitimidade de um sistema político e de todos os

NA CONDIÇÃO DE ÓRGÃO MEDIADOR DA REPRESENTAÇÃO POLÍTICA

1 Para fins de estudo da problemática da representação política, falar em representatividade é falar da legitimidade de um sistema político e de todos os

seus organismos internos, entendendo que ambos os vocábulos se referem precisamente ao vínculo que se estabelece entre a vontade dos representados e as ações de seus representantes.

prevalecer suas idéias, não se constituiu como um elemento do modelo representativo engendrado por influência do liberalismo.

O surgimento das chamadas Democracias Representativas Partidárias se deve à crise do modelo de

representação anterior altamentente descomprometido com

critérios mínimos de representatividade É, pois, justamente diante desta crise de representatividade, proporcionada pela

representação liberal, que surgem os Partidos Políticos, com a

função de intermediar, aglutinar, incorporar e executar as vontades individuais. Nesse sentido, pode-se afirmar que os

Partidos Políticos nascem para aperfeiçoar o próprio sistema de representação política.

O grande desenvolvimento observado pelas primeiras organizações partidárias de orientação socialista, teve como pano de fundo o fortalecimento da experiência sufragista e as significativas alterações pelas quais passou a “constituição material” do Estado. Estes fatores, considerados em conjunto, podem ser apontados como determinantes para a consolidação dos Partidos Políticos e seu processo de reconhecimento jurídico.2

Assim sendo, na Democracia

Representativa os Partidos Políticos surgem como instituições incumbidas de canalizar a vontade de cada um dos representados, buscando expressá-la de forma unificada e organizada. A vontade deixa de ser unitária, de um sujeito não-real, conforme vislumbrava a concepção liberal, transformando-se em pluralidade 2 BLANCO VALDÉS, Roberto L. Los Partidos Políticos. Op. cit., p. 42.

de vontades, de sujeitos reais. Os representados passam, então, a identificar-se com os princípios e programas partidários e não mais apenas com a personalidade individual e única do representante.

Se no liberalismo clássico a representação

política se daria através de uma unidade de indivíduos que

buscavam defender interesses específicos, sem qualquer intermediação, na Democracia Representativa Partidária, começou a operar uma nova perspectiva, na qual a participação popular e o resgate da individualidade dos cidadãos passam a desempenhar papéis centrais. Entretanto, embora os interesses da doutrina liberal clássica sejam conflitantes, em suas relações e objetivos, com os propósitos da Democracia Representativa Partidária - considerando que cada modelo buscou responder às necessidades políticas engendradas por épocas distintas - verifica-se que ambas

possuem aspectos fortemente coexistentes na

contemporaneidade, principalmente em realidades democráticas ainda relativamente novas e incipientes em termos culturais.

Enquanto para o liberalismo clássico a vontade geral apresentava-se como unidade e mito legitimador do Estado, para a fase seguinte desse modelo de Democracia Representativa, o pressuposto fundamental à legitimação dos órgãos de representação política está na articulação e na interação de interesses dos diferentes matizes sociais através dos Partidos

Políticos.

Dessa forma, nas atuais Democracias Representativas toda e qualquer discussão em torno da

Partidos Políticos, pois estes se apresentam como personagens

indispensáveis para o funcionamento efetivamente democrático dos sistemas políticos. As organizações partidárias surgem como sustentáculos vitais para manter a Democracia, e também para sistematizar e materializar as vontades dos cidadãos. Como instrumento aglutinador de vontades, cada Partido, através do embate político, busca estabelecer como geral a sua concepção particularizada de mundo.3 Por meio da concorrência de vontades, cada Partido Político, individualmente, aspira a estabelecer como geral a vontade particular do grupo que representa. A importância e a necessidade do Partido resultará, portanto, da sua própria capacidade em concretizar uma vontade mais geral do grupo, considerado como um todo.

Sigmund Neumann afirma com muita clareza que o caráter de ser partidário implica na identificação com um determinado grupo, por conseqüência, diferenciando-se de outro(s). Dessa forma, o termo Partido pressupõe a idéia de

“pertencer a uma organização determinada, e de dissentir, diferenciar-se de outras, mediante um programa político

específico”. A partir dessas considerações, deve-se conceber o

Partido Político levando em consideração pelo menos a sua

coexistência com um ambiente democrático, a fim de evitar uma temerária ditadura partidária, e é por isso que, para Neumann, um

3 CHUECA RODRIGUEZ, Ricardo L. La Representación como Posibilidad en el Estado de Partidos. Revista de Derecho Político, Madrid, n. 27-29, 1988. p. 32.

sistema de Partido único revela em si mesmo uma contradição.4 Por tudo isso, apesar de a representação

política ter-se apresentado como instituto correlato ao

desenvolvimento do projeto liberal de Estado, com a gradativa ampliação dos direitos políticos e com a plenitude da Soberania política laica, ela passa a destacar-se como um dos principais instrumentos em condições de estabelecer a ponte entre o cidadão e a esfera pública, entre representados e o Estado representativo. A partir da ligação entre representados e representantes, a vontade política de cada cidadão passa a influenciar diretamente as ações dos órgãos públicos. Em tese, pode-se concluir que quanto mais as ações públicas correspondam à vontade da maioria dos representados, maior o seu índice de representatividade,5

Ainda que nas Sociedades

contemporâneas, o espaço político seja caracterizado por uma complexidade de fenômenos que transcendem a relação Estado/Partido ou Partido/Indivíduo, no processo de construção dos atuais Estados democráticos não se pode falar de

representação política sem destacar a importância e a necessidade

4 NEUMANN, Sigmund. Partidos Políticos Modernos: iniciación al estúdio

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