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ESTUDO SOBRE AS INFLUÊNCIAS E A TOMADA DE DECISÃO NO PERCURSO ESCOLAR DOS JOVENS

Fátima Dias Daniela Ferraz Ana Monteiro Sandra Tavares Universidade do Minho deolinda30@gmail.com danielaafferraz@gmail.com anenias@gmail.com sandra_bj17@hotmail.com

RESUMO: A adolescência é um período em que ocorrem mudanças nos jovens. Estes passam

por processos de transição e transformações significativas, a nível físico e emocional, a que acresce salientar os inúmeros desafios na esfera social, identitária, psicossexual, vocacional, entre outros. De entre estes fatores de desequilíbrio, a presente investigação empírica destaca os desafios inerentes à transição do ensino básico para o ensino secundário, no âmbito da qual os adolescentes são confrontados com a necessidade de tomar decisões na área vocacional, de entre uma variedade de opções possíveis, e com implicações no seu futuro académico e profissional.

No presente trabalho dão-se a conhecer os resultados de um estudo realizado pelas autoras no âmbito do seu estágio do Mestrado em Ensino da Informática, cujo principal objetivo foi analisar e distinguir o percurso vocacional de 120 jovens do ensino regular (n=63) e do ensino profissional (n=57) frequentando quatro escolas dos distritos de Viana do Castelo, Porto e Aveiro. Questões como as razões que levaram estes alunos a fazer determinada opção; quem os influenciou no seu processo de tomada de decisão, e o que pretendem quando terminarem o ensino secundário foram alvo de exploração. Complementarmente à análise e discussão dos resultados realizar-se-á uma breve reflexão sobre o papel do professor no suporte aos desafios vocacionais encerrados por esta etapa do percurso desenvolvimental e académico dos adolescentes.

Introdução

A vida de um ser humano é pautada for inúmeras transformações em diferentes níveis. Urie Brofenbrenner (1999) defende, no seu modelo Bioecológico do desenvolvimento humano, que o "desenvolvimento refere-se à estabilidade e mudança nas características biopsicológicas dos seres humanos durante o ciclo de suas vidas e através das gerações” (Brofenbrenner & Morris, 1998; cit. por Yunes & Juliano, 2010, p.365). Provavelmente a adolescência é a fase em que esse desenvolvimento é mais acentuado.

G. Stanley Hall (1844-1924) foi pioneiro ao encarar a adolescência como “um novo e bastante importante estádio da evolução humana” (Sprinthall & Collins, Psicologia do Adolescente, 2003, p. 13). A Organização Mundial de Saúde (OMS) 1 define-a como a etapa do crescimento e desenvolvimento que ocorre depois da infância e antes da maioridade, dos 10 aos 19 anos. É nesta altura que, mais do que as alterações que se operam ao nível físico, aquelas que ocorrem ao nível do intelecto, situam o adolescente perante a sociedade, levando-o a questionar-se quanto ao seu papel na mesma, qual a sua posição no que se refere a assuntos de ordem ética e religiosa, quais os seus interesses e qual o rumo que deve seguir, entre outras. O jovem passa a “pensar para além do presente”, raciocinar de forma abstrata, especulativa e flexível, percecionando uma situação ou problema segundo diferentes perspetivas, testando hipóteses e planificando soluções (Sprinthall & Collins, Psicologia do Adolescente, 2003). A renovação do seu ser será ditado pelas influências que tiver e pelas escolhas que fizer, o que poderá ser determinante no seu futuro enquanto adulto. A tomada de decisão relativamente ao seu caminho vocacional revela-se, nesta etapa, incontornável e de extrema importância, apesar de difícil e incerta dadas as pressões dos diferentes meios em que se insere para que se prepare e decida por uma formação, uma profissão, ou um emprego (Viamonte, 2012).

O contexto familiar apresenta-se como o primeiro e mais significativo na transmissão de modelos de referência (Malmberg, Ehrman, & Lithén, 2005; Metheny, 2009; Fernandes & Gonçalves, 2012; Dessen & Polonia, 2007; Jersild 1977). Perante a necessidade de realizar escolhas, a família aparece como a primeira instituição a que o jovem recorre no sentido de o ajudar, ao representar fonte de apoio emocional e conselho. Sebal (1986, 1989) citado por Gonçalves (1997) constatou que os adolescentes solicitavam, com frequência, a opinião dos seus pais para a perspetivação do seu projeto vocacional. Na realidade, neste âmbito, mesmo que não existam intenções explícitas, por parte dos pais, o seu nível de escolaridade, estatuto sociocultural e económico ou as suas opiniões manifestas podem representar verdadeiras condicionantes nas opções efetuadas.

O grupo dos pares tem igualmente um papel importante no desenvolvimento vocacional dos adolescentes ao representar, nesta fase, um dos seus principais contextos de interação e de suporte social e emocional. No seu seio, através de conversas, debates e de

comparações sociais, estabelecem-se e avaliam-se objetivos pessoais. De forma natural, desenvolvem, assim, novas formas de pensar e novas ideias sobre o futuro (Nurmi, 2001, 1991 cit. por Costa, 2010; Gottman & Mettetal, 1986, cit. por Kracke, 2002).

A Escola é um meio não menos importante na vida do adolescente e de igual modo decisivo no seu futuro. Inúmeras vezes as suas decisões quanto a uma carreira prendem-se com o seu trajeto escolar. Segundo Grácio (1997), “Em média, quanto mais elevado o aproveitamento, maior a probabilidade de mais investimento escolar, quer se trate de prosseguir ou não estudos, ou de ir ou não para a via de ensino mais vantajosa e/ou de estudos mais longos. Mas aproveitamento e origem social interagem: a influência da origem social nas opções é tanto maior quanto mais baixo for o aproveitamento” (p. 23). Por outro lado, a forma como a comunidade educativa em geral se sente em relação aos alunos e age perante os mesmos, exerce, também, um efeito de extrema importância sobre as expectativas, as aspirações e os objetivos dos jovens (Sprinthall & Collins, 2003). De todas as figuras, os professores são aqueles que assumem um papel fulcral no modo como os jovens encaram a escolha vocacional, sendo, muitas vezes, os principais promotores de motivação e apoio nessa escolha, uma vez se encontram em permanente contacto com os mesmos. (Fernandes, et al. 2011 cit. Freire, 1980)

O processo de decisão surge, portanto e na perspetiva de Fernandes (2004), como um produto social, fruto de vários constrangimentos: representações, vocações e expectativas, por um lado, mas também da pressão familiar, do “seguir os amigos”, da “proximidade de uma escola” ou simplesmente da “fuga a uma disciplina.”

O presente texto pretende ilustrar os resultados do estudo sobre as influências e a tomada de decisão no percurso escolar dos jovens, realizado em quatro escolas do Norte de Portugal, à luz da literatura.

Método Objetivo

Com este estudo propusemo-nos a analisar as influências na tomada de decisão do percurso escolar dos jovens. Neste seguimento, e após revisão do quadro concetual de suporte à questão de partida da presente investigação, definiu-se como objetivo geral

analisar, nas escolas de Arcos de Valdevez, Oliveira de Azeméis, Porto e São João da Madeira, onde nos encontramos em estágio, as principais diferenças entre o ensino regular e o ensino profissional, ao nível do contexto familiar dos alunos, do percurso escolar antes da entrada no secundário, das decisões tomadas no final do 9.º ano e das suas perspetivas do futuro. Consequentemente, definiram-se os seguintes objetivos específicos: (i) analisar as razões que levaram estes alunos a fazer determinada opção; (ii) perceber quem os influenciou no seu processo de tomada de decisão; (iii) compreender o que pretendem quando terminarem o ensino secundário; (iv) analisar/refletir sobre o papel do professor no suporte aos desafios vocacionais.

Amostra

A amostra utilizada neste estudo é constituída por 120 alunos (n=120) pertencentes a quatro escolas dos distritos de Viana do Castelo, Porto e Aveiro.

Figura I – Distribuição geográfica Figura II – Tipo de ensino Figura III – Nível de escolaridade

Dos 120 alunos, 63 frequentam o ensino regular (n=63) e 57 o ensino profissional (n=57). No que concerne ao nível de escolaridade, os alunos inquiridos encontram-se distribuídos pelo 10.º (feminino = 15; masculino = 27), 11.º (feminino = 15; masculino = 21) e 12.º (feminino = 4; masculino = 38) ano.

Instrumento

Como instrumento de recolha de dados foi utilizado o método de inquérito e a técnica de questionário, permitindo inquirir um grande número de alunos, num curto espaço de tempo, pois como refere Nielsen (1993, p.223), “Os questionários são provavelmente o

único método de usabilidade que permite abranger um vasto número de utilizadores e consequentemente possibilita descobrir diferenças e necessidades especificas de diferentes categorias ou grupos.”

Este questionário, elaborado a partir de uma tese de mestrado1 e depois validado pela professora Susana Caiares e por um aluno, com caraterísticas semelhantes aos utilizadores finais, foi elaborado e disponibilizado na plataforma de questionários online

Surveyexpression. Após a aplicação destes questionários, os seus dados foram tratados no Microsoft Excel. Este instrumento foi constituído por 18 questões, subdivididas por 5 dimensões de análise às quais associamos determinados objetivos, conforme é possível verificar pela tabela 1.

Tabela I – Dimensões de análise e respetivo objetivos

Dimensões de Análise Objetivos

Caracterização dos sujeitos Caracterizar os sujeitos quanto à sua idade, género, área de residência e o tipo de

ensino em que se encontram (regular ou profissional)

Contexto Familiar Conhecer o nível de escolaridade e a situação profissional dos pais

Situação antes da entrada no curso

Saber qual a situação do aluno antes de entrar no curso, nomeadamente as suas habilitações, situação profissional e número de reprovações

Motivações para escolha do curso

Perceber o que levou o aluno a escolher o curso: como o conheceu, que influências teve, que razões e o que faria se não o tivesse escolhido

Perspetivas após conclusão do curso

Compreender o que o aluno pretende após terminar o curso

Procedimento

O inquérito foi realizado durante o mês de novembro de 2012. Assim, Os alunos foram informados do objetivo e âmbito da investigação, e foi-lhes disponibilizado o endereço para que preenchessem o questionário online.

1

Gomes, V. M. (2010). Socialização Escolar no Ensino Secundário. Percursos Formativos e Imagens da Escola e da Escolarização. Porto: ISET.

Resultados

Caracterização dos sujeitos

Relativamente à composição etária, verifica-se que no 10.º ano os alunos se encontram na faixa etária a que corresponde o ano de ensino (entre os 15 e os 16 anos). No entanto, no ensino profissional os alunos que se encontram no 11.º e 12.º ano detêm uma média de idades superior à prevista.

É interessante analisar a discrepância de género, embora esta não se verifique no ensino regular (59% Masculino contra 41% Feminino). Esta diferença é realmente significativa no ensino profissional (86% Masculino contra 14% Feminino), o que se pode justificar pelo facto dos rapazes preferirem as áreas cientifico-tecnológicas (Azevedo, 1991).

Contexto Familiar

No que concerne ao nível de escolaridade da mãe, cerca de 70% tem pelo menos o ensino secundário, sendo que 50% frequentou o ensino superior. Já no ensino profissional, 28% possui o 4.º ano, 25% o 6.º ano de escolaridade e apenas 21% frequentou, pelo menos, o ensino secundário.

No que diz respeito à escolaridade do pai, no ensino regular, a maioria (67%) frequentou pelo menos o ensino secundário, enquanto no ensino profissional apenas 8% frequentou, pelo menos, o ensino secundário e 39% possui o 4.º ano de escolaridade.

Pela análise dos dados anteriores pode-se constatar que o nível de escolaridade dos progenitores dos alunos que frequentam o ensino profissional é bastante mais baixo do que dos alunos que frequentam o ensino regular, o que vem ao encontro dos dados que constam no relatório Estudo de avaliação externa dos percursos pós formação dos diplomados de cursos profissionais no contexto da expansão desta oferta no sistema nacional de qualificações (IESE. Coord. Oliveira das Neves. Set. 2010) onde “verifica-se claramente a discrepância do nível de escolaridade das famílias dos alunos que escolhem cursos Científico-Humanísticos (49,7% com ensino secundário ou superior) e dos que escolhem cursos Profissionais (23,5%)”2 (para. 4). 2 http://www.cnedu.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=289%3Acursos-profissionais&catid=42&lang=pt 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Regular Profissional

Nível de Escolaridade da Mãe

Não possui o 4º ano 4º ano

6º ano

9º ano/antigo 5º ano

11º ou 12º ano/antigo 7º ano Ensino superior

Figura V - Nível de escolaridade do pai por tipo de ensino

Situação antes de entrar no curso

Dos 120 alunos, 118 eram estudantes antes de entrarem para o 10.º ano, um era trabalhador-estudante e um estava na modalidade de ensino doméstico.

A grande maioria que se encontra atualmente no ensino regular possuía o 9.º ano e apenas 4 alunos mudaram de curso, já tendo frequentado o ensino secundário. No que diz respeito ao ensino profissional, 2 alunos já frequentavam o ensino secundário, tendo mudado de curso e 10 alunos concluíram o 9.º ano na modalidade de Cursos de Educação e Formação (CEF). De referir que o ensino profissional é normalmente uma opção de seguimento para alunos de CEF, os quais seguiram esta via por se encontrarem em situação de risco de abandono escolar e/ou insucesso repetido e desinteresse manifesto pelas atividades letivas.

Dos alunos inquiridos, 28 % já reprovou, pelo menos uma vez. Analisando o tipo de ensino escolhido, constata-se que os alunos que se encontram no ensino profissional apresentam uma maior taxa de retenção. Este facto vem sustentar a ideia de que os alunos com trajetórias de insucesso são encaminhados para os cursos profissionais, por estes apresentarem uma forte componente prática. Aliás, esta opção de ensino foi alargada/difundida nos últimos tempos como resposta a problemas existentes: “A Reforma do Ensino Secundário (Decreto‐Lei n º 74/2004, de 26 de Março), em 2004, ao consignar o

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Regular Profissional

Nível de Escolaridade do Pai

Não possui o 4º ano 4º ano

6º ano

9º ano/antigo 5º ano

11º ou 12º ano/antigo 7º ano Ensino superior

alargamento dos Cursos Profissionais às Escolas Secundárias públicas, criou o enquadramento para a implementação de medidas concretas de resposta aos inaceitáveis níveis de insucesso e abandono escolar.” (IESE, Estudo de avaliação externa dos percursos pós formação dos diplomados de cursos profissionais no contexto da expansão desta oferta no sistema nacional de qualificações, 2011, p. 5)

Figura VI- Percentagem de alunos que reprovaram pelo menos uma vez

Motivações para escolha do curso

Grande parte dos alunos (77%) refere que não houve uma influência externa na sua tomada de decisão. Dos alunos que referiram ter havido alguma influência, 43% apontam os pais com maior peso na tomada de decisão, seguida dos colegas/amigos (38%) e por fim os professores (19%). Analisando os mesmos dados por tipo de ensino, constata-se que no ensino regular a maior influência identificada é a dos pais, enquanto nos alunos do ensino profissional são os colegas/amigos.

Figura VII, VIII, IX - Influências na escolha do curso

Os fatores apontados pelos alunos do ensino regular que tiveram “Muita influência” na escolha do curso, na transição do 9º para o 10º ano, foram o facto de pretenderem ir para a “Universidade” (79%), seguido de ter uma “Profissão na área” (71%) e “Mais perspetivas de emprego” (60%). Os alunos do ensino profissional atribuem a maior importância ao facto de pretenderem ter uma “Profissão na área” (56%), a maior facilidade em arranjar “Emprego” (49%) e as “Disciplinas serem mais práticas”(40%). Aqui se verifica que o grande objetivo dos alunos do ensino regular é prosseguir os estudos enquanto os alunos do ensino profissional pretendem arranjar um emprego. Relativamente aos fatores que não tiveram influência na tomada de decisão, os alunos indicam primeiro “não haver mais opções”(94% dos alunos do ensino regular e 65% do profissional), o que significa que, nas escolas inquiridas, os cursos existentes vão ao encontro das expetativas académicas dos alunos. De seguida escolheram “permitir ficar com os amigos” (67% dos alunos do ensino regular e 49% do profissional), e por fim, os alunos do ensino regular apontam “as disciplinas práticas” (37%), o que revela que os alunos têm consciência da componente mais teórica deste tipo de ensino, e os alunos do ensino profissional apontam a ida para a “universidade” (40%), que, como já concluído anteriormente, não é, de todo, a intenção destes alunos.

Figura X - Fatores de maior e menor influência na tomada de decisão

Perspetivas após conclusão do curso

Quando questionados sobre o que pretendem fazer depois do 12.º ano, é notória a divergência de objetivos, correspondente ao tipo de ensino em que se encontram. Assim, 60% dos alunos do ensino profissional pretende arranjar um emprego e 57% dos alunos do ensino regular afirma querer tirar um curso superior. É importante referir que os restantes alunos do ensino regular pretendem tirar um curso superior e arranjar emprego, 18% dos alunos do ensino profissional deseja ir para a universidade e 20% deseja arranjar um emprego e 38% ir para a universidade. Estes valores corroboram não só os resultados do relatório do IESE (2010) onde se pode ler que “há dois grandes motores de motivação dos jovens que optam por um Curso Profissional: obter o 12.º ano e começar a trabalhar após o Curso” (IESE, 2010, pp. 90-91), como também o que consta no decreto-Lei n.º 74/2004, que determina que os cursos científico-humanísticos são “vocacionados para o prosseguimento de estudos de nível superior” (p. 1932).

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Amigos Universidade Incentivos Disciplinas Práticas Não haver mais opções Profissão área Disciplinas que mais gosto Mais emprego Amigos Universidade Incentivos Disciplinas Práticas Não haver mais opções Profissão área Disciplinas que mais gosto Mais emprego N en h u m a In flu ê n cia Mu ita In flu ên ci a Profissional Regular

Figura XI – O que pretendem após concluir o secundário

Os motivos mais apontados como “Muito e medianamente Importantes” pelos alunos que pretendem prosseguir estudos sofre uma ligeira variante entre os dois tipos de ensino. Para os 98% de alunos do ensino regular que pretende ir para a Universidade, prevalece o facto de “considerarem importante tirar um curso superior” (95%), seguido de quererem ter uma profissão bem remunerada (94%). Já os 18% de alunos do ensino profissional que pretendem ir para a Universidade, invertem a prioridade, uma vez que, consideram mais importante uma profissão bem remunerada (95%) do que um curso superior (68%). De referir que nas duas outras opções volta-se a inverter a tendência, pelo que a opção “Sempre ter sido um sonho” foi mais escolhida pelos alunos do ensino regular (74%) enquanto 53% dos alunos do ensino profissional admite que uma das razões se prende com o que os pais ambicionam para si.

Figura XII - Motivações para pretenderem ir para a Universidade, por tipo de ensino

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Arranjar emprego Fazer um curso superior Arranjar um emprego e fazer um curso superior

Fazer outro curso de formação

Profissional Regular

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%100% Profissão bem remunerada

Sempre ter sido o teu sonho Os teus pais quererem muito Considerares importante tirar um curso superior

Figura XIII - Motivações para pretenderem ir para a Universidade, por tipo de ensino

No que respeita a arranjar um emprego, os alunos de ambos os tipos de ensino encontram-se em consonância na razão que consideram mais importantes para arranjar um emprego: “Querer ser independente”. Dos restantes, 43% dos alunos do ensino profissional que pretendem trabalhar, apontam o “Não gostar de estudar” como segunda razão, “Não terem notas para prosseguir estudos” (13%) como terceira e “Os pais precisam de ajuda” (13%) como quarta. Dos 26 alunos do ensino regular que pretendem trabalhar, 43% aponta o “não gostar de estudar” como o fator mais importante, seguida de “Os pais precisam de ajuda” (7%) e “Não terem notas para prosseguir estudos” (7%). Daqui se pode questionar se os 41% de alunos do ensino regular que dizem querer tirar um curso e ter um emprego, o pretendem pelo facto dos seus pais não terem condições financeiras para suportar as despesas de educação.

Figura XIV– Motivações para pretenderem ingressar no mercado de trabalho, por tipo de ensino

0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%

Profissão bem remunerada Sempre ter sido o teu sonho Os teus pais quererem muito Considerares importante tirar um curso superior

Profissional (n=22)

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%100% Não gostar de estudar

Não poder por razões económicas Não ter notas para prosseguir Os pais precisam de ajuda Querer ser independente Achar que um curso superior não compensa

Mu ito Im p o rta n te Regular (n=27)

Figura XV – Motivações para pretenderem ingressar no mercado de trabalho, por tipo de ensino

Discussão e Conclusões

Dos resultados anteriormente apresentados é claramente visível que existem uma série de fatores que condicionam a tomada de decisão dos jovens. Começando pelo background familiar do adolescente, este “afeta o seu desenvolvimento vocacional porque ele é responsável pela espécie de pessoa que o indivíduo em causa é, e também pelo efeito que o meio socioeconómico familiar tem sobre as atitudes, os valores e as oportunidades do adolescente” (Jersild 1977, p. 475). Neste estudo, pôde verificar-se que “o estatuto sociocultural e económico representado, sobretudo, pelos níveis de educação e profissional do pai, mas também, em menor grau, da mãe, é determinante na construção e planeamento dos projectos vocacionais dos filhos, apresentando-se como um indicador do sucesso profissional destes”. (Gonçalves, 1997, p. 95) sendo notório que as famílias com mais habilitações e, consequentemente, com um nível cultural e socioeconómico mais favorável, têm uma influência significativa nos seus educandos, levando-os a valorizar uma escolha a longo prazo, a terem aspirações mais ambiciosas de trabalho, criando uma maior motivação para o estudo e consequentemente incentivando-os a prosseguir no ensino regular que lhes