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Estudos que tratam da avaliação e monitoramento na implementação do PBF

Fator II Fator de adesão ao Sistema Único de Assistência Social (SUAS) Expressa se o estado

3.5 A IMPLEMENTAÇÃO DO PBF À LUZ DA REVISÃO DA LITERATURA

3.5.3 Estudos que tratam da avaliação e monitoramento na implementação do PBF

O monitoramento e avaliação da implementação do PBF ocorre principalmente por meio do IGD nas versões IGD-M e IGD-E. O IGD-M, por ter mais tempo em vigor, é explorado pela literatura como indicador da eficácia da implementação do Programa nos municípios sendo composto por meio de uma fórmula que privilegia ações básicas do Programa. É por meio desse indicador que é repassado o recurso de apoio à gestão do Programa. Dessa maneira verifica-se que apesar de pouco explorado pela literatura, o IGD apresenta-se como um indicador passível de inferências diversas a respeito do PBF, podendo contribuir para a avaliação da eficácia do Programa de modo geral, mas também de modo específico uma vez que os subcomponentes do IGD são taxas relativas a processos básicos do Programa possíveis de isolamento. Os estudos que aprofundam a discussão sobre a avaliação e o monitoramento do PBF são descritos no Quadro 23.

Quadro 23. Estudos de caso sobre a implementação do Programa Bolsa Família que abordaram a avaliação e monitoramento.

AUTOR LOCALI

DADE OBJETIVO GERAL DO TRABALHO

FOCO DO ESTUDO GERENCIAL Av ali aç ão e m o n it o ra m en to Monteiro, Ferreira e Texeira (2009) Minas Gerais

Analisar a qualidade e os fatores que determinam a gestão do Programa Bolsa Família em Minas Gerais

Desempenho dos índices de avaliação Pedroso, Du Pin Calmon e Bandeira (2009) Capitais brasileiras

Avaliar a eficiência relativa das capitais na gestão descentralizada do Programa Bolsa-Família por meio

da aplicação da Análise

Envoltória de Dados (Data Envelopment Analysis).

Avaliação e monitoramento do programa Monteiro (2008) Minas Gerais

Alocação de recursos e eficiência na gestão do Programa Bolsa Família

Relação de recursos financeiros com o desempenho na gestão do programa Estrella e Ribeiro (2008) Nacional

Observar o impacto das transferências do Bolsa Família sobre a variação do IGD, controlando as

condições socioeconômicas e políticas dos municípios atendidos

Fatores interferentes na gestão do programa que promovam alteração no

IGD

Pizzolato

(2014) Nacional

Realizar avaliação do desempenho dos governos municipais em gerenciar suas novas atribuições e, para tanto, serão usadas informações de indicadores de gestão dos mesmos, referente ao Programa Bolsa

Família, tendo como base o ano de 2010

Avaliação e monitoramento do programa Monteiro, Silva e Ribeiro (2014)

Bahia Avaliar o desempenho da gestão do Programa Bolsa família (PBF) na Bahia.

Avaliação e monitoramento do

programa

As análises dos estudos se concentram no comportamento dos indicadores do Fator de Operação (principal componente do IGD) perante variáveis do Programa como numero de beneficiários, montante de recursos distribuídos e a maior parte sinalizando uma gestão mais complexa (indicada por menores índices de desempenho do programa) em localidades com maior demanda.

I) Determinantes no desempenho IGD

 Municípios menores possuem melhor desempenho no IGD-M, fato que necessita de melhor análise PIZZOLATO (2014);

 Os municípios com piores condições socioeconômicas apresentaram melhores resultados para o IGD-M, pois apesar de piores condições econômicas, estes municípios tem a menor demanda de famílias beneficiárias (ESTRELLA E RIBEIRO (2008);

 Existe relação negativa entre o aumento da população e das famílias beneficiadas e o IGD-M, concluindo que municípios maiores apresentam menores escores de IGD dado que possuem a menor relação de demanda e assistência (assistência relativa) (MONTEIRO, FERREIRA E TEIXEIRA, 2009);

 A melhor qualidade na prestação da informação ocorre justamente para os municípios com indicadores sociais mais frágeis, sendo esses os mais dependentes dos recursos do PBF porém com menor demanda relativa. (ESTRELLA E RIBEIRO, 2008)

Os menores municípios não são dependentes de uma rede estruturada de assistência porque a demanda é pequena levando-os a melhores indicadores de gestão. Mesmo tendo as piores condições de renda possuem uma rede de assistência que (mesmo que pequena em termos absolutos) consegue implementar os acompanhamentos básicos com as famílias. O raciocínio é que os grandes municípios, de maior renda, apesar de uma rede maior (em termos absolutos, não relativo, ou seja mais famílias por equipamentos de assistência) não garantem um bom monitoramento porque a demanda das famílias é muito alta.

No caso do PBF a localidade que tiver um melhor desempenho do IGD será reconhecida com maior cobertura do teto do beneficio, portanto estes índices tendem a se manter pela rotina que se estabelecerá dos usuários aos serviços. A transferência reflete um incentivo para tornar a unidade cada vez mais capaz de responder às demandas, por outro lado. As localidades que não conseguirem o melhor desempenho estabelecerão um círculo vicioso, ou seja, receberão menos recursos e não haverá incentivos para melhoras destas localidades. Os municípios com baixo desempenho podem manter sempre seus indicadores ruins pelo simples fato da inexistência de alternativas.

A dificuldade de realizar uma avaliação única para o PBF deriva das disparidades dos locais onde é implementado. Considera-se o federalismo de grande poder explicativo para o funcionamento do Programa, pois a interação estabelecida entre o governo nacional e os subnacionais interfere no grau de autonomia e recursos, ou seja, variáveis com implicações diretas ao Programa. Arretche (1999) indica que os atributos institucionais determinados pelo federalismo implicam em condições que precedem a existência do Programa. Portanto, essas condições podem limitá-lo ou potencializá-lo a depender de como foram consideradas na formulação e implementação do Programa.

Ao analisar os estudos que tratam da implementação do PBF foram verificadas as seguintes lacunas as quais esse trabalho pretende preencher:

 Não foi encontrado nenhum trabalho onde o foco tenha sido a gestão estadual do Programa, portanto o Conselho Intergestor do PBF ainda não foi abordado;

 Sobre a coordenação intergovernamental do programa, apesar de abordada por alguns ensaios teóricos (AFONSO, 2006; LICIO, 2005; MESQUITA, 2006; CAVALCANTE, 2009; LÍCIO, MESQUITA E CURRANELO, 2011), contemplam-se exclusivamente a relação federação-municípios;

 O único estudo empírico sobre coordenação intergovernamental (BICHIR, 2011) se concentra também na relação federação-municípios;

 Poucos estudos discorrem sobre as capacidades estatais dos governos subnacionais como condicionantes da implementação. Bichir (2011) trata da capacidade institucional das capitais (São Paulo e Salvador) e Coutinho (2014)

dá ênfase a relação entre a implementação do PBF e o SUAS. Nenhum trabalho trata da gestão estadual sobre este enfoque,

 Apesar de ser a região numericamente de maior relevância para o Programa, poucos trabalhos se situam na região Nordeste.

Apesar de bastante investigado o Programa ainda apresenta elementos a serem estudados para melhor compreensão de suas ações.