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Estudos que tratam da eficácia na implementação do PBF pelo municípios

Fator II Fator de adesão ao Sistema Único de Assistência Social (SUAS) Expressa se o estado

3.5 A IMPLEMENTAÇÃO DO PBF À LUZ DA REVISÃO DA LITERATURA

3.5.2 Estudos que tratam da eficácia na implementação do PBF pelo municípios

Uma outra parte dos trabalhos objetivou verificar em que medida o PBF estava sendo implementado pela esfera municipal atendendo os objetivos propostos. Ressalta- se que os trabalhos se concentram em estudos de caso. Entre os principais resultados pode-se destacar os estudos descritos no Quadro 22.

Quadro 22. Estudos de caso sobre a implementação do Programa Bolsa Família que abordaram a eficácia na implementação do PBF pelos municípios

Fonte: Elaboração do autor (2015) a partir dos estudos citados no quadro.

I) Centralização no governo federal das decisões do Programa com implicações para a gestão municipal

Um dos pontos fundamentais abordados pelos estudos é como a relação entre o governo central e os subnacionais implicam nas atividades relacionadas ao Programa. As decorrências da divisão de tarefas onde o governo federal formula e legisla sobre o Programa e os governos locais implementam leva a uma série de repercussões para as atividades realizadas. Os principais resultados sobre este aspecto são enumerados pelos estudos da seguinte forma:

 Existe uma centralização das decisões na esfera federal. Decisões cruciais, como a decisão de incluir e excluir os beneficiários, por exemplo, cabe ao governo federal e não passa pelos municípios apesar da descentralização da implementação (MONERAT, 2009);

 Criação de parâmetros nacionais por meio de normatizações federais sem considerar a realidade local, especialmente o Cadastro Único de Programas Sociais e os mecanismos de repasses de recursos federais para os municípios

AUTOR LOCALID ADE

OBJETIVO GERAL DO TRABALHO FOCO DO ESTUDO GERENCIAL Efi cá cia na imp lem en taç ão do P BF p elo m u n icí p io s Anesi (2010) Frederico Westphalen e Pelotas (RS)

Discutir as características da gestão pública do Programa Bolsa Família, bem como suas

repercussões sociais nos municípios de Frederico Westphalen e Pelotas, RS.

Fiscalização e condução de planejamento intersetorial. Dias (2008) Bacabal (MA)

Avaliar o processo de implementação do Programa Bolsa Família, no município de Bacabal no Estado do Maranhão privilegiando a

análise das condicionalidades estabelecidas pelo programa no enfrentamento à pobreza.

Capacidades das redes de serviços de educação, saúde e assistência

de comportar a atividade do programa e iniciativas intersetoriais Ferreira (2009) Manguinhos , (RJ)

analisa o processo de implementação do Programa Bolsa Família na região de

Manguinhos, no que se refere ao acompanhamento das ações de saúde um contexto local marcado por precária infra- estrutura urbana e dificuldades no acesso aos

equipamentos públicos.

Infraestrutura da serviços relativo as condicionalidades de

implementa-las

Pertesen

(2007) Ijuí (RS)

Analisar prática municipal em prol da adesão ao programa

Implementação de ações básicas do programa Bichir (2011) São Paulo (SP) Salvador (BA)

Identificar os desafios enfrentados pelo poder central para garantir a implementação homogênea de um programa nacional de transferência condicionada de renda a ser

gerido pelosmunicípios.

Capacidades institucionais dos governos municipais

representados pelo Índice de Gestão Descentralizada (IGD) restringindo o espaço para grandes alterações no momento da implementação desse Programa federal de transferência de renda no nível local (BICHIR, 2011);

 Subliminarmente, constituem um entrave para a implementação do Programa as divergências político-partidárias existentes entre os diferentes níveis de governo (PERTESEN, 2007).

Observa-se nos resultados evidenciados uma centralização das decisões no governo federal levando uma uniformização dos mecanismos de monitoramento e controle pouco aplicável aos contrastes existentes entre os municípios brasileiros, o que leva a uma penalização daqueles com estrutura administrativa mais frágil. Aparece ainda como agravante para assimetria de tomada de decisão a divergência partidária, acentuada pela fragmentação de partidos brasileiros, que resulta em governos de coalizão partidária com dificuldades de consenso quanto às suas posturas estratégicas.

Estes pontos devem ser considerados na apreciação e na repercussão das atividades do Programa. O contexto federativo brasileiro é complexo, porém, é perceptível a necessidade de se considerar as distintas realidades, principalmente onde o Programa possui maior relevância, ou seja, nas regiões mais pobres do país, onde a estrutura de assistência é também a mais precária e onde existe maior número de famílias beneficiárias da ação.

II) Capacidade dos governos municipais de implementar diretrizes federais

Por mais elaboradas que sejam as diretrizes do Programa, elas podem ser apenas simples normas em municípios que não conseguem executar o Programa dada a capacidade administrativa local. Alguns resultados evidenciam esse condicionante na gestão do PBF:

 Implementação afetada por diferentes capacidades institucionais disponíveis no plano local e interesse político, não apenas pelo desenho institucional (BICHIR, 2011);

 As características de cada região afetam significativamente o Programa, em especial os reflexos da gestão municipal, havendo evidências nas condicionalidades da saúde e educação (ANESI, 2010);

 A velocidade exigida pelos formuladores para implementar o Programa trouxe dificuldades para que os diferentes níveis de governo amadurecessem conhecimento necessário acerca da concepção e desenho operacional do Programa, bem como reunissem as capacidades institucionais necessárias à sua execução (MONERAT, 2009);

A falta de estrutura dos sistemas que o PBF é acoplado resulta em déficits de implementação, pois existem desafios próprios do SUS quanto às dificuldades de estruturação da SMAS e do próprio SUAS no município (MONERAT, 2009);

 Em municípios menores, com poucos recursos, deficiência material, equipes deficientes em capacitação, seu papel se restringe apenas e a muito custo, em cumprir com um papel meramente de fiscalização.(ANESI, 2010);

 Ocorre a utilização da estrutura já existente para o acompanhamento das condicionalidades; não havendo mudanças na estrutura de atendimento das famílias beneficiárias pelas instâncias que já atuam, essas fazem um acompanhamento burocrático das condicionalidades (DIAS, 2008);

 A falta de recursos financeiros por parte dos municípios, somadas à precariedade das condições para fiscalização (falta de recursos materiais), implicam na precária oferta das condicionalidades (PERTESEN, 2007).

Existem diferenças entre as capacidades institucionais disponíveis para implementar o PBF em cada localidade e essas por sua vez são determinadas em parte pelas características da região o que leva a disparidades do modo como se é implementado o Programa. Outro fator que leva determinadas localidades terem menos êxito na implementação do Programa se dá pela velocidade que o Programa foi implementado e expandido pois sua estruturação ocorre na já deficitária rede de serviços básico (educação, saúde e assistência social), e não aconteceram significativos investimentos para este aumento de demanda.