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I - Coleta de informações, pelo município e/ou pelo estado, no que couber, e registro periódico nos sistemas disponibilizados pelos Ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS, da Educação - MEC e da Saúde – MS

II - Aplicação dos efeitos previstos na legislação e na presente Portaria, decorrentes do descumprimento de condicionalidades;

III - Sistematização de informações sobre famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família - PBF em situação de descumprimento de condicionalidades para subsidiar o acompanhamento por outras políticas públicas, de forma a reduzir as vulnerabilidades de tais famílias.

Fonte: Elaborado a partir da Portaria 321 de 29 de setembro de 2008 do MDS.

Dias (2008) indica que os municípios ao se inserirem no Programa passaram a utilizar a estrutura já existente para acompanhamento das condicionalidades. Se a perspectiva era o aumento da inserção de famílias nos serviços é pouco coerente que a estrutura não tenha recebido uma ampliação ou investimento específico para tal. A capacidade organizativa dos municipios passa portanto ser uma variável fundamental na inserção das famílias beneficiárias nos serviços de educação e saúde.

O cumprimento das condicionalidades possui como limitante a baixa escolaridade somada à comunicação pulverizada e pouco consistente dos agentes implementadores (assistência, saúde e educação). Além disso, os beneficiários não conseguem dissociar as comunicações e concebem o cumprimento de condicionalidades como cadastro ou recadastramento, sendo possível a inferência que a condicionalidade é uma obrigação para inserção no Programa, não um meio de inserir-se nos serviços.

Monnerat et al. (2007) ainda acrescentam que a controvérsia aparece, por um lado, no entendimento de que as condicionalidades pressionam a demanda sobre as asssitências fundamentais em educação e saúde, o que, de certa forma, pode representar uma oportunidade interessante para ampliar o acesso de uma parcela vunerável socialmente da população a diretios sociais básicos, por outro lado, tem se evidências da capacidade pouco efetiva de que os sistemas onde o programa ocorre (SUS, SUAS e Sistema Educacional) tenham de receber esta demanda antes surpimida, esta realidade se aplica tanto a condicionalidade da saúde como da educação.

3.3 AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL DO PBF: ÍNDICE DE GESTÃO DESCENTRALIZADA (IGD)

Uma política pública de grande alcance (13,8 milhões de famílias em todo território nacional29) necessita de mecanismos de avaliação30 descentralizados e que sejam efetivos para mensurar o alcance dos objetivos esperados do programa. Nesta seção, a discussão será sobre a avaliação interna do PBF que é realizada por meio do Índice de Gestão Descentralizada em suas variações municipal (IGD-M) e estadual (IGD-E).

A atual forma de avaliação e monitoramento do PBF se dá pelo Índice de Gestão Descentralizada (IGD), instituído pela Portaria GM/MDS n. 148/2006, que permite a mensuração da qualidade da gestão municipal por meio do respectivo desempenho no cadastramento e acompanhamento das condicionalidades. Em outras palavras o IGD serve tanto para medir a implementação das ações básicas do Programa, como para incentivá-los a obter cada vez mais recursos financeiros para apoio à gestão.

A transferência dos recursos aos municípios é feita desde que sejam alcançados os padrões mínimos de gestão desse indicador, caracterizando-se como uma avaliação de processo ou eficácia que intenciona avaliar de forma integrada a eficácia do arranjo de ações realizadas pelo Programa em Estados e Municípios. O IGD (nas suas variações de IGD-M para Municípios e IGD -E para Estados) visa o estimulo à bons procedimentos no programa, pois se trata de um indicador de desempenho transparente dos procedimentos fundamentais do programa (Cadastro, Atualização de Cadastro e as Condicionalidades da Educação e da Saúde). Variando entre 0 e 1, resulta em um recurso que é proporcional ao número de famílias participantes do programa naquela localidade (MINISTÉRIO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME, 2012).

A seguir serão detalhados como são obtidos os indicadores IGD-M e IGD-E.

29 Dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (2013)

30Segundo Costa e Castanhar (2003) a avaliação sistemática de políticas públicas deve ser um mecanismo

contínuo pois se trata de um instrumento fundamental para alcançar melhores resultados e proporcionar uma melhor utilização e controle dos recursos aplicados, contribuindo para um processo de tomada de decisão melhor fundamentado e resultando em uma gestão pública mais eficaz.

3.3.1 Índice de Gestão Descentralizada Municipal (IGD-M)

O IGD-M atualmente é calculado por meio de uma fórmula que envolve quatro fatores. Além do fator de operação (Fator I), para o qual serão feitas maiores considerações adiante, existem outros três fatores (II, III, IV) que funcionam como condicionadores do repasse de recursos. Estes são:

 Fator II de Adesão ao Sistema Único de Assistência Social (SUAS)

 Fator III de Informação da apresentação da comprovação de gastos dos recursos do IGD

 Fator IV de informação da aprovação total da comprovação de gastos dos recursos do IGD pelo Conselho Municipal de Assistência Social

Esses outros três fatores representam 0 ou 1 na fórmula abaixo e indicam se o município aderiu ao SUAS, fez comprovação do gasto do recurso do IGD e se a informação aprovação foi realizada.

IGD-M = Fator 1 x Fator 2 x Fator 3 x Fator 4

Valor a ser transferido = (IGD-M x R$3,50 x por cadastro válido atualizado31) + incentivos

O principal componente do IGD é o Fator de Operação (ou Fator 1).Trata-se da representação unificada de variáveis-síntese dos processos restritos à gestão municipal do programa, sendo este formado por quatro subindicadores que explicitam funções básicas do programa: Cobertura do cadastro único, Atualização do cadastro único,

Condicionalidade da Educação e Condicionalidade da Saúde (MINISTÉRIO DE

DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME, 2012). Até 2009, antes do acréscimo dos outros fatores, o Fator de Operação era denominado como o próprio IGD.

31 Considera-se Cadastro válido atualizado aquele que atende integralmente os seguintes requisitos: a) ter

todos os campos obrigatórios do Formulário Principal de Cadastramento preenchidos integralmente para todos os componentes da família; e b) apresentar, no que se refere ao Responsável pela Unidade Familiar - RF, o registro do Cadastro de Pessoa Física - CPF e/ou título eleitoral, com exceção de famílias indígenas e quilombolas, cujo RF poderá apresentar qualquer outro documento de identidade previsto no Formulário de Cadastramento (MINISTÉRIO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME, 2012).

A cobertura do cadastro único trata do número de inscritos no cadastro do Programa que possuem perfil de renda per capita em situação de pobreza e pobreza extrema no município considerando os dados do censo mais atual do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O percentual de alcance desse cadastro do total das famílias nessa condição nos municípios representa um dos subindicadores do IGD total. No índice esse processo é representado pela Taxa de Cobertura Qualificada de Cadastros (TCQC) calculada conforme abaixo:

A atualização de cadastro é um procedimento que verifica se os beneficiários ainda se encontram na condição de vunerabilidade de renda que os possibilitou entrar no programa. Os agentes municipais, segundo a legislação do programa, a cada dois anos devem visitar as famílias. O cruzamento de bancos de dados também são usados como mencionando anteriomente. No Fator de Operação esse processo é representado pela Taxa de Atualização Cadastral (TAC) calculada pela divisão:

O cumprimento dos objetivos das condicionalidades e a gestão de cadastros são o principal foco de avaliação do PBF. As condicionalidades da educação objetivam que todas as crianças e adolescentes entre 6 e 15 anos devem estar devidamente matriculadas e com frequência escolar mensal mínima de 85% da carga horária. Já os estudantes entre 16 e 17 anos devem ter frequência de, no mínimo, 75%. A Taxa de Acompanhamento da Frequência Escolar (TAFE) compõe o Fator I e é calculada por meio da seguinte divisão:

As condicionalidades da saúde têm por objetivo acompanhar as famílias, semestralmente, nos estabelecimentos de saúde, quanto à imunização das crianças, acompanhamento pré-natal das gestantes, assim como deve ser realizada antropometria (mensuração de peso e altura/comprimento) para monitoramento do estado nutricional destes indivíduos, verificando em que dimensão a insegurança alimentar grave está sendo combatida. No Fator de Operação, esse acompanhamento é representado pela Taxa de Acompanhamento da Agenda de Saúde (TAAS) calculada por meio:

Compondo 50% do Fator de Operação do IGD, o cumprimento das condicionalidades é visto como ponto determinante na implementação do programa. Apesar da composição não há nessas subtaxas do Fator de Operação nenhum aspecto de qualidade desses serviços.. A composição do IGD não escapa do debate em torno das contrapartidas. O Quadro 16 resume os principais componentes da formula do IGD-M.

O IGD-M pode não ser repassado aos municípios com fraco desempenho nas taxa do Fator de Operação ou descumprimento de itens obrigatórios. Como condição básica para recebimento do recurso faz-se necessário atingir os valores mínimos de 0,20 para cada uma das taxas do Fator de Operação (Fator 1) e 0,55 no Fator de Operação, ou seja, após o cálculo a média aritmética das taxas deve atingir valor ≥ 0,55. Além disso, o município estará apto a receber o recurso quando:

✓ Aderir formalmente ao PBF, de acordo com a Portaria GM/MDS nº 246/2005; ✓ aderir ao SUAS (Fator II = 1);

✓ estiver em dia com o lançamento da comprovação de gastos no SuasWeb (Fator III =1);

✓ a aprovação total da comprovação de gastos estiver em dia pelo CMAS (Fator IV = 1).

Quadro 16: Principais componentes da formula do IGD-M.