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Etapa 5 Construção do modelo conceitual de agilidade para gerenciamento de projetos

gerenciamento de projetos

4. MÉTODO DE PESQUISA

4.3 Etapas da pesquisa

4.3.5 Etapa 5 Construção do modelo conceitual de agilidade para gerenciamento de projetos

O objetivo desta etapa foi consolidar os elementos necessários para a construção do modelo conceitual de agilidade em gerenciamento de projetos. A construção do modelo foi o resultado da aplicação de diversas técnicas de pesquisa, dentre elas: revisão bibliográfica sistemática (CONFORTO; AMARAL; SILVA, 2011), estudos multicasos (YIN, 2001;

VOSS; TSIKRIKTSIS; FROHLICH, 2002), e análise semântica com a Semântica de Frames (FILLMORE, 1977; 1982; 1985; PETRUCK, 1995;1996; FILLMORE, 2003; FILLMORE; BAKER, 2010).

A Figura 10 ilustra as principais atividades que constituem esta etapa do trabalho. Os códigos de cada atividade e entregas, ou resultados, conforme itens (E.5 – R.1), e (E.5 – R.2), serão referenciados no decorrer da explicação para melhor ilustrar o processo de construção do modelo conceitual de agilidade para gerenciamento de projetos.

Figura 10. Detalhamento das atividades da etapa E.5 do método de pesquisa. Fonte: elaborado pelo autor.

A construção do modelo ocorreu de forma iterativa. Primeiro foi criado um esboço que continha basicamente os construtos, ou seja, um indicativo das possíveis dimensões que integrariam o modelo. Em seguida, criou-se uma segunda versão que foi verificada em campo, por meio de um levantamento exploratório (CONFORTO et al., 2012), cujo resultado contribuiu para a definição dos conjuntos de variáveis que foram identificadas a

partir de revisões sistemáticas e estudos multicaso. Por fim, chegou-se na versão final do modelo conceitual, conforme síntese apresentada na seção 5.3.

O modelo conceitual de agilidade é composto por 5 dimensões, são elas: características da agilidade (dimensão D1), fatores críticos da agilidade (dimensão D2), desempenho em agilidade (D3), desempenho do projeto (dimensão D4), e fatores críticos e contingenciais (dimensão D5). As três primeiras dimensões (D1, D2 e D3) que representavam maior contribuição para a teoria, foram detalhadas. Nas subseções seguintes apresenta-se o procedimento adotado para a construção das dimensões D1, D2 e D3 e no final apresenta-se a figura que ilustra o modelo e os principais construtos.

Dimensão D1 – Características da Agilidade (CA)

Esta dimensão foi desenvolvida por meio de revisão bibliográfica sistemática (CONFORTO; AMARAL; SILVA, 2011), estudos de caso (YIN, 2001; VOSS; TSIKRIKTSIS; FROHLICH, 2002) e análise de textos e artigos extraídos da literatura.

A proposta é que este construto, chamado “características da agilidade”, possa ser útil para descrever o uso das práticas de gerenciamento ágil de projetos, isso é, indicar o uso de tal abordagem nas organizações de forma objetiva e sem o viés das propostas encontradas na literatura.

Iniciou-se com uma revisão para a obtenção de listas de práticas, técnicas e ferramentas; e, em seguida, a síntese e a comparação das práticas dessas listas em dois estudos de caso, de empresas com excelência na aplicação do gerenciamento ágil e do gerenciamento tradicional. Os resultados foram compilados e as listas resultantes filtradas e organizadas pelos pesquisadores, por meio de análises teóricas, conforme item (E.5 – R.1), Figura 10. Este esforço foi realizado por meio da equipe de pesquisa do Grupo de Engenharia Integrada sob a supervisão e parceria do pesquisador autor e resultou em uma série de trabalhos (EDER et al., 2011; SCHNETZLER, 2011; EDER et al., 2012; EDER, 2012).

O estudo da literatura teve início com a análise de 8.159 artigos, extraídos de 51 periódicos. Desse total, um conjunto reduzido de 59 artigos foi considerado para a identificação e análise das práticas, técnicas e ferramentas de gestão do escopo e tempo. A lista inicial de práticas continha 120 ações53, 161 técnicas e 102 ferramentas. Ao final da aplicação dos critérios para refinamento desta lista, por meio de filtros de análise, obteve-se: 23 ações, 54 técnicas e 21 ferramentas (SCHNETZLER, 2011; EDER, 2012).

Em seguida, realizaram-se estudos de caso. O estudo de campo considerou o projeto como unidade de análise. Foram analisados 8 projetos de duas empresas de grande porte de setores distintos: uma da área de máquinas e equipamentos que adotava gerenciamento tradicional, e uma da área de desenvolvimento de software que adotava gerenciamento ágil de projetos. O estudo dos projetos em profundidade contribuiu para a verificação das listas (práticas, técnicas e ferramentas) em campo e a identificação de seis diferenças principais que teriam potencial para caracterizar o uso da abordagem de gerenciamento ágil de projetos, conforme publicado em Eder (2012) e Almeida (2012).

O conjunto de práticas, técnicas e ferramentas e as principais diferenças da abordagem do GAP foram utilizadas na proposição do construto “características da agilidade”, conforme atividade (E.5.1), Figura 10, cujo resultado está descrito no modelo conceitual de agilidade (seção 5.2.1). No final, a dimensão D1 do modelo sintetiza 7 principais “características da agilidade”, que são as práticas com maior potencial de diferenciação do uso da abordagem ágil em relação à abordagem tradicional.

Dimensão D2 – Fatores Críticos da Agilidade (FCA)

Esta etapa foi realizada em parceria com um pesquisador de mestrado sob a supervisão do pesquisador e os resultados publicados em Almeida (2012) e Almeida et al. (2012).

53 Os termos “ações”, “técnicas” e “ferramentas” serão definidos e discutidos como parte de uma prática

Adotou-se revisão bibliográfica sistemática (CONFORTO; AMARAL; SILVA, 2011) e estudo de caso (YIN, 2001; VOSS; TSIKRIKTSIS; FROHLICH, 2002). A partir de um conjunto de 8.653 artigos, aplicaram-se filtros de leitura com multicritérios para a análise dos textos.

A busca resultou na identificação de 182 artigos que foram lidos por completo. Ao final, 25 artigos apresentaram fatores críticos organizacionais que, em tese, podem ter alguma relação com o conceito agilidade aplicado no gerenciamento de projetos (ALMEIDA et al., 2012). Os 25 artigos foram agrupados por área de conhecimento, de acordo com o enfoque de cada trabalho. Foram identificadas ao todo 7 áreas. Dos artigos identificados, 60% pertencem à área de desenvolvimento de produtos, 12% organizações, 8% gerenciamento de projetos, 8% manufatura, 4% cadeia de suprimentos, 4% gerenciamento ágil de projetos e 4% desenvolvimento de software.

O principal resultado da análise dos artigos é a lista de fatores dividida em quatro categorias54: organização, processo, time de projeto, e produto/projeto. Após a identificação e agrupamento dos fatores, foi conduzida uma análise para identificar os fatores mais relevantes segundo a teoria. Foram considerados dois critérios: 1) número de áreas em que o fator está presente, ou foi citado (extensão do conceito); 2) quantidade citações dos artigos que apresentaram os fatores críticos. Para o critério 2 foi utilizada a base de dados ISI Web of

Knowledge (ISI) e a ferramenta do Google , o Google Scholar (GS). A coleta de dados

referente à quantidade de citações foi conduzida no período entre maio e julho de 2011. O principal resultado é um conjunto de 36 fatores críticos que podem impactar na agilidade no gerenciamento de projetos e está publicado em Almeida et al. (2012), conforme item (E.5 – R.2), ilustrado na Figura 10. Em seguida foi realizada uma análise e síntese dos principais fatores críticos da agilidade, conforme atividade (E.5.2).

54 Estratégias semelhantes de categorização de fatores críticos foram adotadas em outros estudos, como

A descrição dos fatores críticos considerados no modelo conceitual de agilidade está no capítulo 5, seção 5.2.2.

Dimensão D3 – Desempenho em Agilidade (DA)

A construção desta dimensão deu-se a partir dos resultados da análise semântica das definições dos termos “agilidade” e “flexibilidade”, conforme descrito na Etapa 4, seção 4.3.4, indicado pela atividade (E.5.3) conforme Figura 10. Foi adotada revisão bibliográfica sistemática (CONFORTO; AMARAL; SILVA, 2011) e análise semântica aplicando-se a técnica de Semântica de Frames (FILLMORE, 1977; 1982; 1985; PETRUCK, 1995;1996; FILLMORE, 2003; FILLMORE; BAKER, 2010) em parceria com pesquisadoras da área de linguística da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

A análise semântica resultou na definição operacional para o conceito agilidade voltado para o gerenciamento de projetos, a identificação dos elementos definitórios que diferenciam os conceitos agilidade e flexibilidade, bem como o desdobramento de construtos e variáveis para medição em campo, conforme apresentado na seção 5.2.3. Esta etapa contribuiu para a proposição do modelo conceitual completo apresentado na seção 5.3, conforme indicado na atividade (E.5.4) da Figura 10.