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4 DESENVOLVIMENTO

2.2 MÉTODO

2.2.2 Etapa Descritiva-quantitativa

A aplicação prática da abordagem quantitativa previu aplicação de survey e de estatísticas multivariadas. A finalidade do survey foi obter informações dos entrevistados sobre suas próprias percepções quanto a valores culturais e comportamento de consumo, especificamente quanto a tendência por tipo de julgamento (passo a passo ou afetivo) e significado de produto (utilitário ou simbólico). As estatísticas multivariadas análise fatorial e análise de variância (ANOVA) foram definidas como as principais técnicas a serem aplicadas no exame dos dados do presente estudo, bem como outras técnicas, se necessário ou recomendável no decorrer do estudo. O planejamento da primeira ação da fase descritiva-quantitativa contemplou o do tratamento e análise estatística dos dados coletados por meio do questionário de pesquisa, aplicado junto ao público-alvo e seus segmentos, cujo detalhamento será abordado adiante.

2.2.2.1 Sujeitos de Pesquisa, Universo Amostral e Coleta de Dados

Os sujeitos da pesquisa foram executivos brasileiros expatriados, sendo uma amostra de residentes em países de cultura predominantemente individualista e outra de residentes em países de cultura predominantemente coletivista. Um terceiro grupo de executivos – sendo estes residentes no Brasil e com perfil profissional semelhante aos expatriados – foi selecionado, cujos escores foram utilizados como elementos de comparação com os dos demais grupos, compostos por sujeitos sob a influência da aculturação.

Segundo estimativas do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (2009), no final de 2008 havia 3.040.993 brasileiros residindo no exterior, com destaque para os seguintes países: Estados Unidos (1.280.000), Paraguai (300.000), Japão (280.000), Reino Unido (180.000), Portugal (137.600), Espanha (125.000) e Alemanha (89.000). Porém não foram localizadas informações sobre como essas pessoas obtêm renda no exterior. É sabido que parte deles encontra-se na ilegalidade e/ou em subempregos, o que dificulta tal levantamento.

O Ranking Sobeet/Valor de 2009 (VALOR ECONÔMICO, 2010) divulgou a classificação das empresas brasileiras presentes no exterior quanto ao seu nível de internacionalização. Na análise foi considerado um universo de 173 companhias, cujas filiais no exterior tinham participação no capital a partir de 10% e investimento direto superior a US$ 10 milhões. Entretanto, não foram divulgados detalhes sobre quantos dos seus funcionários no exterior são

brasileiros e respectivas remunerações. Nessa análise diversos fatores foram considerados, porém não foi encontrada referência à quantidade de profissionais brasileiros expatriados.

Um aspecto relevante nesse universo é o fator renda. Diante das constatações de estudos aqui citados de que os executivos expatriados se esforçam em se adaptar ao ambiente cultural do local de moradia no exterior, a renda não pode ser um impeditivo para o consumo normal de uma família. Portanto, não somente os executivos fizeram parte do público-alvo, mas também todo expatriado brasileiro que estava empregado em uma organização privada ou pública, brasileira ou estrangeira, desde que possuísse renda suficiente para manter um padrão regular de consumo, de acordo com o país de residência.

Para a coleta de dados foram planejadas ações junto a organizações brasileiras e estrangeiras com funcionários brasileiros expatriados em seu quadro de pessoal. A principal delas foi e estimular essas empresas a obter a participação dos seus funcionários expatriados na pesquisa. Outra forma foi tentar conseguir mailing lists junto às organizações empregadoras, entidades e associações que reúnem esses profissionais no sentido de solicitar diretamente aos expatriados a participação na pesquisa. Além disso, foi planejado o acionamento da rede de relacionamentos do pesquisador. Outro recurso previsto foi a aplicação da técnica bola de neve, que possibilita a um respondente repassar a solicitação de participação a outras pessoas que façam parte do público-alvo, de forma a buscar atingir um nível de resposta superior ao habitual nesse tipo de coleta de dados.

Não havendo precisão, tampouco indicação quanto ao universo amostral de profissionais brasileiros expatriados, o parâmetro definido foi a quantidade obtida em determinado período de tempo, desde que satisfizesse, pelo menos, a um dos critérios para quantidade mínima de respostas que permitem análises multivariadas. A mesma condição foi definida para o grupo de brasileiros trabalhando no Brasil. Dessa forma, Hair Jr. et al. (1998) não recomendam utilizar a análise fatorial para amostras com menos de 50 observações ou questionários. Como regra geral, esses autores sugerem pelo menos cinco observações para cada variável a ser analisada, chegando a estender essa medida para dez observações por variável. Apesar disso, alertam para o fato de que não só o tamanho da amostra tem influência sobre a significância estatística:

Spector (1992), por sua vez, sugere uma amostra de 100 a 200 questionários como suficientes para esse propósito. Para a pesquisa proposta por este aluno decidiu-se por um tamanho

amostral correspondente ao parâmetro de cinco questionários por indicador, como sugerido por Hair Jr. et al. (1998), para cada um dos três grupos a serem estudados – executivos no Brasil, executivos expatriados em países coletivistas e executivos expatriados em países individualistas. Por restrições de prazo, caso não fosse possível atingir esse patamar seria praticados o parâmetro definido por Spector (1992), ou seja, pelo menos 100 questionários por grupo de respondentes. O atendimento dos requisitos do teste Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), com todas as variáveis originais, por dimensão, e os do teste de esfericidade de Bartlett foram adotados como condições essenciais para a aplicação da análise fatorial.

2.2.2.2 Preparação e Tratamento dos Dados

Os procedimentos previstos para a preparação e tratamento dos dados nesta fase estão apresentados na FIG. 11.

FIGURA 11 – Processo de preparação dos dados Fonte: MALHOTRA, 2001, p. 377.

Hair Jr. et al. (1998) enfatizaram o cuidado com os pesquisadores para que façam uma cuidadosa análise e preparação dos dados antes de submetê-los a estatísticas multivariadas, com vistas a obter melhor capacidade preditiva e de análise de dimensionalidade, compreensão das relações entre variáveis, bem como evitar e superar armadilhas decorrentes da coleta de dados, erros de respostas, de transcrição de dados, de eventos extraordinários e até mesmo da estruturação da pesquisa.

Plano preliminar de

análise dos dados

Verificar os

questionários Editar Codificar

Transcrever Depurar os dados Ajustar os dados estatistica- mente Escolher uma estratégia de análise dos dados

2.2.2.3 Análise Estatística dos Dados

A análise estatística dos dados definida foi semelhante à utilizada em Torres e Paiva (2007) e Torres e Pérez-Nebra (2007), com a aplicação da escala de valores de Singelis et al. (1995), validada no Brasil por Torres e Pérez-Nebra (2005), bem como a versão da escala de significado e julgamento de produto (Allen, 1997, 2000, 2001) validada no Brasil por Nepomuceno, Alfinito e Torres (2008).

Para o tratamento estatístico foi prevista a aplicação de técnicas estatísticas multivariadas, como a análise fatorial e análise de variância, devido às peculiaridades do estudo, principalmente quanto à variedade de grupos amostrais. Assim foi prevista a identificação dos fatores originais e de evidências para com a validade de construto por meio da análise fatorial exploratória (AFE).

Foi definido para a análise das hipóteses 1 e 2 a utilização dos dados coletados com a aplicação da escala de valor de Singelis et al. (1995), na versão validada no Brasil por Torres e Pérez-Nebra (2005), bem como por meio da escala de julgamento e significado de produto validada no Brasil por Nepomuceno, Alfinito e Torres (2008). Nesse sentido, os tipos de padrão cultural coletivismo e individualismo e suas manifestações horizontal e vertical foram considerados variáveis dependentes e os três grupos amostrais como variáveis independentes, com verificação do nível de significância das médias obtidas por meio de análise de variância (ANOVA).

Para verificação das hipóteses 3 a 9, os três grupos compostos por executivos brasileiros (1) expatriados em país de padrão cultural predominantemente individualista, (2) expatriados em país de padrão cultural predominantemente coletivista e (3) residentes no Brasil, foram considerados fatores (variáveis independentes) e julgamento e nível de significado de produto variáveis dependentes. Diferenças de médias no julgamento e nível de significado de produto, dada a existência de grupos distintos, foram tomadas como pressupostos.

A seção a seguir trata da apresentação, tratamento e análise dos dados deste estudo. Inicialmente são apresentados os resultados da etapa exploratória-qualitativa e, em seguida, os da etapa descritiva-quantitativa.