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6. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

7.1 R EVISÃO E ADEQUAÇÃO DAS DEFINIÇÕES OPERACIONAIS E ENTREGAS DAS COMPETÊNCIAS

7.1 REVISÃO E ADEQUAÇÃO DAS DEFINIÇÕES OPERACIONAIS E ENTREGAS DAS COMPETÊNCIAS HUMANAS PARA A SUSTENTABILIDADE

O primeiro ponto de ajuste verificado parte tanto das provocações e sugestões feitas pelos especialistas, na Etapa Empírica I, quanto dos dados das duas organizações estudadas, na Etapa Empírica II. Para a revisão das definições operacionais e das indicações de entregas para as competências humanas para a sustentabilidade, será tomado por base as relações junto aos valores pessoais para a sustentabilidade (Quadro 15) e aos elementos da estratégia organizacional (Quadro 16), encontradas nas análises da Etapa Empírica II da pesquisa.

Embora as competências humanas para a sustentabilidade mais frequentes na literatura, sejam limitadas quando da sua aplicação para o contexto organizacional da maneira como apresentadas – como já discutido e, bem por isso, consideradas valores pessoais –, mostraram-se notórias suas associações às competências humanas propostas no framework

conceitual desta tese. Sendo assim, e pela substancial presença nas pesquisas científicas, é válido apreciá-las neste exercício de revisão e aprimoramento. Uma vez que os valores pessoais são em elementos constitutivos da competência humana (Maggi, 2006; Sandberg, 2000) e que sua avaliação reflete o alinhamento destes aos valores da organização (Fernandes, 2013) e não ao desenvolvimento do sujeito em relação à determinada competência, optou-se por explicitar tais valores na definição operacional das competências humanas para a sustentabilidade.

No que diz respeito ao estreitamento das inter-relações entre as competências humanas contidas no framework e os elementos da estratégia organizacional. Como base para as revisões neste âmbito, foram ponderas as constatações sobre a alta correlação encontrada entre Entrega Competência Humana e Objetivos Estratégicos, no sentido de orientar o refinamento desta aproximação nas definições das entregas. Além disso, sabe-se que as avaliações de competências a partir de entregas favorecem mudanças de comportamento em direção aos objetivos organizacionais vislumbrados (Woodruffe, 1992; Dutra, 2001). Levou- se em conta também a baixa associação entre as competências Inovação Econômica, Social e Ambiental e Gestão Socioambiental com a estratégia organizacional, de um modo geral, o que implica maior atenção para a revisão das mesmas. Priorizou-se, assim, as conexões já encontradas nas análises entre as competências e estratégia e, quando necessário, incluiu-se nas entregas sugerida questões acerca da Estratégia Organizacional, Objetivos Estratégicos e Stakeholders.

Sobre os últimos, as evidências nos dados da Etapa Empírica II acarretaram a revisão no sentido de atribuir maior envolvimento dos grupos de interesse na concepção e operacionalização das propostas do framework conceitual apresentado. Valente (2012) já havia ressaltado a participação e interdependência dos stakeholders como fundamental e contínua em organizações que prezam pela atuação em acordo com a sustentabilidade. Para além de processos organizacionais, tal interdependência conflui em redes interorganizacionais e abrange o desenvolvimento de competências complementares entre stakeholders e organização, em que o total do valor gerado pela rede é superior a soma dos valores independentes – algo próximo das competências coletivas (Boterf, 2003).

Mas, a despeito do amplo reconhecimento da associação entre a gestão da sustentabilidade e stakeholders, ainda há várias lacunas no conhecimento e um vasto campo de pesquisa a ser explorado (Hörisch et al., 2014). Sendo assim, se as competências coletivas por si só representam um campo ainda difuso (Silva & Ruas, 2016), neste âmbito, seriam necessários esforços de pesquisa que extrapolam os objetivos desta tese. Dessa forma, a fim

de atender aos pontos de reforço da pesquisa, buscou-se incluir de maneira mais explícita os stakeholders nas definições operacionais e entregas das competências humanas para a sustentabilidade.

Diante das considerações apresentadas, em conformidades às adequações que se mostraram necessárias, no Quadro 20 são expostas as definições operacionais e entregas das competências humanas para a sustentabilidade revisadas.

Quadro 20 – Revisão das definições operacionais e entregas das competências humanas para a sustentabilidade. Competência

Humana Definição Operacional Entregas Sugeridas

Gestão Ecoeficiente

Condição para agir frente aos cenários possíveis, às demandas e seus efeitos sistêmicos, colaborando coletivamente para a resolução participativa de problemas, em consonância com os princípios e estratégias de sustentabilidade assumidos pela organização, e relacionados a objetivos referentes à oferta de produtos e serviços a preços competitivos que satisfaçam as necessidades humanas e melhorem a qualidade de vida.

- Analisa informações sobre consumo de água, energia etc., e define planos para adequação aos objetivos estratégicos da sustentabilidade.

- Projeta a imagem da organização via produtos associados à sustentabilidade, com vistas à ganhos de novos mercados

- Garante a utilização de materiais renováveis nos processos produtivos, a partir do engajamento de fornecedores.

- Monitora indicadores ambientais associados às atividades de impacto da organização.

Gestão Socioambiental

Condição para agir frente a demandas internas e externas por políticas, projetos e ferramentas de gestão que alinhem e alcancem objetivos organizacionais e individuais, de maneira colaborativa e participativa, respeitando a diversidade, a cultura, o poder e a política do contexto, interessado em construir um ambiente justo e equitativo.

- Desenvolve estudos sobre cultura, poder e política em vigor na organização e define planos para adequação aos objetivos estratégicos da organização.

- Projeta padrões de conduta na organização que cultuem a meritocracia ao mesmo tempo em que distribui o ônus material e psicológico da atuação organizacional.

- Dissemina (a partir de palestras, boletins, páginas) os padrões de conduta definidos na organização aos sktakeholders diretos e indiretos. - Avalia a atuação de sktakeholders em conformidade aos padrões de conduta estabelecidos.

Gestão Socioeconômica

Condição para agir frente à resolução sistêmica de problemas, de forma colaborativa e participativa, que estimulem e proporcionem a capacitação indutora de decisões autônomas e conscientes em grupos de interesse diversos, capazes de suprir tanto as suas necessidades sociais quanto as econômicas, ao mesmo tempo contribuindo com os objetivos organizacionais.

- Desenvolve estudos sobre os atuais níveis de capital intelectual na organização e sua adequação para adequação aos objetivos estratégicos da organização.

- Projeta ambientes facilitadores do aprendizado individual, coletivo e organizacional.

- Implanta sistemas de avaliação que permitam aos indivíduos feedbacks fidedignos sobre sua atual situação na organização.

- Coordena ações de capacitação para a comunidade local, em consonância à estratégia e políticas da organização.

Inovação Econômica

Condição para agir proativa e colaborativamente frente a novas soluções econômicas em produtos/serviços/processos concernentes aos objetivos organizacionais de competitividade e considerando a autonomia e a qualidade de vida dos stakeholders da organização, nos domínios econômico, social e ambiental e em observância a seus efeitos sistêmicos.

- Desenvolve estudos que promovam inovações, em acordo com demandas internas por mudanças e melhorias em termos econômicos.

- Participa ativamente de feiras de inovação em busca de aprimoramentos econômicos em produtos/serviços/processos

- Estabelece parcerias com stakeholders diversos na busca de novas soluções econômicas para produtos/serviços/processos, conforme objetivos estabelecidos.

- Colabora em centros/redes de pesquisa locais, contribuindo para o desenvolvimento econômico.

(Conclusão)

Inovação Ambiental

Condição para agir proativa e colaborativamente frente a novas soluções ambientais em produtos/serviços/processos concernentes aos objetivos organizacionais de competitividade e condizentes aos objetivos e princípios de justiça estabelecidos na organização, nos domínios econômico, social e ambiental e em observância a seus efeitos sistêmicos.

- Desenvolve estudos que promovam inovações, em acordo com demandas internas por mudanças e melhorias em termos ambientais.

- Proporciona soluções ambientais em produtos/serviços/processos em conjunto com as áreas funcionais da organização

- Estabelece parcerias com stakeholders diversos na busca de novas soluções ambientais para produtos/serviços/processos, conforme objetivos estabelecidos.

- Colabora em centros/redes de pesquisa locais, contribuindo para a preservação de recursos ambientais locais.

Inovação Social

Condição para agir proativa e colaborativamente frente a novas soluções sociais em produtos/serviços/ processos condizentes aos objetivos e princípios de justiça estabelecidos e considerando a autonomia e a qualidade de vida dos stakeholders da organização, nos domínios econômico, social e ambiental e em observância a seus efeitos sistêmicos.

- Desenvolve estudos que promovam inovações, em acordo com demandas internas por mudanças e melhorias em termos sociais.

- Ampara inovações em produtos/serviços/processos que promovam a qualidade de vida de stakeholders internos e/ou externos, em acordo com a estratégia organizacional.

- Estabelece parcerias com stakeholders diversos na busca de novas soluções sociais para produtos/serviços/processos, conforme objetivos estabelecidos.

- Colabora em centros/redes de pesquisa locais, contribuindo para o desenvolvimento social. Fonte: Elaborado pela autora.

Propositalmente, a fim de não fazer alterações estruturais nos conceitos já consolidados no framework, é perceptível que as mudanças nas definições operacionais foram sutis, apenas a fim de incluir pontos que estavam ausentes ou explicitar outros pouco aparentes. Foram quatro as entregas sugeridas para cada uma das competências humanas. Estas são ilustrativas em relação à quantidade recomendada e também a resultados de fato esperados, uma vez que atendem às definições das competências humanas e respectivas competências organizacionais de suporte, respeitando, assim, a estrutura estabelecida no framework.

Porém, assim como apontado pelos especialistas quanto às questões de ordem prática para a operacionalização do framework, preservando-se sua estrutura, abre-se oportunidade para a flexibilização em rearranjar os componentes conceituais (nomenclaturas e terminologias) para diferentes realidades organizacionais. Isso deve propiciar a identificação da linguagem do framework com a linguagem existente nas organizações, facilitar a incorporação e/ou a coexistência das competências propostas com o modelo articulado por competência já institucionalizado e, dessa monta, promover com mais facilidade a assimilação dos significados pelos membros da organização.

7.2 PROPOSTA DE EXTRATIFICAÇÃO EM NÍVEIS DE COMPLEXIDADE PARA AS COMPETÊNCIAS