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Evolução da agricultura e do consumo de agrotóxicos no Brasil

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.4 A atrazina (CAS: 1912-24-9)

3.4.1 Evolução da agricultura e do consumo de agrotóxicos no Brasil

No Brasil, o uso dos agrotóxicos ou agroquímicos começou a se difundir em meados da década de 40, segundo Bull e Hathaway (1986). No final da década de 60, o consumo se acelerou em função da isenção de taxas, como o Imposto de Circulação de Mercadoria (ICM) e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), e das taxas de importação de produtos não produzidos no Brasil. Em adição aos seus efeitos no combate às pragas, o aumento de tecnologia e renda dos agricultores também contribuiu para que as vendas dos agrotóxicos aumentassem significativamente e passassem de US$ 40 milhões, em 1939, para US$ 300 milhões e US$ 2 bilhões em 1959 e 1975, respectivamente (PASCHOAL, 1979). Esse substancial incremento ocorreu devido a uma política oficial de incentivo, reforçada, em 1975, pelo lançamento do Programa Nacional de Defensivos Agrícolas (PNDA), o qual vinculava o crédito agrícola subsidiado à compra de agrotóxicos, constituindo um dos principais instrumentos específicos voltados para ampliar a difusão desses insumos.

Ao condicionar o crédito rural à compra do agrotóxico, o Estado foi o principal incentivador do pacote tecnológico que representava a "modernidade" na agricultura, passando o mercado brasileiro a Figurar entre os mais importantes para a indústria dos agrotóxicos. Agregado a esse crescimento no consumo, cuja aquisição ocorria, em sua maioria, via importação, muitas empresas multinacionais se instalaram nas regiões Sul e Sudeste, no final da década de 70. Nos anos 70 e 80, o governo brasileiro implementou

um programa de incentivo à produção local, incrementando o parque tecnológico com a síntese de diversas moléculas, que alcançou índices de produção suficientes para suprir, 80% do volume demandado (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR, 2004).

A política de subsídios também contribuiu para o uso indiscriminado dos agrotóxicos, que passaram a ser utilizados não só pelos agricultores mais capitalizados, mas também por produtores familiares compelidos e impulsionados a adquirir esse "pacote tecnológico" de uma forma passiva e sistematicamente descontrolada. Como resultado observou-se e ainda observa-se um grande desrespeito às prescrições técnicas – como o receituário agronômico – e práticas agrícolas que expõem os agricultores e trabalhadores rurais aos riscos dos agrotóxicos (SOARES, 2009).

Além da cana-de-açúcar, do café e da laranja, a agricultura brasileira se especializou nas últimas décadas no cultivo de grãos. Na primeira década do século XXI, os grãos representaram a principal parcela na produção brasileira, com destaque para a produção de milho e soja. Em meados dos anos 80, a soja se transformou no produto de grande interesse nacional, face à demanda mundial, capaz de proporcionar ganhos comerciais expressivos, sobretudo em relação à geração de divisas em pleno período de substituição de importações. Tal fato se intensificou nos anos 90 e 2000, décadas nas quais o grão representou 36% da área plantada, empregando um volume de uso de agrotóxicos de 50% do total de vendas desses insumos, contra 11% do milho em uma área que equivale a 18% do total plantado no país (SINDAG, 2008).

Os dados contidos na Figura 3, que traz a série histórica do volume de consumo de agrotóxicos no país, mostram que o consumo médio de agrotóxicos vem aumentando em relação à área plantada, ou seja, passou-se de 1,09 litros por hectare (L/ha) em 2002, para 1,21 L/ha em 2011. Tal aumento está relacionado a vários fatores, como a expansão do plantio da soja transgênica que amplia o consumo de glifosato, a crescente resistência das ervas daninhas, dos fungos e dos insetos, demandando maior consumo de agrotóxicos e/ou o aumento de doenças nas lavouras, como a ferrugem asiática na soja que aumenta o consumo de fungicidas (SINDAG, 2012).

Figura 3:Série histórica do volume de consumo de agrotóxicos no país frente à área plantada em hectare

Adaptado de SINDAG (2012)

O complexo agroindustrial brasileiro, em 2009, passou a representar o principal mercado consumidor de agrotóxicos, ficando à frente dos EUA e consumindo 733,9 milhões de toneladas (SINDAG, 2009). Todo esse montante foi consumido por vários tipos de culturas sendo que a soja utilizou 40% do volume total entre herbicidas, inseticidas, fungicidas, acaricidas e outros (adjuvantes, surfactantes e reguladores). Em seguida está o milho com 15%, a cana e o algodão com 10%, depois os cítricos com 7%, o café (3%), o trigo (3%), o arroz (3%), o feijão (2%), a pastagem (1%), a batata (1%), o tomate (1%), a maçã (0,5%), a banana (0,2%) e as demais culturas consumiram 3,3% do total de 852,8 milhões de litros de agrotóxicos pulverizados nessas lavouras em 2011, segundo o SINDAG e projeção do FIOCRUZ (2011).

Em 2003, quando ocupava a segunda posição no ranking de maior mercado consumidor, o Brasil se encontrava na oitava posição na relação de consumo, quilogramas de agrotóxico por hectare plantado (3,2 kg/ha), atrás de países como a

450 500 550 600 650 700 750 800 850 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Área plantada (milhões de hectares)

Holanda e a Bélgica, ambos primeiro e segundo colocados com consumo de 17,5 kg/ha e 10,7 kg/ha, respectivamente (SINDAG, 2003). Já em relação ao potencial de crescimento de área, projeções feitas pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) revelam que a área agriculturável no Brasil poderia crescer 170 milhões de hectares, ou seja, 222,0% a mais que os atuais 52,8 milhões de hectares segundo o IBGE (2014), via reduções na área destinada à pecuária e, principalmente, pelo avanço da fronteira agrícola na Região Norte.

3.4.2 Propriedades, dados de produção e aplicação da atrazina

O herbicida atrazina, mundialmente usado no controle de plantas infestantes em diversas culturas agrícolas, foi desenvolvido e registrado pela empresa CIBA-GEIGY em 1958. (CORREIA; LANGENBACH, 2006). Pertencente ao grupo triazina, sua nomenclatura oficial, segundo a IUPAC, é 1-cloro-3-etilamino-5-isopropilamino-2,4,6- triazina. Algumas de suas principais propriedades físico-químicas são descritas no quadro 5.

Quadro 5: Principais propriedades físico-químicas da atrazina

Fórmula C8H14ClN5

Massa molar (g/mol) 215,69

Aparência no estado puro Pó incolor e inodoro

Ponto de fusão (oC) 175,0 - 177,0

Massa específica (g/cm3 a 22°C) 1,23

Solubilidade em água (mg/L a 26°C) 34,7

Pressão de vapor (atm a 25°C) 3,82 x 10-10

Constante - Lei de Henry (atm.m3/mol a 25°C) 2,96x10-9

Coeficiente de partição octanol - água (log Kow) 2,61

Figura 4: Estrutura molecular do composto atrazina

A atrazina é um composto polar, fracamente básico e sua estabilidade pode ser explicada pela conFigura

básica da atrazina produz um de seus mais abundantes produtos de degradação, a hidroxiatrazina; sua solubilidade em água é praticamente independente do pH da solução, entretanto, aumenta bastante em soluções cujo pH é menor que 2,0. O

herbicida da atrazina deve

reação de Hill. Sua biodisponibilidade em solos é governada essencialmente pelo equilíbrio dinâmico existente entre a solubilidade na fase aquosa e a capacid

do composto no sistema coloidal do solo. Vários fatores direcionam a eficácia e reatividade da atrazina, entretanto, muito pouco é conhecido sobre as interações e modificações decorrentes. Acredita

solvatação, adsorção e degradação do herbicida no solo, agindo sobre a selet específica do herbicida (JAVARONI

A biodisponibilidade de herbicidas aplicados ao solo é essencialmente governada pelo equilíbrio dinâmico existente entre os pro

nos colóides do solo e sua solubilidade na fase solo

considerável influência desses parâmetros sobre a ação seletiva dess ser esperada (GRUBE, 2011)

Segundo Correia et al.

do solo, visando diminuir o impacto da agricultura e das máquinas agrícolas sobre o mesmo, observa-se que o deslocamento vertical de atrazina é menor que no sistema de plantio convencional. Além disso, os resultados dos seus estudos mostraram que as

: Estrutura molecular do composto atrazina

Fonte: JAVARONI, 1999

A atrazina é um composto polar, fracamente básico e sua estabilidade pode ser Figuração eletrônica de seu anel heterocíclic

da atrazina produz um de seus mais abundantes produtos de degradação, a hidroxiatrazina; sua solubilidade em água é praticamente independente do pH da solução, entretanto, aumenta bastante em soluções cujo pH é menor que 2,0. O

herbicida da atrazina deve-se à sua ação na inibição da fotossíntese pela interrupção da reação de Hill. Sua biodisponibilidade em solos é governada essencialmente pelo equilíbrio dinâmico existente entre a solubilidade na fase aquosa e a capacid

do composto no sistema coloidal do solo. Vários fatores direcionam a eficácia e reatividade da atrazina, entretanto, muito pouco é conhecido sobre as interações e modificações decorrentes. Acredita-se que estes processos sejam governados pe solvatação, adsorção e degradação do herbicida no solo, agindo sobre a selet

(JAVARONI, 1999).

A biodisponibilidade de herbicidas aplicados ao solo é essencialmente governada pelo equilíbrio dinâmico existente entre os processos de adsorção dos compostos presentes nos colóides do solo e sua solubilidade na fase solo-água. Como conseqüência, uma considerável influência desses parâmetros sobre a ação seletiva dess

(GRUBE, 2011).

et al. (2006) em sistemas de plantio direto, que ocorrem

, visando diminuir o impacto da agricultura e das máquinas agrícolas sobre o se que o deslocamento vertical de atrazina é menor que no sistema de plantio convencional. Além disso, os resultados dos seus estudos mostraram que as A atrazina é um composto polar, fracamente básico e sua estabilidade pode ser ção eletrônica de seu anel heterocíclico. A hidrólise ácida ou da atrazina produz um de seus mais abundantes produtos de degradação, a hidroxiatrazina; sua solubilidade em água é praticamente independente do pH da solução, entretanto, aumenta bastante em soluções cujo pH é menor que 2,0. O potencial se à sua ação na inibição da fotossíntese pela interrupção da reação de Hill. Sua biodisponibilidade em solos é governada essencialmente pelo equilíbrio dinâmico existente entre a solubilidade na fase aquosa e a capacidade adsortiva do composto no sistema coloidal do solo. Vários fatores direcionam a eficácia e a reatividade da atrazina, entretanto, muito pouco é conhecido sobre as interações e se que estes processos sejam governados pela solvatação, adsorção e degradação do herbicida no solo, agindo sobre a seletividade

A biodisponibilidade de herbicidas aplicados ao solo é essencialmente governada pelo cessos de adsorção dos compostos presentes água. Como conseqüência, uma considerável influência desses parâmetros sobre a ação seletiva desses herbicidas deve

2006) em sistemas de plantio direto, que ocorrem com manejo , visando diminuir o impacto da agricultura e das máquinas agrícolas sobre o se que o deslocamento vertical de atrazina é menor que no sistema de plantio convencional. Além disso, os resultados dos seus estudos mostraram que as

perdas de atrazina por lixiviação ocorreram mais intensamente com as primeiras chuvas, logo após a aplicação do produto, no sistema de plantio direto apresentou maior concentração de atrazina em comparação ao sistema de plantio convencional, tendo reduzido as perdas por lixiviação. É justamente o processo de lixiviação o responsável direto pela contaminação de mananciais posteriormente utilizados para a produção de água potável.

Números da USEPA estimam que entre 33 e 35 mil toneladas de atrazina foram utilizadas na agricultura mundial em 2007 (USEPA, 2011). Segundo Grube (2011) a atrazina é um dos herbicidas mais utilizados nos EUA, e é aplicada principalmente para controle de plantas daninhas na produção de milho, sorgo e cana de açúcar.