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Os precursores dos carvões ativados avaliados no presente estudo

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.7 Os precursores dos carvões ativados avaliados no presente estudo

3.7.1 O Babaçu

A cadeia produtiva do babaçu é uma das mais representativas do extrativismo vegetal no Brasil, em razão da área de abrangência da palmeira babaçu (13 a 18 milhões de hectares em 279 municípios, situados em 11 Estados), bem como das inúmeras potencialidades e atividades econômicas que podem ser desenvolvidas a partir dela, de sua importância para famílias que sobrevivem da agricultura de subsistência associada à sua exploração, e da forte mobilização social e política em favor do acesso livre aos babaçuais. O babaçu é um tipo de palmeira da família botânica Arecaceae, presente em diversos países da América Latina. No Brasil, seu uso é bastante difundido na Amazônia, na Mata Atlântica, no Cerrado e na Caatinga, onde ocorre espontaneamente em vários Estados. O babaçu é muito conhecido entre populações tradicionais brasileiras, e dependendo da região, pode ser chamado também de coco-palmeira, coco-de-macaco, coco-pindoba, baguaçu, uauaçu, catolé, andaiá, andajá, indaia, pindoba, pindobassu ou ainda de vários outros nomes.

Existem muitas espécies de babaçu, mas as mais conhecidas e com maior difusão são Attalea phalerata e Attalea speciosa. O babaçu é encontrado principalmente em formações conhecidas como babaçuais que cobrem cerca de 196 mil km² do território brasileiro, com ocorrência concentrada nos Estados do Maranhão, Tocantins e Piauí, na região conhecida como Mata dos Cocais (transição entre Caatinga, Cerrado e Amazônia). Na Figura 8 é fornecida uma visão generalizada da ocorrência do babaçu no território brasileiro, por pontos na cor rosa.

Figura 8: Ocorrência de A. phalerata e A. speciosa, no Brasil

FONTE: adaptado de Lorenzi (2010)

O babaçu pode medir entre 10 e 30 metros de altura, e entre 20 e 50 cm de diâmetro (caule). Frutifica a partir do oitavo ano e alcança a produção plena após 15 anos. Seus frutos (cocos) são muito apreciados, tanto pelo homem como pela fauna silvestre. Cada safra pode ter entre 3 e 5 cachos, e cada cacho pode produzir de 300 a 500 cocos. A produção de cocos pode variar muito (LORENZI, 2010).

Na produção de carvão de coco babaçu, não é preciso fazer a coleta seletiva dos cocos. Geralmente, o coco utilizado na produção de carvão é sub-produto de outros processos, como, por exemplo, de quebra para extração de amêndoas.

Na linguagem das quebradeiras de coco babaçu, a casca é o conjunto que sobra após a quebra e a retirada das amêndoas, ou seja, é o epicarpo (fibra externa), o mesocarpo (a massa alimentícia) e o endocarpo corresponde a parte interna e dura que protege as amêndoas. Na produção de carvão é utilizado para queima apenas o endocarpo (CARRAZZA, 2012).

Figura 9: Palmeira produtora de babaçu e seu fruto

Fonte: <http://www.agencia.cnptia.embrapa.br>

3.7.2 O Dendê

Em aproximadamente quatro anos, em período correpondente aos anos de 2010 a 2014, a área ocupada por dendezais no Brasil triplicou: os 50 mil hectares registrados com dendezais de 2010 foram ampliados para cerca de 160 mil hectares em 2014. Deste total, cerca de 10 mil hectares são geridos pela agricultura familiar. O Estado do Pará concentra 95% dessa área (NEHER, 2014).

Mas, segundo o autor, essa é apenas uma pequena parte do potencial de expansão estipulado pelo Programa de Produção Sustentável de Palma de Óleo do Governo Federal, criado em 2010. O zoneamento agroecológico destinou 31,8 milhões de hectares para essa cultura. E se a ampliação limitada pelo zoneamento agroecológico realmente for seguida, o país poderá se tornar o maior produtor de óleo de palma do mundo, superando a Indonésia, líder do ranking, com 8 milhões de hectares plantados, e a Malásia – ambos são responsáveis por 87% da produção mundial. O dendezeiro (espécie Elaeais guineensis jaquim) é uma palmeira originária da costa oriental da África (Golfo da Guiné), sendo encontrada em povoamentos subespontâneos desde o Senegal até

Angola. Palmeira de até 15 m de altura com estipe ereto, escuro e anelado devido às cicatrizes deixadas pelas folhas antigas, fornece frutos de forma ovóide, alongada, angulosa, de coloração amarela ou laranja, cuja semente ocupa totalmente a cavidade do fruto. O dendê é uma palmácea, cujo fruto gerado em cachos apresenta aproveitamento múltiplo, sendo utilizado na fabricação de azeites, óleos para as indústrias química, cosmética e alimentícia, sabões e carvão ativado (CEPLAC, 2000).

O bagaço pode ser utilizado para gerar energia por combustão e o farelo da amêndoa é aproveitado como ração animal e adubo. Além disso, o dendê é base para produção de biodiesel. Do fruto do dendezeiro são extraídos dois tipos de óleo: o de dendê, ou “palm oil” como é conhecido no mercado internacional, extraído do mesocarpo ou polpa, e o óleo de palmiste, conhecido como “palm kernel oil”, extraído da semente, similar aos óleos de coco e de babaçu. No Brasil, em 2007, as maiores plantações de dendê concentravam-se no Pará, no Amazonas, no Amapá e na Bahia. Enquanto a dendeicultura mundial ocupa quase 6 milhões de hectares, o Brasil conta com uma área plantada de menos de 50 mil hectares, porém, é o país que apresenta a maior disponibilidade de área adequada à cultura e capaz de assegurar o crescimento da participação do óleo de dendê no mercado mundial no próximo século, segundo Silva (2007). Na Figura 10 é mostrado através de fotografias, um dendezeiro e um fruto dendê.

Figura 10: Dendezeiro e fruto dendê

3.7.3 Coco nucifera

Muito empregado para a produção de carvão ativado, a espécie Coco nucifera, é conhecida popularmente como Coco, Coco-da-baía, Coco-da-praia, Coqueiro, Coqueiro- anão, Coqueiro-da-índia (ANDRADE, 2004).

As origens do coqueiro são controversas na literatura, há indícios de que ele surgiu na Ásia, Oceania ou África. O fato é que, devido à baixa densidade de suas sementes, o coco se espalhou pela ação de correntes marítimas, pelo litoral de diversos países tropicais. O coqueiro é uma grande palmeira, de estipe solitário, que chega a atingir 30 metros de altura. Suas folhas são grandes e pinadas, com até 6 metros de comprimento. Delas se extraem fibras rústicas e fortes, utilizadas em diversos produtos artesanais e industriais, como escovas e capachos. Os frutos são do tipo drupa, que se apresentam em formato globoso a ovóide e o epicarpo (casca) possui coloração verde, amarela ou vermelha, de acordo com a variedade. Quando maduros os frutos tornam-se castanhos e deles pode-se extrair a amêndoa (endocarpo). Protegida por uma casca lenhosa, esta amêndoa tem cerca de 1 cm de espessura, cor branca, e pode ser consumida crua ou na preparação de inúmeros pratos culinários, entre doces e salgados. O mesocarpo, parte fibrosa do fruto é utilizada na fabricação de substratos para plantas epífitas, como orquídeas.

Há três principais tipos de coqueiros, todos produtivos e ornamentais, mas com propósitos diferentes. O tipo gigante é a palmeira original, muito alta e longeva, é adequada para a produção de coco seco. Já a espécie anã (Cocos nucifera L) é mais apropriada para a exploração do coco verde. Ela não ultrapassa 3 metros, vive cerca de 20 anos, mas é muito precoce e produtiva. O terceiro grupo inclui as plantas híbridas, resultantes do cruzamento entre anãs e gigantes, com características intermediárias. Todas as três espécies podem ser empregadas como matéria-prima para a fabricação de carvão ativado (ANDRADE, 2004).

Na Figura 11 é exibida uma palmeira produtora do Coco nucifera e seus frutos.

Figura 11: Palmeira e frutos da espécie Coco nucifera

FONTE: Cravo (2010)