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Evolução da prevalência de ingestão de alimentos saudáveis em Adolescentes Portugueses

CAPÍTULO II REVISÃO DE LITERATURA

2.2. COMPORTAMENTOS DE SAÚDE EM ADOLESCENTES

2.2.1. Hábitos Alimentares

2.2.1.4. Evolução da prevalência de ingestão de alimentos saudáveis em Adolescentes Portugueses

Para caracterizarmos a evolução da prevalência de ingestão de alimentos saudáveis nos adolescentes portugueses, também recorremos a alguns dados do HBSC. Antes de analisarmos a prevalência de ingestão de alimentos saudáveis nestes, importa destacar a prevalência do comportamento de tomar o pequeno-almoço.

Segundo um artigo da Associação Portuguesa dos Nutricionistas, esta refeição deve fornecer energia e nutrientes para as primeiras horas do dia, evitando situações de fraqueza e quebra de rendimento físico e intelectual durante a manhã. Contribuiu, assim, para uma distribuição alimentar e calórica mais saudável e equilibrada ao longo do dia. As crianças e adolescentes, por se encontrarem numa fase de crescimento e desenvolvimento, não devem ser privadas do pequeno-almoço (Nunes, 2002).

O Gráfico 9 permite-nos comparar os resultados do último HBSC, 2006, com os resultado do estudo realizado quatro anos antes.

Gráfico 9

Evolução da prevalência de ingestão de pequeno-almoço, durante a semana, de jovens portugueses, por sexo e grupo etário ( HBSC 2002/2006 )

60,0% 70,0% 80,0% 90,0% 100,0% Raparigas 11 anos 84,9% 90% Rapazes 11 anos 91,4% 88% Raparigas 13 anos 75,8% 80% Rapazes 13 anos 83,1% 86% Raparigas 15 anos 70,5% 69% Rapazes 15 anos 79% 79% HBCS 2002 HBSC 2006

Fonte de Dados: Currie et al. (2004, 2008).

Através da análise gráfica verificamos que os jovens portugueses, à medida que a idade aumenta, apresentam uma diminuição no hábito de tomar o pequeno-almoço, o que é contraproducente para a saúde dos mesmos. A frequência deste hábito, regra geral, é maior nos adolescentes do sexo masculino, excepto no grupo etário dos 11 anos relativo ao estudo de 2006 (Currie et al., 2004, 2008).

Atendendo à evolução da prevalência entre 2002 e 2006, salienta-se, positivamente, o aumento do hábito de ingerir pequeno-almoço nos jovens, de ambos os sexos, na faixa etária dos 13 anos e nas raparigas do grupo dos 11 anos. Destaca-se, negativamente, o decréscimo deste hábito matinal na taxa de adolescentes do sexo masculino com 11 anos e do sexo feminino com 15 anos (Currie et al., 2004, 2008).

Um dos alimentos considerado saudável é a fruta, para caracterizar a prevalência de adolescentes portugueses que ingerem fruta diariamente, recorremos aos dados dos três últimos inquéritos HBSC realizados (Currie et al., 2000, 2004, 2008). Os resultados da população portuguesa que integrou o estudo são apresentados no Gráfico 10.

Gráfico 10

Evolução da prevalência do consumo diário de fruta, pelos jovens portugueses, por sexo e grupo etário ( HBSC 1998/2002/2006 )

30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Raparigas 11 anos 94% 58,3% 56% Rapazes 11 anos 92% 51,5% 48% Raparigas 13 anos 93% 52,4% 45% Rapazes 13 anos 92% 42,9% 40% Raparigas 15 anos 95% 45,5% 40% Rapazes 15 anos 91% 36% 36% HBSC 1998 HBCS 2002 HBSC 2006

Fonte de Dados: Currie et al. (2000, 2004, 2008).

Se atendermos aos resultados da população portuguesa que integrou o estudo de 1998, constata-se que os jovens portugueses são dos europeus que mais ingerem fruta diariamente, em todos os grupos etários e em ambos os sexos, mais de 90% dos adolescentes portugueses consomem fruta.

No período dos 8 anos a que se reportam os três estudos, constatamos que as taxas de ingestão de fruta decrescem, apreciavelmente, em todos os grupos etários e em ambos os sexos. Se compararmos os resultados do HBSC 1998, com os realizados posteriormente, verificamos uma descida, muito acentuada, independentemente da idade e do género. Em todos os casos se constata uma diminuição superior a 35% nas taxas de consumo (Currie et al., 2000, 2004, 2008).

Entre 2002 e 2006 também ocorreu uma diminuição da prevalência de adolescentes que ingeriam fruta, contudo, é muito pouco expressiva quando comparada com a que verificou entre 1998 e 2002. Os resultados permitem-nos concluir que este comportamento, saudável, é cada vez mais negligenciado nos jovens portugueses (Currie et al.,2000, 2004, 2008).

Os vegetais são outro alimento considerado de qualidade para a saúde e, por isso, para caracterizar a prevalência de adolescentes portugueses que ingerem vegetais, diariamente, recorremos aos dados do HBSC realizados em 2002 e 2006. Os resultados da evolução deste hábito alimentar, em Portugal, no período indicado, são apresentados no Gráfico 11.

Gráfico 11

Evolução da prevalência do consumo diário de vegetais, pelos jovens Portugueses, por sexo e grupo etário ( HBSC 2002/2006 )

10,0% 20,0% 30,0% 40,0% Raparigas 11 anos 36,3% 32% Rapazes 11 anos 27,5% 26% Raparigas 13 anos 28,9% 28% Rapazes 13 anos 22,2% 23% Raparigas 15 anos 23,2% 26% Rapazes 15 anos 18,1% 19% HBCS 2002 HBSC 2006

Fonte de Dados: Currie et al. (2004, 2008).

No Gráfico 11, constata-se, nos dois estudos, que este comportamento alimentar é frequente e mais comum nos jovens do sexo feminino, em todas as faixas etárias. Entre 2002 e 2006, no grupo dos 11 anos ocorreu uma regressão no hábito de ingestão diária de vegetais, principalmente nas raparigas, onde se verificou um recuo de 4,3 pontos percentuais, nos rapazes esta descida foi apenas de 1,5% (Currie et al., 2004, 2008).

Os rapazes de 13 anos e os adolescentes da faixa dos 15 anos apresentam um, ligeiro, aumento na frequência deste comportamento. Relativamente aos jovens mais velhos, é nas raparigas onde se observa a maior evolução, mais concretamente, 2,8% e nos rapazes a subida é de apenas 0,9% (Currie et al., 2004, 2008).

Analisando os dados dos três inquéritos HBSC, no que concerne à ingestão de refrigerantes,verifica-se uma grande frequência do hábito de consumo destas bebidas. O Gráfico 12, ilustra-nos a evolução da prevalência deste comportamento desde 1998 até 2006.

Gráfico 12

Evolução da prevalência do consumo diário de refrigerantes, pelos jovens portugueses, por sexo e grupo etário ( HBSC 1998/2002/2006 )

20% 30% 40% 50% 60% Raparigas 11 anos 40% 32,1% 21% Rapazes 11 anos 49% 39,5% 30% Raparigas 13 anos 47% 31,0% 25% Rapazes 13 anos 56% 39,9% 27% Raparigas 15 anos 42% 25,6% 22% Rapazes 15 anos 58% 31% 32% HBSC 1998 HBCS 2002 HBSC 2006

Fonte de Dados: Currie et al. (2000, 2004, 2008).

Nos três estudos o consumo de refrigerantes é maior nos rapazes em todos os grupos etários e, regra geral, também é mais elevado nos adolescentes mais velhos. Entre 1998 e 2006 ocorreu uma expressiva diminuição do consumo deste tipo de bebidas mas, a maior descida foi de 29% nos rapazes de 13 anos e a menor foi de 19% no grupo etário dos 11 anos em ambos os sexos (Currie et al., 2000, 2004, 2008).

No período dos 8 anos a que dizem respeito os três estudos, constatamos que apenas nos rapazes de 15 anos é que ocorreu um aumento da prevalência entre 2002 e 2006, embora pouco apreciável (1%). Os resultados permitem-nos concluir que este comportamento, pouco saudável, é cada vez menos frequente nos jovens portugueses (Currie et al.,2000, 2004, 2008).

Os doces/chocolates são alimentos considerados pouco benéficos para a saúde, pelo que, para caracterizar a prevalência de adolescentes portugueses que ingerem este tipo de açúcares, diariamente, recorremos aos dados da equipa portuguesa que integrou os projectos do HBSC, pelo facto do relatório internacional da Saúde Behaviour in School-aged Children (HBSC) de 2008 não apresentar este estudo (Gráfico 13).

Gráfico 13

Evolução da prevalência do consumo diário de doces/chocolates, pelos jovens portugueses, por grupo etário ( HBSC 2002/2006 )

15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 11 anos 20,7% 23,0% 13 anos 25,0% 23,7% 15 anos 23,8% 22,8% 2002 2006

Fonte de Dados: Matos et al. (2003, 2006).

Entre 2002 e 2006, constata-se que nos adolescentes mais novos (11 anos) ocorreu um aumento de 2,3% no hábito de ingestão diária de doces/chocolates, já os adolescentes do grupo etário dos 13 e 15 anos apresentam uma diminuição da prevalência, 1,0% e 1,3%, respectivamente (Matos et al., 2003, 2006).