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CAPÍTULO III METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO

3.2. DESCRIÇÃO DO ESTUDO REALIZADO

3.2.5. Instrumento de Recolha de Dados: Elaboração e Validação

Conforme já foi referido e pelos motivos invocados, o inquérito por questionário foi o processo eleito para levarmos a cabo a investigação. Na sua construção, elaboramos uma série de questões estruturadas de forma a recolher dados demográficos dos inquiridos e informação sobre a prevalência de hábitos alimentares, ingestão de álcool, consumo de tabaco e prática de actividade física. Elaboramos um “inquérito de prevalência”, porque avalia comportamentos de saúde de acordo com o sexo, idade, grau de escolaridade e estatuto sócio-económico (Pestana et al., 2006).

Os objectivos a atingir com este projecto de investigação implicaram a concepção e aplicação de um inquérito por questionário (anexo 1). A nível estrutural o questionário é constituído por vinte e duas questões, algumas das quais com várias alíneas que foram adequadamente organizadas em seis grupos essenciais, de forma atingir as nossas metas:

I- Caracterização sócio-demográfica dos sujeitos. II- Hábitos alimentares.

III- Hábitos de ingestão de álcool. IV- Hábitos de consumo de tabaco.

V- Hábitos de prática de actividade física e desporto.

VI- Conhecimentos, dos sujeitos, em Educação para a Saúde.

Na concepção do questionário elaboramos em primeiro lugar uma matriz de indicadores e objectivos, conforme o exposto no Quadro 3.

Após a elaboração da matriz de indicadores e objectivos, listamos todas as variáveis da investigação. Uma “variável é um conceito operacional e classificatório que, através da partição de um conjunto teoricamente relevante, assume vários valores” (Almeida & Pinto, 1995, p.125). Algumas variáveis são do tipo qualitativo, mais precisamente “nominais e ordinais”, outras há, que são do tipo quantitativo, mais concretamente, de “intervalos e rácios” (Tuckman, 2002, pp. 262-265).

Posteriormente, depois de listadas todas as variáveis, especificamos o número de perguntas para medir cada variável e elaboramos cada uma das questões atendendo aos objectivos e às variáveis definidas, com o intuito que o questionário reflicta os objectivos que

pretendemos atingir com a dissertação. Na elaboração das perguntas procuramos que fossem compreensíveis e relevantes para os inquiridos.

Quadro 3

Matriz de indicadores e objectivos do questionário

Dimensões/Indicadores Objectivos Questões

Dados sócio-demográficos

- Caracterizar a amostra quanto à idade, género, massa corporal, número de reprovações durante o percurso escolar, profissão e habilitações literárias dos pais/encarregados de educação.

1, 2, 3, 4, 5, 6, 7.1 e 7.2

Hábitos Alimentares

- Caracterizar os hábitos alimentares dos alunos relativamente ao número de refeições que realiza, local onde efectua as refeições principais e tipo de alimentos ou bebidas mais ingeridas .

- Determinar a prevalência de consumo de alguns alimentos.

- Verificar através da frequência de ingestão de alguns alimentos se os alunos realizam uma alimentação saudável e equilibrada.

8, 9, 10, 11, 12 e 13

Hábitos de Consumo de Álcool

- Descrever os hábitos de ingestão de álcool dos alunos, através da experiência de consumo e do número de episódios de embriaguez.

- Determinar a prevalência de ingestão de vinho, cerveja e bebidas brancas.

14, 15 e 16

Hábitos de Consumo de Tabaco

- Descrever os hábitos tabágicos dos alunos da amostra. - Caracterizar a prevalência de fumadores da amostra. - Determinar as taxas de consumo diário e semanal. - Determinar o número de tentativas que ocorreram para

deixarem de fumar.

17, 17.1, 17.2 e 18

Actividade Física e Desporto

- Caracterizar a frequência com que os alunos fazem actividade física moderada a vigorosa, fora da escola. - Verificar a frequência de alunos que praticam desporto

dentro e fora da escola.

- Identificar as modalidades desportivas praticadas pelos alunos dentro e fora da escola.

19, 20 e 21

Educação para a Saúde

- Determinar a percepção dos alunos do 9º e 12º ano sobre alguns temas abordados na escola, relacionados com hábitos alimentares, consumo de álcool e tabaco e actividade física.

22.1, 22.2, 22.3 e 22.4

Para a caracterização sócio-demográfica dos inquiridos, utilizamos as sete primeiras questões do questionário, nas quais indagamos sobre idade, género, peso, altura, número de retenções/reprovações durante o percurso escolar, profissão e grau de escolaridade do respectivo pai/mãe/encarregado de educação.

Com as questões numeradas de oito a vinte e um, pretende-se recolher informação para determinar frequências/prevalências relacionadas com comportamentos de saúde ligados a hábitos alimentares, ingestão de álcool, consumo de tabaco e prática de actividade física. Estas questões foram elaboradas com base no questionário “Comportamento e Saúde em jovens em idade escolar”, utilizado pela investigação do HBSC3 (Health Behaviour in school-aged Children).

Embora estejam disponíveis na literatura vários questionários que representem opções interessantes para recolher informações sobre comportamentos de saúde, baseamo-nos no HBSC por entendermos ser o mais específico e abrangente em comportamentos de saúde. Nas referidas questões utilizamos em grande número, tal como no HBSC, escalas de frequência.

A questão vinte e dois destinou-se apenas aos alunos do 9º e 12º ano de escolaridade e procurou indagar acerca de temas em Educação para a Saúde desenvolvidos na escola. Com este item pretendia-se ter uma percepção dos alunos sobre temas de promoção de saúde desenvolvidos na escola, mais concretamente, sobre hábitos alimentares, ingestão de álcool, consumo de tabaco e prática de actividade física. Na elaboração da referida questão utilizamos variáveis com três categorias: Abordei, Não abordei e Não me lembro.

Após a elaboração da versão provisória do questionário, submetemo-lo à apreciação de especialistas. Neste processo de validação, o questionário foi enviado a um investigador especialista na área da educação e da saúde, tendo sido solicitado o parecer sobre a adequação do conteúdo das questões aos objectivos do estudo. Simultaneamente, solicitamos um outro parecer aos elementos que integram o Projecto de Educação para a Saúde da escola alvo, sendo este constituído por, duas docente, uma de Biologia e outra de Educação Física, bem como, pela psicóloga da escola. Em função das opiniões expressas procedemos a algumas alterações no questionário.

Em seguida, procedemos à sua testagem, utilizando, para esse fim, um grupo de alunos da escola onde a investigação foi realizada. Esse grupo incorporou 20 discente do 9º ano (10 rapazes e 10 raparigas) e 20 do 12º ano de escolaridade (10 rapazes e 10 raparigas). Estes alunos não viriam a integrar a amostra, para não contaminarem os dados.

No decorrer da aplicação da primeira versão do questionário, o investigador observou o preenchimento, mediu o tempo, utilizado para esse fim, verificou se as questões eram compreensíveis por todos os alunos, registou as dificuldades associadas e, mais tarde recorreu

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ao diálogo com os inquiridos, no sentido de obter informação útil para optimizar a qualidade das questões e alterar algumas delas.

No diálogo o investigador procurou auscultar os alunos sobre a extensão e o grau de dificuldade das respostas às questões, indagou acerca das dificuldades de compreensão das perguntas (linguagem utilizada e/ou conceitos) bem como, da existência de questões com pouco significado ou inadequadas.

Na posse da informação obtida com a aplicação do questionário provisório, concluímos que o questionário era o instrumento adequado para a recolha da informação pretendida, pelo facto das perguntas terem sido perceptíveis pela maioria dos inquiridos e, também, porque foi realizável num tempo máximo de 25 minutos.