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Evolução dos Decretos de Seropédica (1997-2016)

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4 AS POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DE SEROPÉDICA

Grafico 2 Evolução dos Decretos de Seropédica (1997-2016)

0 10 20 30 40 50 60 70 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Outras áreas Educação Formação Docente 0 20 40 60 80 100 120 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Outras áreas Educação Formação docente

118 A quantidade, bem como a curva da evolução das leis e decretos de formação, tem significado extremamente negativo em comparação aos dispositivos de outras áreas, o que representa um dado a ser considerado na análise geral. Entretanto, em termos qualitativos, o número pouco expressivo de dispositivos e sua pequena evolução podem não significar um resultado negativo, dado que a existência de poucas leis e decretos bem fundamentados, redigidos, conectados com a legislação nacional e que abrangessem todos os aspectos da formação, valorização e profissionalização docente, compensaria o aparente inexpressivo número de dispositivos e sua curva de evolução. Por isso, para identificar a qualidade destes dispositivos e estudá-los com mais profundidade, mais à frente serão examinadas as leis e os decretos de formação docente.

A realidade político-educacional do município de Seropédica esteve fortemente atrelada à legislação nacional, tanto em relação às determinações e orientações baixadas pelos órgãos competentes, quanto no enfrentamento dos desafios comuns a outras localidades e à nação como um todo. Um dos grandes dilemas apontado pela literatura da área é constituído pela formação dos profissionais da educação em nível superior e pelo desenvolvimento de ações, estratégias e políticas voltadas para o reconhecimento e a valorização dos trabalhadores na educação. Estas se materializariam na elaboração de planos de carreira ou no mínimo na construção de perspectivas que tornassem possível uma visualização da profissão capaz de proporcionar um ingresso satisfatório e a possibilidade de sustentação, manutenção, prosseguimento, formação e ascensão destes trabalhadores, com destaque para a categoria docente.

Antes de abordar a formação continuada que é ofertada precipuamente pela Secretaria de Educação, Cultura e Esporte, com a participação do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação Núcleo Seropédica/Paracambi no acompanhamento de suas ações e dos dispositivos legais que são criados a partir da iniciativa do Poder Executivo em interlocução com a Secretaria, será feita uma breve abordagem sobre a história e a atuação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, devido a sua importância não só na oferta da formação inicial de professores, mas também sua atuação no cenário educacional de Seropédica.

4.4 A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e a Formação de Professores

O Decreto nº8.319, de 20 de outubro de 1910, criou a Escola Superior de Agronomia e Medicina Veterinária e determinou que ela devesse ser instalada em área da Fazenda Santa Cruz, em Itaguaí, mas isto não aconteceu porque a área foi considerada imprópria para abirgar suas instalações. Com isso, a ESAMV sofreu várias mudanças de endereço até 1934, quando foi transformada em Escola Nacional de Agronomia, Escola Nacional de Medicina Veterinária e Escola Nacional de Química (OTRANTO, 2000).

Em 1943 foi transformada na Universidade Rural, subordinada ao Centro Nacional de Ensino e Pesquisas Agronômicas (CNEPA), órgão do Ministério da Agricultura. Em 1947 foi transferida para seu novo campus, onde se encontra até os dias atuais (OTRANTO, 2007).

Em 1963 ela passa a denominar-se Universidade Rural do Brasil, agora acrescida das Escolas de Engenharia Florestal; Educação Técnica, que deu origem ao Curso de Licenciatura em Ciências Agrícolas; e de Educação Familiar, que originou o Curso

119 de Licenciatura em Economia Doméstica. Em 1968 recebeu a atual denominação — Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (OTRANTO, 2000, p.147).

A partir daí a formação docente foi sendo incorporada a UFRRJ e se condolidando, com a criação, em 1963, do Curso de Licenciatura em Ciências Agrícolas e do Curso de Licenciatura em Economia Doméstica. Em 1968 foi criado o Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas e o Instituto de Educação, a partir da determinação da Lei 5.540/68, que estabeleceu a incorporação de cursos das áreas de Educação e Ciências Sociais pelas universidades rurais, que passa a abrigar o Curso de Licenciatura em Ciências Agrícolas (OTRANTO, 2000, 2007).

Ao longo dos anos 1970 outros cursos foram criados como Licenciatura em Educação Física em 1974, Licenciatura em Matemática em 1975, Licenciatura em Física em 1979, em um primeiro movimento de expansão (OTRANTO, 2000). Em 2000, é criado o Curso de Licenciatura em História depois de um longo período. A partir de 2005, com o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), diversos cursos de licenciatura e bacharelado são criados, promovendo uma enorme expansão da instituição, inclusive com a criação de mais dois campi, além de Seropédica, em Nova Iguaçu e Três Rios. Com a expansão foi observado um avanço no campo das licenciaturas, quando a UFFRJ buscou oferecer respostas às demandas locais por formação de professores para atuarem na educação municipal, em especial com a criação do Curso de Pedagogia, em 2007. Deste modo,

O Curso de Pedagogia foi aberto oficialmente na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro 31 anos após sua primeira aprovação. Em 7 de agosto de 2006 foi finalmente aprovado na Reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Deliberação-CEPE nº 142/2006) e o Conselho Universitário autorizou seu funcionamento em 14 de agosto de 2006 (Deliberação - CONSU nº 14/2006). O curso nasceu do reconhecimento da necessidade de suprir uma carência loco- regional de profissionais para o trabalho com educação infantil e primeiras séries do ensino fundamental. A primeira turma foi oferecida no primeiro período de 2007, tendo o seu vestibular registrado uma das maiores procuras dos cursos da Universidade, comprovando, assim, a necessidade de sua criação. Vale ressaltar que, tomando como referência apenas a área geopolítica circunvizinha e mais próxima à sede da UFRRJ, constatou-se que 2.536 professores se encontram em defasagem em relação à prescrição do art. 62 da LDB, que exige formação em nível superior para atuação no magistério da educação básica (OTRANTO, 2007, p.8).

À criação do curso de Pedagogia se seguiu a abertura de cursos de Licenciatura em Letras (Portugues e Inglês), Artes, Filosofia, Ciências Sociais e Geografia. Neste sentido, a exceção da área de Música, a UFRRJ oferce formação de professores em curso de licenciatura para todas as áreas de conhecimento da educação básica, o que certamente deveria impactar positivamente na localidade onde ela está situada.

Atualmente a UFRRJ oferece 26 cursos de bacharelado, 9 de bacharelado/licenciatura e 14 de licenciatura em três campi (Três Rios, Nova Iguaçu e Seropédica). No Curso de Pedagogia nos campi de Nova Iguaçu e Seropédica a Universidade forma profissionais para atuarem no magistério da Educação Infantil, nos anos iniciais do ensino Fundamental, nos Cursos de Ensino Médio na modalidade Normal, na Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar e em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos.

120 Além disso, possui cursos de pós-graduação latu e stricto sensu nas áreas da educação e dos conteúdos específicos das licenciaturas. A Universidade atua ainda na formação de professores através do PIBID, do PARFOR e muitos estudantes da UFRRJ que cursam licenciaturas fazem estágio curricular supervisionado nas escolas de Seropédica. Isto é, a ação da UFRRJ tem impacto na formação inicial e continuada dos profissionais da educação que já atuam por terem cursado o Ensino Médio na modalidade Normal ou outra licenciatura, ou poderão atuar na rede municipal de Seropédica.

4.5 Ciclo de Políticas de Formação de Professores de Seropédica

A formação inicial de professor em nível superior em Seropédica é ofertada exclusivamente pela UFRRJ, em decorrência de seu dever legal por ser uma instituição de educação pública. Apesar das ações da Universidade já pontuadas que repercutem na formação docente municipal, a relação existente entre ela e a SMECE revelam o quanto são omissas em muitos aspectos onde poderiam conjunta e articuladamente contribuir na formação dos atuais e futuros professores municipais.

Elas atuam baseadas em uma relação formal por estar situadas em territórios limítrofes onde uma favorece a outra em diversas situações, uma relação com pequenos e grandes impactos nas ações que desenvolvem, entretanto muito funcional, quando poderiam contribuir mais expressivamente com a formação dos professores da rede municipal. O fato de uma virar as costas para a outra prejudica principalmente a população de Seropédica que recebe imediatamente o fruto de seus trabalhos. Ao deixarem de desenvolverem ações conjuntas mais enfáticas elas apenas mantêm um status quo reconhecido pelo senso comum, contudo prestam um desserviço e não transformam o cenário da formação docente municipal como poderiam.

Como já acontecem, podem ser estabelecidas mais ações articuladas, convênios e parcerias entre a UFRRJ e a Prefeitura de Seropédica/SMECE para capacitarem os profissionais que atuam ou atuarão na rede municipal. Contudo, esta integração que seria considerada desejável tanto do ponto de vista da qualidade da formação, da localização geográfica, quanto ao fato da Universidade ser pública e gratuita, não acontece. O Municipio não aproveita a oportunidade de formação disponibilizada pela UFRRJ, optando muitas vezes pela privatização da formação de seus professores e a Universidade. Devido à resistência da Prefeitura em incorporar suas sugestões e críticas prefere se manter afastada, apesar dos dois terem uma boa relação formal.

A formação continuada é ofertada pela UFRRJ e pela SMECE de forma mais sistemática e institucional devido à responsabilidade pela formação dos professores que atuam na rede municipal de ensino.

A SMECE realiza anualmente a jornada pedagógica que acontece geralmente na primeira semana de aula, no mês de fevereiro. A semana pedagógica, que é um encontro de até uma semana realizado no meio do ano, é complementada por formações bimestrais no horário do contraturno dos professores da rede, desenvolvido por profissionais convidados e indicados pelas editoras que fornecem o livro didático, sendo ministrados pelos coordenadores e coordenadoras de formação em cada área do conhecimento. Estas formações acontecem em um encontro de até 4 horas de duração, normalmente na sede da SMECE.

121 Além disto, a SMECE mantém um auxílio-formação desde janeiro de 2015 em parceria com faculdades privadas para que os servidores possam se matricular em cursos de graduação e pós-graduação utilizando o horário do Tempo Disponível de Estudo (TDE). Atualmente a Secretaria tem em seu quadro de coordenação de formação docente:

Tabela 10 – Coordenadores de Formação Continuada da SMECE

Área do conhecimento/ensino Quantidade Situação

Alfabetização do 1º ao 3º ano 04 coordenadores

08 orientadores de estudo (sendo 04 coordenadores que acumulam dupla função)

Ativos - Vinculados ao PNAIC (Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa)

Alfabetização do 4º e 5º ano 01 Ativo

Artes 01 Ativo

Berçário e Educação Infantil 01 Ativo

Ciências 01 Ativo

Classe Especial 01 Ativo

Cultura afro-brasileira 00 Exonerado recentemente

Educação de Jovens e Adultos 03 Ativo

Educação Física 02 Ativo

Geografia 01 Ativo

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