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Primeira fase do ciclo de políticas de Seropédica (1997-2006)

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4 AS POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DE SEROPÉDICA

História 00 Exonerado recentemente

4.5.1 Primeira fase do ciclo de políticas de Seropédica (1997-2006)

Na primeira fase foram analisados os seguintes dispositivos: Decretos nº41 de 1998, nº77 e 78 de 1999, Lei nº59 de 1998, Decreto nº83 de 1999, Lei nº103 de 1999 e Lei nº127 de 2000.

4.5.1.1 Decretos 41/98, 77/99 e 78/99

O Decreto 41/98 criou o Sistema Municipal de Ensino (art.1º) em consonância com os princípios constitucionais e com o princípio da legislação dos sistemas ensino, com a incumbência dos entes federativos de organizarem seus respectivos sistemas com autonomia nos termos da LDB 96 e autorização para baixar normas complementares, com a incumbência municipal de organizar, manter, desenvolver, credenciar e supervisionar os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas, integrados às políticas e planos educacionais da União e do Estado do Rio de Janeiro.

De acordo com a LDB 1996 os Municípios poderiam optar em se integrar ao sistema de ensino estadual ou constituírem seus próprios sistemas. O Governo de Seropédica na ocasião optou pela constituição própria do seu sistema.

O Sistema Municipal de Ensino atenderia a Educação Infantil, ao Ensino Fundamental e a Educação de Jovens e Adultos (art.2º) e compreenderia as instuições do Ensino Fundamental e da Educação Infantil mantidas pelo Poder Público Municipal. E as instiuições privadas de Educação Infantil (art.3º), em consonância com a LDB 1996.

A Educação Infantil atenderia as crianças de 0 a 5 anos de idade (art.4º) e o Ensino Fundamental as crianças de com mais de 6 anos de idade (art.5º).

Este Decreto estabeleceu a criação do Sistema Municipal de Ensino que serviria para articular as ações educativas e estabelecer uma norma geral para atuação docente enquanto não fosse criado um dispositivo legal específico. O Decreto criou um sistema ainda muito básico e iniciante, que na verdade funcionou com uma lei para organização da educação que seria ofertada naquele momento.

Em 1997 fui publicado apenas um decreto sobre educação, mas que não tinha relação com a formação docente e em 1998 foram publicados cinco, porém apenas o presente teve impacto na formação. Apesar de ser um sistema iniciante, o Decreto 41/98 foi o que norteou a ação docente até a publicação do Plano de Carreiras dos Professores em maio de 1998.

Como o Sistema Municipal de Ensino foi criado por uma lei bem genérica, o Decreto 77/99 especificou as séries iniciais do sistema de ensino e o Decreto 78/99 especificou o sistema do curso de educação de jovens e adultos. O Governo Municipal poderia ter elaborado uma lei que alterasse a redação da lei do sistema de ensino e aproveitasse para especificar outras questões, o que contribuiria para a organização da educação e para a articulação das ações educativas, o que, entretanto não ocorreu. Merece menção que estas primeiras politicas educacionais foram efetuadas por meio de Decretos e não por uma lei discutida na Câmara

125 Municipal, o que pode refletir a falta de maturidade política e de democracia participativa no município à época.

4.5.1.2 Lei 59/98 e Decreto 83/99

Em conformidade com a Constituição de 1988 e com a LDB 96 a Lei 59/98 criou o Plano de Carreiras do Magistério Público Municipal, dos funcionários lotados na Secretaria de Educação e Cultura e atuantes no Ensino Fundamental (art.1º). Definiu como profissionais do magistério e, portanto, regidos pelo plano de carreira, os que exerciam atividades de docência e suporte pedagógico direto ao ensino (assessoria, direção de departamento, administração escolar, supervisão educacional, supervisão de nutrição escolar e orientação educacional) (art.1º).

O parágrafo único do mesmo artigo definiu como pré-requisito para o exercício das funções de suporte pedagógico ter pelo menos dois anos de regência de turma. O estabelecimento deste pré-requisito teve fundamento no parágrafo primeiro do artigo 67 da LDB de acordo com a redação dada pela Lei nº11.301/06, onde está enunciado que a experiência docente é pré-requisito para o exercício de qualquer outra função do magistério nos termos das normas de cada sistema de ensino.

O plano estabeleceu uma carreira única denominada Magistério Municipal (art.2º), na qual o ingresso se daria através de concurso público de provas ou provas e títulos (art.3).

Os professores que integrariam a carreira poderiam ser: docente I (com diploma em nível superior, habilitado no Ensino Fundamental e Médio) e docente II (formação em nível médio, habilitado para o Ensino Fundamental) (art.3º).

O desenvolvimento na carreira se daria por nível e por classe (art.4º). Por classe se daria mediante avaliação de desempenho com exigência de permanência mínima de cinco anos na classe, inexistência de faltas ao serviço e aperfeiçoamento profissional. O processo de avaliação seria conduzido e supervisionado por uma comissão designada pelo Secretário de Educação e Cultura, constituída de três membros, assegurada a participação de um membro de entidade representativa dos professores e especialistas em educação (art.5º). O desenvolvimento por nível devido à falha na redação da lei simplesmente não foi definido.

A jornada de trabalho do docente II era de 25 horas semanais (com 5 horas de regência de turma) ou 40 horas. A jornada do docente I era de 16 horas/aula (12h/a com regência de turma e 4h em cursos de aperfeiçoamento) (art.6º). O fato da lei já garantir 4 horas de cursos de aperfeiçoamento para os docentes I só pode ser considerado um avanço a partir da constatação se estes cursos realmente qualificavam os profissionais e se neste período de fato eles se ausentavam das atividades laborais.

A lei ainda diferenciou hora/aula de hora/atvidade (10º), assegurou a convocação dos professores sempre que fosse necessária reposição ou complementação de carga horária anual (art.12), garantiu férias de 45 dias dividida em dois períodos para os professores com regência de turma (art.13), gratificações pelo exercício da função de docência, de diretor, de diretor adjunto, pelo regime especial de trabalho, pela formação técnica, pela formação universitária, por difícil acesso a unidades escolares e por assessoramento (art.14).

126 Por fim, o parágrafo único do artigo 15 assegurou ao Poder Executivo Municipal fazer as adaptações que julgasse necessárias para o fiel cumprimento da lei.

Esta lei trouxe avanços para um Município recém-emancipado, mas também foi confusa em vários aspectos, além de conferir uma progressão na carreira bastante controlada e limitada a exigências e requisitos determinados de forma centralizada pela Poder Público.

A participação da entidade representativa dos professores e especialistas em educação ainda precisava se tornar mais expressiva de modo a garantir o cumprimento, o acompanhamento da lei e a conformidade com a legislação nacional, para que os direitos dos profissionais fossem efetivados.

O Decreto 83/99 sob a alegação de que com a emancipação municipal através da Lei 2.445/95 (quatro anos atrás) foi criada a administração municipal para o centro urbano, tendo sido encurtada a distância de acesso às escolas, extinguiu a obrigação de pagamento de gratificação por difícil acesso aos profissionais da Secretaria de Educação e Cultura, garantida pelo Plano de Carreiras do Magistério Público em 1998. No entanto, não considerou a dificuldade de acesso ainda existente às escolas do próprio Município, pondo fim a um benefício conquistado pelo Plano de Carreira.

4.5.1.3 Leis 103/99 e 127/00

A Lei 103/99 criou o Estatuto do Magistério Público de Seropédica, uma espécie de regime jurídico para as profissionais desta categoria, que serviu para complementar a compreensão e aplicação do Plano de Carreira.

O profissional do magistério público passava a ser o servidor público com formação especializada em magistério, de nível de segundo grau ou superior, que exercia cargo, emprego ou função do magistério, de direção da escola, de docência, de supervisão, de administração, de planejamento e de orientação das atividades essencialmente educacionais (art. 3º).

Foram impressos fundamentos da administração como princípios básicos do Estatuto de modo que o progresso da educação municipal dependia da formação, da produtividade, da competência, das qualidades pessoais, profissionais e pedagógicas do pessoal do magistério, mas também de seu aperfeiçoamento, da sua especialização e da sua atualização. O exercício do magistério exigia então responsabilidades pessoais e coletivas com a educação, com o progresso e com o bem-estar dos alunos.

O progresso da educação foi compreendido dentro de uma lógica simplificada e operacional, onde o trabalho educativo deveria corresponder às necessidades de produtividade e aprimoramento das competências para garantirem o desenvolvimento do sistema. A formação ainda muito distante da associação com a pesquisa e a extensão, visava preparar um profissional para atuar e produzir somente.

Além disso, por determinação legal, enquanto servidores públicos, os profissionais do magistério estavam submetidos ao Regime Jurdíco Único dos Servidores Públicos de Seropédica naquilo que não contrariasse o presente Estatuto.

127 O artigo 8º do Estatuto definiu a formação exigida para o provimento em cargos do magistério: habilitação de segundo grau para a educação infantil e 1ª a 4ª séries do ensino fundamental, licentura plena para professor de 5ª a 8ª série e 1º grau ou posterior, licenciatura plena para supervisão e orientação educacional.

A Lei 103/99 definiu ainda o pessoal docente, o cargo de supervisor, os cargos da direção escolar, as formas de provimento, que deveriam ser as mesmas do Estatuto dos Servidores Municipais, normas mínimas para os concursos, regras do estágio probatório, do regime especial de trabalho, do regime disciplinar, direitos, vantagens e aposentadoria.

Alguns artigos devem ser destacados pelas repercussões que causaram na trajetória e no trabalho docente. O parágrafo único do artigo 13 conferiu a ato do Secretário Municipal de Educação a definição do número de integrantes do corpo administrativo das unidades escolares sem nenhum critério para assegurar as condições de trabalho e estrutura de funcionamento de forma a evitar o desvio de função, a sobrecarga de trabalho e o surgimento de problemas na atuação docente.

Para preenchimento do cargo de diretor e diretor adjunto era exigido curso de pedagogia com habilitação em administração escolar e o mínimo de dois anos de exercício do magistério (art.14).

A promoção estava sujeita exclusivamente a critérios de antiguidade e merecimento e decorreria da avaliação de desempenho funcional prevista no Plano de Carreiras do Magistério (art.24). Isto restringia o reconhecimento das capacidades e aptidões de profissionais com menos tempo de serviço para ocuparem cargos superiores e fortalecia os poder discricionário da Secretaria de Educação de decidir e resolver situações não previstas na lei, além de contribuir para a centralização da administração municipal e se constituir como obstáculo para a consolidação de uma gestão democrática.

A Lei 127/00 vinculou expressamente a designação dos profissionais do magistério para as unidades escolares à necessidade da Secretaria de Educação e Cultura, respeitando a ordem de classificação no concurso (art.20). Os professores licenciados ou afastados por qualquer motivo poderiam perder a designação na unidade escolar de origem também por causa da necessidade da Secretaria (art.21). O artigo 22 estendeu estas normas aos profissionais designados para exercerem cargos em comissão, funções de confiança ou atividades de gestão técnico-pedagógica (art.22). As alterações realizadas pela Lei 127/00 apenas contribuiram para fortalecer a discricionariedade da atuação da Secretaria de Educação e Cultura.

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