Seropédica: Aspectos Históricos e Sócio-Político-Demográficos

O território onde está localizada Seropédica hoje começou a ser ocupado pelos missionários da Companhia de Jesus no final do século XVI visando à catequese dos povos indígenas. Esta região pertencia à capitania hereditária de São Vicente que teve parte de suas terras doadas pelo donatário e sua viúva aos jesuítas (ARAUJO, 2011).

Como a propriedade dos jesuítas reunia uma área muito extensa, próxima aos bairros hoje de Campo Grande e de Santa Cruz, parte dos municípios do RJ, Itaguaí e Seropédica, até Vassouras, em 1729 os jesuítas fizeram um levantamento onde encontraram a aldeia que se tornou o povoado de Bananal (ARAUJO, 2011).

Quando os jesuítas foram expulsos pelo Marquês de Pombal em 1759 suas propriedades foram confiscadas pelo governo português, que designou esta região de Fazenda de Santa Cruz (ARAUJO, 2011).

O povoado de Bananal ganhou importância porque para se chegar até a região de Vila Rica em Minas Gerais, onde foi descoberto ouro, era preciso passar por uma pequena estrada entre SP e MG que cruzava o Rio Grandu na altura do povoado de Bananal. Em 1808 a Fazenda de Santa Cruz passou a ser uma residência opcional da família real portuguesa e em 1818 a aldeia de Itaguaí se tornou vila. Isso serviu para impulsionar seu crescimento em diferentes aspectos (ARAUJO, 2011).

109 A vila de Bananal continuou se desenvolvendo tendo passado para Curato e depois para Freguesia. Isto se deu devido à sua importância econômica para a Província do Rio de Janeiro por causa do desenvolvimento agrícola daquela região e pela instalação nela do primeiro estabelecimento de fabricação de seda em escala industrial, transformado em Companhia Imperial em 1855 (ARAUJO, 2011).

Como não prosperou a Companhia foi desfeita, comprada por um novo dono e tornou- se o Estabelecimento Seropédico de Itaguaí. O que se seguiu foi que a sede do distrito de Bananal foi transferida para a região denominada Partioba no município de Itaguaí. Em 1926 por causa da sericultura, com a lei estadual nº2.069, de 29 de novembro, Partioba passou a se chamar Seropédica (ARAUJO, 2011). Isto aconteceu depois de Seropédica passar por um período de paralisação do desenvolvimento econômico devido ao abandono das terras por causa da malária a partir dos anos 1930.

A passagem da antiga rodovia Rio-São Paulo pelo território do antigo distrito de Seropédica e a instalação de indústria têxtil no antigo distrito de Paracambi, aliadas às obras de saneamento da Baixada Fluminense, possibilitaram ao município readquirir sua antiga posição de prestígio (TCE/RJ, 2015, p.7).

Aliado a estes movimentos o desenvolvimento urbano de Seropédica se deu com a com a transferência do Centro Nacional de Ensino e Pesquisas Agronômicas para a rodovia Rio-São Paulo, ocasionando o surgimento de estruturas e serviços ao seu redor.

Em 1938, foram iniciadas, em Seropédica, as obras do Centro Nacional de Estudos e Pesquisas Agronômicas, onde hoje funciona a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ. Em 1945, todos os funcionários do Horto Florestal de Seropédica ali moravam com suas famílias. Em 1948, a UFRRJ transferiu seu campus para as margens da antiga rodovia Rio-São Paulo, hoje BR-465, iniciando-se o desenvolvimento urbano de Seropédica no local do antigo horto (TCE/RJ, 2015, p.7).

A instalação da Universidade Rural no Km 47 e sua expansão alavancou o crescimento do centro urbano situado no Km 49 da antiga estrada Rio-São Paulo, no distrito de Seropédica, contribuindo para a disseminação do anseio por autonomia na população. Mas foi só em 1995, em meio ao processo de emancipação em curso em diversos municípios fluminenses, a exemplo do que ocorria em todo o país, com a publicação da Lei nº2.446, de 12 de outubro, que Seropédica se tornou um município independente de Itaguaí, tendo sido instalado em 1º de janeiro de 1997 (TCE/RJ, 2015).

Atualmente, Seropédica possui uma população estimada em 2016 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatítica (IBGE) de 83.667 pessoas. O município de Seropédica pertence à Região Metropolitana do Rio de Janeiro, tendo como municípios limítrofes Itaguaí, Paracambi, Japeri, Queimados, Nova Iguaçu e Rio de Janeiro (TCERJ, 2015).

Seropédica tem pouca autonomia econômica, sendo sua principal atividade a extração de areia praticada por várias empresas mineradoras para uso na construção civil, o que causa grandes prejuízos ambientais. O restante da economia municipal gira em torno da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e da comunidade universitária, com

110 estabelecimentos de pequeno e médio porte de todas as naturezas para atender às necessidades daqueles envolvidos com a Universidade (SMECE, 2015).

Devido à baixa oferta de emprego local, grande parte da população municipal trabalha no município do Rio de Janeiro. Além disto, muitos dos usuários do comércio local são estudantes, familiares, professores, servidores e funcionários contratados pela Universidade, que não tem residência fixa em Seropédica, o que serve para movimentar o mercado imobiliário local e que caracteriza Seropédica como uma cidade-dormitório (SMECE, 2015).

Apesar de possuir alguns centros urbanos, Seropédica tem grandes áreas rurais com uma atividade econômica muito insipiente ainda. Além disto, estão situadas no Município a Usina Termoelétrica Barbosa Lima Sobrinho e uma filial da empresa alimentícia Panco (SMECE, 2015).

Figura 2 – Mapa do Estado do Rio de Janeiro

Segundo dados do IBGE em 2015 a área de Seropédica era de 283, 766 km², com um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal em 2010 de 0,713. Vinculada até 1996 a Itaguaí como distrito, Seropédica foi elevada a categoria de município, instalado no ano seguinte.

É apontado frequentemente por estudos socioeconômicos como um “bolsão de pobreza”, pois possui um baixíssimo desempenho econômico e uma visível

111 precariedade nas condições de vida da população. É chamada, também, de cidade- dormitório, assim como grande parte dos municípios vizinhos, pois atende a uma parcela de trabalhadores que se desloca diariamente para trabalhar na capital do estado. Por outro lado, é conhecida, ainda, como cidade universitária, pois no município localiza-se o Campus Central da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) [...] (COUTINHO, 2013, p.7).

Desde a emancipação foram prefeitos de Seropédica Anabal Barbosa de Souza entre 1997 e 2004 por dois mandatos, Gedeon de Andrade Antunes, eleito em 2004 e cassado em 2006 pelo TSE por compra de votos. Darci dos Anjos Lopes (segundo mais votado nas eleições de 2004) assumiu o cargo, foi eleito em 2008, permaceu até 2009, quando junto com seu vice foi cassado por captação ilícita de votos. Novamente o segundo candidato mais votado, Alcir Fernando Martinazzo, assumiu o poder, sendo eleito em 2012 e permaneceu até 2016. Com as eleições de 2016 para os cargos de prefeito e vereador, em 2017, com mais de 80% dos votos, Anabal Barbosa de Souza reassumiu o governo municipal.

Cabe registrar que durante os vários períodos que intermediaram o afastamento definitivo dos prefeitos Gedeon de Andrade Antunes e Darci dos Anjos Lopes e a assunção, respectivamente, dos prefeitos Darci dos Anjos Lopes e Alcir Fernando Martinazzo, o governo do município foi exercido pelo presidente da Câmara de Vereadores, Mauro de Britto.