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A EVOLUÇÃO DE UMA GRANDE ENTIDADE

No documento Dion Fortune-A Doutrina Cosmica (páginas 54-60)

Imaginem agora a experiência de existência tal como é percebida pela consciência despontante de uma Grande Entidade.

Até aqui verificamos a evolução de pontos de manifestação a partir do nada; consideraremos agora a matéria a partir de si mesma, tal como surge subjetivamente a assa unidade cósmica de manifestação referida como uma Grande Entidade.

Em primeiro lugar, imaginem a sensação de um turbilhão e mais nenhuma outra sensação. Imaginem-se tão habituados a esse turbilhão, que sua cessação ocasionaria uma sensação, mas não a sua continuidade.

Imaginem um movimento secundário em desenvolvimento, percebido antes por sua novidade, e que perdesse seu poder estimulador devido ao público, como aconteceu com o primário, e assim por diante.

Vocês perceberão então que os movimentos que são habituais devem ser mantidos se se tiver de chegar a um estado de ausência de sensação perturbadora, que é a base da atenção. Portanto, os movimentos a que se está acostumado estão implícitos no "ser" daquilo que se baseia neles, e, quando este desperta para a manifestação, sempre procurará estabelecer esses movimentos como a base de sua existência.

Bem, recordem as fases de movimento às quais as Grandes Entidades se habituaram no curso da evolução cósmica que levou ao seu desenvolvimento e verão que todos esses movimentos se tornaram implícitos em sua natureza e serão reproduzidos quando eles, por sua vez, se estabelecerem nessa elaboração interior que constitui a próxima fase da evolução cósmica — a fase da evolução das Grandes Entidades; considerando-se que, seja qual for o plano ou Anel do Cosmos,

as Entidades aí se estabelecem por um ciclo de evolução, os valores numéricos da evolução estarão mais ou menos determinados.

Consideraremos agora a evolução da Grande Entidade de que estamos tratando especialmente.

As fases do Cosmos estão implícitas em sua natureza; donde a significação da máxima — "Acima, como abaixo, mas de outra maneira". Aquilo que é desenvolvido sob um determinado conjunto de condições reproduz essas condições na recapitulação com que leva avante o empreendimento do desenvolvimento original.

A Grande Entidade, então, tendo uma base de fatores evoluídos cosmicamente com que trabalhar, combina e recombina esses fatores na diversidade infinita de um universo manifesto. Em conseqüência, a diversidade infinita de um universo manifesto pode ser resolvida na simplicidade original dos primórdios cósmicos. Cada fase ou aspecto do universo tem sua origem numa fase ou aspecto similar do Cosmos.

Uma Grande Entidade, tendo-se estabelecido em sua órbita cósmica, prossegue sua obra de evolução. Tendo implantados em sua natureza, por suas experiências, os fatores cósmicos, ela continua independentemente do impulso cósmico a fazê-los funcionar em seu próprio momentum, momentum que pode ser chamado de "Vontade Cósmica".

Vocês perceberão que ainda estamos falando em termos de dinâmica. E só quando um alto grau de evolução tiver sido alcançado que podemos falar em termos de psicologia, mas há uma linha quebrada de desenvolvimento no percurso do movimento ao pensamento. O movimento tangencial é uma forma simples de reação. O pensamento é uma forma infinitamente complexa de reação. Trata-se de

uma diferença de grau, não uma diferença de espécie. Fundamentalmente, não existe diferença de espécie em nada, porque tudo pode ser reduzido à Quietude Central original. Nos planos de manifestação, todavia, há diferenças de espécie, porque os Raios que procedem da Quietude Central divergem à medida que prosseguem. Como a consciência está limitada em seu funcionamento objetivo a um plano por vez, uma unidade interior só pode ser percebida pela consciência que repousa ali; e, sendo a transição de um plano para outro de qualquer Raio ou linha de força marcada por uma subdivisão desse Raio, vocês perceberão que há diferenças de espécie em manifestação, embora exista uma unidade fundamental. Diferenças de espécie são reconhecidas ao longo do mesmo Raio; diferenças de espécie são reconhecidas na seqüência dos Raios ao redor do círculo. (Essa digressão, que, estritamente falando, pertence a outra seção deste assunto, é feita aqui para assegurar clareza de compreensão ao argumento que expomos.)

Uma Grande Entidade começa sua evolução desenvolvendo não os Anéis Cósmicos, mas os conceitos desses Anéis. Quer dizer, ela põe em movimento as memórias das experiências a que foi submetida quando aquilo que depois se condensou em sua substância fazia parte dos redemoinhos primordiais. Ela conhece o "bem" e o "mal" e, portanto, é um Deus. É o conhecimento do bem e do mal que possibilita sua manifestação, porque o "bem" é um dinamismo e o "mal" é um bloco de empurrão. O Anel-Não-Passa de um universo é a limitação as fases do "Dia

Cósmico", os segmentos do círculo em que as forças positivas ou estimulantes são

predominantes; e seu aspecto analítico recebe um estímulo quando passa por aqueles segmentos do círculo nos quais predominam as forças negativas. Da mesma maneira, à medida que passa pela esfera de influência de cada Raio, as forças correspondentes em sua própria natureza receberão um estímulo adicional.

Imaginem, então, esse Grande Organismo viajando ao redor de um círculo que está dividido em quatro quartos — alternadamente positivos e negativos — e, além disso, cada quarto está subdividido nas esferas de influência de três Raios. Vocês têm agora as chaves dos chamados "Dias" e "Noites de Deus" e dos períodos de evolução; mas, como esse Grande Organismo que estamos considerando é ele mesmo um Cosmos em miniatura, vocês perceberão que um ciclo mais veloz será completado no interior de sua própria natureza.

Há outro conjunto de influências que deve ser considerado além destas influências. Há as atrações gravitacionais de outros Grandes Organismos que existem em outros planos do Cosmos.

As relações entre um Grande Organismo e outros que estão em seus próprios planos são fixadas e determinadas antes que se inicie qualquer evolução posterior e, sendo constantes, não precisam ser consideradas. Mas as revoluções das Grandes Entidades em outros planos do Cosmos são conduzidas em passos diferentes e sem relação alguma com as Entidades de outros planos. Portanto, elas se alinharão umas às outras periodicamente, bloqueando momentaneamente a tração da atração central que se exerce mais sobre esses organismos do que sobre elas mesmas e também exercendo uma atração gravitacional sobre todas as partículas de seu próprio plano e dos planos acima do seu na massa de um Grande Organismo que está numa trilha exterior.

Essa interceptação temporária da atração central restabelece o equilíbrio do Organismo exterior, removendo o obstáculo centrípeto colocado à força centrífuga, mas a tendência de certos tipos de moléculas de voar para dentro em direção ao corpo que atrai tende a contrabalançar esse processo. Também a vontade integral do átomo nuclear desse Organismo é manter constantes as

condições habituais que se tornaram a lei da sua natureza. As condições habituais, diga-se entre parênteses, estão entre as seqüências que o homem chama de "Leis

Naturais" quando ele as descobre.

Da mesma maneira, as forças do Cosmos tendem a manter o equilíbrio, compensando-se umas às outras. Mas ocorrem, não obstante, a intervalos irregulares, condições que requerem compensação e elas dão origem a graus variáveis de irregularidade no movimento das Grandes Entidades e, daí, à presença do "mal positivo", o pecado e a enfermidade em suas esferas.

O próprio Cosmos tem de se esforçar por um ajustamento no começo de cada fase de sua evolução e as irregularidades que ocorrem antes que o ajustamento seja efetuado e que têm de ser corrigidas no curso da evolução são a origem do mal no sentido em que a palavra é usada popularmente.

O "mal cósmico" é uma limitação — uma oposição e a condição original da manifestação; é o que chamamos "mal negativo".

Esse mal cósmico, o "mal divino", a "morte divina", está implícito em toda Grande Entidade e é a base de sua manifestação e de sua evolução. Pois sem limitação — finitude — não existiria a manifestação e sem a morte ou o descarte do gasto não haveria o progresso. Esses elementos, então, de oposição cósmica estão sempre presentes num universo manifesto; mas o mal Universal, sob seus dois aspectos de pecado ou de força pervertida e de enfermidade ou forma pervertida, deve-se Ai irregularidades de órbita causadas pelas passagens dos Grandes Organismos em diferentes planos do Cosmos, Estes planos estão sempre em sua forma extrema no começo de uma evolução e são gradualmente ajustados no curso de uma evolução como compensações, até que, ao final de uma evolução, seja

conseguido um equilíbrio perfeito e rítmico de todo o Cosmos — uma síntese de ação e de reação que mantém a estabilidade.

No documento Dion Fortune-A Doutrina Cosmica (páginas 54-60)