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A LEI DA LIMITAÇÃO-PARTE II

No documento Dion Fortune-A Doutrina Cosmica (páginas 157-162)

A Lei da Limitação é a base da prática ocultista. É o segredo do poder; em conseqüência, foi negada àqueles que estão no caminho probatório. A estes foi ensinado que existe um reservatório infinito de poder e a meditar sobre isso. A eles foi ensinado a meditar sobre o poder informe. Isso fez que o poder os utilizasse, não que eles utilizassem o poder.

Mas, quando se adquire o conhecimento do método de construir canais através dos planos inferiores, é possível dirigir o poder para um determinado fim. Quando isso acontece, o poder é transladado dos planos da Individualidade para os planos da Personalidade; não no interior do organismo, mas fora dele. É necessário, portanto, ter um conhecimento do método de fazer formas. "Acima, como abaixo."

Quando o Imanifesto desejou tornar-se manifesto, um movimento fluiu num círculo que retornava para onde ele havia sido originado. Para fazer uma forma no plano mental concreto, o pensamento moveu-se num círculo, retornando para onde havia sido originado. Começando com um conceito, ele teve de proceder logicamente desse conceito, raciocinando do geral para o particular no arco expansivo e do particular para o geral no arco de retorno, considerando assim os dois lados da questão e os correlacionando. Este é o primeiro estágio.

O conceito assim formado pôde então ser transferido para o reino do sentimento. Isto corresponde ao Anel-Não--Passa.

O conceito pôde então ser sujeitado à força que dirigia a natureza. Isto corresponde ao Anel-Caos.

Bem, o Anel-Cosmos é o conceito do plano mental, o Anel-Caos é a força que dirige os instintos e o Anel-Não--Passa corresponde ao aspecto Astral Superior. Vocês compreenderão muito se meditarem sobre essas correspondências. Essa é

sua forma arquetípica e nela serão elaboradas todas as ações e reações que estão em relação com a matéria em questão, mas essa matéria sempre deverá, em primeiro lugar, ser circunscrita pela clara definição da consciência. A segunda reação da consciência surge com relação aos desejos relativos a isso e o terceiro aspecto diz respeito ao uso das forças primitivas para a geração do poder.

Tendo sido assim estabelecido o aspecto cósmico do conceito, a manifestação no mundo da forma ocorre na esfera circunscrita. Sem essa circunscrição não existe manifestação.

A lei primordial do arco involutivo é a Lei da Limitação. A lei primordial do arco evolutivo é a Lei das Sete Mortes. A Lei da Limitação tem como base a Lei da Ação e da Reação.

A Lei da Ação e da Reação tem como base os fenômenos conectados à curva. A curva suficientemente prolongada torna-se um círculo. Um segmento de uma curva é um arco. O pêndulo é o tipo da ação e da reação, iguais e opostas. Prolonguem o arco descrito pelo pêndulo e terão um círculo; a extensão do pêndulo desse círculo é o raio. Isso explica muita coisa relativa à transmutação da força de plano para plano.

A Encarnação baseia-se na Lei da Limitação; o carma, na Lei da Ação e da Reação; é por essa razão que só numa esfera limitada uma ação e reação iguais e opostas podem ocorrer, a "força" deve ser manifestada como "forma", de maneira que os frutos de sua ação possam retornar à esfera em que ela se originou.

A construção de um veículo para encarnação segue as linhas já esboçadas. Novamente, temos a circunscrição que delimita a matéria a ser elaborada nessa encarnação. Cada alma determina sua própria matéria. A

Superalma, portanto, é o Senhor do Carma. E ela que vocês invocam em todas as matérias ligadas às suas sortes. Vocês invocam seu próprio Eu Essencial.

A Lei da Limitação é análoga ao conceito matemático relativo às medidas de superfície: tem um aspecto bidimensional. É pela introdução de uma terceira dimensão que transcendemos a Lei da Limitação, e o homem, possuindo uma consciência de três dimensões, pode usar a Lei da Limitação transcendendo-a. Em qualquer plano em que a Lei da Limitação atue, ela sempre pode ser transcendida pela adição de uma dimensão à consciência. Este é o segredo do controle da Lei da Limitação.

A Lei da Limitação fornece o meio de se calcular as condições sob as quais se pode levar adiante uma operação. Se vocês determinarem apenas essas condições, serão controlados por essas condições, mas se levarem a consciência para o plano que as pode perceber como uma síntese, se vocês puderem perceber a abstração que as compreende e puderem então delimitar a abstração e a considerarem em relação à condição de seu plano separado da Lei da Limitação; se puderem imaginá-la em relação ao Cosmos, tendo ligada ao Cosmos essa idéia ao considerarem a relação entre o todo e a parte — então será possível que a consciência, tendo em mente essa idéia cósmica, seja redirigida para o aspecto finito dessa idéia e então aproximar-se de uma outra dimensão superior; e, enquanto utilizar a Lei da Limitação para circunscrever a matéria em questão, transcender essas limitações.

Esse método pode ser aplicado, não só para a manipulação de qualquer matéria ou assunto, mas também para a construção dos corpos numa encarnação e para a manipulação do carma durante a encarnação, pois, desde que vejamos uma única vez nosso fado predestinado em sua relação com a lei cósmica, teremos

dominado nosso fado. O Eu Essencial sempre o vê assim, porque o Eu Essencial tem um relacionamento cósmico por meio das impressões logoidais sobre as Centelhas Divinas; mas o Eu Inferior, que tem um relacionamento terrestre, vê todas as coisas em relação com "nascimento" e "morte", "começo" e "fim".

Enquanto a consciência residir nos sentidos, ela verá as coisas do ponto de vista dos sentidos, da "dor" e do "prazer", do "começo" e do "fim". Mas, quando ela for levada à relação das coisas cósmicas, ela verá todas as coisas em relação à evolução — à curva que cerca todo o círculo, não a linha reta da partição da finitude. A Personalidade é aquilo que existe em virtude da Lei da Limitação, a Individualidade é aquilo que existe em virtude da Lei da Natureza do Cosmos; e a escada que leva da Personalidade à Individualidade possui sete degraus, e esses degraus são as "Sete Mortes", pois é a Lei da Limitação que faz as coisas nascerem, mas é a Lei da Morte que faz as coisas reviverem. Pois nascimento é morte e morte é nascimento. Todos nascem "cegos", o que evita misericordiosamente que todos saibam que estão mortos. Vocês não podem compreender que seu plano é o plano da morte e que nosso plano7 é o plano da vida. Todos os que estão na matéria estão no túmulo, estão mortos e enterrados. A Morte e a Iniciação produzem os mesmos resultados; portanto, é por isso que todas as Iniciações contêm o simbolismo da morte e do enterramento.

Lembrem-se sempre de que no plano material morte e prejuízo significam liberdade e ressurreição. Os haveres são, como a terra, aquilo que é jogado por cima do cadáver. Aprendam, portanto, a olhar seus corpos mortos e a galvanizá-los com suas vidas, mas não cometam o erro de viver neles.

7

E muito útil ser capaz de projetar a consciência sobre a esfera mundana, mas é muito desvantajoso ser agrilhoado pelas condições dessa esfera. Vocês estão presos por duas coisas — temor e desejo.

A Iniciação os capacitará a viver no nosso8 plano, embora ainda estejam presos à consciência do cérebro. É por isso que os Graus9 ensinam: em primeiro lugar, a superação do desejo; depois, a superação do temor; e, finalmente, a morte e a ressurreição.

Conhecendo a Lei da Limitação e transcendendo essa Lei, vocês podem utilizá-la. Tendo circunscrito a tarefa que se impuserem realizar, vejam-na em relação ao Cosmos. Vendo o Arquétipo Cósmico, vocês serão colhidos na força desse ideal; e, vendo a forma circunscrita que se deseja se manifeste, vocês focalizarão essa força.

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O plano do Comunicador.

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Graus = Estágios de progresso dirigido; trata-se de um termo utilizado nos métodos tradicionais de subir a "escada dos sete degraus".

No documento Dion Fortune-A Doutrina Cosmica (páginas 157-162)