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A LEI DA ATRAÇÃO DO ESPAÇO EXTERNO

No documento Dion Fortune-A Doutrina Cosmica (páginas 173-177)

Ao considerarmos a Lei da Atração do Espaço Externo devemos em primeiro lugar perguntar como é que a atração do Espaço Externo é capaz de superar a atração do Centro. Para compreender esse problema, temos de considerar certos aspectos básicos do universo que foram descritos anteriormente.

A consciência logoidal, quando consegue o equilíbrio, chega à perfeição; e, tendo chegado àquilo que havia idealizado conceptualmente, propõe uma concepção posterior e procura realizá-la.

Aqueles conceitos formais já imaginados no interior da consciência logoidal são prolongados em síntese mais complexas (compartilhando da natureza de fases de manifestação desenvolvidas sucessivamente) ou, para expressar a mesma idéia em outra terminologia, passaram para os planos de manifestação. Os pontos crescentes do Logos são projetados na manifestação como impulsos evolutivos; e o Logos dá o empurrão para fora que projeta as formas, enchendo-as de vida.

Bem, é sempre o objetivo da "vontade" que funciona sem condicionamento, exatamente como é sempre tendência da "forma" condicionar o imanifesto; e a "vontade-de-vida" do Logos, sempre entrando na forma condicionante, que, por assim dizer, ela empurra para a frente de si mesma ao longo dos planos, é "molestada" pela forma; mas, nas últimas fases da vida logoidal, a vontade incondicionada é impossível, dado que toda ação é determinada pelas condições pré-existentes e a vontade-de-vida do Logos, que é a vida do universo manifesto, tem de se submeter a condições e ser limitada em forma. Donde a "batalha entre espírito e carne".

A vontade-de-vida do Logos, então, expressa-se por fases sucessivas de forma até que a fase mais densa seja alcançada. Ela não pode mais projetar o veículo condicionante de sua manifestação e ela se esforça por se libertar da limitação da forma e continuar em frente — para empregar uma metáfora do espaço — em direção àquelas áreas do éter que não foram circunscritas e condicionadas pela Vontade Logoidal original.

Em primeiro lugar existe o empenho da vida condicionada em se incondicionar que forma o impulso original — que a projeta para o espaço externo.

Em segundo lugar há a tendência natural para o seu equilíbrio e a tendência de as forças que estão sob alta pressão num universo manifesto se difundirem no vácuo relativo do espaço externo.

Em terceiro lugar há o quadro da Penumbra — todos aqueles moldes que foram danificados na construção — todos aqueles conceitos evolutivos que falharam em sua realização — todas as forças e almas extraviadas que falharam em sua tarefa, rejeitadas por suas Individualidades — tudo aquilo que, de fato, se deseja expulsar da consciência logoidal e que não foi desintegrado contra a casca interna do Anel-Não-Passa — permanece como uma imagem no éter refletor do espaço naquilo que pode ser chamado figuradamente de superfície externa do Anel-Não- Passa (imediatamente entre ele e o Anel-Caos do universo) e aí pode ser descrito.

Qualquer consciência, então, que se aventura para o lado inferior da matéria discriminará através do grande golfo qual é o Anel-Não-Passa do universo, quais são as imagens refletidas de todas as esperanças falsificadas e tentativas abortadas na manifestação — e isso tudo, como se ansiasse pela força que os traria à manifestação, atrai no golfo quaisquer elementos que lhes sejam aparentados naquilo que se lhes apresenta na barreira; e é assim que toda força em evolução,

no universo ou no indivíduo, tendo penetrado nos fundamentais, olha através do grande golfo fixado pela lei cósmica e vê os simulacros de seus sonhos desesperançados prometendo satisfação e é tentada a continuar em frente nesse caminho de ir para o que o momentum divino projetou e, por meio do momentum posterior adquirido por seu próprio movimento, saltar esse golfo para a liberdade do Espaço Externo em que não há nenhuma lei e em que os homens são como deuses. Pois, quando uma unidade de consciência se liberta de um universo manifesto ao transcender uma lei (sendo a lei consumada em obediência absoluta), ela se torna o centro nucleante de um novo sol logoidal; esse é o mistério da Divindade. Mas, quando uma unidade de consciência que não satisfez a lei escapa a ela, ela é uma vontade incondicionada; esse é o mistério do mal (mal positivo), personificado como diabo. Essa Tentação do Nadir ocorre a tudo no curso da evolução.

Do Divino que está no arco expansivo a vida tem de penetrar nos fundamentais; e, tendo tocado os fundamentais, tendo atingido o máximo dos seus poderes, ela tem de rejeitar a tentação da imagem do desejo refletida do Espaço Externo e refazer seus passos com humildade de volta à fonte de sua vida; a realização desta liberdade é conseguida não por escape às limitações e às condições, mas por um ajustamento do equilíbrio em nível de perfeição.

Sendo conseguido o equilíbrio de forças conflitantes, a forma é estereotipada e pode desenvolver a consciência correspondente e a vida plena afasta-se para um plano superior, levando consigo a capacidade de reação adquirida no plano inferior mas não mais limitada pelas condições daquele plano. Isso será tratado com mais detalhes na comunicação seguinte.

A Atração do Espaço Externo, então, é a atração do poder incondicionado; é a tentação de escapar às leis que nos foram construídas e de exercitar os poderes obtidos sob essas leis sem a responsabilidade equivalente. Isso pode ser exemplificada na vida de um homem que, aproveitando todas as vantagens de uma cultura altamente desenvolvida, traz para elas os objetivos e os ideais de um estado não-evoluído de existência.

A Atração do Espaço Externo é a tentação de se separar da evolução e da lei cósmica e de funcionar como um deus. Esses deuses são aqueles que são propiciados nos ritos de adoração do diabo.

No documento Dion Fortune-A Doutrina Cosmica (páginas 173-177)