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3.3 MODELOS DE AVALIAÇÃO APLICADOS NO BRASIL

3.3.3 Exame Nacional de Cursos (ENC)

O Exame Nacional de Cursos (ENC), mais comumente conhecido como Provão, foi idealizado como um instrumento de avaliação necessário para balizar as ações do MEC, com vistas ao estímulo constante de iniciativas voltadas para a melhoria da qualidade do ensino superior, principalmente as que busquem elevar a qualificação dos docentes, bem como para apoiar as deliberações do CNE sobre a renovação periódica do reconhecimento dos cursos de graduação. (SINAES, 2003; SINAES, 2004).

O ENC é orientado pela modalidade de avaliação em larga escala, com as características e especificidades dessa modalidade de avaliação, no que tange à aplicação e construção dos instrumentos – provas e questionários, pois se trata de um exame nacional que envolve a aplicação de provas para o universo dos alunos concluintes dos cursos que estão sendo avaliados. Cumpre ressaltar ainda que, apesar do ENC pretender aferir os conhecimentos, habilidades e competências adquiridos pelos alunos em fase final do curso de graduação, o principal objetivo é avaliar os cursos de graduação das IES e utilizar os resultados para regulação do sistema de educação superior. (SINAES, 2003; SINAES, 2004).

O Exame Nacional de Cursos era realizado anualmente e tinha como objetivo principal medir a aprendizagem realizada nas graduações pelos acadêmicos do último ano, com a finalidade de avaliar a sua eficácia numa perspectiva externa e se configurando num processo que propicia a avaliação das carreiras profissionais. É um exame obrigatório que exige a presença do aluno na data da prova sem, contudo, obrigá-lo a responder as questões constantes da prova. (NEVES, 2002)

Machado Neto (2002) afirma que o Provão visa aferir conhecimentos e competências adquiridos pelos alunos em fase de conclusão do curso de graduação, sendo seus resultados utilizados pelo MEC como indicadores válidos do desempenho individual no processo ensino- aprendizagem, permitindo assim ao governo mensurar a qualidade de ensino prestada pelos cursos avaliados.

Destaque-se que para dar sustentação e regulamentar os diversos instrumentos de avaliação, o MEC criou um amplo aparato normativo e, para operá-lo, designou comissões constituídas de especialistas das diversas áreas da comunidade acadêmica. Cabe ressaltar

que, enquanto no PAIUB a preocupação estava com a totalidade, com o processo e com a missão da instituição na sociedade, no ENC a ênfase recai sobre os resultados, com a produtividade, a eficiência, com o controle do desempenho frente a um padrão estabelecido e com a prestação de contas. O PAIUB tem como referência a globalidade institucional, aí compreendidas todas as dimensões e funções das IES. O ENC tem como foco o Curso, em sua dimensão de ensino, e tem função classificatória, com vistas a construir bases para uma possível fiscalização, regulação e controle, por parte do Estado, baseada na lógica de que a qualidade de um curso é igual à qualidade de seus alunos. (SINAES, 2004, p. 20).

Cabe ressaltar que a falta do aluno ao exa me será punida com a não emissão do seu diploma, bem como minimizará os resultados obtidos pelo curso em nível nacional, prejudicando a colocação do seu curso no ranking nacional. (NEVES, 2002). É importante citar que o INEP faz ampla divulgação dos resultados em sua página na Internet, bem como através de uma revista específica denominada Revista do Provão. Rebelo e Colossi e Estevam (2004) afirmam a perspectiva impositiva do Exame Nacional de Cursos, ressaltando que essa característica colocou o Brasil na vanguarda do retrocesso educacional.

As diretrizes para o exame são estabelecidas pela Comissão de Especialistas que são escolhidos pelos seus pares, sendo importante salientar que nelas constam: uma introdução sobre as principais características do curso; o nome dos membros da Comissão e suas instituições de origem; a duração e o formato da prova; os conteúdos; e os saberes, competências e habilidades que serão mensurados. (NEVES, 2002; MACHADO NETO, 2002).

Ressalte-se que os resultados do Exame são apresentados para a sociedade através de conceitos onde: Conceito A, que designa os cursos com desempenho acima de um desvio-padrão da média geral; Conceito B, que designa os cursos com desempenho no intervalo entre o meio e um desvio padrão acima da média; Conceito C, que designa os cursos com desempenho no intervalo em trono de meio desvio padrão da média geral; Conceito D, que designa os cursos com desempenho no intervalo entre meio e um desvio padrão abaixo da média geral e; por último; Conceito E, que designa os cursos com desempenho abaixo de um desvio-padrão da média geral. (NEVES, 2002). Conforme Machado Neto (2002), cabe ressaltar um sexto conceito, o SC (sem conceito), onde são enquadrados os cursos que tenham apenas um graduando no ano, ou aqueles que não realizaram o exame por motivos externos.

O resultado do Provão aliados aos resultados das Avaliações das Condições de Oferta compõe o Ranking Nacional das Instituições de Educação Superior, que tinham ampla divulgação nos meios de comunicação de massa. Além disso, os dirigentes das Instituições que participaram do Provão recebem um relatório que apresenta os resultados por elas obtidos. Este relatório

apresenta o conceito dos cursos, os resultados das questões objetivas e discursivas, bem como aquelas pertinentes ao questionário-pesquisa e uma breve avaliação dos itens daquela prova na visão dos coordenadores da avaliação. (NEVES, 2002).

De acordo com Machado Neto (2002), os resultados obtidos pelas instituições no Exame Nacional de Cursos e na Avaliação das Condições de Oferta, são utilizados pelo MEC para referendar ou não tanto a renovação periódica do reconhecimento dos cursos de graduação quanto o recredenciamento das instituições de ensino superior. Por outro lado, Pimenta e Anastasiou (2002) afir mam que muitas instituições preocupadas com os resultados do Provão vêm adotando medidas direcionadas, incluindo nestas aulas de recuperação às vésperas do evento, pautando o ensino-aprendizagem nas questões dos exames anteriores com o intuito de treinar os alunos para as respostas certas. Tais medidas poderão determinar a produção de individualidades débeis, afastando-nos cada vez mais da formação ideal para a vida em sociedade.

Machado Neto (2002) afirma que o Provão visa aferir conhecimentos e competências adquiridos pelos alunos em fase de conclusão do curso de graduação, sendo seus resultados utilizados pelo MEC como indicadores válidos do desempenho individual no processo ensino- aprendizagem, permitindo assim ao governo mensurar a qualidade de ensino prestada pelos cursos avaliados.