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A empresa surgiu em abril de 2016 com o propósito de difundir a cultura do voluntariado e encontrou no turismo um meio eficaz e economicamente sustentável de se manter enquanto busca atingir o seu objetivo. No momento desta pesquisa, a empresa vinha funcionando no modelo de e-commerce desde a sua fundação, sem sede física, e atendendo clientes de todo o Brasil já tendo feito o envio de mais de 670 voluntários para projetos localizados na América Latina, Central, África e Ásia. Com a intenção de melhorar o relacionamento com os turistas voluntários, ter um papel mais ativo na preparação deles na etapa de pré-viagem/pós-viagem e ampliar seu quadro de funcionários, em 2019 ela abriu espaços físicos em São Paulo e Porto Alegre.

Os valores cobrados pela participação nos programas se referem aos custos dos operadores locais ao receber os voluntários com acomodação, transporte, alimentação, suporte local e orientação, além de cobrir os gastos administrativos da Exchange do Bem, sendo o trabalho voluntário em si, gratuito. Todos os projetos oferecidos pela agência e os parceiros com os quais ela trabalha foram visitados e inspecionados pessoalmente por membros da equipe, certificando-se de que apresentam um ambiente seguro para os voluntários e que os projetos desenvolvam atividades de impacto social relevantes para a comunidade local.

A agência é cadastrada no CADASTUR, órgão do Ministério do Turismo, responsável pelo cadastro de pessoas físicas e jurídicas que atuam no ramo do turismo. Considera-se agência de turismo, segundo o CADASTUR, a empresa que exerça as seguintes atividades:

a) venda comissionada ou intermediação remunerada na comercialização de passagens, passeios, viagens e excursões, nas modalidades aérea, aquaviária, terrestre, ferroviária e conjugadas;

b) assessoramento, planejamento e organização de atividades associadas à execução de viagens turísticas ou excursões;

c) organização de programas, serviços, roteiros e itinerários de viagens, individuais ou em grupo, e intermediação remunerada na sua execução e comercialização; e d) organização de programas e serviços relativos a viagens educacionais ou culturais

e intermediação remunerada na sua execução e comercialização.

Assim, a Exchange do Bem trabalha com duas maneiras de viagem para seus clientes:

a) viagens individuais: os clientes se inscrevem em projetos intermediados pela

agência em diferentes países, (Colômbia, Peru, Costa Rica, Brasil, África do Sul, Quênia, Gana, Tanzânia, Moçambique, Estados Unidos, Sri Lanka, Vietnã, Tailândia, Nepal e Índia) e viajam em datas da sua escolha ou pré-determinadas pelos projetos, contando com o apoio de empresas ou organizações locais que fornecem a orientação, acomodação, transporte e suporte local pelo período contratado. Nessa modalidade, os voluntários se encaixam na rotina do projeto, realizando as atividades conforme demanda e organização da equipe local e projeto. Enquanto estão lá, os voluntários entram em contato com a comunidade e demais turistas voluntários que escolheram o mesmo período para viajar, seja por meio da Exchange do Bem ou de outras agências/intermediários, e costumam ficar alojados em residências compartilhadas ou casas de família. Os custos dessas viagens são tabelados de acordo com o tempo de permanência no projeto e cobrem os gastos logísticos da estadia do turista voluntário e os administrativos da Exchange do Bem;

b) viagens em grupo: as viagens em grupo são semelhantes as agendadas de maneira

individual, podendo ocorrer nos mesmos destinos, porém contam com um período fixo e pré-determinado para o embarque e retorno, geralmente com duração entre 12 e 15 dias, contando com entre 5 e 10 participantes e sempre com um líder de grupo da empresa que acompanha a viagem. Surgem com um propósito específico oriundo de uma necessidade externada pela comunidade/organização local que solicita o apoio, tanto financeiro como de mão de obra, de voluntários para que

seja atendida (construção de um sistema de drenagem, renovação de uma escola, clínicas móveis para atendimentos médicos, etc.). O roteiro é então organizado pela Exchange do Bem, de maneira que possa atender às necessidades da comunidade local, além de aliar passeios turísticos e atividades culturais nos dias livres. Nessa modalidade, além de cobrir os gastos logísticos e administrativos, os valores cobrados dos turistas voluntários são levantados e definidos de maneira que também cubram parte ou todo custo da obra/atividade solicitada pela comunidade (nem sempre todo custo da atividade é coberto pelo pagamento dos turistas voluntários, visto que doações externas e apoio governamental podem estar envolvidos também). Devido ao planejamento demandando, a periodicidade dessas viagens também é reduzida, ocorrendo de 2 a 4 vezes ao ano.

Nas viagens individuais, a Exchange do Bem desempenha um papel de intermediador, mais como um operador comercial, oferecendo um serviço padronizado no qual turistas voluntários de diferentes perfis podem se interessar e se candidatar para participarem ao longo do ano inteiro. Já nas viagens em grupo, a empresa desempenha um papel de agente, interagindo diretamente com a solicitante (ONG ou comunidade) para que um objetivo específico seja atendido, podendo participar de forma mais ativa no recrutamento, no estabelecimento de cronogramas, projetos de obras, custos e promovendo um ambiente de troca muito mais rico e integrador para todos os atores envolvidos antes e durante a viagem.

Posto isto, as viagens em grupo demandam um nível maior de iniciativa, proatividade e conexão com outros membros do grupo, se apresentando como um ambiente mais propício para o estudo das interações e fenômenos decorrentes da participação em viagens de turismo voluntário quando comparadas com as experiências individuais. Com a intenção de buscar um maior entendimento sobre a aprendizagem transformadora e o papel que o turismo voluntário pode exercer na sua realização, foi selecionada uma viagem em grupo para a Índia como estudo de caso.