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O exemplo do processo de granelização

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2. REVISÃO DE LITERATURA 1 A Inovação Tecnológica Rural

2.1.2. O exemplo do processo de granelização

Nos dias atuais, o transporte a granel do leite resfriado vem crescendo e se consolidando entre os produtores, muito embora uma grande parcela deles ainda trabalhe com o sistema de tarros. O transporte a granel representa um avanço importante para o sistema agroindustrial do leite brasileiro, levando em consideração que a modernização nesse sistema tenha ocorrido somente nos elos à jusante.

A política de implantação do processo de granelização também atendeu aos anseios das empresas de laticínios de reação ao atravessador que tinha poder de mercado nas negociações com o laticínio, porque tinha o cadastro dos produtores. Caso ele se indispusesse com a empresa, levava consigo todos os produtores de seu cadastro para o concorrente, era ele o detentor do portfólio de fornecedores de leite. Detinha, portanto, informação, assim os grandes laticínios entenderam que o único caminho após desregulamentação do mercado era se aproximar do produtor, colocando-lhes técnicos de extensão da própria empresa e iniciar um processo de financiamento de granelização como fidelização (MARTINS, 2005).

Mais recentemente a procura por tanques de resfriamento de leite vem crescendo devido à Instrução Normativa 62. De acordo com MilkPoint (2005), a demanda por tanques de expansão ganhou força em meados de 2004, quando pequenos e médios produtores de leite passaram a se preparar para a nova regulamentação, a fonte revelou um aumento na demanda em torno de 30% naquele ano, onde a utilização de tanques de resfriamento pode baratear o frete em até 50%, à medida que a frequência de viagens para os laticínios diminuem.

Atualmente cerca de 80% do leite das cooperativas são captados dessa forma. Em termos globais, incluindo os laticínios privados, o índice

crescimento notável por dois motivos. Primeiro, pela monumental existência de 1 milhão de produtores, contra, por exemplo, os Estados Unidos (80 mil produtores) e Argentina (30 mil), onde o índice de granelização atinge 1

o fenômeno, liderado pelos laticínios, se verificou, antecipando

Como sempre, os fatos econômicos sempre vêm antes dos fatos jurídicos (L 2013).

Reforçando o índice de captação citado anteriormente, cooperativas foi de 79% por estados da federação,

Gerais os estados com os maiores índices de captação em 2002, Neto (2003) demonstrados na figura

produção enviada aos laticínios e cooperativas e nas demais unidades do país a previsão seria na totalidade até 2005 na região

Nordeste (MARTINS et al., 2004)

média com 41% apenas do leite coletado via granel crescimento do processo de coleta

Figura 3: Percentual de leite granelizado captado pelas cooperativas, segundo os estados em 2002.

Fonte: Nogueira Neto (2003).

O processo de granelização

Agroindustrial - SAG do leite no Brasil, uma vez que até agora a modernização ocorrida da indústria para frente - representada no vasto leque de novos produtos, marcas e estratégias de comercialização - ainda não havia encontrado correspondência em termos de melhoria da matéria-prima recebida nas plataformas dos laticínios, ou seja, sob o ponto de vista da cadeia produtiva do leite, os investimentos maciços ocorriam na parte final com um controle de qualidade maior, lançamento de novos produtos e propaganda intensiva das f

laticínios, o mesmo não se aplicava no iní (modernização de trás para frente já citada).

Por outro lado, a granelização representa uma grande exclusão de produtores que não tenham rendimentos crescentes

(1998) produtores que produzem menos de 50 l/dia não conseguem sequer adquirir o menor tanque de expansão disponível no mercado (150 l), sem contar as inevitáveis reduções do custo por litro de leite que podem ser obtidas na aquisição de tanques maiores. Pinazza Alimandro (1999) afirmam que a viabilidade econômica do uso dos tanques de expansão

19 O autor desta pesquisa buscou dados mais recentes sobre o índice de coleta à granel nos estados, incluindo o Atualmente cerca de 80% do leite das cooperativas são captados dessa forma. Em termos globais, incluindo os laticínios privados, o índice de coleta a granel chega a 60%. Um crescimento notável por dois motivos. Primeiro, pela monumental existência de 1 milhão de produtores, contra, por exemplo, os Estados Unidos (80 mil produtores) e Argentina (30 mil), onde o índice de granelização atinge 100%. Em segundo lugar, pela espontaneidade com que o fenômeno, liderado pelos laticínios, se verificou, antecipando-se à lei posteriormente criada. Como sempre, os fatos econômicos sempre vêm antes dos fatos jurídicos (L

índice de captação citado anteriormente, a média Brasil

cooperativas foi de 79% por estados da federação, sendo Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais os estados com os maiores índices de captação em 2002, conforme dados de Nogueira na figura 3. Em 2004 o Rio Grande Sul já coletava 100% da sua produção enviada aos laticínios e cooperativas e nas demais unidades do país a previsão seria

região Sul, Sudeste e Centro-Oeste e até 2011 nas regiõ

2004). No Rio de Janeiro, este índice em 2002 estava abaixo da média com 41% apenas do leite coletado via granel19, o que reforça a capacidade de crescimento do processo de coleta no estado.

Percentual de leite granelizado captado pelas cooperativas, segundo os estados em

O processo de granelização representava de um lado um avanço do

SAG do leite no Brasil, uma vez que até agora a modernização ocorrida da representada no vasto leque de novos produtos, marcas e estratégias de ainda não havia encontrado correspondência em termos de melhoria da prima recebida nas plataformas dos laticínios, ou seja, sob o ponto de vista da cadeia produtiva do leite, os investimentos maciços ocorriam na parte final com um controle de qualidade maior, lançamento de novos produtos e propaganda intensiva das f

, o mesmo não se aplicava no início da cadeia com a maioria dos produtores (modernização de trás para frente já citada).

Por outro lado, a granelização representa uma grande exclusão de produtores que não tenham rendimentos crescentes de escala para acompanhar o processo. Para Jank

) produtores que produzem menos de 50 l/dia não conseguem sequer adquirir o menor tanque de expansão disponível no mercado (150 l), sem contar as inevitáveis reduções do

que podem ser obtidas na aquisição de tanques maiores. Pinazza Alimandro (1999) afirmam que a viabilidade econômica do uso dos tanques de expansão

ou dados mais recentes sobre o índice de coleta à granel nos estados, incluindo o Atualmente cerca de 80% do leite das cooperativas são captados dessa forma. Em

de coleta a granel chega a 60%. Um crescimento notável por dois motivos. Primeiro, pela monumental existência de 1 milhão de produtores, contra, por exemplo, os Estados Unidos (80 mil produtores) e Argentina (30 mil), 00%. Em segundo lugar, pela espontaneidade com que se à lei posteriormente criada. Como sempre, os fatos econômicos sempre vêm antes dos fatos jurídicos (LEITEBRASIL, Brasil coletada pelas sendo Santa Catarina, São Paulo e Minas dados de Nogueira coletava 100% da sua produção enviada aos laticínios e cooperativas e nas demais unidades do país a previsão seria Oeste e até 2011 nas regiões Norte e . No Rio de Janeiro, este índice em 2002 estava abaixo da , o que reforça a capacidade de

Percentual de leite granelizado captado pelas cooperativas, segundo os estados em

um lado um avanço do Sistema SAG do leite no Brasil, uma vez que até agora a modernização ocorrida da representada no vasto leque de novos produtos, marcas e estratégias de ainda não havia encontrado correspondência em termos de melhoria da prima recebida nas plataformas dos laticínios, ou seja, sob o ponto de vista da cadeia produtiva do leite, os investimentos maciços ocorriam na parte final com um controle de qualidade maior, lançamento de novos produtos e propaganda intensiva das fábricas de cio da cadeia com a maioria dos produtores Por outro lado, a granelização representa uma grande exclusão de produtores que não de escala para acompanhar o processo. Para Jank & Galan ) produtores que produzem menos de 50 l/dia não conseguem sequer adquirir o menor tanque de expansão disponível no mercado (150 l), sem contar as inevitáveis reduções do que podem ser obtidas na aquisição de tanques maiores. Pinazza & Alimandro (1999) afirmam que a viabilidade econômica do uso dos tanques de expansão

16 começa a partir da produção diária de 200 litros20 o que já seria um entrave para muitos produtores. Na tabela 5, a Milkpoint (2000) e a representante comercial Daldegan Pecuária (2013) apresentam uma evolução do investimento unitário para adquirir um tanque de resfriamento. Dependendo do seu tamanho e considerando preços atuais, o custo elevado é um dos principais limitadores para aquisição do equipamento21.

Tabela 5: Preço de tanques resfriadores aos produtores.

Capacidade/litros* Preço unitário (R$) Capacidade/litros** Preço unitário (R$)

220 2.950,00 230 6.135,00

520 3.847,00 450 7.669,00

1550 7.341,00 1500 14.754,00

2050 8.000,00 2000 16.314,00

Fonte: *Milkpoint (2000) e **Daldegan Pecuária (2013) acessado em http://www.daldemilk.com.br/tanques-de- expansao-p-leite/ em 20 de novembro de 2013.

Outros fatores seriam a falta de vias acessíveis para os caminhões, eletrificação rural e treinamento dos produtores. Assim, o produtor para adquirir o tanque tem dois problemas básicos: escala de produção e a taxa interna de retorno do investimento. Entretanto, uma análise mais detalhada do porte do produtor brasileiro com seus níveis de eficiência e destinação da produção (autoconsumo e comercialização), pode dar uma aproximação sobre como este processo poderá afetar a permanência ou a exclusão destes produtores na atividade nos próximos anos.

Outro aspecto da coleta a granel é o fato dela proporcionar, pelo menos durante algum tempo, o aumento do grau de dependência e fidelidade do produtor em relação à indústria, pois a grande maioria deles depende de um financiamento de médio prazo para adquirir o equipamento de refrigeração. Nestlé, Parmalat, Elegê, Fleishmann & Royal e Itambé22 são exemplos de empresas e cooperativas de grande porte que estão hoje investindo amplamente no resfriamento e granelização da coleta exigindo em contrapartida um padrão de seus fornecedores.

Assim, é importante avaliar os impactos que o processo de granelização pode ter na exclusão de produtores primários da atividade leiteira no Brasil. A CNA (2000) demonstra que pela destinação da produção por estrato de produtores, o micro produtor (que possuí até 2 vacas) destina cerca de 80% da sua produção para o autoconsumo e vende o restante para o mercado. Já os pequenos produtores, comercializam cerca de 70% da sua produção. Os médios produtores comercializam cerca de 90% da sua produção, enquanto os grandes produtores comercializam, cerca de 100% de sua produção.

Entretanto, salvo os micros produtores que praticamente não comercializam sua produção, assim não estão sujeitos às pressões excludentes que o processo de granelização impõe aos produtores. Os pequenos produtores, por exemplo, deveriam elevar sua produção em cerca de 1000% para terem acesso individual aos tanques de expansão. Os médios

20 Informações divergentes são encontradas na literatura. No XII Congresso Internacional do Leite em Rondônia realizado em outubro de 2013, a pesquisadora da Embrapa Rondônia, Juliane Alves Dias, durante sua palestra proferiu o ideal mínimo de produção diária de 150 litros/dia e para a aquisição do menor tanque disponível no mercado. No mesmo evento expositor Francisco das Neves da empresa IMPLEMAQ garante que a partir de 100 litros/dia o produtor poderia adquirir o seu menor tanque de 300 litros. Na página da empresa Delaval o menor tanque também possui a capacidade para 300 litros http://www.delaval.com.br/-/Product-Information1/Milk- cooling--storage/Products/?pg=413.

21 O mesmo fornecedor acima comercializa tanques de diferentes capacidades (300, 500 e 700 litros) para o estado de Rondônia a preços de R$ 7.800,00, R$ 13.000,00 e R$ 15.000,00 respectivamente.

22 Os dados são referentes ao ano de 2000. Passada uma década quase que em sua totalidade cooperativas e laticínios de pequeno ou médio porte na região sul fluminense possuem algum caminhão graneleiro para a coleta do leite na propriedade.

produtores deveriam aumentar sua produção em cerca 135%, para também obterem acesso individual ao tanque de expansão (CNA, 2000).

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