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CAPITULO 2: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5

V. Distribuição 53

2.7. Exemplos de Aproveitamento de águas pluviais 69

Neste ponto são apresentados alguns exemplos a nível internacional e nacional do AAP. Estes diferentes estudos demonstram-nos como o AAP pode promover significativamente a poupança económica e reduzir em muito o consumo de água potável em fins menos nobres, em diferentes países.

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Casos internacionais: Alemanha

O SAAP foi introduzido em Berlim, em Outubro de 1998, como parte de uma requalificação urbana de larga escala, no Complexo Daimler-Chrysler em Potsdamer Platz, para controlar enchentes urbanas, economizar água da cidade e criar um melhor

microclima. O complexo é constituído por 19 edifícios com uma área total de 32000 m2,

e é capaz de coletar cerca de 23 m3 de água da chuva através dos seus telhados. A água é

armazenada num reservatório subterrâneo de 3500 m3 e então utilizada para

reabastecimento do lago artificial, nos autoclismos e para a irrigação de áreas verdes, incluindo telhados com cobertura jardim (UNEP, 2002).

Noutro projeto em Belss-Luedecke-Strasse, zona de edifícios em Berlim, a água da chuva dos telhados, juntamente o escoamento das chuvas das ruas, estacionamento e passeios, com uma área total de 11200m², é armazenada num reservatório com 160 m³. Após o tratamento, a água é utilizada para descargas de autoclismo, bem como para rega dos jardins envolventes. Estima-se que, cerca de 58% da água da chuva pode ser mantida no local, através da utilização do presente sistema. Uma simulação para um período de 10 anos mostrou que pode ser alcançado uma poupança de água potável de 2430 m³ por ano preservando os lençóis de água freáticos de Berlim por um montante estimado semelhante (Villarreal & Dixon, 2005).

Na conceção do centro comercial Sony Center em Berlim, uma das preocupações foi a integração de um sistema de aproveitamento de águas pluviais. Os 400 m² de telhado em vidro permitem a captação da chuva onde em seguida é encaminhada para um conjunto de reservatórios com capacidade de 900 m³. A água da chuva recolhida é usada para a rega de locais de recreação públicos e para descargas de autoclismos e mictórios. Ainda de referir que há um tanque de reserva em caso de incêndio (König, 2001).

Japão

Em Tóquio e outras cidades japonesas, desde meados dos anos 80, cada vez mais municípios e organizações têm dado uma maior importância ao aproveitamento de águas pluviais. A captação da água da chuva e sua utilização é promovida para combater a

- 71 - escassez de água, controlar inundações, armazenar água para casos de emergências e para restaurar o ciclo natural da água (König, 2001).

O Ryogoku Kokugikan, arena de combate de sumo, construído no Japão em 1985, utiliza a água da chuva para descargas de autoclismo e ar condicionado. A água pluvial é captada pelo telhado de 8400 m² onde em seguida é encaminhada para um tanque com capacidade de 1000 m³ (UNEP, 2002).

Seguindo o exemplo de Kokugikan, muitos dos novos edifícios públicos começaram a introduzir SAAP em Tóquio. No distrito Mukojima em Tóquio, foi criada pelos moradores uma simples e única instalação para utilização da água pluvial que denominaram de “Rojison”. A água desses reservatórios pode ser bombeada manualmente e é usada para regar jardins, combate a incêndios e de água potável em caso de emergência (Samaddar & Okada, 2007).

A inspeção sobre o aproveitamento de águas pluviais realizada nos três estádios cúpula, que Takenaka Corporation projetou no Japão demonstrou que estes são eficientes. (Zaizen , et al., 1999).

Brasil

Os seguintes projetos que puseram em prática SAAP, envolvem o Estádio João Havelange, o Parque Aquático, a Arena Multisport e Velodrome. A água recolhida é destinada a fins não-potáveis, tais como, descarga do autoclismo, rega, reserva de combate a incêndios e limpeza de pavimentos. Esses projetos são:

O Estádio João Havelange que tem uma área de influência de 13000 m2 e uma capacidade total de armazenamento de cerca de 953000 litros de água de chuva por mês.

O Parque das Águas que tem uma área de influência de 6000 m2 e a capacidade

total de armazenamento é de 460000 litros de água da chuva média por mês.

O Multisport Arena que tem uma área de influência de 14750 m2 e a capacidade

total de armazenamento é de 1148 m3 de água da chuva média por mês, distribuídos por

quatro reservatórios de 140 m3.

O Velódromo que tem uma área de influência de 3000 m2 e a capacidade total de

armazenamento é de 233 m3 de água da chuva média por mês, distribuídos por dois reservatórios de 70 m3. (Quadros, 2010).

- 72 - Estados Unidos da América

No Parque Nacional do Vulcão dos EUA, na ilha do Havaí, sistemas de aproveitamento de águas pluviais foram construídos para fornecer água a 1000 trabalhadores e residentes do parque e 10000 visitantes por dia. A área de captação de chuva do telhado do parque é de 0,4 hectares e uma superfície no solo com mais de dois

hectares. Os reservatórios são de betão armado com 3800 m3 de capacidade, cada um, e

18 tanques de pau-brasileiro, com 95 m3 de capacidade, cada. A estação de tratamento da água e de bombeamento foi construída para fornecer aos usuários água de boa qualidade (UNEP, 2006).

África

Foi desenvolvido um modelo de AAP, com recurso ao sistema de informação geográfica (SIG) e através de um processo de avaliação multicritério (critério físico, ecológico, socioeconómico e áreas restritas). Estes critérios podem ser alterados, removidos ou adicionados de acordo com a importância dos critérios que se querem usar. O modelo produz três tipos de mapas de AAP - in situ e ex situ: mapas físicos, mapas potenciais e mapas de aptidão. Este trabalho apresenta uma metodologia que permite avaliar a adequação do AAP e também quantificar os impactos hidrológicos associados da sua adoção em larga escala, para qualquer área da África do Sul. Os resultados indicaram que cerca de 30% é muito apropriado para o in situ e em 25% é altamente adequado para o ex situ (Kahinda et al., 2008; Kahinda et al., 2009).

Itália

O maior arranha-céus de Itália, a torre “Garibaldi” e sede do banco Unicredit foi construído inteiramente de acordo com a classe A seguindo os ditames da bio arquitetura. Encontra-se nele, instalado um SAAP que substitui, em grande parte, o uso de água potável da rede em fins não potáveis (irrigação, descarga de autoclismos etc.). A eficiência energética declarada é de quase 80%. Este edifício recebeu a certificação “LEED Gold” do conselho de edifícios verdes dos Estados Unidos, sendo o primeiro em Itália a receber esta certificação (Nascimento, 2014).

- 73 - Reino Unido

Mais propriamente na Ilha das Bermudas, pode-se observar uma característica original nos telhados das suas casas. Estes telhados são de pedra calcária em forma de cunha que foi colocada para formar caleiras inclinadas que conduzem a água para os reservatórios.

Os sistemas de utilização da água pluvial na ilha são regulados pela Public Health Act que requer que as superfícies de captação sejam caiadas com tinta branca de latex e a pintura não contenha metais. Os proprietários devem manter todos os constituintes do SAAP em boas condições. Os telhados devem ser repintados em cada dois a três anos e os tanques devem ser limpos no mínimo uma vez em cada seis meses (UNEP, 2006).

Austrália

Em Melbourne, foi instalado um reservatório com a capacidade de,

aproximadamente, 1200 m3 de forma a armazenar água pluvial suficiente para rega num

parque público. É incentivada a instalação de SAAP nas novas construções através da criação de linhas e diretrizes desta técnica (Oliveira, 2008).

Índia

Os habitantes de Belisana ergueram um SAAP a nível comunitário a partir de um reservatório de barro com 300 anos de idade. A água é encaminhada do reservatório para um poço de recarga, sendo posteriormente bombeada para um reservatório onde fica armazenada ate a sua utilização final (Oliveira, 2008).

Singapura

É utilizado um sistema de captação e utilização de água pluvial no aeroporto de Changi. A água proveniente das pistas de aterragem e dos espaços verdes localizados nas redondezas é encaminhada para dois reservatórios separados para usos não potáveis. Um dos reservatórios é utilizado para controlar os fluxos de água quando ocorrem maiores escoamentos superficiais e evitar inundações e o outro reservatório é usado para recolha

- 74 - da água escoada. A água captada é utilizada principalmente para funções não-potáveis como descargas de autoclismo e combate a incêndios (UNEP, 2006).

Espanha

Na Área Metropolitana de Barcelona foi realizado um estudo com o objetivo de analisar o uso de AAP nos dois tipos principais de edifícios prevalentes, analisando as práticas e perceções dos usuários, economia de água potável e os custos econômicos. Em casas unifamiliares, a água da chuva apresentou enorme potencial para reduzir o consumo per capita de água potável. Apesar da baixa precipitação anual, pequenos reservatórios poderiam atender a 100% da procura de água para autoclismos e lavagem de roupa. Se contarmos com a rega será necessário reservatórios de maiores dimensões. O uso de água

da chuva para estas duas finalidades permitiria poupar 37 litros per capita por dianuma

casa unifamiliar. Os Benefícios financeiros somente são obtidos em a longo prazo e, portanto, do ponto de vista financeiro, os proprietários raramente se sentem encorajados a instalar um SAAP por sua própria iniciativa. Em edifícios multifamiliares, a maioria dos moradores ignoraram a presença do SAAP no seu prédio e a água da chuva é exclusivamente utilizado para atender a demanda de irrigação paisagem. Sendo que numa casa unifamiliar as pessoas estão mais familiarizadas com estes sistemas (Domènech & Saurí, 2011).

Casos Nacionais

S. João da Madeira

Implementação do SAAP, para descarga de autoclismos, rega e sistema AVAC, no centro comercial “8ª Avenida, cuja arquitetura é da autoria da Sonae Sierra (Oliveira, 2008).

- 75 - Aveiro

A Universidade de Aveiro em conjunto com um grupo de empresas desenvolveu um projeto intitulado de “A Casa do Futuro”, onde a água da chuva é aproveitada para rega de jardins (Oliveira, 2008).

Santa Maria da feira

Alguns exemplos mais recentes de aproveitamento das águas pluviais realizados em Portugal são: o empreendimento cooperativo da ponte da pedra em Matosinhos, um projeto financiado em parte pela União Europeia, a torre de controlo do aeródromo de Castelo Branco realizado pela empresa DHVT Tecnopor – consultores técnicos Lda., a instalações dos bombeiros voluntários de Ílhavo realizado pela empresa NTC Lda., o edifício do Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI), entre outros (Nascimento, 2014).

Lisboa

Em Telheiras, encontram-se as Natura Towers que são um empreendimento de dois edifícios de escritórios, projetado para maximizar o seu desempenho energético e minimizar o seu impacto ambiental através de soluções ecológicas e autossustentáveis. A água da chuva é armazenada em reservatórios subterrâneos para posterior utilização na irrigação dos espaços verdes (Natura Towers, 2014).

Castelo Branco

Na Torre de Controlo do Aeródromo, foi desenvolvido um projeto com vista na utilização de águas pluviais para descargas de autoclismo e urinóis para todos as instalações sanitárias localizadas nos pisos 1 e 0. A captação é feita a partir do telhado da torre, onde a água é encaminhada para um reservatório, com capacidade de 7 m³, localizado no 4 º andar. O sistema possui um filtro que permite a remoção de todos os tipos de detritos, como folhas de árvores. Os detritos são removidos enquanto a água filtrada é conduzida para o reservatório (Bertolo, 2006).