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CAPITULO 2: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5

2.3. Conceito de Aproveitamento de Águas Pluviais (AAP) 20

2.3.2. Vantagens e desvantagens do AAP 25

O AAP apresenta inúmeras vantagens, sejam elas económicas, ambientais e sociais. A água da chuva tem poucos impactos ambientais negativos em comparação com outras tecnologias para o desenvolvimento dos recursos hídricos. Esta é uma fonte de água relativamente limpa e a qualidade é normalmente aceitável para muitos propósitos, com pouco ou mesmo nenhum tratamento. As propriedades físicas e químicas da água da chuva são geralmente superiores às fontes de água subterrâneas, pois podem ter sido sujeitas a contaminação pelo contacto desta com o solo, rochas e minerais. A sua pureza

- 26 - poderá torná-la uma fonte atrativa de água para certas indústrias, nas quais a utilização de água pura é um requisito (UNEP, 2006).

O AAP é uma fonte de água macia, quando comparada com a água da rede, não sendo necessário tratar a sua dureza, requisito caro frequentemente necessário na água captada em poços. Além disso, há uma diminuição significativa da quantidade de detergentes necessários para limpeza (Bertolo, 2006).

Uma das principais consequências das mudanças climáticas é a ocorrência de desastres naturais, como inundações e secas, caracterizadas pela variação temporal dos fenómenos de precipitação. Estes eventos irão influenciar negativamente a quantidade de água doce disponível, tanto para seres humanos como para ecossistemas naturais. Assim, o aproveitamento de água da chuva deve ser visto como uma intervenção fundamental na mitigação e adaptação às mudanças climáticas. O AAP ajuda também na redução das

emissões de CO2, uma vez que comparado com os principais sistemas de distribuição de

água este requer muito menos consumo de energia (Quadros, 2010; UNEP, 2009). Esta forma de gestão hídrica desencadeia grandes oportunidades para a manutenção dos ecossistemas agrícolas e benefícios pecuários. Em alguns casos, com um melhor abastecimento de irrigação, os agricultores são capazes de produzir mais. Com essa mesma produção agrícola melhorada, que fornece trabalho, rendimentos e segurança alimentar, associada a uma gestão sustentável das bacias hidrográficas, deve ser vista como uma estratégia fundamental para reverter o aumento da desertificação da área rural, diminuindo a tendência de êxodo rural resultante da crescente pressão da urbanização (UNEP, 2009).

Para além das vantagens já enumeradas acerca do AAP, existem outros benefícios que se podem destacar. De acordo com UNEP (2006); Oliveira (2008) e Marques (2011), existem outros benefícios relativos ao AAP que se podem destacar:

 Contribuição para a conservação da água;

 Facilidade de instalação e utilização das tecnologias necessárias para a captação e armazenamento de água pluvial;

 Diminuição da erosão, de inundações através da recolha do escoamento superficial (telhados, pátios etc.) e do volume de água no sistema de drenagem urbana;

 Conservação de energia, pois a energia requerida para operar um sistema de água centralizado é reduzida;

- 27 -  Diminuição do consumo de água potável em usos, como a rega de hortas e jardins, descarga de autoclismo e lavagem de pavimentos, etc. nos quais poderiam ser utilizadas águas de qualidade inferior;

 Redução da dependência de reservas de água subterrâneas que quando sobre exploradas esgotam;

 Redução do consumo de água da rede pública diminuindo os custos aos utilizadores;

 Reserva de água para situações de emergência ou interrupção do abastecimento público;

 O uso final da água captada é próximo da fonte de utilização, eliminando assim a necessidade de complexos e caros sistemas de distribuição.

Segundo Che et al. (2009) o AAP pode tornar-se na solução mais adequada para a escassez de água, e também tem uma série de benefícios não apenas para os utilizadores desses sistemas, mas também para o governo e meio ambiente (Tabela 2).

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Tabela 2: Benefícios do AAP para os utilizadores, governo e para o ambiente adaptado de Che et al.,(2009).

Utilizadores Governo Ambiente

- A água da chuva é relativamente limpa e uma fonte ampla e independente de água;

- SAAP são uma tecnologia simples, económica e de fácil manutenção;

- Os SAAP são fáceis e flexíveis de utilizar. Estes podem ser expandidos, reconfigurados ou deslocalizados;

- Permite economizar gastos, devido à redução da

utilização do volume de água do sistema de abastecimento público;

- Poupança económica devido ao aumentando a vida útil de equipamentos e aparelhos sanitários; - Evita a interrupção do serviço de abastecimento de água centralizado ou o uso excessivo de água

subterrânea.

- Reduz a carga de novos investimentos para substituir os sistemas antigos e a construção de novas infraestruturas de abastecimento de água; - Pode evitar os custos de acesso a sistemas públicos de água, quando não é

economicamente viável; - SAAP podem reduzir os custos da construção em cada desenvolvimento porque pode ser facilmente adaptados a uma estrutura existente ou construídos durante a construção nova.

- Através da captura de água da chuva, reduz a quantidade abundante que vai para a drenagem, evitando inundações;

- Pode haver uma redução significativa da nossa dependência a barragens de armazenamento de água. Isso iria evitar danos ecológicos para a área que tem de ser submersa para a construção da barragem;

- A água da chuva é superior para rega de jardins pois as plantas aceitam melhor a água da chuva ao invés de outras fontes que possam ter compostos químicos; - Aumenta os níveis de humidade do solo da vegetação urbana.

Os principais inconvenientes do AAP estão associados à variabilidade temporal da precipitação (Oliveira, 2008), à aceitabilidade social, devido ao contacto das pessoas com a água poder afetar a sua saúde, e ao sistema poder implicar um investimento significativo e alguma manutenção (PNUEA, 2012).

Existem outras barreiras e inconvenientes para a aceitação dos sistemas (Oliveira, 2008; Quadros, 2010; Marques, 2011):

 Ausência de legislação de padrões de qualidade de água: falta de vontade de qualquer governo ou órgão regulador para assumir a responsabilidade pela definição e acompanhamento das normas;

- 29 -  Dificuldade na obtenção e manutenção do nível de confiança da qualidade da

água;

 A falta de consciência pública e aceitação;

 O volume de água captada depende da precipitação, havendo diminuição ou nenhuma captação nos períodos de seca;

 Manutenção regular do sistema de aproveitamento de água das chuvas caso contrário podem surgir riscos sanitários;

 A capacidade de armazenamento limita a quantidade de água da chuva colhida;  A água da chuva pode ser contaminada por todos os tipos de poluentes

microbiológicos e químicos, podendo causar sérios riscos de saúde se não for devidamente tratada antes da utilização;

 Reconheceu-se que a colheita de quantidades excessivas de escoamento de águas pluviais urbanas poderia ser prejudicial para a saúde.

De uma forma geral, os impactos negativos destas aplicações são negligenciáveis.