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A questão do apadrinhamento, embora eu acredite, lute, acredite muito no potencial de cada um e que a gente pode tá vislumbrando conseguir sobressair sobre esse aspecto, mas infelizmente ainda existe muito isso, colegas que se formaram comigo que nunca tiveram nenhuma atuação política e ética e nem continuam tendo, conseguiram ocupar espaço via apadrinhamento. E alguns conseguiram se inserir pela capacidade, pela competência mesmo e conseguiram tá se engajando profissionalmente. (43 –D)

Portanto, há um reconhecimento por parte dos profissionais da importância da qualificação. Não se nega que o profissional tem que buscar constantemente aumentar os seus conhecimentos, seus títulos. Mas, o que os entrevistados colocam é que além dessa qualificação é necessário que o profissional tenha alguém influente que facilite o seu acesso ao mercado de trabalho. Como coloca o seguinte depoimento:

Qualificação e QI; estão qualificados, mas só entram se conhecer alguém. ( 03 –T)

Conforme Tabela 17, a aprovação em concursos é o quinto elemento mais citado entre os critérios utilizados para o acesso do assistente social no mercado de trabalho. No entanto, até mesmo esse critério é criticado pelos assistentes sociais, onde os mesmos colocam o problema da não convocação de aprovados em concursos e a existência de apadrinhamento político ou do famoso “QI” como forma de acesso ao emprego. Sendo isso, um componente do desestímulo de alguns assistentes sociais para a procura de um emprego:

O mercado de trabalho do Serviço Social sofre muita influência política. É muito do que QI quem indique, até se você passa num concurso legalmente, se você não tiver alguém que te ajude lá dentro, se você brincar, outra pessoa fica no seu lugar e você não é chamado, porque eu conheço várias pessoas, que passaram em concurso que teve nessas prefeituras do interior, e que até hoje não foi chamada, e tem gente de contrato temporário que conhece o prefeito, porque tem alguém na família, tá ocupando vaga de uma pessoa que é capacitada, que foi preparada para aquilo. Prestei concurso para Tibau, fiquei em segundo lugar e nunca fui chamada. Depois estudei mas não aparecia concurso na área, só aparecia mais para o interior. Eu não ia ficar tentando para o interior porque já tinha passado em vários e nenhum me chamou, então eu achei que não deveria investir. (40 –D)

A afirmação dos entrevistados de que o “QI” tem sido o principal critério para a inserção do assistente social no mercado de trabalho em Natal/RN, não poder ser nesse estudo colocada como fato comprovado através de dados, pois necessitaria de entrevistas com os profissionais que estão inseridos no mercado de trabalho, verificando a forma de acesso utilizada. No entanto, foi investigada a forma de acesso dos profissionais entrevistados que estão no mercado de trabalho exercendo outras atividades, como também a forma de acesso daqueles que já tiveram oportunidade de exercer a profissão de assistente social.

Conforme mostra o Gráfico 08 a seguir, dos 12 entrevistados que já exerceram a profissão de assistente social 51% conseguiram o trabalho através de indicação de parentes ou amigos que trabalhavam no local; 33% conseguiram o trabalho de assistente social através de algum político conhecido, entre outros.

Conforme Gráfico 09 a seguir, dos 28 entrevistados que estão hoje em outras atividades profissionais 36% se inseriram nessa atividade através de aprovação em algum processo seletivo como concursos e entrevistas, 21% se inseriram através de indicação de parentes ou amigos que trabalham no local, 14% não responderam, 11% se inseriram através de procura espontânea, 11% permaneceram na atividade após realização de estágio curricular e 07% conseguiram esse emprego atual através de apadrinhamento político

Percebe-se que nas outras atividades a maior parte se inseriu no mercado de trabalho através de um processo seletivo: concurso público, análise de currículos e entrevistas. A indicação de parentes ou amigos aparece em segundo lugar. Os que já exerceram a profissão de assistente social tiveram acesso ao trabalho através da indicação de parentes ou amigos e do apadrinhamento político. O acesso através de um processo seletivo público nem ao menos aparece.

Gráfico 08 – Formas de acesso ao trabalho de assistente social (dos que já exerceram).

Gráfico 09 – Formas de acesso ao trabalho na atividade atual.

Ressalte-se que 04 profissionais, dos 12 que já exerceram a profissão, exerceram uma atividade voluntária, não podendo nem se considerar aí uma inserção no mercado de trabalho,

11 11 7 36 14 21 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Estágio curricular Procura expontânea Apadrinnhamento político Processo seletivo Não informou Indicação de parentes ou amigos % 8 33 51 8 0 10 20 30 40 50 60 Estágio curricular Apadrinhamento político Indicação de parentes ou amigos Procura expontânea %

mas mesmo assim, chegaram até essa atividade através de alguém conhecido que trabalha na instituição.

Segundo dados da pesquisa realizada pelo Conselho Federal do Serviço Social - CFESS em parceria com os Conselhos Regionais do Serviço Social - CRESS no ano de 1999 sobre o perfil dos assistentes sociais do Rio Grande do Norte, a forma de ingresso no emprego dos assistentes sociais que trabalhavam, ficou assim distribuído: 47,44% (102) concurso público, 26,05% (56) convite, 14,42% (31) seleção, 1,86% (04) contrato por tempo determinado e 10,23% (22) outros. (CRESS, 1999). Percebe-se então que o convite foi a segunda forma de acesso do assistente social ao emprego

Portanto, entre os critérios utilizados para o acesso dos assistentes sociais ao mercado de trabalho, em Natal/RN, está presente a indicação e o apadrinhamento político. Isso é algo que traz sérios prejuízos para a profissão como o descrédito e o desestímulo para os profissionais que estão à procura de uma vaga nesse mercado.

Esse fato está ligado à forma com que historicamente aqueles que detêm o poder em nossa sociedade, nacional e local, tratam as políticas sociais: através do clientelismo e paternalismo. Com o fato da profissão do Serviço Social trabalhar direta ou indiretamente com a implementação das políticas sociais, ainda existem muitos empregadores que adotam o critério de escolha do profissional através do seu aval, pois querem colocar para trabalhar nessa atividade pessoas de sua confiança, para executar o trabalho dentro de seus interesses.

Em documento do CFESS o mesmo afirma que

A inserção do assistente social no mercado de trabalho acontece por meio de concursos públicos, processos seletivos, amplamente divulgados em órgãos de imprensa, ou em modalidades escolhidas para oferta de emprego ou solicitação de serviços técnicos especializados. É uma profissão que considera uma questão ética o submeter-se a processos transparentes, públicos, na medida em que se publica e defende princípios de democracia e de probidade.

Pode-se perceber que o que tem provocado a existência do “QI” em muitos casos é o fato de que a inserção se dá em trabalhos realizados de forma não regulamentada pela Legislação que garante os direitos trabalhistas e a forma democrática e coletiva da seleção; ou seja, são trabalhos que ficam dentro do que o CFESS coloca de “prestação de serviços técnicos especializados” ou até mesmo acontece os chamados desvios de função onde os assistentes sociais trabalham, mas não são contratados com essa função. Sabemos que é muito mais interessante para os empregadores contratar o assistente social dessa forma, através da indicação para um trabalho com condições precárias, do que contratar um profissional através de um concurso público onde as condições de trabalho serão melhores para o assistente social. Outro elemento que, segundo os entrevistados, o profissional precisa ter para conseguir se inserir no mercado de trabalho, além da qualificação, é o envolvimento, a participação em eventos e políticas para que assim, ele se torne conhecido e lembrado num momento que surja uma oportunidade de emprego. É a necessidade das relações sociais e do engajamento do profissional como possibilidade de inserção no mercado de trabalho.

... acho que ele tem que ser bastante qualificado, tem que conhecer a realidade, tem que se engajar com políticas, com as que ele pode viabilizar. (29 –T) ... os títulos, tem que ter, participar de bastante eventos, relacionados a área.” (30-T)

Um dos assistentes sociais entrevistados até já adotou essa atitude. Ao ser perguntado sobre quais tentativas já empreendeu para conseguir se inserir no mercado de trabalho, respondeu:

Eu procuro estar sempre presente onde tiver acontecendo qualquer coisa que envolva a categoria, o serviço social pra que eu esteja sendo lembrada. Assim se surgir alguma oportunidade, por exemplo: tem uma vaga em canto tal, então alguém pode tá me vendo, vendo o meu interesse, minha desenvoltura e tá tentando me encaixar. (44 –T)

Apesar dos assistentes sociais acreditarem que os critérios: “QI”, influência e relacionamentos são formas existentes de acesso ao mercado de trabalho - que dificultam o acesso daqueles que não os têm – esses profissionais também reconhecem a importância da formação acadêmica e da qualidade dessa formação: a participação, o investimento pessoal, a dedicação do aluno, apontando que isso pode ser um diferencial na inserção do profissional no mercado de trabalho:

A indicação e o preparo da pessoa, ter sido uma pessoa interessada no curso, participar de vários seminários, cursos, um estudante que sai com um currículo bom. ( 27 –D)

Sua formação, experiência mesmo acadêmica, eu digo assim porque eu, quando eu terminei eu senti falta de não ter participado tanto, como eu gostaria, da vida acadêmica e olhe que eu cheguei a entrar em base de pesquisa, mas tive que abrir mão porque tinha que trabalhar. Então eu acho que quem tiver oportunidade eu acho que faz a diferença. Ter uma boa formação mas também a questão de possibilidade porque tem muita gente boa por aí. ( 23 –T)

Ressalte-se a importância da boa formação acadêmica. Entretanto, não se pode dizer que esse critério é o que tem garantido o acesso ao mercado de trabalho, até porque se fosse assim, estaria confirmado que as pessoas que não conseguiram se inserir no mercado são as que não tiveram uma boa formação. Não se pode esquecer também que a boa formação não depende unicamente da vontade que o profissional teve durante a formação acadêmica de investir ou não na formação. As condições objetivas de cada um em investir na sua formação acadêmica são diferentes. Por outro lado, pode haver muitos profissionais que investiram bastante na sua formação profissional, mas que por vários outros motivos não conseguiram ainda se inserir no mercado de trabalho, como por exemplo: a falta de experiência profissional, pois a participação que tiveram como estudante não é considerada e até a falta do apadrinhamento político.

Acreditamos que o problema da existência do apadrinhamento político ou do famoso “QI” no mercado de trabalho do Serviço Social hoje passa não mais pela falta de interesse dos empregadores em trabalhar o social ou de trabalhar com profissionais sem qualificação profissional. O que se vê hoje é que há o reconhecimento, por parte dos empregadores, da importância da qualificação, mas além da qualificação profissional, eles utilizam o critério do conhecimento pessoal, pois precisam continuar tratando as políticas sociais e a implementação delas como benesse, e assim, até mesmo o acesso do profissional fica, muitas vezes, na esfera da troca de favores.

Nota-se que, na perspectiva de muitos empregadores que mantêm um posicionamento paternalista e “politiqueiro” o Serviço Social é uma profissão que, mais do que outras, precisa estar “do lado do patrão”, uma vez que trabalha com implementação de políticas, com a formação de opinião, com o acesso direto à população. O empregador precisa de sua atuação, pois sabe que ela pode contribuir ou ir de encontro aos seus interesses.

Como analisa Iamamoto ( 2000, p.71) sobre o conteúdo do trabalho do assistente social:

É um trabalho cujo conteúdo está amplamente vinculado ao campo político e ideológico. Implica conhecimentos e valores, contribuindo junto a outras forças sociais na criação de consensos em torno de projetos societários.

Diante de todas as dificuldade existentes no mercado de trabalho, a pesquisa aprofunda um conhecimento sobre as tentativas que têm sido empreendidas, pelos profissionais entrevistados, para conseguirem se inserir no mercado de trabalho. Conforme mostra o Gráfico 10 a seguir, 47% das tentativas empreendidas para se inserir no mercado de trabalho profissional foi a realização de concursos para assistente social, 25% das tentativas foi a entrega de currículos, 11% contatos com pessoas influentes, 06% a realização de cursos

de capacitação na área do Serviço Social, 06% nenhuma tentativa para se inserir no mercado de trabalho da profissão e 05% realizou outras tentativas, como: pesquisa na Internet, classificados de jornal, realização de atividade voluntária para adquirir experiência profissional.

Gráfico 10 – Tentativas para se inserir no mercado de trabalho do serviço social.

Ficou demonstrado que os profissionais têm feito várias tentativas para se inserir no mercado de trabalho, principalmente a realização de concursos e a entrega de currículos. Existem aqueles que já empreenderam algumas tentativas consideradas como de “último recurso” que é o contato com pessoas influentes e a busca por atividades voluntárias. Como já citado anteriormente, na questão do que tem colocado o assistente social no mercado trabalho, um dos principais critérios referidos pelos entrevistados é a indicação “QI”. Daí a busca de alguns por contato com pessoas influentes como tentativa de conseguir um emprego. Na questão de a que atribuem o fato de não estar inserido no mercado trabalho, muitos citaram a falta de experiência profissional e daí a busca por exercer alguma atividade “voluntária” no

6 6 5 47 25 11 0 10 20 30 40 50 60

Cursos Nenhuma Outras Consursos Entrega de currículos

Contatos com pessoas

influentes

sentido de adquirirem essa experiência exigida pelo mercado. Como afirma-se nos seguintes depoimentos:

Desde que acabei o curso faço concurso e não passo; as vagas são poucas. Algumas amigas estão num trabalho voluntário para conseguir experiência, eu não posso, não tenho tempo.( 01 –T)

Procurei fazer um trabalho voluntário, fui num monte de lugares, mas só que eles alegavam que não aceitavam trabalho voluntário porque o pessoal entrava como voluntário e quando saía colocava a instituição na Justiça. Só aceitava voluntário se ele tivesse vínculo com a Universidade como aluno. Aí fui na ATIVA fui no MEIOS, fui num monte de instituições para mim entrar como voluntária. Fiquei no CACC, no hospital infantil... ( 40 –D)

Os profissionais, nessa tentativa de enfrentar a situação de não-inserção no mercado de trabalho profissional, exercendo uma atividade voluntária para adquirirem a experiência profissional, são levados a provocar uma situação de agravamento da situação do desemprego na profissão, pois enquanto os postos de trabalho forem ocupados por voluntários empregos deixam de ser criados uma vez que interessa muito mais aos empregadores uma mão de obra qualificada e gratuita do que contratarem profissionais e pagarem por seus serviços.

Poucos foram os profissionais que não fizeram nenhuma tentativa para se inserir no mercado de trabalho ( 05 dos 45). Esses que não fizeram nenhuma tentativa para se inserir no mercado de trabalho, 04 estão entre os que trabalham em outras atividades e 01 entre os desempregados.

Dentre esses profissionais que trabalham e não fizeram nenhuma tentativa para exercer a profissão está uma que justificou que nunca tentou nada porque não confia nos processos seletivos:

Nenhuma. Eu confesso que eu nunca fui muito atrás disso não, até porque eu não confio. Quando aparece um concurso eu olho o número de vagas, sempre são dois, três, agente sabe que acontece aquele apadrinhamento da mesma forma que eu entrei sem concurso, se bem que lá é sem concurso, mas agente sabe que da mesma forma que eu entrei lá por indicação isso acontece nos concursos. Então é muito frustrante a gente saber que a gente estudou pra caramba pra entrar num concurso, agente vai com uma expectativa que não tem como você não ir, por menos vagas que são oferecidas você cria uma expectativa, e você vê alguém na sua sala que recebeu o gabarito, então isso me desestimulou e hoje eu penso muito e quando me dizem que tem concursos eu pergunto logo quantas vagas. Então eu não faço qualquer concurso, eu não vou a qualquer lugar. Então eu não busco, não busquei muito não. ( 24 –T)

Apesar de todas as dificuldades enfrentadas pelos profissionais em conseguir um lugar no mercado trabalho para exercer a profissão de assistente social, a maioria quer exercer a profissão. Conforme Gráfico 11 a seguir, 84% dos assistentes sociais entrevistados afirmaram ter vontade de exercer a profissão e apenas 16% não têm vontade de exercer a profissão.

Gráfico 11 – Vontade de exercer a profissão de assistente social (quadro geral).

Entre os assistentes sociais que trabalham em outras atividades, quando perguntamos se tinham vontade de exercer a profissão 89% responderam que sim e 11% que não, como mostra o Gráfico 12 a seguir. Já os assistentes sociais desempregados 76% responderam que têm vontade de exercer a profissão de assistente social e 24% responderam que não, como vemos no Gráfico 13 a seguir. Vê-se, portanto que o índice dos que não têm vontade de

Sim 84% Não

exercer a profissão é maior entre os assistentes sociais desempregados, o que nos leva a perceber como o desemprego pode influenciar negativamente sobre a pessoa provocando pessimismo e desestímulo para com a profissão.

Gráfico 12 – Vontade de exercer a profissão de assistente social .(dos que trabalham em outras atividades).

Gráfico 13 – Vontade de exercer a profissão de assistente social.

(dos desempregados).

Dos assistentes sociais que trabalham em outras atividades profissionais e não têm vontade de exercer a profissão de assistente social a justificativa foi a de que preferem hoje a atividade que exercem porque se identificaram com a mesma, ou porque o salário é melhor, como podemos ver nos seguintes depoimentos:

sim 89% não 11% sim 76% não 24%

Eu ficaria aqui no escritório mesmo não apostaria mais em serviço social é tanto que vai ter um concurso né da Prefeitura e eu nem me inscrevi nem nada. ( 20 –T)

Eu não ia nem me arriscar, me arriscar como, eu iria investir sem saber se eu teria retorno, o mercado está cheio de pessoas que tem muito mais tempo do que eu para estudar, eu sou mãe, trabalho oito horas por dia, é muito difícil ter a pretensão de passar num concurso, e outra: a prefeitura da cidade do Natal, interior e Estado (?), então foi cômodo para mim ficar aqui quando foram impostas e oferecidas as condições. (29 –T)

Além das condições de trabalho, as quais os profissionais que estão trabalhando em outras atividades se referem, serem melhores no sentido financeiro, carga horária etc; alguns profissionais citam também a questão do tipo de trabalho exercido pelo assistente social. Refere-se que o trabalho do assistente social é muito difícil, não tem reconhecimento e que o assistente social enfrenta uma sobrecarga de trabalho.

... é uma profissão que tem um desafio contínuo, ninguém abraça Serviço Social se não for realmente capaz e corajosa , eu ficava sempre me questionando, aqui para o Serviço Social só vêm problemas, alguns simples, só de orientação, mas só problemas, problemas, tem que ter muita coragem. Eu vejo assim não vale a pena eu ocupar uma função só para segurar o status,, quero trabalhar numa coisa que me dê prazer e tenha reconhecimento profissional, é muito importante, é o que motiva entendeu a nossa prática, e eu vi que o Serviço Social infelizmente, algumas instituições tratam o Assistente Social como um quebra galho, uma pessoa que ta ali só para cumprir o que já está determinado, não tem muito autonomia. (39 –T)

... as pessoas sempre colocavam coisas a mais, diziam há vocês lêem mais, há vocês entendem disso, então sobrecarregam a gente até de fazer um ofício, porque achavam que só agente tinha competência pra aquilo, então eles colocavam tudo pra gente e eu não era remunerada pra isso, não era bem remunerada nem pra minha parte de assistente social imagine pra tudo aquilo. Então eu recebi uma proposta de trabalho que não era exatamente na área .. (24 – T)

Entre os assistentes sociais que estão desempregados, as justificativas para o fato de não terem vontade de exercer a profissão foram os baixos salários que são oferecidos e a não identificação com a profissão:

Os salários são muito baixos. Está estudando pra um concurso de assistente social, em vez de está estudando pra um concurso pra qualquer nível superior que dá um salário de dois mil, três mil reais como esse que eu estou estudando? (26 –D)

O curso não me interessa. Entrei com grande motivação, mas quando vi não gostei. Não sei se é porque tinha uma visão de que era uma coisa muito fácil, tipo cuidar de velhinhos. ( 12 –D)

Percebe-se que, muitas vezes, um dos motivos que contribuem para esses profissionais não estarem exercendo a profissão é o medo ou a insegurança para a atuação profissional, pois vêem a prática do assistente social como algo muito difícil e sofredor, levando-os assim a preferirem não se “arriscar”:

Outro elemento apontado nos depoimentos, como um dos motivos para não inserção no mercado de trabalho, foi a questão da indefinição na escolha do curso ou a não