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Pereira (1987) relata que o alemão Fritz Hammer, nascido em Berlim no dia 06 de dezembro de 1888, serviu na aviação naval durante a Primeira Guerra Mundial. Ao terminar a guerra mudara-se da Alemanha, no ano de 1920, a convite de Werner Kaemmerer, para trabalhar na Colômbia na companhia aérea SCADTA (Sociedade Colombo-Alemana de Transportes Aéreos), como piloto e engenheiro. Adaptou os aviões alemães para voar no continente sul-americano participando decisivamente na organização do transporte aéreo nacional.

Juntamente com Peter von Bauer, fundou no dia 25 de maio de 1924, o Condor Syndikat, consórcio formado pela Deutscher Aero Lloyd A.G., pela agência mercantil Schlubach Theimer e pela Sociedad Colombo-Alemana de Transportes Aéreos.

Com a fundação da Deutsche Lufthansa em 1926, o Condor Syndikat com sede em Berlim, cessa suas atividades na Alemanha em 1º de julho de 1927, porém continuava atuando no Brasil. No dia 20 de janeiro 1928, através do decreto 18.075, a empresa Sindicato Condor Ltda, já nacionalizada, sucessora do Condor Syndikat, inicia a operação regular de transporte de correio e passageiros, passando a representar os interesses da Lufthansa na América do Sul. Contava com quatro sócios alemães e um brasileiro, o Conde Pereira Carneiro.

O Sindicato Condor recebeu uma autorização temporária de uma linha entre o Rio de Janeiro e o sul do país. Começaram os vôos após o período inicial de constituição da companhia. Começou a operar ligando Porto Alegre ao Rio de

Janeiro com dois hidroaviões de fabricação alemã, um Junkers G-24 e um Dornier Do J Wal para 8 a 10 passageiros, respectivamente.

Essa primeira linha operava com escalas em Laguna, Florianópolis, São Francisco, Paranaguá e Santos. Durante o ano de 1928, o Sindicato Condor já ligava Natal a Porto Alegre, em três dias, com escalas nas capitais e cidades importantes do litoral.

Segundo Fay (2001), dentro dos planos do governo para o desenvolvimento da aviação no Brasil, o Sindicato Condor, vinculado aos interesses alemães no Brasil, desempenhava um papel muito importante, pois o governo não desejava que o transporte aéreo estivesse totalmente na dependência das empresas aéreas norte-americanas. Resistiu à enorme pressão por parte do embaixador norte americano, e conseguiu elaborar um plano de nacionalização desta importante companhia aérea.

Anúncio da Condor-Lufthansa - 1938

Figura 5 – Anúncio da Condor – Lufthansa – 1938.

Fonte: A Tribuna, edição de 6 de abril de 1938, pág. 16 http://www.novomilenio.inf.br

Na década de 30, a Lufthansa e o Sindicato Condor se unem estabelecendo uma linha aérea entre a Alemanha e Santiago do Chile, com o objetivo de transportar correio e passageiros. Esse serviço necessitava utilizar várias aeronaves e tripulações, que transferiam suas cargas e passageiros de uma aeronave para outra, sendo necessário fazer escalas em navios do tipo aeródromos em pleno oceano.

Eram necessários cinco dias e meio, para completar esta rota. Um feito inédito para a sua época. Fay (2001) explica que o Sindicato Condor apresentou grande crescimento, chegando a inaugurar em 1933, uma nova rota até Cuiabá. Em 1934, os primeiros vôos internacionais chegaram a Buenos Aires. Em 1935, até Santiago do Chile e o Brasil, as linhas costeiras chegaram até Fortaleza. Dois anos depois, atingiu Carolina, no Maranhão. Os hidroaviões foram substituídos pelos Junkers Ju-52.

O Sindicato Condor buscou estabelecer ligações com o Loyd Aéreo Boliviano empresa de origem boliviana, que também utilizava o suporte técnico alemão.

Por volta de 1935, existiam poucas empresas aéreas, que tinham linhas de curto alcance, podendo citar como exemplo a VASP que fazia Rio - São Paulo, a VARIG fazia uma rota costeira, ligando o Rio de Janeiro a Porto Alegre. A maior empresa era o Sindicato Condor, que operava linhas mais longas, ligando o Rio com Recife, Corumbá e alguns portos intermediários como Vitória, Salvador e outras cidades. Os aeroportos existentes eram escassos, por isso as empresas preferiam usar aeronaves do tipo hidroaviões que podiam operar na água.

Junkers F-13

Figura 6 – Junkers F-13

Fonte: http://www.berlin-spotter.de/airlines/lufthansa.htm

Em 1936, outra linha é aberta no Nordeste, ligando Parnaíba a Floriano Peixoto, com escalas em Teresina e outras cidades ribeirinhas; em 1937, a linha foi estendida até Carolina. Em junho de 1939, passaram a operar na empresa dois

quadrimotores Focke-Wulf FW-200 Condor, enviados pela principal acionista da empresa, a Lufthansa. Os aviões eram do modelo civil do bombardeiro construído pela Luftwaffe, e podia transportar com conforto 26 passageiros. Muito avançado para a época, foi o primeiro avião comercial com quatro motores a operar na América do Sul, passando a operar a rota Porto Alegre - Buenos Aires.

Devido a sua autonomia de vôo, provavelmente poderia servir de auxílio aos submarinos alemães, pois era muito utilizado em realizar longos sobrevôos pelo oceano.

PP-CBJ Focke-Wulf FW 200 Condor

Figura 7 – Focke-Wulf FW200 Condor

Fonte: http://www.edcoatescollection.com/ac5/ROW%20Civil%20A/PP-CBJ.html

PP-CBI Focke-Wulf FW 200 Condor

Figura 8 – PP-CBI Focke-Wulf FW200 Condor

Quando os Estados Unidos entraram na guerra, o Sindicato Condor passou a ser acusado de auxiliar o Eixo realizando espionagens, fornecendo a localização de navios aliados e divulgando idéias nazistas. Segundo Fay (2001) iniciaram-se pressões para o governo brasileiro encerrar as atividades da empresa no Brasil.

O nome da empresa deveria ser trocado, e o Sr.. Ernesto Hoelck, diretor da empresa, mesmo sendo brasileiro nato, deveria ser afastado da direção da empresa3. Com o início da Segunda Guerra Mundial, surgiu a dificuldade de conseguir peças de reposição para as aeronaves alemãs. Até mesmo a Standard Oil recusava-se a vender combustível à filial da Lufthansa. O Governo Vargas, inicialmente simpático ao Eixo, mudou de posição no meio do conflito. O Sindicato Condor percebeu que seria fundamental mudar de nome, afastando-se de suas origens alemãs.

Em 16 de janeiro de 1943, nascia a designação “Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul Ltda”, devido à necessidade de reformulação da empresa alemã Sindicato Condor, que se viu impedida de operar normalmente no Brasil em razão da guerra deflagrada na Europa. Os diretores e até mesmo os funcionários mais graduados de origem alemã foram perseguidos e presos.

A administração da empresa foi passada ao advogado José Bento Ribeiro Dantas, auxiliado pelo diretor técnico Leopoldino Amorim. Os brasileiros reequiparam a frota da companhia e expandiram suas linhas, inaugurando vôos para os Estados Unidos, Porto Rico e Buenos Aires. No mercado interno, a Cruzeiro do Sul passou a enfrentar a competição de aproximadamente 30 empresas aéreas domésticas, criadas no pós-guerra.

Nesta batalha, ela adquiriu duas empresas do sul do Brasil, a gaúcha S.A Viação Aérea Gaúcha (SAVAG) e a Transportes Aéreos Catarinenses (TAC), consolidando-se na América do Sul. Contava com uma frota sem peças de reposição, que visivelmente atraía os piores sentimentos anti-germânicos que dominavam o país. Sem alternativa, os dois administradores viajaram para os Estados Unidos, em 1943, com a intenção de reequipar a empresa. Adquiriram quatro Douglas DC-3 e outros três Douglas DC-4.

Futuramente a frota seria padronizada com aeronaves do tipo DC-3 e DC-4 e enfrentaria a competição de aproximadamente 30 empresas aéreas domésticas

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3 Estas recomendações foram feitas pelo embaixador dos EUA, Jefferson Caffery, em 01/06/1942 ao Ministro de Relações Exteriores Oswaldo Aranha.

criadas com o fim da guerra. A Cruzeiro do Sul crescia no Brasil e se consolidava na América do Sul, sua frota foi ampliada com a compra de quatro aeronaves Convair 340, cinco aeronaves Convair 440 e dez aeronaves Convair 240, que foram adquiridos da empresa aérea American Airlines. Para o transporte de cargas, foram adquiridos 9 Fairchild C-82 Packet.

Convair 240 - Cruzeiro do Sul

Figura 9 – Convair 240

Fonte: http://www.skyscrapercity