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Segundo Kofman (2002), uma explicação é uma verdade objetiva, podendo ser uma interpretação, uma resposta a uma pergunta de um observador que lhe desperta uma curiosidade. A explicação muda o estado de ânimo do observador da perplexidade para a tranquilidade, uma vez que toda explicação satisfatória adota uma orientação correspondente aos interesses do observador.

O autor ressalta que o fundamental é escolher as explicações efetivas, dentro de um conjunto de explicações verdadeiras, ou seja, escolher explicações com maior probabilidade de alcançar o êxito e com a menor demanda de recurso. No Quadro 17 são descritos alguns tipos e aspectos importantes das explicações.

Quadro 17 – Aspectos importantes das Explicações.

EXPLICAÇÕES DESCRIÇÕES

Tranquilizantes e Geradoras Geradora – Ajuda a quem explica a responder a uma situação de acordo com seu interesse oferecendo ações para continuar a perseguir sua meta.

Tranquilizante – Ajuda a quem explica a reduzir sua frustração, culpando os outros ou as circunstâncias.

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EXPLICAÇÕES DESCRIÇÕES

Otimista e Pessimista As abordagens do Otimista e do Pessimista são totalmente diferentes, uma vez que o Otimista encara as dificuldades como momentâneas e passageiras, enquanto que o pessimista encara a mesma situação como sendo eterna ou no mínimo se perpetuará por muito tempo.

Diferentes explicações influenciam de forma significativa a vida de quem as usa, uma vez que os pensamentos afetam as emoções, à conduta e até a fisiologia. A forma como as pessoas interpretam seu presente, explicam seu passado e molda o caminho para o seu futuro.

Criatividade e Liderança Problemas clássicos gerados pelas explicações tranquilizantes são os que se referem a falta de criatividade ou liderança. Os indivíduos ao se encontrarem estagnados em um determinado espaço, pode preferir culpar a sua falta de criatividade a falta de liderança, ou seja torna os fatores criatividade e liderança alheios ao observador, tornando-o incapaz de virar o jogo e tomar uma atitude que faça a mudança do cenário em que se encontra.

Fonte: Kofman (2002) adaptado pelo Autor

2.2.18 SOLUÇÕES

De acordo com Kofman (2002) existem várias formas para se resolver um problema, entretanto poucas são efetivas. O grande obstáculo é a consciência, uma vez que faz com que as pessoas busquem a certeza da objetividade, tornando difícil qualquer método que venha a escolher. Nadler e Hibino apud Kofman(2002), desenvolveram os princípios descritos no Quadro 18, que servem de guia para a resolução de problemas.

Quadro 18 – Guia para a Resolução de Problemas.

RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DESCRIÇÃO

Unicidade Cada problema é único e requer uma solução específica.

Uma solução efetiva deve incorporar as necessidades, interesses, habilidades, limitações, capacidades particulares de todos os participantes e usar de forma efetiva o tempo e os recursos disponíveis.

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RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DESCRIÇÃO

Propósito Transparente Focalizar o propósito e expandi-lo através de uma cadeia dos meios aos fins permite fechar mais efetivamente a brecha entre a realidade e o desejo. O segundo erro é na resolução de problema, focar no que não se quer, ao invés de investir no que se deseja restringindo o espaço de soluções possíveis.

Solução Visionária Organizar as ações de longo prazo viabiliza a implantação de soluções de curto prazo, gerando uma direção. O terceiro erro na resolução de problema é enxergar em curto prazo focando no imediatismo. O princípio da solução visionária incentiva a busca pela solução ideal, mesmo que esta não possa ser implantada de forma imediata, mas serve de guia.

Compreensão Sistêmica Os problemas não são consequências de fatores isolados. O terceiro grande erro é utilizar métodos analíticos, separando os problemas em seus componentes, sem investigar as inter relações.

Informação Limitada Coletar demasiadas informações sobre o problema traz consigo a geração de expert no problema e não na solução. Os líderes na resolução de problemas têm a compreensão de que ter todos os dados para se fazer uma analise é se não impossível é no mínimo inviável, logo se adaptam e conseguem trabalhar com certo grau de ambiguidade e incerteza. O quinto erro é investir na coleta de dados exaustiva.

Pessoas Interessadas As pessoas que vivenciam o problema e os que executarão a solução necessitam participar de todo o processo de resolução, a fim de gerar comprometimento e alinhamento em prol do objetivo comum. O sexto erro é isolar o problema em grupo de especialistas e deixar de fora outros interessados.

Melhoramento Contínuo A única forma de gerar uma solução sustentável é adequar esta solução a um ciclo de melhorias continuas, onde se buscará renovar a solução adaptando- a as mudanças do contexto de forma rápida e objetiva.

Fonte: Nadler e Hibino apud Kofman(2002) adaptado pelo Autor.

2.2.19 CONFIANÇA

Segundo Flores (1996), a confiança é base dos relacionamentos e destaca a importância e a atenção que se precisa. Assim como Flores (1996), Echeverría (2011), afirma que se não houver a confiança, não existem condições de estabelecer uma relação estável com o outro, independente do tipo de grupo, comunidade,

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organização seja ela empresa privada, publica ou sem fins lucrativos. A confiança é a condição essencial para se trabalhar e gerar as possibilidades necessárias ao ser humano, inclui-se aqui a autoconfiança, ou seja, a confiança que se tem em si mesmo.

O autor apresenta a confiança como sendo um fenômeno estritamente linguístico e como seres linguísticos, se pode concluir que a capacidade de fazer o juízo de confiança constitui o ser humano. Os atos linguísticos são: as afirmações, declarações, promessas, ofertas e pedidos.

2.2.19.1 CONFIANÇA MÚTUA

De acordo com Krogh (2001), todo encontro entre pessoas gera algum grau de confiança. É natural que se leve um tempo para entender e compreender o outro, mas se o objetivo for ajudar, não existe como, se não for desenvolvendo certo grau de comprometimento e confiança. A confiança é algo recíproco, assim como só se ajuda em quem confia, só se aceita ajuda de alguém em que se confia. Para aumentar a confiança de terceiros e melhorar a própria reputação, é preciso comportar-se de maneira coerente em relação aos outros, com o mínimo de surpresas, a fim de paulatinamente ajudá-lo a se desenvolver.

Aos aspectos da Confiança Mútua podem ser acrescentados alguns aspectos que segundo Senge (2005), são complementares no desenvolvimento de algumas características fundamentais para o cultivo diário da confiança:

 Identificar o alinhamento entre o que se pensa e que se fala: o autor explica que é necessário demonstrar coerência entre o que se diz e o que se pensa, uma vez que cumprir o que se fala é fundamental para o aspecto da confiança (SENGE, 2005).

 Cumprir com os compromissos estabelecidos: significa focar, manter e cumprir os compromissos estabelecidos, com isso se consegue aumentar o grau de confiabilidade. (SENGE, 2005).

 Assumir as consequências pelo que se diz: assumir as consequências pelo que se fala é uma questão ligada diretamente ao caráter pessoal de cada um, tendo uma influência direta na confiança. (SENGE, 2005).

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 Busca pela Sinceridade: a busca pela sinceridade incrementa a confiança das outras pessoas no indivíduo, sendo fundamental, uma vez que a cada ação executada é colocada em jogo esta sinceridade. (SENGE, 2005).

 Cultivar a Ética: a sinceridade pertence ao domínio da ética, a partir da qual são definidos os tipos de relacionamentos que quer ter com o outro. Cultivar a ética é cultivar o respeito, fundamental para a confiança.

 Responsabilidade: Não assumir a responsabilidade pelo que se fala, afeta diretamente o resultado produzido, a imagem ao longo prazo e compromete os compromissos. Cultivar a responsabilidade traz consigo o desenvolvimento da confiança.

2.2.20 QUIEBRES

Segundo Echeverría (2011), quiebre é uma interrupção no fluir transparente da vida, como por exemplo, ao andar numa rua o indivíduo toma uma “topada” ou vê um semáforo com uma luz “roxa”, neste momento a transparência para e o andar ou o dirigir voltam para o nível da consciência. Este voltar da transparência para o campo de atenção é o quiebre. Pode-se dizer que um quiebre é um juízo de que algo de diferente aconteceu e alterou o rumo esperado.

De acordo com o autor, os quiebres podem ser positivos e negativos. Os quiebres positivos ocorrem quando se faz um juízo positivo do que aconteceu expandindo as possibilidades e o quiebre é negativo quando o juízo que se faz do que aconteceu é negativo restringindo as possibilidades. Desta forma se desvincula a imagem, de que um quiebre é um problema, uma vez que pode ser uma oportunidade com a expansão das possibilidades.

Segundo Echeverría (2011), os quiebres uma vez sendo juízo, podem ser declarados e gerados de forma consciente ao invés de esperar que aconteça. A declaração de quiebre é um recurso fundamental na vida, pois pode transformar problemas em oportunidade e dar um norte ao que se deseja no futuro nos diversos

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domínios de realização (família, saúde, trabalho, relacionamento, aprendizagem, diversão e espiritualidade).

2.2.21 VISÃO COMPARTILHADA

De acordo com Senge (2005), a visão compartilhada surge através da visão pessoal, que por sua vez é a única capaz de motivar o indivíduo, não dizendo com isso que o individuo seja egoísta e que se importe apenas com os seus interesses, até porque a visão pessoal engloba várias dimensões de ordem social, a exemplo da família, da organização em que trabalho, das diversas comunidades e até mesmo ao mundo. O interesse genuíno sobre uma visão compartilhada baseia-se na visão pessoal.

2.2.22 ESCUTAR

De acordo com Echeverría (2011), a comunicação humana possui duas facetas: O Escutar e o Falar, sendo que o Escutar é o fator fundamental da linguagem, o ser humano fala para ser escutado. O falar efetivo ocorre somente após o escutar efetivo, em virtude de ser este que confere sentido ao que é dito.

Segundo o autor, o escutar se difere do ouvir, uma vez que este pertence ao domínio da linguagem e se constitui nas interações sociais, enquanto que o ouvir é um fenômeno biológico, associado à capacidade de distinguir sons nas interações com o meio. O escutar é o ouvir mais interpretar.

Flores (1996) classifica o escutar e o falar como fenômenos ricos. Através do falar e do escutar de forma aberta, pode representar uma mudança profunda, uma vez que o escuta-se somente uma parte do pensamento.

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2.2.23 EMPATIA ATIVA

De acordo com Krogh (2001), a empatia ativa é a dimensão da solicitude responsável pela compreensão das verdadeiras necessidades dos outros. De uma forma geral a empatia ativa é a busca por se colocar no lugar do outro, compreendendo a situação particular de cada um, os interesses, as habilidades, as necessidades, os sucessos e os fracassos. A solicitude se manifesta nos questionamentos, com perguntas explicitas e observações atentas, buscando o diálogo produtivo através do escutar efetivo, ao invés da pregação unilateral.

Segundo o autor as emoções fazem parte do processo de aprendizagem, mas infelizmente, as pessoas costumam, em ambiente de hipercompetitividade, criar regras sobre os sentimentos, cujo principal objetivo é abafar as carências emocionais, tornando por um lado o ambiente mais eficaz, porém do outro inibindo o crescimento e o desenvolvimento pessoal. Ao se colocar estas regras de lado, procura-se entender o outro como legítimo no seu íntimo, buscando desenvolver a sensibilidade em relação às necessidades nem sempre expressas, mas perceptivas ao olhar empático.

2.2.24 CORAGEM

Segundo Krogh (2001), a solicitude nos relacionamentos organizacionais, também, pode ser demonstrada através da coragem de uns em relação aos outros. A coragem se manifesta de três formas:

 As pessoas devem ser corajosas para admitir experimentações dos membros dos grupos ou mesmo de si próprias.

 Os membros das micro comunidades de criação de conhecimento necessitam de bravura para levar seus conceitos a julgamentos intensos.

 Participar do processo de aprendizagem, dando opiniões e recebendo feedbacks positivos e negativos.

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O autor acrescenta, que caso as pessoas não apresentem coragem no processo de criação do conhecimento, seus produtos não passarão de problemas sociais negativos e desempenho insatisfatório.

2.2.25 PERDÃO

De acordo com Kofman (2002), em um mundo perfeito as pessoas agiriam com respeito, honestidade e integridade, transformando problemas em oportunidades seja para aprender ou para melhorar seus resultados; as relações seriam duradouras e sustentáveis, onde os conflitos seriam resolvidos de forma criativa e sem ressentimentos ou mágoas. Entretanto, em sendo este mundo ainda uma utopia, os problemas existem e nem sempre as pessoas conseguem o que desejam, seja no âmbito material ou na relação com o outro.

Segundo autor, ignorar as dificuldades e os problemas do dia-a-dia buscando a FUGA, coloca o indivíduo em uma posição de vítima da situação, trazendo com isso consequências no âmbito emocional. No contexto dos sentimentos a única forma de sair é através deles, com coragem e abertura para encarar os problemas de frente. O tempo é um aliado, mas caso o problema não seja bem resolvido à dor poderá ser amenizada, mas não esquecida.

O autor apresenta, a VINGANÇA como outra forma de lidar com o ressentimento, sendo esta tão ineficaz quando a FUGA, uma vez que não possibilita lidar com o problema de frente, gerando mais conflito, dor e amargura “olho por olho, dente por dente”. A história demonstra que a violência, gera muito mais dor e amargura que resoluções sustentáveis.

Por fim Kofman (2002), apresenta o PERDÃO como sendo a alternativa que lida com as imperfeições da vida, transformando-as em oportunidades, para que as pessoas consigam alcançar um nível superior de paz, consciência e compaixão. O autor define o perdão como:

[...] a escolha consciente de abandoar o ressentimento. É a decisão de integrar a dor do passado como aprendizado para o futuro. É o compromisso de viver 100% no presente, com a mente e o coração aberto, livre da inércia da irritação não trabalhada.

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O autor resume o perdão como sendo a aposta na paz com os outros, com o mundo e consigo mesmo.

 O perdão é uma decisão que nos permite ver além dos limites da personalidade dos outros (e do próprio individuo).

 O perdão é um processo e não um fato isolado.

 O perdão é uma forma de viver como protagonista da vida.  O perdão é uma prática.

 O perdão é a aceitação incondicional do outro.

 O perdão é um compromisso com a responsabilidade e a liberdade.  O perdão nasce da humildade e da compaixão.

De acordo com Kofman (2002), o perdão a si mesmo é mais difícil que perdoar ao outros, uma vez que aquilo que o individuo não aceita em si, é exatamente o que se critica com mais vigor nos outros. O auto perdão é o caminho para que se possa aceitar e perdoar aos outros com mais facilidade e com mais coerência.

O ator chama a atenção para o fato de que muitas pessoas estejam vivendo presas em culpas existenciais, uma vez que pensam e acreditam que se perdoando estão enfraquecendo sua consciência moral. Essa prisão se deve a compreensão equivocada do perdão, uma vez que o perdão não absolve comportamento lesivo, o auto perdão não apaga o sentimento de culpa, mas sim transforma-o em matéria prima para o processo de reparação.

Por fim Kofman (2002), conclui que a partir da consciência correta do perdão, as pessoas podem atuar de forma diferente, frente aos problemas do dia-a-dia, encarando a realidade de frente e lidando com os obstáculos de uma forma sustentável e menos dolorosa.

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2.2.26 RESPONSABILIDADE INCONDICIONAL

Segundo Kofman (2002), a responsabilidade incondicional busca esclarecer a diferença do individuo se comportar como protagonista e como vítima.

De acordo com o autor, a cultura mundial sempre levou o individuo a acreditar que culpa é coisa ruim, uma vez que desde a infância se é condicionado a procurar e a punir quem é o culpado pelo fato acontecido. Antes de aprofundar nesta questão o autor traz alguns esclarecimentos que são importantes no contexto geral:

 Fatos externos não são estímulos, mas sim informações.

 A consciência e a capacidade de escolha são a essência dos valores dos seres humanos. Independente das circunstâncias, o ser humano pode perceber, prestar atenção, avaliar as alternativas e tomar a decisão.

Na figura 21 é apresentado o fluxo da informação e da escolha consciente do ser humano.

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Figura 21 – Consciência e Comportamento.

REALIDADE EXTERNA (fatos, dados, recursos, alternativas, restrições) REALIDADE INTERNA (Sensações, impulsos, emoções, pensamentos, habilidades) CONSCIÊNCIA OBJETIVOS (autodeterminados) Efetividade e Excelência. Satisfação e alegria incondicionais. Exito. FATORES EXTERNOS INCONTROLÁVEIS. RESULTADO (CONDICIONADO) COMPORTAMENTO (incondicionado) VALORES (autodeterminados) Integridade e Virtude. Paz Interior e felicidade

incondicionais. Êxito além do êxito INFORMAÇÃO

INFORMAÇÃO INFORMAÇÃO

INFLUÊNCIA ESCOLHA

Fonte : Kofman (2002)

Tendo como base a Figura 21 pode-se, segundo o autor, observar alguns aspectos:

 O ser humano existe como ente consciente. Esta consciência lhe permite perceber sua situação externa e interna.

 No processo de percepção são considerados os valores e os objetivos.

 A partir desta avaliação o ser humano, escolhe uma resposta e se comporta de acordo com sua escolha.

 O comportamento juntamente com os fatores externos influencia os resultados e se transformam em partes da situação vivida pela pessoa.

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 O comportamento é incondicionado, uma vez que depende apenas da vontade da pessoa.

 O resultado é condicionado, pois depende de fatores alheios à vontade da pessoa.

 A comparação entre o objetivo e os resultados, fundamenta o juízo sobre a efetividade deste indivíduo, enquanto que a comparação entre valores e comportamento fundamenta o juízo sobre a integridade deste indivíduo.

 Quando os resultados se ajustam aos objetivos, interpreta-se que o indivíduo teve êxito.

 Este êxito gera satisfação e alegria.

 Quando o comportamento se ajusta aos valores, interpreta-se que o indivíduo teve um êxito transcendente, ou seja, o êxito além do êxito, gerando paz interior e tranquilidade.

Sendo assim o autor, adota como premissa que a pessoa opera de forma consciente.

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